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Introdução ao valuation e modelo de dividendos 1 SUMÁRIO Introdução sobre avaliação ..................................................................... 3 Avaliação de investimentos .................................................................... 5 Estrutura de capital ............................................................................... 13 Custo do capital próprio ........................................................................ 15 3 INTRODUÇÃO AO VALUATION E MODELO DE DIVIDENDOS Introdução sobre avaliação O que significa avaliar No campo econômico, valor pode ser entendido como a relação entre duas coisas num determinado tempo e lugar, sendo essa relação expressa, geralmente, como preço monetário. Assim, o valor é uma relação e não uma mensuração. Dessa forma, uma avaliação econômica, ao contrário do que possa parecer, não é a fixação concreta de um preço ou valor específico para um bem, mas é uma estimativa de base, uma tentativa de estabelecer, dentro de uma faixa, um valor referencial de tendência A avaliação de empresas e negócios é o processo estruturado em que todos os fatores externos ou não controláveis, em sua realidade atual e projetada futura, bem como todos os fatores internos ou controláveis, de forma sistêmica e sinérgica, são analisados e avaliados quanto aos possíveis resultados a serem apresentados. Valor de negociação de uma empresa: valor máximo que um comprador estaria disposto a pagar e, ao mesmo tempo, o valor mínimo que o vendedor aceitaria realizar a venda. Motivos para avaliar No curso dos negócios, ocorrem algumas circunstâncias especiais em que se faz necessária a estimativa, total ou parcial, do valor de um empreendimento, entre elas, destacam-se: Compra ou venda de ações e de participações minoritárias Compra ou venda de carteiras de clientes e linhas de negócio Partilha de herdeiros Fusão, cisão e incorporação de empresas Liquidação judicial ou não de empreendimentos Abertura (IPO) e fechamento (OPA) de capital Management buyout1 e leveraged buyout2 1 Aquisição de uma empresa por seus diretores e gerentes 2 Aquisição de empresas financiadas por empréstimos bancários. Na maioria dos casos, os ativos da empresa-alvo servem como garantias. Os fluxos de caixa da empresa alvo são utilizados para amortização dos empréstimos 4 Processos de privatização, concessões e parcerias público-privadas (PPP) Gestão de carteiras de investimento e de fundos de private equity e venture capital Avaliação da habilidade dos gestores de gerar riqueza para os acionistas Métodos de avaliação de empresas Existem vários métodos de avaliação de empresas, devendo sua escolha considerar o propósito da avaliação e as características próprias do empreendimento. Eles podem classificados nas seguintes principais técnicas: Técnicas baseadas em ativos e passivos contábeis e de mercado Técnicas comparativas ou múltiplos de mercado Técnicas baseadas no desconto de fluxos de caixa futuros (fair value) Fair value é determinado pela capacidade de ganho previsto no futuro da empresa, o qual deve ser descontado por uma taxa que remunere o risco do investimento De acordo com a Instrução CVM nº 436, de 05/07/2006, em seu inciso XII, o laudo de avaliação deverá indicar o valor da companhia segundo os seguintes critérios: a) preço médio ponderado de cotação das ações da companhia objeto na bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado, discriminando os preços das ações por espécie e classe: 1) dos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à publicação até a data do fato relevante3 2) entre a data de publicação do fato relevante e a data do laudo de avaliação. b) valor do patrimônio líquido por ação da companhia objeto apurado nas últimas informações periódicas (anuais ou trimestrais) enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 3 Texto mencionado na IN 361/02: “§3o O laudo de avaliação indicará os critérios de avaliação, os elementos de comparação adotados e o responsável pela sua elaboração, contendo, ainda, no mínimo e cumulativamente, o seguinte: I – preço médio ponderado de cotação das ações da companhia objeto na bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado, nos últimos 12 (doze) meses, se houver, discriminando os preços das açõespor espécie eclasse” 5 c) valor econômico da companhia avaliada, com indicação, inclusive, do valor por ação, calculado por, pelo menos, uma das seguintes metodologias: 1) fluxo de caixa descontado; 2) múltiplos de mercado4; ou 3) múltiplos de transações comparáveis5, conforme se entender fundamentadamente mais adequado ao caso da companhia, de modo a avaliá-la corretamente. d) outro critério de avaliação escolhido pelo avaliador, geralmente aceito no ramo de atividade da companhia avaliada, previsto em lei ou aceito pela CVM, para a definição do preço justo ou intervalo de valor, se for o caso, e não abrangido nas alíneas anteriores. Para reflexão: Um processo de avaliação é um instrumento gerencial que permite não apenas definir o preço, mas também apoiar as decisões de investimento da empresa. O processo de avaliação está voltado às possibilidades de geração de valor no futuro. O mercado disruptivo e compartilhado desafia os gestores na avaliação de negócios inovadores e sem resultados históricos. Como avaliar uma startup? Quanto vale um unicórnio5? Avaliação de investimentos Objetivos da gestão financeira As principais decisões dos gestores financeiros são: financiamento ou captação e investimento ou aplicação. Os recursos entram nas empresas incialmente pelo Passivo e saem, sobretudo, pelo Ativo. Os recursos são captados via capital de terceiros (dívidas) e capital próprio (recursos dos proprietários). 4 A separação dos tipos de múltiplos de mercado e transações comparáveis também foi acrescentada pela IN 436/06 da CVM 5 A startup é categorizada assim quando vale mais de 1 bilhão de dólares, antes de abrir seu capital em bolsas de valores 6 Decisões de investimento Saída de $ (-) Decisões de financiamento Entrada de $ (+) Balanço Patrimonial ATIVO APLICAÇÃO de Recursos PASSIVO EXIGÍVEL CAPTAÇÃO de Recursos de Terceiros PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPTAÇÃO de Recursos Próprios Um dos objetivos das empresas é maximizar do valor de suas ações, gerando riqueza aos seus proprietários. Por sua vez, o aumento da riqueza dos acionistas depende das decisões de investimento da empresa, cujo retorno depende do tempo e risco de ocorrência dos seus fluxos de caixa. Portanto, é fundamental que os administradores financeiros tenham um entendimento claro do valor do dinheiro no tempo e de seu impacto sobre o preço das ações. Linha do tempo O conceito de valor no tempo é baseado na ideia de que uma unidade monetária hoje vale mais do que uma unidade monetária a ser recebida em uma data futura. Se você a tivesse hoje, poderia investi-la, ganhar juros e acabar com mais uma unidade monetária no futuro. 7 O estudo do valor do tempo considera dois momentos – o valor futuro (VF) e o valor presente (VP) – na linha do tempo. O processo a partir dos valores de hoje ou presentes (VPs), para os valores futuros (VFs) é chamado de capitalização. Já quando se tem o VF de um investimento e se deseja saber seu VP, chama-se esse processo de desconto. Funções da HP 12C A HP 12C opera com uma lógica reversa denominada de RPN (Reversa Polonesa Notação). A Notação Polonesa foi desenvolvida pelo lógico e matemático Jan Lukasiewicz para simplificar a notação matemática e facilitar as contas em máquinas. Álgebra convencional Notação polonesa 235 + 121 = 356 235 ENTER 121 + 356 Álgebra convencional Notação polonesa 235 + 121= 356 235 ENTER 121 + 356 Teclas Nome Função n Number Períodos no tempo i Interest Taxa PV Present Value Valor presente PMT Payment Pagamento FV Future Value Valor futuro CHS CLX Change Sign Mudança de sinal f PV NPV Clear X Limpa a memória (zera a pilha) f FV IRR Net Present Value Valor presente líquido f PV CFo Internal Rate of Return Taxa interna de retorno g PMT CFj Cash Flow “0” Fluxo de caixa inicial g CLX Cash Flow “j” Demais fluxos de caixa Obs: A tecla PMT (payment) é utilizada para uma série de pagamentos (anuidades) ou recebimentos (fluxos de caixa) uniformes ou iguais. Já para os pagamentos ou recebimentos (fluxos de caixa) NÃO uniformes, utiliza-se as teclas PV ou FV. 8 n VPL I FCt 0 (1 i)t t1 Valor presente (VP) e valor presente líquido (VPL) Conceito: O método do Valor Presente Líquido (VPL) se baseia na metodologia do fluxo de caixa descontado. Ele mede o VP dos fluxos de caixa futuros (VF) gerados pela empresa / projeto ao longo de sua vida útil, descontado a uma taxa que representa seu custo de oportunidade, diminuindo o valor do investimento inicial. O custo de oportunidade corresponde ao retorno oferecido por alternativas de investimento comparáveis, ou seja, que ofereçam níveis de risco semelhantes. É chamada de custo de oportunidade por representar o retorno devido ao investimento no projeto, que deixa de ser obtido por meio de uma aplicação financeira em títulos ou outros tipos de ativos Critério de decisão: Se o VPL > 0, ou seja, se for superior ao investimento realizado (também na mesma data), o projeto é economicamente viável. Se o VPL <0, o mesmo deve ser rejeitado. Fórmulas VP se os recebimentos forem NÃO uniformes VP VF (1 i)n Em que: VP = Valor presente VF = Valor futuro ou fluxos de caixa NÃO uniformes i = Taxa de desconto n = Número de períodos VP se os recebimentos forem uniformes 1 1 in VP PMT i Em que: VP = Valor presente PMT = Recebimentos futuros ou fluxos de caixa uniformes i = Taxa de desconto n = Número de períodos VPL = Somatório dos VPs – investimento inicial Em que: VPL = Valor presente líquido I0 = Investimento inicial FC = Fluxo de caixa futuro i = Taxa de desconto t = Número de períodos 9 Exemplos Supondo uma taxa de desconto ou custo do capital a ser investido de 10% a.a, temos que o VPL = R$ 78,82 VPL 1.000 500 400 300 100 78,82 (1 0,10)1 (1 0,10)2 (1 0,10)3 (1 0,10)4 Descrição Valor R$ Teclas Função Investimento inicial 1.000 CHS Troca de sinal g CFo Fluxo caixa inicial Fluxo de caixa ano 1 500 g CFj Fluxo caixa período Taxa 10 i Taxa desconto Valor presente líquido f NPV Supondo uma taxa de desconto de 10% a.a, temos que o VPL = R$ 77,75 Descrição Valor R$ Teclas Função Investimento inicial 1.000 CHS Troca de sinal g CFo Fluxo caixa inicial Fluxo de caixa uniforme 340 g CFj Fluxo caixa período 4 g Nj Número de períodos uniformes Taxa 10 i Taxa desconto Valor presente líquido f NPV 10 VP FC 5 100 1.000 ano4 i 0,10 Perpetuidade constante e crescente Perpetuidade constante O fluxo de caixa analisado possui um período finito de quatro anos. Todavia, ao supormos um cenário onde o valor do último fluxo se perpetue indefinidamente, podemos considerar um 5º ano hipotético que reflita a perpetuidade desse fluxo. Conceito: Série constante e infinita de fluxos de caixa, com intervalos regulares infinitos. Premissa: O fluxo de caixa no cálculo da perpetuidade é o fluxo que vai ocorrer exatamente em um período a partir de hoje!!! Critério de decisão: Se o VPL > 0, ou seja, se for superior ao investimento realizado (também na mesma data), o projeto é economicamente viável. Se o VPL < 0, o mesmo deve ser rejeitado. VP FCn1 anon i FC FC FC FC FC VP 1 2 3 ... n n1 (1 i) (1 i)2 (1 i)3 (1 i)n i Em que: VPL = Valor presente líquido VP = Valor presente FC = Fluxo de caixa futuro i = Taxa de desconto ou custo de oportunidade do capital n= Número de períodos I0 = Investimento inicial Ainda supondo um custo de capital de 10% a.a (i), temos: FC FC FC FC VPL I 1 0 (1 i) 1 2 (1 i)2 .... n (1 i)n n1 (1 i)n 11 FC1 FC2 FC3 FCn FCn1 VP FCn1 VP ... ano n i - g (1 i) (1 i)2 (1 i)3 (1 i)n i - g FCn1 FCn x (1 g) VPL I FC1 FC2 .... FCn FCn1 0 (1 i)1 (1 i)2 (1 i)n (1 i)n Descrição Valor R$ Teclas Função Descrição Valor R$ Teclas FC ano 1 -500 FV Valor futuro FC inicial -1.000 g CFo Taxa 10 i Taxa juros FC1 500 g CFj Número de anos 1 n Período FC2 400 g CFj Valor presente 454,54 PV Valor presente FC3 300 g CFj ... FC4 1.100 g CFj FC perpetuidade -1.000 FV Valor futuro Taxa desconto 10 i 10 i Taxa juros VPL 761,83 f NPV 4 n Período 683,01 PV Valor presente VPL 1.000 500 (1 0,10)1 400 (1 0,10)2 300 (1 0,10)3 100 (1 0,10)4 1.000 (1 0,10)4 761,83 Perpetuidade crescente Todavia, há que se considerar a possibilidade dessa taxa de perpetuidade ser crescente. Conceito: Uma perpetuidade crescente representa um fluxo de caixa constante, crescendo a uma taxa constante, sendo pago em intervalos de tempo regulares eternamente. Premissa: O fluxo de caixa no cálculo da perpetuidade é o fluxo que vai ocorrer exatamente em um período a partir de hoje!!! Critério de decisão: Se o VPL > 0, ou seja, se for superior ao investimento realizado (também na mesma data), o projeto é economicamente viável. Se o VPL < 0, o mesmo deve ser rejeitado. Em que: VPL = Valor presente líquido VP = Valor presente FC = Fluxo de caixa futuro 12 n VPL I0 FCt t ZERO t1 (1TIR) i = Taxa de desconto ou custo de oportunidade do capital g = Taxa de crescimento n= Número de períodos I0 = Investimento inicial Assim, supondo um custo de capital de 10% a.a (i), e uma taxa de crescimento de 6% a.a (g), temos: VP FC5 100 x (1 0,06) 2.650 ano4 i- g 0,10 -0,06 Descrição Valor R$ Teclas Função Descrição Valor R$ Teclas FC ano 1 -500 FV Valor futuro FC inicial -1.000 g CFo Taxa 10 i Taxa juros FC1 500 g CFj Número de anos 1 n Período FC2 400 g CFj Valor presente 454,54 PV Valor presente FC3 300 g CFj ... FC4 2.750 g CFj FC perpetuidade -2.650 FV Valor futuro Taxa desconto 10 i 10 i Taxa juros VPL 1.888,81 f NPV 4 n Período 1.809,99 PV Valor presente VPL 1.000 500 400 300 100 2.650 1.888,81 (1 0,10)1 (1 0,10)2 (1 0,10)3 (1 0,10)4 (1 0,10)4 Taxa interna de retorno (TIR) Conceito: NÃO tem como finalidade a avaliação da rentabilidade absoluta a determinado custo de capital, como o VPL. Seu objetivo é encontrar uma taxa intrínseca de rendimento Premissa: Os fluxos de caixa intermediários necessitam ser reaplicados, até o final de sua vida útil prevista, à própria taxa de retorno esperada (TIR) Matematicamente, a TIR é uma taxa hipotética que iguala o VP das entradas do fluxo esperado do projeto ao valor presente dos custos esperados do projeto ou, em outras palavras, que força o VPL ser igual a zero Critério de decisão: Deve-se aceitar o projeto se a TIR for > custo de oportunidade do capital e rejeitá-lo se a TIR for < que a taxa de desconto 13 Em que: I0 = montante do investimento no momento zero (início do projeto); FC = fluxos previstos de entradas de caixa em cada período de vida do projeto (benefícios de caixa). TIR = taxa interna de retorno = internalrate of return (IRR) Estrutura de capital Conceito As empresas são financiadas por capital de terceiros (dívidas) e próprio (acionistas). A combinação desses dois tipos de capital define sua estrutura de capital. Entretanto, cada tipo de capital possui seu custo. Balanço patrimonial Ativos Passivo circulante (*) Passivo não circulante Dívida ou capital de terceiros Dívida ou capital de terceiros Empréstimos Financiamentos Debêntures Patrimônio líquido Capital próprio Capital próprio Capital social - ações ordinárias e preferenciais Reservas de capital Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de lucros Ações em tesouraria Prejuízos acumulados Obs (*): O passivo circulante está relacionado ao capital de giro da empresa. Portanto, para a maioria dos autores de finanças, as dívidas de curto prazo não compõem a estrutura de capital das empresas. Entretanto, há autores que as consideram, sobretudo, se essas dívidas são parcelas originadas de captações de longo prazo. 14 Principais diferenças entre capital de terceiros e próprio Características Ações nominativas ordinárias (ON) Ações nominativas preferenciais (PN) Debêntures Conceito Concedem àqueles que as possuem o poder de voto nas assembleias deliberativas da companhia Oferecem preferência na distribuição de resultados ou no reembolso do capital em caso de liquidação da companhia, não concedendo o direito de voto, ou restringindo-o. Valor mobiliário emitido pelas SAs, representativo de uma fração de um empréstimo, tendo por garantia seus ativos. Emissor: registro no balanço patrimonial Capital próprio (PL) Capital próprio (PL) Capital de terceiros (passivo circulante ou não) Investidor: tipo de título Título de propriedade com renda variável (ativo circulante ou não) Título de propriedade com renda variável (ativo circulante ou não) Título de dívida com renda fixa6 - pré ou pós fixada (ativo circulante ou não) Estrutura versus custo de capital De acordo com os custos de cada fonte de financiamento (capital próprio e de terceiros) da empresa, é importante que se determine seu custo de capital, sobretudo para melhor orientar suas decisões financeiras Balanço patrimonial K (%) Ativos Passivo circulante (*) Passivo não circulante Dívida ou capital de terceiros Custo do capital de terceiros Patrimônio líquido Capital próprio Custo do capital próprio Obs (*): O passivo circulante está relacionado com o capital de giro da empresa, não fazendo parte de sua estrutura de capital 6 Eventualmente, as debêntures podem apresentar algumas características de renda variável, tais como pagamento de prêmios, participação no lucro da empresa, conversibilidade em ações da companhia 15 Custo do capital próprio Tanto o capital próprio, quanto o de terceiros, possuem um custo para a empresa. Todavia, do ponto de vista do investidor, esse custo de oportunidade7 é um retorno que deve ser considerado em suas decisões de investimento, ao compará-lo com seu nível de risco. Entre os modelos para cálculo do custo de capital próprio, destacam-se: Modelo de desconto de dividendos Modelo de Gordon Capital asset pricing model - CAPM Modelo de desconto de dividendos O modelo básico e mais utilizado para avaliar o valor da ação é o que considera o valor presente dos dividendos que se espera que ela gere. No Modelo de Desconto de Dividendos (MDD), o valor de uma ação é o valor presente do fluxo de dividendos futuros projetados, até o infinito, descontados pela taxa mínima de rentabilidade considerada aceitável pelo investidor. Admita que o preço atual de determinada ação seja P0, que a previsão de preço ao fim de um ano seja P1 e que dividendo esperado por ação para o ano corrente seja DIV1. A rentabilidade (ou custo do capital próprio) dessa ação pode ser decomposta em 2 partes: ganho de capital (aumento do preço de mercado da ação) ganho do recebimento do dividendo K DIV1 (P1 P0 ) P0 A partir dessa expressão, o preço atual da ação é: P DIV1 P1 0 (1K) 7 Custo de oportunidade de um capital, ou custo de capital, refere-se ao retorno da melhor alternativa financeira disponível no mercado a que um investidor renunciou, para aplicar seus recursos em outra, que possua prazos e riscos comparáveis. (ASSAF NETO, 2014) 16 n n n 1t t t 0 k)(1 P k)(1 D P $5,40 1,20 6,90 1,20 0,50 1,20 0,30 k)(1 P k)(1 D P 22n n n 1t t t 0 t1 Substituindo P1 em P0, e repetindo esse processo sucessivamente: P DIV2 P2 1 (1 K) D P P0 t n t1 (1 k)t (1 k)n Em que Pn é o preço final da ação e corresponde à parcela do ganho de capital caso ela seja vendida no enésimo período. Exemplo: Suponha que um investidor tenha estimado em R$ 0,30 e R$ 0,50 os dividendos por ação a serem distribuídos, respectivamente, ao final de cada um dos próximos 2 anos. Admitindo-se que o valor previsto de venda ao final do 2º ano seja de R$ 6,90 por ação, o preço máximo a ser pago por essa ação hoje, ao fixar-se em 20% a.a. a rentabilidade mínima desejada, será: Como uma ação não é um título mobiliário com prazo de vencimento definido, não faz sentido avaliar seu valor presente para um período diferente da perpetuidade. Assim, o ganho de capital passa a ser ignorado, uma vez que o comprador do título não tem a garantia de que vai conseguir vendê-lo alguns períodos depois. Logo, o valor atual ou preço justo da ação (P0) é calculado exclusivamente com base no valor presente do fluxo de dividendos (valor presente de uma perpetuidade): P0 D1 D2 ... D Dt P DIVt P D (1 k)1 (1 k)2 (1 k) t1 (1k)t 0 (1 K)t 0 k Em que: P0 = Preço efetivo de mercado da ação hoje ou valor de aquisição da ação Dt = Dividendos que os acionistas esperam receber no fim do ano t K = Taxa de retorno mínima aceitável, ou requerida, sobre a ação, considerando tanto o seu risco quanto os retornos disponíveis de outros investimentos – custo de oportunidade. 17 Como é pouco prático estimar os dividendos futuros, a solução é usar uma simplificação sobre o crescimento dos dividendos: Crescimento nulo Crescimento perpétuo constante Crescimento diferenciado por estágios ou taxas de crescimento de dividendos não uniformes Modelo de Gordon Se considerarmos que a perpetuidade de dividendos de uma ação cresce a uma taxa constante (g) ao longo do tempo, o valor atual da ação será: O Modelo de Gordon também é conhecido como modelo de avaliação com taxa de crescimento constante. Essa é uma alternativa simplificada para avaliar o valor acionário da empresa, uma vez que não considera um crescimento gradual diferenciado dos dividendos, o que geralmente ocorre nas empresas da economiareal. Logo, a taxa de retorno esperada (ou custo) sobre o capital próprio é: Em que: (k): Taxa de retorno exigida por investidores em ações (D1/P0): rentabilidade esperada dos dividendos, em que DIV1 = dividendos a serem distribuídos no ano 1 e P0 = preço de mercado atual da ação (g): Taxa de crescimento esperada dos dividendos por tempo indeterminado Ainda considerando o modelo de crescimento constante ou Modelo de Gordon, suponha que uma empresa pague um dividendo de R$ 1,15, sua taxa mínima de retorno requerida é 13,4% e a taxa de crescimento dos dividendos é de 8% no futuro. Pede-se o valor presente ou preço atual dessa ação. 18 Além disso, caso você compre uma ação por R$ 23 e tiver a expectativa de que, depois de 1 ano, essa ação pague dividendos de R$ 1,242e cresça a uma taxa constante de 8% no futuro, calcule a taxa de retorno esperada. A política de dividendos ótima deve proporcionar um equilíbrio entre os dividendos correntes e o crescimento futuro de modo a maximizar o preço das ações Entretanto, suponha uma situação na qual a taxa de crescimento seja de 7,5% nos primeiros 3 anos, e que depois ela se mantenha em 3,75% para sempre, com um primeiro fluxo no valor de R$ 13.975,80. Considere ainda os seguintes valores de distribuição de dividendos e um custo do capital próprio de 10% a.a.: 19 Taxa de crescimento Como o crescimento de dividendos exige crescimento de lucros, pode-se prever a taxa de crescimento dos dividendos como uma função da taxa de crescimento do lucro por ação (LPA). Crescimento em lucros por ação (LPA): A relação mais simples que determina o crescimento é aquela baseada na retenção de lucros (b) e no retorno sobre o capital próprio ROE (r). Quanto maior essa relação, maior a taxa de crescimento Em que: g = growth (crescimento) r = ROE ou return on equity (retorno sobre o capital próprio) b = business earnings retention rate (taxa de retenção de lucros da empresa) Alternativamente, quando se analisa a taxa de crescimento com base no lucro ou fluxo de caixa operacional, substitui-se o ROE por ROI = Lucro operacional líquido de IR / Ativos Suponha que durante o ano de 20X0, tenham ocorridos os seguintes fatos com uma empresa: 20
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