Prévia do material em texto
A cavidade preparada em um dente pode ser denominada de acordo com: O número de faces em que ocorre: Simples - uma só face Composta - duas faces Complexa - três ou mais faces As faces do dente envolvidas, recebendo o nome das respectivas faces. Exemplos: Cavidade preparada na face oclusal: cavidade oclusal Cavidade que se estende da face oclusal à face mesial: cavidade mésio-oclusal Cavidade que se estende às faces mesial, oclusal e distal: cavidade mésioocluso-distal Quando a preparação envolve as faces mesial, oclusal e lingual: cavidade mésio-ocluso-lingua A forma e extensão das cavidades: intracoronárias, intra-extracoronárias, extracoronárias parciais e extracoronárias totais. Inlay (incrustação ou restauração intracoronária Onlay (cobertura ou proteção parcial de cúspides) Overlay (cobertura total das cúspides) Esses termos em inglês são frequentemente empregados para definir cavidades ou restaurações indiretas, de diferentes tamanhos, independentemente do material restaurador (liga metálica, porcelana ou resina de laboratório) lntracoronárias (ínlay) - São cavidades confinadas no interior da estrutura dentária, como se fosse uma caixa aberta superiormente (sem tampa) - Exemplos: cavidade de Classe I oclusal, Classe Vves- .tibular, Classe li composta MO ou DO, e complexas MOO, sem redução cúspide lntra-extracoronárias - São preparos cavitários que podem apresentar cobertura parcial (onlay) ou total das cúspides (overlay) e/ou de outras faces do dente - Exemplos: cavidades MOO, com redução de uma, duas ou ma.is cúspides (onlay) ou cavidade MOO com redução de todas as cúspides (overlay) Extracoronárias parciais - São preparos dentários que envolvem três faces axiais do dente (mesial, distal e lingual) e a face oclusal ou incisal - Exemplo: preparo dentário para coroa parcial 3/4 em dentes anteriores, e preparo dentário para coroa parcial 4/5 em dentes posteriores, com redução parcial (onlay) ou total ( overlay) das cúspides ou da borda incisal Extracoronárias totais - São preparas dentários em que todas as faces axiais e oclusal ou incisai do dente são reduzidas e recobertas (overlay) pelo material restaurador - Exemplo: preparo dentário para coroa total Planos dentárias Plano horizontal - É perpendicular ao eixo longitudinal do dente e corta-o em qualquer ponto de sua longitude, recebendo o nome da superfície por onde passa Plano vestíbulo-lingual - Chamado também de áxio-buco-lingual, é o plano paralelo ao eixo longitudinal. Divide o dente em duas posições: uma mesial e outra distal e recebe o nome dessas faces, quando passa tangente a elas. Nos dentes anteriores recebe a denominação de plano labiolingual ou palatino Plano mésio-distal - É vertical e paralelo ao eixo longitudinal. Divide o dente em duas partes, uma vestibular e outra lingual. Recebe o nome dessas faces quando passa tangente a elas. Também é denominado plano áxio-mésio-distal Nomenclatura das partes constituintes das cavidades . A partes constituintes das cavidades são: Paredes Ângulos diedros Ângulos triedros Ângulos cavossuperficiais. Paredes Paredes são os limites internos das cavidades e podem ser: Circundantes: paredes laterais da cavidade que recebem o nome da face do dente à qual correspondem ou da qual estão mais próximas De fundo: correspondem ao assoalho da cavidade e podem ser chamadas de axial, quando se apresentam paralelas ao eixo longitudinal do dente e pulpar, quando perpendiculares ao eixo longitudinal do dente Ângulos diedros São formados pela união de duas paredes de uma cavidade e denominados segundo a combinação de seus respectivos nomes Os ângulos diedros, segundo Black, podem ser do primeiro grupo, formados pela junção das paredes circundantes Exemplos: gengiva-lingual; vestíbulo-gengival, etc Do segundo grupo, formados pela união de uma parede circundante com a parede de fundo da cavidade Exemplos: línguo-pulpar; gengiva-axial, etc. Do terceiro grupo, formados pela união das paredes de fundo da cavidade. Exemplos: áxio-pulpar e áxio-axial Ângulos triedros São formados pelo encontro de três paredes e denominados de acordo com as suas respectivas combinações Exemplos: vestíbulo-pulpo-axial; língua-gengiva-axial etc Observação: uma exceção às regras de nomenclatura dos ângulos diedros e triedros encontradas nas cavidades de Classe Ili, nas quais a junção das paredes constituintes forma ângulos diedros e triedros incisais, não recebendo, portanto, a denominação das paredes que os formam Ângulo cavossuperficial É o ângulo formado pela junção das paredes da cavidade com a superfície externa do dente O termo cavossuperficial é usado especialmente para indicar a forma que se deve dar a este ângulo em determinada porção da margem do esmalte ou do contorno marginal externo da cavidade O ângulo cavossuperficial também é denominado margem, embora este termo sirva para designar mais precisamente a linha de união da superfície externa do dente com a borda do material restaurador colocado na cavidade (também denominado interface dente/restauração) Classificação das cavidades . De modo geral, podem ser classificadas, de acordo com a finalidade, em terapêuticas e protéticas, e de acordo com a profundidade As terapêuticas são aquelas realizadas em casos nos quais a lesão cariosa, abrasão, erosão, fratura ou outras lesões dos tecidos duros dos dentes-tenham comprometido a estrutura coronária parcial ou totalmente, cujo preparo cavitário é condicionado a uma restauração individual do dente, visando a reconstrução morfológica, funcional e estética As protéticas são as preparadas para que as restaurações possam servir como retentores ou apoio para próteses fixas e removíveis, podendo ser realizadas tanto em dentes afetados quanto em dentes hígidos. Quando realizadas em dentes com coroas clínicas parcial ou totalmente destruídas, não deixam de ser também terapêuticas, pois reconstroem o dente e funcionam como retentores ou apoio das próteses. Segundo Mondelli, a profundidade das cavidades está relacionada com a espessura da dentina remanescente entre o seu assoalho e a polpa, na dependência do grau de penetração das lesões dentárias, o que condiciona prepares cavitários em várias profundidades Black propôs dois tipos de classificação: uma etiológica baseada nas áreas dos dentes suscetíveis à cárie, ou seja, regiões de difícil higienização, divididas conforme a localização anatômica: cavidades de cicatrículas e fissuras, cavidades de superfícies lisas e, outra, artificial, na qual reuniu cavidades em classes que requerem a mesma técnica de instrumentação e restauração Classe I Cavidades preparadas em regiões de má coalescência de esmalte Cicatrículas e fissuras Na face oclusal de pré-molares e molares, 2/3 oclusais da face vestibular dos molares Na face lingual dos incisivos superiores Ocasionalmente, na face palatina dos molares superiores Classe ll Cavidades preparadas nas faces proximais dos pré-molares e molaresClasse lll Cavidades preparadas nas faces proximais dos incisivos e caninos, sem remoção do ângulo incisal Classe IV Cavidades preparadas nas faces proximais dos incisivos e caninos, com remoção e restauração do ângulo incisal Classe V Cavidades preparadas no terço gengival, não de cicatrículas, das faces vestibular e lingual de todos os dentes Observação: as Classes ll , lll, IV e V ocorrem em superfícies lisas. Cavidades modernas – Classe Vl de Howard e Simon Lesões de cárie/cavidades localizadas nas bodas incisais de dentes anteriores e/ou pontas de cúspides de dentes posteriores Classe l de Sockwell Lesões de cárie/cavidades localizadas em região de cicatrículas e fissuras incipientes (de ponto), na vestibular de dentes anteriores Princípios gerais do preparo cavitário . A Dentística é a especialidade da Odontologia que estuda e aplica de forma integrada o conjunto de procedimentos semiológicos, operatórios, preventivos, terapêuticos e educativos com o objetivo de preservar e devolver ao dente, órgão do sistema estomatognático, sua integridade estrutural, funcional e estética Black foi o primeiro a idealizar uma sequência lógica de procedimentos para o preparo de cavidades, muitos de seus conceitos são ainda relevantes; porém, em função da evolução técnico-científica torna-se necessário adequa- los às condições atuais, mantendo porém os seus princípios Entre as evoluções ocorridas estão: o controle da incidência e gravidade da doença cárie, uma compreensão mais abrangente da lesão, seu processo evolutivo e possibilidade de detecção precoce da doença cárie, além dos progressos significativos da tecnologia e instrumentação e do aperfeiçoamento dos materiais existentes para restaurar a estrutura dentária. Assim, os conceitos de Black foram aperfeiçoados, mas seus princípios preventivos continuam válidos. Por exemplo, até 1970, fazia-se a "extensão preventiva", atualmente faz-se a "prevenção da extensão" durante a instrumentação de uma cavidade A finalidade de uma ordem de procedimentos é que ela sirva de guia geral, que possibilite a racionalização dos prepares cavitários por etapas inter-relacionadas, que conduzam ao fim almejado; não constitui, portanto, um conjunto de regras inflexíveis. Para desenvolver um procedimento ordenado e satisfazer os requisitos das diferentes formas cavitárias possíveis, devem ser seguidos princípios específicos para cada tipo de material restaurador A ordem geral de procedimentos no preparo de uma cavidade, de acordo com Black é a seguinte: Forma de contorno: define a área de superfície do dente a ser incluída no preparo cavitário Forma de resistência: característica dada à cavidade para que as estruturas remanescentes e a restauração sejam capazes de resistir às forças mastigatórias. Forma de retenção: forma dada à cavidade para torná-la capaz de reter a restauração, evitando o seu deslocamento Forma de conveniência: etapa que visa possibilitar a instrumentação adequada da cavidade e a inserção do material restaurador Remoção da dentina cariada remanescente: procedimento para remover toda a dentina cariada que permaneça após as fases prévias do preparo Acabamento das paredes e margens de esmalte: consiste na remoção dos prismas de esmalte fragilizados, pelo alisamento das paredes internas de esmalte da cavidade, ou no acabamento adequado do ângulo cavossuperficial Limpeza da cavidade: remoção de partículas remanescentes das paredes cavitárias, possibilitando a colocação do material restaurador em uma cavidade completamente limpa. obs: Em algumas circunstâncias, esta ordem de procedimentos pode ser alterada, como, por exemplo, no caso de cáries extensas, nas quais a remoção da dentina deve preceder às outras etapas do preparo. Formas de contorno Materiais permanentes A forma de contorno deve englobar todo o tecido cariado e áreas suscetíveis à cárie a serem restauradas Alguns princípios básicos devem ser considerados ao se determinar a forma de contorno de uma cavidade: 1) Idealmente, todo esmalte sem suporte dentinário friável deve ser removido ou então, quando não friável, apoiado sobre um material adesivo calçador (resina composta ou cimento ionomérico) 2) As margens do preparo (ângulo cavo-superficial) devem estar localizadas em áreas de “relativa imunidade à cárie” e possibilitem um correto acabamento das margens de restauração 3) As margens de preparo (ângulo cavossuperficial) devem, sempre que possível, preservar as estruturas de reforço do dente 4) Devem ser observadas as diferenças de procedimentos entre cavidades de cicatrículas e fissuras e cavidades de superfície lisa Cavidades de cicatrículas e fissuras Para o correto planejamento da forma de contorno nessas áreas do dente, deve-se ter em mente vários fatores: Extensão da cárie Considerando que a cárie se propaga como dois cones superpostos pelas bases1 , na junção amelo-dentinária, a forma de contorno deve englobar tanto a extensão superficial da cárie como a sua propagação ao longo dessa junção Extensão de conveniência A forma de contorno também deve englobar todas as cicatrículas, fissuras e sulcos muito profundos e próximos à cárie para permitir um bom acabamento das bordas da restauração. Verifica-se, portanto, que a forma de contorno variará conforme os detalhes anatômicos de cada dente. As estruturas de reforço dos dentes, como as cristas marginais, pontes de esmalte, arestas e vertentes de cúspide, devem ser preservadas durante o preparo da cavidade, a menos que tenham sido envolvidas pela cárie Quando duas cavidades distintas se encontram separadas por uma estrutura sadia de menos de 1 mm, elas devem ser unidas em uma única cavidade, a fim de eliminar essa estrutura dentária enfraquecida. Em caso contrário, essa estrutura deverá ser mantida, preparando-se duas cavidades distintas Idade do paciente Em pacientes idosos, nos quais as faces triturantes dos dentes apresentam desgaste oclusal funcional acentuado e os sulcos tenham praticamente desaparecido, a forma de contorno deve se limitar à remoção do tecido cariado e à determinação de paredes em dentina e esmalte hígidos Cavidades de superfícies lisas O processo carioso em superfícies lisas propaga-se mais em extensão do que em profundidade. Alguns fatores já citados para o caso das cavidades de cicatrículas e fissuras devem ser observados também para a determinação da forma de contorno em cavidades de superfícies lisas: A cárie, que nesses casos se propaga como dois cones superpostos, ápice contra base, na junção amelo-dentinária, deve ser totalmente incluída no delineamento do contorno O ângulo cavossuperficial da cavidade deve ser estendido até que seja encontrada uma estrutura dental sadia e o preparo possibilite um bom acabamento da margem da restauração O esmalte remanescente deve estar idealmente suportado por dentina sã Além dessas considerações, outros fatores influem na determinação da forma de contorno dessas superfícies: Extensão para gengival: do ponto de vista clínico, a extensão ideal da parede gengival dos preparas cavitários seria aquela que pudesse ser determinada o mais distante possível do tecido gengival. Essa condição facilitaria todos os procedimentos operatórios, tais como acabamento de margem, isolamento do campo operatório, adaptação da matriz, remoção de possíveis excessos, moldagens etc. Todavia, essasituação ideal não é atingida em todos os casos, uma vez que a extensão no sentido gengival é governada por uma série de fatores: Estética: a estética, principalmente na região ântero-superior da boca, é muito importante e determina a localização subgengival do limite cervical das restaurações fundidas estéticas Retenção: coroas clínicas curtas, pouca estrutura dentária remanescente ou cavidade com paredes axiais sem altura satisfatória, que impossibilitam a retenção friccional da restauração, algumas vezes determinam a extensão subgengival do limite cervical das restaurações fundidas. Nesses casos, este ultrapassa os limites da lesão cariosa, determinando o término cervical da restauração subgengivalmente. Forma de Resistência A forma de resistência baseia-se em princípios mecânicos, pois os movimentos mandibulares dão origem a forças que podem provocar a fratura das paredes cavitárias ou do material restaurador Assim, certos princípios relacionados com a estrutura dentária remanescente e com o material restaurador devem ser seguidos a fim de se determinar a forma de resistência De acordo com os conceitos clássicos, as paredes circundantes da caixa oclusal para o material restaurador amálgama devem ser paralelas entre si e perpendiculares à parede pulpar Paredes pulpar e gengival planas, paralelas entre si e perpendiculares ao eixo longitudinal do dente, possibilitam uma melhor distribuição dos esforços mastigatórios Por outro lado, o estabelecimento de paredes circundantes da caixa oclusal paralelas entre si proporcionam bordas de restauração com espessura insuficiente para suportar as cargas mastigatórias, devendo-se, principalmente no caso de dentes com acentuado grau de inclinação das vertentes de cúspides, confeccionar paredes circundantes convergentes para oclusal, a fim de permitir um maior volume de borda para a restauração O ângulo cavossuperficial ideal das cavidades para amálgama deve ser de 90º, para compensar a baixa resistência de borda desse material: Contudo, nem sempre a estrutura dentária permite essa angulação, sem que os prismas de esmalte marginais das vertentes de cúspides fiquem fragilizados; nesse caso são aceitáveis margens com pelo menos 70º As paredes vestibular e lingual da caixa proximal, em cavidades para amálgama, devem ser convergentes para oclusal, pois, além de oferecerem uma forma auto- retentiva à caixa proximal, no sentido gengivo-oclusal, essa convergência preserva maior quantidade de tecido da crista marginal e expõe em menor grau a restauração às forças mastigatórias nessa região, que são áreas de apoio dos contatos oclusais Para restaurações metálicas fundidas, as paredes vestibular e lingual da caixa proximal devem ser divergentes no sentido gengivo-oclusal e áxio-proximal, em função da resistência de borda que o material apresenta e, também, como forma de conveniência para o plano de inserção e remoção da peça No caso de presença de concavidades nas paredes pulpar e axial, após a remoção da cárie, convém que elas sejam reconstruídas e/ ou regularizadas com bases protetoras adequadas, porém com o material restaurador sempre apoiado em dentina Idealmente, o esmalte deve ficar apoiado em dentina hígida, a fim de evitar que fique sem suporte e consequentemente fragilizado, podendo se fraturar sob ação dos esforços mastigatórios. Quando o apoio da estrutura de esmalte sobre dentina sadia não for possível, o esmalte, quando não-friável, deverá ser calçado por material com características adesivas (resinas compostas e cimentos ionoméricos), ou reduzido e depois protegido por material restaurador que possua propriedades mecânicas satisfatórias para essa finalidade A profundidade da cavidade deve ser adequada de modo a permitir uma espessura mínima de material, suficiente para sua resistência. Se tal princípio não for seguido, poderá haver fratura do corpo da restauração. Como se percebe, a forma de resistência também está diretamente relacionada com a própria resistência do material restaurador, sendo fator preponderante a sua indicação precisa para cada caso. Materiais frágeis nas bordas, como o amálgama, exigem restaurações mais espessas, que não permitem acabamento marginal em forma de bisei e sim paredes terminando em ângulo reto com a superfície externa do dente. As restaurações metálicas fundidas oferecem a possibilidade de proteção às estruturas remanescentes e resistência às forças mastigatórias, e geralmente exigem bisei de acabamento Deve-se dar atenção à obtenção da forma de resistência dos dentes despolpados, em virtude da estrutura dental remanescente apresentar-se enfraquecida e/ou quebradiça; assim, as cúspides devem ser reduzidas pelo preparo da cavidade e cobertas com material restaurador adequado, no caso, restauração fundida, a fim de evitar possíveis fraturas durante a mastigação O ângulo áxio-pulpar deverá ser arredondado, para diminuir a concentração de esforços capazes de provocar a fratura do material restaurador, como por exemplo o caso de amálgama em cavidade de Classe ll Forma de retenção A forma de retenção é conseguida mecanicamente pela configuração interna da cavidade (inclinação das paredes), por retenções adicionais (sulcos, orifícios, canaletas, pinos metálicos) e pelo atrito friccionai do material restaurador com as paredes da cavidade, além de adesão micromecânica proporcionada pelos sistemas e materiais adesivos A finalidade da forma de retenção é evitar o deslocamento da restauração por: 1) ação das forças mastigatórias 2) tração por alimentos pegajosos 3) diferença do coeficiente de expansão térmica entre o material restaurador e a estrutura dentária, especialmente nos casos das resinas restauradoras. Tipos de retenção Os tipos de retenção incluem: 1) retenção por atrito do material restaurador 2) retenções mecânicas adicionais, como cauda de andorinha, sulcos, canaletas, orifícios e pinos metálicos 3) retenções micromecânicas, pelo condicionamento ácido do esmalte e da dentina para resinas restauradoras A abordagem para obter formas de retenção adequadas difere conforme o tipo de cavidade a ser preparada e o sistema Cavidade simples Nas cavidades tipo Black para amálgama, pode-se aplicar o princípio geral por ele enunciado: "quando a profundidade de uma cavidade for igual ou maior que sua largura vestíbulo-lingual, por si só ela será retentiva" Contudo, se a abertura vestíbulo-lingual for maior que a profundidade, deverão ser providenciadas retenções mecânicas adicionais internas determinadas em dentina, na base das cúspides ou, como recomenda Markley, devem ser preparadas as paredes vestibular e lingual convergentes para oclusal, tornando a cavidade autoretentiva No caso da cavidade se apresentar estritamente de superfície lisa (Classe V), essas retenções adicionais deverão ser realizadas em dentina, nas paredes oclusal ou incisai e gengival Cavidades compostas e complexas O problema da retenção nessas cavidades é mais complexo, pois, além das retenções individuais de cada caixa, existe uma interdependência entre elas Assim, alguns procedimentos poderão ser adotados a fim de se conseguir a estabilidade da restauração, entre os quais: CAUDA DE ANDORINHA OCLUSAL E SULCOS PROXIMAIS A cauda de andorinha representada pela caixa oclusal auxilia a retenção de restaurações de cavidade próximo-oclusais, no entanto, do ponto de vista biológico e mesmo da resistência da estrutura dentária remanescente, não é vantajosa Por outro lado, em cavidades de Classe ll, próximo-oclusais conservadoras, enquanto a cauda de andorinha aumenta em aproximadamente quatro vezes a retenção da restauraçãona cavidade no sentido áxio-proximal, a confecção de sulcos proximais, vestibular e lingual aumenta aproximadamente em dez vezes essa retenção, com a vantagem de economizar estrutura dentária constituindo um procedimento biomecânico mais recomendável. INCLINAÇÃO DAS PAREDES VESTIBULAR E LINGUAL DA CAIXA PROXIMAL Quando o material restaurador for direta (amálgama e resina composta), essas paredes podem ser convergentes para oclusal, de forma que na porção gengival as margens fiquem em zonas de autóclise e, na região oclusal, a restauração fique menos exposta às forças de mastigação Nas cavidades para restaurações metálicas fundidas as paredes devem apresentar divergência mínima para oclusal, apenas o suficiente para possibilitar a moldagem e a remoção do padrão para fundição sem distorções, a retentividade para esse tipo de restauração é promovida pelo embricamento mecânico entre as paredes das incrustações, as paredes cavitárias e o agente cimentante. Quando houver necessidade de retenções adicionais, estas poderão ser feitas em forma de sulcos ou canaletas nas paredes vestibular e lingual da caixa proximal , ou pela inclinação da parede gengival no sentido áxio-pulpar SULCOS PROXIMAIS Recurso retentivo confeccionado à custa das paredes vestibular e lingual da caixa proximal, com o objetivo de se evitar o deslocamento lateral da restauração quando da incidência de uma carga oclusal De forma geral, essas retenções são confeccionadas com brocas tronco-cônicas e são efetivas espacialmente para as restaurações de amálgama próximooclusais (MO ou MOD) PINOS METÁLICOS Outro recurso para aumentar a retenção e estabilidade das restaurações feitas em cavidades muito extensas, tanto para amálgama como para incrustação fundida, é o uso de pinos ancorados em dentina. Forma de Conveniência Esse ato operatório depende das propriedades do material restaurador, dos métodos empregados para a confecção da restauração e da localização e extensão da lesão Assim, para restaurações de dentes anteriores, certos passos prévios ao preparo da cavidade, como isolamento absoluto do campo operatório e separação dos dentes, são formas de conveniência para se obter o controle da saliva e/ou do sangramento gengival, e/a retração da-gengiva para melhor visibilidade e acesso ao campo a ser operado Quando houver necessidade de aumentar a extensão da cavidade, para facilitar a instrumentação, esse acesso, sempre que possível e por motivos estéticos, deve ser feito por lingual Nas cavidades para ouro em folha são confeccionados pontos de início para a condensação do material Esta é uma forma de conveniência especial que consiste na confecção de retenções adicionais internas feitas com pequenas brocas esféricas nos ângulos triedros da cavidade Nos casos de cárie incipiente em cavidades de Classe ll , o acesso à lesão proximal para instrumentação por meio das faces oclusal ou vestibular, mesmo que estas não estejam cariadas, é considerado uma forma de conveniência A confecção da parede pulpar inclinada de vestibular para lingual, em pré-molares inferiores, e da parede axial convexa, em preparas de Classe V, acompanhando a superfície externa do dente, constitui forma de conveniência biológica, pois evita a exposição pulpar e preservam estrutura dentária Remoção da Dentina Cariada Remanescente . Quando a cárie é incipiente, a remoção da dentina cariada é concomitante com as outras fases do preparo cavitário. No entanto, se permanecer cárie após as fases prévias, somente a porção cariada deve ser removida, o que ocasionará uma depressão no assoalho cavitário. Essa depressão deverá ser preenchida com uma base protetora adequada até atingir o nível da parede de fundo, possibilitando uma distribuição uniforme das forças que incidem sobre a restauração. Por outro lado, quando a cárie for extensa e profunda, a remoção poderá ser feita antes da delimitação da forma de contorno externa. A progressão da cárie em dentina é caracterizada por duas áreas, segundo Sturdevant e Mondei : 1) Área de dentina profunda afetada: é a dentina desmineralizada mas não infectada, sem presença de microrganismo essa dentina pode ser preservada e protegida no ato operatório 2) Área da dentina infectada: é a dentina mais superficial e significantemente invadida por microrganismos e que deve ser removida. Acabamento das Paredes e Margens de Esmalte A finalidade do acabamento das paredes e margens de esmalte é promover à. remoção das suas irregularidades e prismas de esmalte sem suporte, friáveis e fragilizados deixados pela instrumentação inicial, de forma a proporcionar a melhor adaptação marginal possível entre o material restaurador e a estrutura dental Para tanto, as paredes internas de esmalte são alisadas e o ângulo cavossuperficial recebe um tratamento de acordo com o material restaurador a ser empregado; poderá ser biselado ou vivo; porém, deverá ser sempre nítido, liso e uniforme. Esse acabamento pode ser realizado com instrumentos manuais cortantes ou instrumentos rotatórios, como brocas multilaminadas, discos, pontas diamantadas e pedras montadas para acabamento Limpeza da Cavidade Tendo como base o princípio de que todo dente, antes de ser restaurado, deve apresentar-se devidamente limpo e seco, a limpeza da cavidade, último tempo operatório de um preparo cavitário, é a remoção de detritos deixados durante a instrumentação, tais como raspas de dentina e esmalte, bactérias, pequenos fragmentos abrasivos dos instrumentos rotatórios, óleo proveniente dos aparelhos de alta e baixa velocidades.