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Botulismo Liana Ribeiro e Mayelli Bertusso Professora: Laís Muniz Clínica de ruminantes Introdução ● Foi inicialmente descrito na Alemanha, no século XVIII, após um surto associado à ingestão de salsicha de produção doméstica; ● Originou o nome “botulus” que em latim significa salsicha; ● Enfermidade com alta letalidade em humanos, bovinos, caninos e outras espécies; ● Toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum; 7 tipos - A, B, C, D, E, F e G Introdução ● 1º Diagnóstico - SC: realizado em 1983, através de dados epidemiológicos e sinais clínicos, no Município de Lages. Antes de 1983 a doença era rotineiramente diagnosticada como raiva; ● Resistentes à ação proteolítica; ● São absorvidas pela mucosa intestinal e agem na placa neuromuscular; ● Paralisia flácida; Etiopatogenia ● Enfermidade mortal em humanos e animais; ● Causada pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum; ● 8 tipos de toxinas botulínicas - A a G; ○ A, B, E e F são patogênicas para o homem; Produção de esporos gram + e anaeróbios; Microscopia dos esporos produzidos por Clostridium botulinum em coloração de Gram. Fonte: Public Health Image Library, Center for Disease Control (1979). Etiopatogenia ● Presença de condições de anaerobiose em M.O; ● pH superior a 4,5; Esporos da bactéria assumem forma vegetativa Produção da toxina botulínica Etiopatogenia Ingestão de material contaminado Absorção Toxina na corrente sanguínea Sistema nervoso Bloqueio na liberação de ACH Paralisia funcional motora 1. Ligação às células alvo; 2. Translocação; 3. Inibição da liberação de ACH; Etiopatogenia 1. Botulismo por ferimentos: contaminação de feridas com os esporos do C. botulinum; 2. Botulismo alimentar: sinais clínicos gastrintestinais e/ou neurológicos; 3. Botulismo intestinal: distúrbios intestinais, seguido de sinais neurológicos, podendo progredir para sinais respiratórios; a. Ausência de fontes de toxina botulínica em alimentos contaminados ou ferimentos; ● Importante causa de morte bovina na pecuária extensiva; ● Principal fator predisponente: osteofagia; ● No Brasil, primeiro registro foi realizado no estado do Piauí, em 1960, como “doença da mão dura” (Dobereiner e Dutra, 2004); Epidemiologia ● Ruminantes são mais comumente relatados; ● Após a morte, o Clostridium botulinum presente na microbiota intestinal, invade outras partes do organismo; ● Toxina presente em carcaças, pode permanecer viável por vários anos (Miyashiro e Esper, 2008); Epidemiologia Animais acometidos: ● Fêmeas bovinas: associado à osteofagia na fase reprodutiva; ● Machos em engorda; ● Animais jovens; ● Cães: associado à ingestão de carcaças ou alimentos contaminados; ● Ocorrência de forma esporádica durante o ano; ● Outubro a maio: maior demanda de forragem, aumentando a exigência de fósforo dos animais, consequentemente, a osteofagia; Epidemiologia Sinais Clínicos ● Diminuição da produção de leite entre 24 a 48 horas; ● Inapetência e osteofagia; ● Dificuldade de locomoção, principalmente dos membros pélvicos; ● Emboletamento e poliflexão; ● Paralisia progressiva - dificuldade respiratória e sialorréia; ● Morte precedido de coma, sendo decorrente de uma paralisia respiratória; A propriocepção do animal fica normal durante todo o curso da doença. Figura 3 - Bovinos com osteofagia em campos nativos, Planalto Serrano Catarinense. Sinais Clínicos Bovino com dificuldade na locomoção, acentuadamente nos membros posteriores, em decorrência da intoxicação botulínica. Sinais Clínicos Manifestações clínicas de diferentes intensidades da intoxicação botulínica, em decúbito e com estado mental aparentemente normal; 5. dificuldade respiratória e sialorréia em decorrência da intoxicação botulínica superaguda. Animal em decúbito esternal, apresentando flacidez dos membros posteriores e perda de tônus da cauda. ● Em cães, o quadro clínico e o agravo da doença dependem da quantidade de toxina ingerida e apresentam desde incoordenação motora, constipação intestinal e retenção urinária à paralisia. Animal apresentando paralisia dos membros pélvicos e retenção urinária ● Em aves e cães: presença da toxina no soro sanguíneo; ○ Encontrada na circulação - necessário a coleta de 3 mL de soro para o procedimento laboratorial; ● Bovinos: histórico, quadro clínico patológico, anamnese, vacinação, imunização foi eficaz; ● Diferenciais: Raiva, intoxicação por chumbo, hipocalcemia, envenenamento por ionóforos e organofosforados, polioencefalomalácia, meningites bacterianas e babesiose; ● Diagnóstico etiológico: Amostras de fígado de 100 gramas e líquido ruminal 20 ml; Diagnóstico ● Deve ser feito o mais rápido possível, com utilização de fluidoterapia oral ou venosa; ● Realizar a administração do anti-soro hiperimune polivalente ou específico para a toxina; ○ Recuperação dos animais acometidos nas fases iniciais da doença; Vacinação, a correção da deficiência de fósforo e a remoção das carcaças corretamente Tratamento ● Inspeção dos suplementos alimentares fornecidos aos animais; ● Silagens devem ser produzidas em condições de pH ácido que impedem a germinação dos esporos; ● Fenos desidratados e armazenados de forma adequada; ● Vacinação; ● Extração das fontes da intoxicação - remoção das carcaças nas pastagens e incineração; ● Correção da deficiência de fósforo - suplementação animal, que pode ser feita com o uso de misturas minerais; Controle e prevenção ● Julho de 2007 - Udesc Lages; ● O rebanho era constituído de 30 animais - Leite; ● 6 adoeceram e todos morreram; ● Pastejo em pastagem de aveia e recebiam concentrado no cocho. ● 2 após o plantio da aveia, compostagem incompleta de carcaças de suínos e aves foi sobreposta em alguns deles; ● Separados em piquetes - adoeceram em dois a três dias após a distribuição da compostagem (carcaças não tinham decomposição completa); Relato de caso - Erval Velho SC Figura 7 - Pastagem de aveia usada na alimentação de bovinos leiteiros, onde foi espalhado compostagem incompleta de carcaças de suínos e aves. No detalhe restos ósseos na pastagem em Erval Velho - SC. ● Dificuldade de locomoção, paralisia progressiva, iniciando nos membros posteriores e atingindo os membros anteriores; ● decúbito lateral, permanecendo conscientes, mas com diminuição do tônus da língua e cauda; Figura 8: Pastagem de aveia contaminada com carcaças de suínos e aves em estado incompleto de decomposição. A – Carcaça de suíno. B – Carcaça de frango; Vacas leiteiras com botulismo. A – Animais adultos em decúbito esternal, com incapacidade de levantar. B – Bovino com paralisia flácida de membros posteriores e cabeça voltada para o flanco esquerdo em Erval Velho - SC. ● Doença de importância na saúde pública; ● Fator mais predisposto: carência de mineral; ○ Necessidade de uma boa alimentação aos animais, oferecendo pastagens com alto teor de fósforo; ● Visualização da toxina a partir da cepa isolada; ● A letalidade é diminuída quando há assistência veterinária adequada; ○ Medidas de controle e prevenção: inspeção dos alimentos ofertados aos animais, vacinação e suplementação mineral na ração, reduzindo a osteofagia e aumentando a produtividade. Conclusão Obrigada! Referências Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual integrado de vigilância epidemiológica do botulismo / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006. Dickerson TJ, Janda KD (2006). The use of small molecules to investigate molecular mechanisms and therapeutic targets for treatment of botulinum neurotoxin A intoxication. ACS Chem Biol 1(6):359-69 doi:10.1021/cb600179d. DOBEREINER, Jurgen; DUTRA, Iveraldo.O Botulismo dos Bovinos e o seu Controle. Embrapa, Seropédica/RJ, p. 1 - 6, 1 dez. 2004. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/627825/1/cot072.pdf. Acesso em: 1 dez. 2020. DUTRA, Iveraldo S. Botulismo em bovinos de corte e leite alimentados com cama de frango. Revista Pesquisa Veterinária Brasil, Rio de Janeiro -RJ, v. 25, n. 2, 2005. Forero U, Gustavo Adolfo. Botulismo. REDVET. Revista Electrónica de Veterinaria. vol. VIII, núm. 4, abril, 2007, pp. 1-5 Veterinaria Organización Málaga, España. MIYASHIRO, Simone; ESPER, Renata Haddad. BOTULISMO. Crmvsp, Crmvsp, p. 1 - 10, 1 jul. 2008. Disponível em: https://www.crmvsp.gov.br/arquivo_zoonoses/BOTULISMO.pdf. Acesso em: 1 dez. 2020. MOREIRA, GUSTAVO HENRIQUE FERREIRA ABREU. 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