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1 GLOMERULONEFRITE PRIMÁRIA Ø Classificação etiológica: primária (Doença predominantemente dos rins, geralmente a etiologia é desconhecida) X secundária (há doença sistêmica causando a lesão glomerular). Ø Classificação quanto ao fator tempo: • Aguda: dias a poucas semanas • Subaguda: semanas a poucos meses • Crônica: muitos meses a anos Ø Classificação quanto ao consumo do complemento: • Normal: nefropatia por IgA (BERGER) • Baixo: GNDAPS; GNMP Ø Classificação histológica: • Biopsia guiada por USG • Com preparo prévio, buscando distúrbios de coagulação, infecção urinária. • Solicitamos ao patologista a análise. • Biopsia renal – arma diagnóstica importante: Ø Anatomia glomerular: • Espaço de bowman: entre epitélio e cápsula • Podócitos • Membrana basal • Endotélio • Células mesangiais Ø Quantidade de glomérulos acometidos • Focal: <50% de glomérulos • Difusa ou generalizada: > = 50% de glomérulos Ø Acometimento de cada glomérulo individualmente • Segmentar: apenas parte de cada glomérulo é acometida • Global: todas as estruturas do glomérulo são acometidas Ø Padrão de proliferação: indica o aumento da celularidade glomerular • Intracapilar(endocapilar): proliferação das células do glomérulo: mesangial ou endotelial • Extracapilar ou crescêntica: proliferação de células dentro da cápsula de bowman: parietais epiteliais e infiltrantes (macrófagos e fibroblastos) Ø Formação de crescentes: • Glomérulo normal -> 2 • A doença glomerular leva ao aparecimento de hiatos ou buracos na membrana basal glomerular, permitindo a infiltração de células parietais e por fim... -> • Levando a formação crescente fibrocelular Ø Classificação histológica: • G. difusa aguda • G. de lesões mínimas • G. esclerosante segmentar e focal • G. membranosa • G. membanoproliferativa Ø Lesão glomerular • Não imunológica: o Mecanismo hemodinâmico da lesão glomerular: diminuição da resistência da arteríola aferente + manutenção da resistência da arteríola eferente = hipertensão intraglomerular o Esse mecanismo leva a inflamação das células, levando a fibrose e seguinte perda definitiva dos néfrons. o Nos podócitos ocorre uma destruição daquela membrana, deixando passar mais proteínas que o normal, extravasando e levando a proteinúria (que é maior marcador de progressão.) • Lesão imunomediada: o Mecanismo: Ø Antígenos associados à doença renal imunologicamente mediada • Renal: o Próprio (endógeno): MBG; membrana basal tubular. o Estranho (exógeno): antígeno de órgão transplantado • Não renal: o Próprio (endógeno): Ac. Nucléicos; antígenos citoplasmáticos; antígenos tumorais; crioglobulinas o Estranho (exógeno): bacterias; vírus; alérgenos; drogas o O local da deposição dos anticorpos dentro do glomérulo é determinante critico da apresentação 3 clínico-patológica da glomerulonefrite. o Lesão glomerular mediada por anticorpos: - a lesão pode resultar da deposição de complexos imunes circulantes ou da formação de complexos in situ: A) deposição de imunocomplexos circulantes forma um padrão granular de imunoflorescência b) glomerulonefrite por anticorpos antimembrana basal glomerular é caracterizada por um padrão linear de deposição na imunoflorescência c) anticorpos contra componentes glomerulares se depositam em padrão granular Ø Progressão da lesão glomerular: Doença renal primária -> diminuição do nº de néfrons -> hipertrofia e vasodilatação dos néfrons sobreviventes e aumento da PA -> aumento da pressão e/ou filtração glomerular -> esclerose glomerular Ø Proteinúria: seletividade x não seletividade Ø SIND GLOMERULARES • Sind nefrítica • Sind nefrótica • G. rapidamente progressiva • Anormalidade urinária assintomática • G. crônica • Pode haver considerável superposição com sind mistas Ø SINDROME NEFRITICA • É o aparecimento súbito de edema, HAS, hematúria micro ou macroscópica, oligúria e proteinúria subnefrótica (<3.5 mg/dia) • Pode ser causada por doença renal intrínseca ou constituir parte de uma doença sistêmica • Ex. clássico é a G. difusa aguda pós estreptocócica • Outras causas: NIgA, nefrite lúpica, G. membranoproliferativa • Caracteriza-se por um proc inflamatório • O grau da inflamação determina, em parte, a gravidade da disfunção renal e as manifestações clínicas associadas • Prevenção: reconhecimento precoce com diagnóstico e trat imediatos, para prevenir a perda irreversível da função renal • Fisiopatogenia: diminuição da TFG + oligúria -> retenção hidrossalina -> hipertensão e edema. • Achados laboratoriais 4 o hematúria: hematúria dismórfica; cilindros hemáticos. o Proteinúria não nefrótica <3g/dia normalmente; avaliar FX renal; outros exames conforme patologia de base • Achados de imagem o US renal: em pct com disfunção renal; tamanho renal <9 cm pode sugerir fibrose renal extensa com baixa probabilidade de reversabilidade o Outros: RX tórax nas situações pulmão-rim; Ecocardiograma evidenciando, por ex, derrame pericárdico em situações. • Prognóstico: o Depende da etiologia subjacente o GNPE excelente 70-85% o GNMP desfavorável 50% com proteinúria >10g/dia vão para DRCT em 7 anos o Granulomatose de Wegener e Doença de Goodpasture podem ser fatais se não tratados imediatamente Ø GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA (GNRP) • Instalação aguda com perda da fx renal e sedimento urinário positivo (cheio de alterações) • Na maior parte das vezes, é reflexo de uma doença sistêmica com acometimento renal • Divide-se conforme a MIF: -Tipo 1 padrão linear (jovens) -Tipo 2 padrão granular (jovens) -Tipo 3 ausência de depósitos fluorescentes (meia idade e homens) • MO: crescentes celulares na cápsula de bowman • Clínica: IRA, edema, hematúria. Acometimento sistêmico de vias respiratórias, pele ou neurológico é comum • Dados laboratoriais: aumento rápido da CrS, hematúria e proteinúria • Tratamento: pulsoterapia com corticosteróide e ciclofosfamida. No tipo I associar plasmaférese. Ø SINDROME NEFRÓTICA • Pode ser causada por doenças renal intrínseca ou constituir parte de uma doença sistêmica • A maior causa é a nefropatia diabética • Principais causas primárias: -GNLM -GNM -GESF -GNMP • Caracteriza por um proc não inflamatório da parede glomerular • Prevenção: não conhecemos, é possível melhora e às vezes reversão completa através do trat e controle da doença subjacente • QC: Hiperlipidemia, proteinúria maciça, lipidúria, hipoalbuminemia, edema. • Lesão 1ª e 2ª -> proteinúria nefrótrica (alteração na 5 seletividade de carga ou tamanho de PCG) -> • Caminho 1: albuminúria -> hipoalbuminemia -> redução de pressão oncótica -> underfil – edema Caminho 2: overflow->edema • Caminho 1: desnutrição -> infecção Caminho 2: perda de Ig e complemento -> infecção • Caminho: aumento da síntese hepática de proteínas -> dislipidemia • Caminho: Perda de fatores inibidores da coagulação e estase venosa -> hipercoagulabilidade • Mecanismo da hipoalbuminemia - nível de albumina sérica: diminuição da intensidade e duração da perda urinária e albumina e aumento do catabolismo protéico; aumento da capacidade da síntese hepática. - perda urinária + catabolismo: hipoalbuminemia -> 1º aumento da filtração de proteínas -> 2º aumento da reabsorção tubular -> 3º aumento do catabolismo -> HIPOALBUMINEMIA. • Mec do edema: overfill ou underfill • Mec de dislipidemia: -Hipoalbuminemia -> aumento da síntese protéica hepática -> aumento do HDL -> hipercolesterolemia e VLDL -> hipertrigliceridemia -redução do catabolismo dos lipídeos: menor atv da lípase protéica -> perda urinária da lípase protéica = inib da lipólise -A dislipidemia leva a aterosclerose acelerada. • QC: varicocele do lado E, dor nos flancos ou virilha, hematúria macroscópica, aumento significativo de proteinúria, redução inexplicada do debito urinário. • Outras complicações: a perda de... -antitrombina 3-> hipercoagulabilidade -globulina de lig de tiroxina -> altera exames de função tireoideana -proteina fixadora de colecalciferol -> hiperparatireoidismo sec -transferrina -> anemia hipocrômica-microcítica -Ig -> infecções • Tratamento: o A. doença sistêmica ou renal subjacente o Complicações da sind nefrotica: -hiperlipemia: HMG-CoA -> atorvastatina e colestiramina o Edema: restrição de sal e diurética de sal o Trombose: anticoagulante o Proteinuria: IECA/BRA; dieta hipoproteica. 6 • IECA- faz dilatação da arteríola eferente – benéfico para pct glomerulopatas • Prednisona • Clicofosfamida • Cliclosporina Ø AUA • Hematúria microscópica assintomática: -é o achado de hematuria isolada no ex de urina, em ausência de proteinuria ou alt da fx renal ou manifestações sistêmicas de edemas e hipertensão. -NIgA e glomerulopatias hereditárias -5-10% da população - > urológica – investigação urológica obrigatória -hemácias dismorficas- glomerulopatias (10%) ->4º anos – cistoscopia para investigar malignidade uroepitelial • Proteinuria assintomática: -é quando existe proteinuria isolada em valores acima de 150 mg/dia e abaixo de 3g/dia na ausência de outros achados urinários, como hematuria e sem sinais ou sintomas sistêmicos, como edema e/ou hipertensão -GESF e GNM -s/ indicação de Bx renal Ø GN crônica • Diversos tipos de lesões glomerulares • Esclerose progressiva dos glomérulos • Insuf renal progressiva • Trat: -trat da doença de base -dieta hipossodica/hipoproteica -controle da PA com IECA/BRAII -tto da proteinuria com IECA/BRAII -tto da hipercolesterolemia Ø Glomerulopatias primárias • Glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) • G. por lesões mínimas (GNLM) • G. esclerosante segmentar e focal (GESF) • G. membranosa (GNM) • G. membranoproliferativa (GNMP) • Nefropatia por IgA Ø G. DIFUSA AGUDA pós estreptocócica • É o protótipo da GNDA • Inicio abrupto, após infecção por cepas nefrogênicas do estreptococo • Dos indivíduos infectados, 15% desenvolvem a doença • Acomete geralmente crianças (pico de 2-10 anos) • Apresentação: de subclínica ao quadro clínico clássico (edema, 7 hematúria e HAS) até insuf renal grave. • Consumo transitório de complemento sérico e anticorpos antiestrepctococos detectados no sangue • Bx renal indicada apenas para casos que apresentem história natural diferente da esperada • Patologia: lesão glomerular difusa, com exsudação leucocitária, hipercelularidade e presença de depósitos subepiteliais (humps) e mesangiais de padrão granular difuso com depósito de IgG e C3 • Tratamento sintomático, não sendo indicada terapêutica e profilática posteriormente • A resolução espontânea é habitual e rápida • Prognóstico bom na maioria dos casos e recidiva rara • Fisiopatologia: Infecção com consequente formação de imunocomplexos -> deposição de imunocomplexos na MBG -> reação inflamatória glomerular -> diminuição do ritmo de filtração glomerular -> diminuição do volume urinário com aumento do volume plasmático -> hipervolemia • Diagnóstico: -questionar faringite (7-21 dias de incubação) ou piodermite (15-28) -documentar a infecção através de exames laboratoriais: ASLO – faringete; anti-DNAse B – piodermites. -demonstrar queda transitória de C3 (normaliza em ate 8 sem) • Indicações de bx renal: -oliguria >1sem -hipocomplementenemia >8 sem -proteinuria em faixa nefrotica (adulto > 3,5 g/dia e crianças >50 mg/kg/dia) -evidências de doença sistêmica -Evidência de GNRP (anuria, aumento acelerado das escorias nitrogenadas) -ausência de evidencia lab de infec estreptocócica -complemento sérico normal -hist familiar de nefropatias • Patologia: 8 Ø G. POR LESOES MINIMAS (GNLM) • Acomete principalmente crianças pré-escolares (2-6 anos) do sexo masculino • Apresentação: sind nefrotica • Dados laboratoriais: proteinuria seletiva, hipoalbuminemia e hiperlipidemia (sind nefrotica pura) • MO: normal • MIF: negativa • ME: retração dos prolongamentos dos podocitos • Tratamento: primeira escolha – corticoterapia. • É considerada uma doenca multifatorial. É hipotetizado que seja uma podocitopatia e que CD80 ou outros fatores circulatórios sejam os gatilhos da proteinuria. • Patologia: podocitos com pedicelos destruídos. Ø G. ESCLEROSANTE SEGMENTAR E FOCAL (GESF) • Acomete pct jovens, com maior prevalência em homens e afrodescendentes • Apresentação: edema e hipertensão • Dados lab: proteinuria e hematuria microscópica • MO: lesões esclerosantes segmentares e focais • MIF: ausência de depósitos imunes • ME: lesões degenerativas dos podocitos • Trat: 1 escolha –corticoterapia • Evolução para DRC depende principalmente da remissão da proteinuria • A recorrência após transplante renal é de 20-40% dos casos • Tipos: GESF 1ª, APOL 1, adaptativa, genética, vírus, medicação toxina. • Patologia: glomérulo normal - > perda ou lesão de podocitos resulta em áreas da MBG descoberta, permitindo a adesão do tufo á cápsula de bowman -> a adesão do tufo leva à formação de áreas 9 escleróticas, que constitui a 1 etapa do desenvolvimento de glomeruloesclerose e hialinose capaz de obliterar as alças capilares adjacentes Ø G. MEMBRANOSA (GNM) • Instalação insidiosa • >adultos 45-50 anos – homens • Apresentação: sind nefrotica e HAS • Dados lab: proteinuria, hipoalbuminemia, micro- hematuria, Crs normal, dosagem do anticorpo antifosfolipase A2 diagnostico etiológico e seguimento • Sinais de mau prognostico: idade avançada, sexomasc, sind nefrotica persistente, HAS, diminuição da TFG na 1ª consulta e presença de lesão tubulointesticial a bx renal • Fisiopatogenia: Polimorfismos genéticos -> alt estrutural de prot podocitarias e acumulo de células apoptoticas -> levando a ativação das vias lectinas -> deposição de complexos imunes –> nefropatia membranosa idiopática • Na superfície do glomérulo tem o receptor da A2 + o anticorpo que vem = imunocomplexo -> sua ativação leva a superprodução de colágeno IV e laminina, in situ na área da membrana glomerular basal, devido ao deposito dos imunocomplexos (antígeno- anticorpo), causa danos aos podocitos na barreira sangue- urina e conseqüentemente leva a proteinuria • Patologia: podocitos com destruição de pedicelos; espessamento da memb basal; depósitos subepiteliais; espículas. • Classificação de risco para progressão e tratamento: -baixo risco: FR normal; proteinuria de 24h de 3,5g em 6-12m -médio risco: FR normal ou levemente reduzida; protenuria de 24h 3-8g em 6-12m -alto risco: FR reduzida; proteinuria de 24h > = 8g em 6- 12m • TTo: protocolo de Italiano Ponticelli -meses 1,3 e 5 Metilprednisolona 1g/IV nos 3 primeiros dias 10 Prednisona 0,5g/kg/dia do 4º ao 30º dia + ciclofosfamida VO 2,5 mg/kg por 30 dias -meses 2,4 e 6 Clorambucil 0,2 mg/kg/dia = ciclofosfamida • Prognostico regra dos terços: 1/3 progride p DRC terminal; 1/3 tem remissão espontânea e 1/3 permanece com proteinuria com FR estável ou em lento declínio. Ø G. MEMBRANOPROLIFERATIVA (GNMP) • Acomete em qualquer idade, porem o tipo 2 > pct Jovens • Glomerulopatia do c3 secundaria a desregulacoes da via alternativa do complemento por mutações, polimorfismos ou anticorpos antifatores da via • Apresentação: proteinuria e HAS • Dados laboratoriais: queda de c3, hematuria microscópica e queda de TFG • MO: hipercelularidade, proliferação mesangial e endocapilar e duplicação da MBG • MIF: i) GNMP com deposito de ig (formação de imunicomplexos normalmente secundarias e ii) GNMP sem depósitos de ig (alt da via alternativa do complemento) normalmente primarias: doenca do deposito denso (DDD) e glomerulopatia por C3 • Patologia: • Tto: -FG normal/prot subnefrotica: crianças e adultos renoprotecao -FG normal ou leve alt/sind nefrotica: crianças prednisona dias alternados por longo tempo e adultos renoprotecao -FG diminuída/ sind nefrotica: crianças pednisona e adultos dipiridamol e AAS -GNRP: pulsoterapia com metilprednisolona 1-2g/3 dias, citotoxiicos e outros Ø NEFROPATIA por IGA • Doença de Berger • Maior prevalência na Ásia e Europa • Acomete jovens 2-3 déc, geralmente sexo masculino • Sec a deposição renal de imunocomplexos de IgA circulantes • Apresentação típica: surtos de hematuria macroscópica assoc a infec virais do trato respiratório (faringite) ou a exercício físico. Ou AUA. • MO: variável • MIF: com deposição predominante de IgA em mesangio (crucial pro diagn) 11 • Tto: IECA+ BRA; ISs se sind nefrotica ou IR progressiva • Recorrência da doenca renal 1º após transplante
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