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GLOMERULONEFRITES PRIMÁRIAS INTRODUÇÃO Glomerulonefrites • Terceira principal causa de doença renal crônica (1° diabética, 2° HAS) Classificação quanto • Presença ou ausência de doença sistêmica • Apresentação clínica • Modo de instalação e progressão Glomerulopatias primárias • Aparecem isoladamente Glomerulopatias secundárias • Associadas a doenças sistêmicas • LES, Hepatites virais, DM Principais consequências da agressão glomerular • Proteinúria • Hematúria • Cilindrúria • Queda da filtração glomerular • Retenção de sódio Sinais e sintomas • Edema • Hipertensão • Urina escura • Uremia Síndrome nefrítica • Aparecimento súbito de edema, hipertensão, hematúria (micro ou macro) • Glomerulonefrite difusa aguda pós- estreptocócica • Nefropatia por IgA, nefrite lúpica, glomerulonefrite membranoproliferativa Síndrome nefrótica • Proteinúria de 24h acima de 3,5g, hipoalbuminemia, hipercolesterolemia e edema • Doença por lesões mínimas • Glomeruloesclerose segmentar e focal • Nefropatia membranosa • Às vezes representada por: glomerulopatia membranoproliferativa e glomerulopatias de depósito Hematúria macroscópica recorrente ou hematúria microscópica assintomática • Nefropatia por IgA • Doença de membrana fina • Glomerulopatias hereditárias (Síndrome de Alport) Glomerulopatias rapidamente progressivas • Evolução para insuficiência renal terminal em questão de semanas ou meses FISIOPATOLOGIA DOS SINAIS E SINTOMAS PROTEINÚRIA Membrana basal glomerular • Rede de carga elétrica negativa • Apresenta grande quantidade de poros pequenos – Poros discriminantes • Baixa densidade de poros grandes – Poros não discriminantes Glomerulopatias • Perda das cargas aniônicas • Aumento da densidade de poros não discriminantes Proteinúria seletiva • Glomerulopatias em que ocorre apenas perda de carga – Glomerulonefrite por lesões mínimas • Proteínas encontradas na urina: baixo peso molecular (albumina, transferrina) Proteinúria não seletiva • Aumento da densidade de poros não discriminantes – Glomerulonefrite membranosa, glomerulonefrite membranoproliferativa, glomeruloesclerose focal e segmentar • Encontram-se proteínas de maior peso molecular – Imunoglobulinas Ativação do sistema complemento • Leva ao aumento da permeabilidade da MGB à PROTEINÚRIA Aumento da pressão hidrostática dentro do capilar glomerular • Fator importante na gênese da proteinúria HEMATÚRIA Agressão renal • Soluções de continuidade na membrana glomerular, associadas ou não a reação inflamatória local com vasodilatação • Permitem a passagem de hemácias para o espaço de Bowman • Passagem por diapedese à alteração da forma à eritrócitos dismórficos Lesões que cursam com ruptura da membrana basal glomerular • Glomerulopatias crescenticas • Hematúria não dismórfica e cilindros hemáticos RETENÇÃO DE SÓDIO, EDEMA, HIPERTENSÃO Mecanismo de underfill • Síndrome nefrótica • Perda de proteínas na urinaà hipoalbuminemia e diminuição da pressão oncótica do plasma • Retração do intravascular – hipovolemia reativa ativa diferentes sistemas de retenção de sódio (sistema renina- angiotensina, sistema simpático e diminuição do fator natriurético • Palidez cutânea e taquicardia (resultado da ativação simpática) • Hipotensão postural (resultado da hipovolemia efetiva) Mecanismo de overflow • Pacientes com nefropatia com hipoalbuminemia • Edema por retenção primária de sódio pelo rim lesado • Segmento tubular distal absorve mais sódio • Reabsorção patológica ligada a hiperatividade das fofosiesterases e menores índices celulares de GMP – cíclico • Hipertensão, edema, hipervolemia e sinais de ICC QUEDA DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR • Aumento da pressão hidrostática • Queda do coeficiente de ultrafiltração Síndrome nefrótica • Retração de podócitos • Infiltração de neutrófilos • Depósitos de imunocomplexos • Proliferações endocapilares • Esses fatores podem ocluir as fenestrações do endotélio e diminuir a área filtrante da MBG – Queda aguda do coeficiente de permeabilidade da MBG Glomerulonefrites crescênticas com colapso do tufo glomerular • Proliferações extracapilares • Queda aguda da filtração glomerular por diminuírem a área total disponível para a filtração ALTERAÇÕES METABÓLICAS Aumento do catabolismo proteico • Contribui para a hipoalbuminemia Alterações lipídicas • Dois mecanismos principais • Hipoalbuminemia: estímulo para o aumento da síntese proteica do fígado à maior síntese de lipoproteínas de baixa e muita baixa densidade • Inibição da lipólise – redução da atividade da lipase lipoproteica ou perda urinária Hipocalcemia • Parte do cálcio plasmático está ligada à albumina • Explicada pela queda da concentração plasmática dessa proteína • Queda do cálcio iônico – explicada pela perda urinária de proteínas relacionadas ao metabolismo de íon Tromboses ou infecções repetidas • Decorrentes da perda urinária de fatores antitrombóticos e de imunoglobulinas • Glomerulopatia membranosa: prevalência de 48% de trombose de veia renal ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE COM GLOMERULOPATIA Investigação glomerulopatias • Pacientes com edema, hipertensão, hematúria Investigação • Exame de Urina + Creatinina sérica • Favorece o diagnóstico: Proteinúria, hematúria, cilindrúria • Quantificação da proteinúria de 24h Diagnósticos diferenciais de hematúria • Doenças neoplásicas do trato urinário (renais, vesicais ou prostáticas) • Litíase renal • Hematúria dismorfia à investigação glomerular Pielonefrite aguda • Disúria • Polaciúria • Exame físico com Giordano positivo • Confirmada pela urinocultura Glomerunefrite aguda pós-estreptocócica • Lombalgia com Giordano duvidoso presente por distensão da cápsula renal, consequência da inflamação glomerular Dispensam o diagnóstico histológico por biópsia renal • Síndrome nefrótica pura em crianças • Síndrome nefrítica pós-estreptocócica Síndrome nefrótica pura em crianças • Principal hipótese diagnóstica: doença por lesões mínimas • Complemento sérico normal • Ausência de hematúria • Boa resposta a corticoide Síndrome nefrítica pós-estreptocócica • Complemento sérico consumido inicialmente, com posterior recuperação • Achado sorológico de infecção prévia • Melhora clínica espontânea em cerca de 2 semanas • Tratamento sintomático • Em 1 ano, o exame de urina deve estar normal • Realização de biópsia renal § Dosagem sérica de complemento normal inicial § Ausência de melhora clínica nas primeiras semanas, insuficiência renal progressiva Doenças que devem ser excluídas • LES • Doenças virais: hepatite B e C, HIV • infecções subagudas e crônicas bacterianas (endocardite, infecções em shunts, sífilis, hanseníase • Doenças autoimunes não Lúpus • Neoplasias ginecológicas, do trato gastrointestinal e hematológicas • Interrogatório e sorologias para hepatites B e C, HIV, fator antinucleotídeo, dosagem sérica de complemento e eletroforese proteínas séricas e urinárias BIÓPSIA RENAL Indicações • Síndrome nefrótica em adultos • Síndrome nefrítica que não tenha o componente pós-estreptocócico • Proteinúria assintomática, com ou sem alteração da função renal • Disfunção renal com proteinúria em pacientes não diabéticos • Proteinúria nefrótica em paciente diabético sem retinopatia diabética • Proteinúria significativa em paciente lúpico • Hematúria dismórfica associada a proteinúria, hipertensão ou disfunção renal• Insuficiência renal aguda sem causa definida com duração maior que 30 dias ou evidência de doença sistêmica associada TRATAMENTO INESPECÍFICO PROTEINÚRIA E PRESSÃO INTRAGLOMERULAR • Controle estrito da PAS que influencia diretamente a pressão hidrostática intraglomerular • Redução da ingestão de sal, medicamentos anti-hipertensivos e modificações do estilo de vida • Diuréticos tiazídicos ou de alça pode reduzir a hipervolemia Diuréticos • Podem ser prejudiciais nos casos de síndrome nefrótica pura que cursa com hipovolemia efetiva • Uso indiscriminado leva a redução da filtração glomerular, podendo levar a IRA IECA e ARA II • Drogas antiproteinúricas • Efeito protetor do bloqueio duplo ou triplo do sistema renina – angiotensina- aldosterona na redução da proteinúria e na redução da queda do ritmo de filtração glomerular em médio prazo • Uso combinado de IECA e ARA II, ou associação destes com inibidores da aldosterona (espironolactona) em doses intermediárias até doses plenas • Atenção ao desenvolvimento de hiperpotassemia, hipotensão sintomática e IRA • Introdução gradual as drogas – podem induzir a queda da filtração glomerular Dieta hipoproteica • Diminuição da pressão intraglomerular e da proteinúria • Promove vasoconstrição da arteríola aferente EDEMA Tratamento • Preferencialmente com diuréticos de alça, lentamente atingindo perdas diárias máximas de 1Kg Síndrome Nefrótica • Devido a hipoalbuminemia, parte do diurético que atingem a corrente sanguínea, ligam-se a albumina e difunde-se para o interstício, diminuindo assim a sua concentração plasmática • Diuréticos tem menor ação • É preferível que se administre diurético em altas doses de uma vez só Diuréticos osmóticos • Podem ser usados isoladamente ou associados aos diuréticos de alça Associação de diuréticos • Estratégia interessante em casos de edema refratário • Alça + tiazídicos (Furo + HCTZ) • Alça + inibidores da aldosterona (Furo + espiro) • Alterações da natremia e perfusão renal DISLIPIDEMIA • Hipertrigliceridemia • Hipercolesterolemia • Estatinas e fibratos • Avaliar periodicamente enzimas hepáticas e musculares – diagnosticar rabdomiólise INSUFICIÊNCIA RENAL • Urgência médica Glomerulonefrite rapidamente progressiva • Piora progressiva da creatinina associada a proteinúria e hematúria • Biópsia renal e tratamento urgente Tratamento • Distúrbios do metabolismo mineral ósseo, risco cardiovascular aumentado e anemia deverão sofrer abordagem específica • Seguimento da uremia • Possibilidade de transplante Pacientes com doenças glomerulares submetidos a transplante renal • Recorrência da glomerulopatia de base ou desenvolvimento de uma nova glomerulonefrite (glomerulonefrite de novo) GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS- INFECCIOSA EPIDEMIOLOGIA • Acomete mais homens • Idade varia entre 6 e 10 anos • Adultos cometidos – comorbidades como DM e alcoolismo • Diminuição da incidência em países desenvolvidos QUADRO CLÍNICO • Precedido em 7 a 21 dias, por infecção estreptocócica § Escarlatina § Piodermite § Infecção de vias respiratórias superiores • Geralmente grupo A de Lancefield • Infecção por outras bactérias ou alguns parasitas e fungos pode levar à mesma lesão glomerular Síndromes clínicas • Síndrome nefrítica aguda • Síndrome nefrítica rapidamente progressiva • Glomerulonefrite assintomática subclínica (4 a 9 vezes mais comum do que os quadros sintomáticos) Sintomas • Início súbito de edema (geralmente pré-tibial e/ou bipalpebral e de pequena a moderada intensidade) • Hematúria macroscópica (se for intensa pode apresentar disúria) • Hipertensão arterial: leve • Eventualmente, dor lombar • Casos mais raros: evolução com hipervolemia, crise hipertenswiva, edema agudo de pulmão ou encefalopatia hipertensiva com convulsões Função renal • Normal ou discretamente alterada • Evolução com IRA grave, oligúria ou anúria • Diálise • Realizar biópsia com intuito de descartar diagnósticos diferenciais como glomerulonefrite crescêntica • Biópsia mostra crescentes glomerulares e/ ou necrose tubular aguda associadas LABORATÓRIO Marcadores de infecção pregressa • 2/3 dos casos • Antiestreptolisina O, anti-hialuronidase, antiestreptoquinase Exame de urina • Hematúria, com hemácias dismórficas • Cilíndros hemáticos • Leucocitúria • Cilindros leucocitários Proteinúria de 24h • Menor que 3% Consumo de complemento • Diminuição de CH50 e C3 • Níveis voltam ao normal em 4 a 12 semanas ANATOMIA PATOLÓGICA MICROSCOPIA ÓPTICA Lesão glomerular • Difusa, atingindo todos os glomérulos igualmente Glomérulos • Grandes e hipercelulares, com luz capilar obstruída • Aumento da celularidade: acúmulo de polimorfonucleares na fase inicial da doença, evoluindo com proliferação mesangioendotelial e infiltração de células mononucleares Casos com filtração glomerular e deterioração da função renal • Crescentes e/ou necrose tubular aguda associados IMUNOFLORESCÊNCIA • Depósitos de IgG e/ou C3 com padrão granular em alças capilares e mesângio • Depósitos de IgM e IgA são encontrados mais raramente Padrão céu estrelado • Depósitos finamente granulares de imunoglobulinas e complemento, em alças capilares e mesângio • Encontrado no início da doença Padrão mesangial • Fase de resolução • Depósitos granulares de IgG e C3, com predomínio de C3 no mesângio Padrão de guirlanda • Presença de depósitos grandes, confluentes, de IgG e C3, em alças capilares • Pacientes com proteinúria grave • Correlaciona-se com presença de numerosos depósitos eletrodensos subepiteliais determinados corcovas (Humps) Observa-se • Depósitos eletrodensos subendoteliais e mesangiais, hipercelularidade mesangial e endotelial e células circulantes ETIOPATOGENIA] Para o aparecimento da nefrite é necessário • Presença de cepa nefritogênica • Resposta imune específica do paciente A lesão renal resulta de: • Deposição de imunocomplexos circulantes? • Ligação de antígenos estreptocócicos ao rim com subsequente formação de imunocomplexos em situ? Mecanismos imunes envolvidos na gênese da lesão renal pós- estreptocócica • Reação imune cruzada • Autoimunidade • Antígenos nefritogênicos dos estreptococos Reação imune cruzada • Reação cruzada de anticorpos antiestreptococos contra componentes da própria membrana basal glomerular (MBG), especialmente laminina e colágeno Autoimunidade • Após a formação de IgG antiestreptococos, essa molécula sofre alteraç~çoes que a faz ser reconhecida como antígeno • É formada uma IgG ou IgM anti- IgG • Esse imunocpmplexo pode se depositar no rim e dar início a lesão glomerular Antígenos nefritogênicos dos estreptococos • Estruturas da bactéria que são lesivas ao glomérulo (proteína M, NAPr), ou então proteínas produzidas pelos estreptococos (estreptoquinase e SpeB) que se ligam ao glomérulo, ativando mecanismos imunes responsáveis pela lesão glomerular Mecanismos imunes ativados • Conversão do plasminogênio em plasmina ativa com posterior degradação da matriz extracelular por metaloproteinases • Ativação da cascata do sistema complemento pelo via alternativa e ativação da cascata de coagulação Após a ativação do complemento ocorre • Quimiotaxia para leucócitos • Recrutamento de neutrófilos, macrógafos e linfócitos • Reação inflamatória local HISTÓRIA NATURAL E PROGNÓSTICO • Remissão dos sinais e sintomas 2 a 3 semanas após o início do quadro • Hematúria microscópicae proteinúria discreta podem levar vários meses para desaparecer • A urina I volta a ser normal em 1 ano • Bom prognóstico Fatores de mau prognóstico • Idade avançada • Presença de síndrome nefrótica • Insuficiência renal • Comorbidades (DM, alcoolismo) • Necessidade de hospitalização • Crescentes em mais de 33% dos glomérulos • Lesões inflamatórias intersticiais Nefrite na infância+ Fatores de mau prognóstico • Reavaliação rotineira quanto a problemas renais TRATAMENTO • Tratamento suporte: Sintomático • Diminuição da sobrecarga hidrossalina: restrição de sal da dieta e uso de diuréticos de alça Comprometimento intenso da função renal, cursando com hipervolemia (edema agudo de pulmão/ convulsões) • Terapia diurética endovenosa • Diálise caso os diuréticos não tenham sido eficazes em promover natriurese e perda de peso Tratamento da infecção estreptocócica com antibioticoterapia • Apenas nos casos em que ainda houver infecção ativa clinicamente Casos graves que cursem com IRA, necessidade de diálise • Avaliação cautelosa • Terapia com corticoides e /ou citostáticos pode ser indicada GLOMERULONEFRITE CRESCÊNTICA Sinonímia • Glomerulonefrite proliferativa extracapilar • Glomerulonefrite rapidamente progressiva Glomerulonefrite rapidamente progressiva • Aumento progressivo da creatinina plasmática, associado a proteinúria, hematúria e/ou hipertensão arterial Epidemiologia • Homens mais acometidos • 50-60 anos de idade Quadro • Instalação aguda ou subaguda • Pode apresentar edema e hematúria • Hipertensão é leve • Sinais gerais: febre, astenia, perda de peso, dor muscular discreta e dor articular • Alterações pulmonares e cutâneas não são incomuns Exame de urina I • Hematúria podendo cursar com cilindros hemáticos – ruptura das alças capilares – dimorfismo negativo • Proteinúria Creatinina • Elevada, aumento progressivo em dias ou semanas Sugere hipótese de glomerulonefrite crescêntica • Presença de exame de urina I com proteinúria e hematúria, associadas ou não a leucocitúria e cilindrúria em pacientes com IRA Classificação • De acordo com mecanismo etiopatogênico • Tipo I: Lesão mediada por anticorpo antimembrana basal (MBG) • Tipo II: deposição de imunocomplexos circulantes • Tipo III: Paucimune: agressão como consequência de uma hipersensibilidade celular • Tipo I e II: pacientes são mais jovens • Tipo III; predomínio nos homens, I e II igual entre os sexos • Diferenciação diagnóstica: microscopia óptica seguida de microscopia de imunofluorescência • Presença de anticorpo circulante antimembrana basal glomerular sugere tipo I • Diminuição de C3 e CH10 e achado de imunocomplexos circulantes é mais frequente no tipo II • Anticorpos anticitolplasma de neutróficlos (AnCA) ocorre em 80% dos paxiwntes tipo III Presença de doença sistêmica de base • Tipo I: pode haver acometimento pulmonar grave, com hemorragia alveolar, insuficienci respiratória e anemia : Síndrome de Goodpasture • Tipo II: nefrite lúpica, lesão renal da purpura de Henoch- Schonlein, crioglobulina • Tipo II> vasculites sistêmicas paucimunes relacionadas ao ANCA. Principalmente granulomatose de Wegener e poliangiite microscópica ANATOMIA PATOLÓGICA Características • Presença de crescentes, lesão proliferativa que preenche o espaço de Bowman em forma de meia-lua • Resulta da proliferação das células epiteliais da cápsula de Bowman e da infiltração por células mononucleares, como monócitos, macrófagos e linfócitos • Inicialmente as crescentes são celulares, porém progressivamente as células vão sendo substituídas por colágeno, assumindo aspecto fibrocelular e, posteriormente, fibroso • I e III apresentam maior porcentagem de crescentes Principais características histológicas dos tipos I e III • Presença de necrose fibrinoide do tufo glomerular com ruptura das alças capilares e cápsula de Bowman e inflamação periglomerular Características histológicas do tipo II • Predomina a hipercelularidade mesangioendotelial com exsudato de polimorfonucleares Diferenciação dos tipos • Imunofluorecência • Tipo I: deposição linear de IgG e complemento ao longo da membrana basal glomerular • Tipo II: depósitos granulares de imunoglobulinas e C3 em alças capilares e mesângio • Tipo III: imunofluorescência negativa Microscopia eletrônica • Tipo II: depósitos eletrodensos em mesângio e alças capilares • I e II: depósitos ausentes e se pode observar soluções de continuidade da membrana basal glomerular Outras glomerulonefrites que podem apresentar crescentes • Glomerulonefrite lúpica • Membranoproliferativa • Púrpura de Henoch- Schonlein ETIOPATOGENIA Mecanismos para a formação das crescentes • Reação antígeno anticorpo in situ • Deposição de imunocomplexos circulantes • Alterações da imunidade celular Tipo I • Presença de anticorpos contra antígenos da membrana basal glomerular • Esses anticorpos também podem reagir contra a membrana basal alveolar, porém como o endotélio pulmonar não apresenta fenestração, a reação neste local é mais complexa • Síndrome de Goodpasture: Existencia de lesão pulmonar associada à lesão glomerular Tipo II • Presença de imunocomplexos no plasma e membrana basal glomerular Tipo III • A ocorrência de anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA) e imunofluorescência glomerular negativa levaram alguns autores a propor que a glomerulonefrite crescentica tipo iii pode ser parte do acometimento sistêmico das vasculites de pequenos vasos (principalmente, a granulomatose de Wegener) Patogênese da formação de crescentes • Após a agressão a MBG, ocorre ruptura desta, o que permite a passagem de fibrinogênio para o espaço de Bowman • O fibrinogênio se polimeriza e dá origem a fibrina, que estimula a proliferação das células epiteliais da cápsula de Bowman e infiltração das células sanguíneas (linfócito T, macrófagos e fibroblasto) • O estímulo proliferativo para as células epiteliais parietais (cápsula de Bowman), associado a proliferação dos podócitos e infiltrado de monócitos, dá origem ao aumento das camadas de células extracapilares que caracterizam a crescente • Os fibroblastos presentes nas crescentes passam a sintetizar colágeno, o que vai transformar a crescente celular em crescente fibrosa TRATAMENTO • Urgência médica Diagnóstico • Biópsia renal • Casos extremos, em que não há disponibilidade de biópsia renal e se caracteriza um quadro de glomerulonefrite rapidamente progressiva, o tratamento deve ser instituído com imunossupressão por indução, com posterior encaminhamento para diagnóstico morfológico Imunossupressão • Metilprednisolona e ciclofosfamida para todos os casos de glomerulonefrite crescêntica não associados a infecção, como terapia de indução • Pulsos de metilprednisolona (1g intravenoso por dia, durante 3 ou 4 dias consecutivos), seguidos de prednisona via oral, associados a ciclofosfamida oral na dosagem de 1,5 a 2 mg/kg/ dia por 6 a 14 semanas • Principal efeito coloteral: ocorrência de infecções, sobretudo em pacientes idosos, diabéticos ou com outras comorbidades Glomerulonefrite crescêntica tipo I • Uso de plasmaferese deve ser associado as drogas imunossupressoras precocemente • Recomenda-se que o tempo de tratamento, assim como os intervalos entre uma plasmaférese e outra, esteja de acordo com a dosagem sérica de anticorpo anti- MBG • Quando seus níveis estiveremabaixo do limite inferior, a terapia pode ser diminuída e, posteriormente, suspensa Terapia de manutenção • O uso de imunossupressores tende a ser reduzido ou suspenso com o passar dos meses, com atenção especial as recidivas Pacientes que apresentam creatinina sérica inicial maior que 5mg/dL • Pior prognóstico, o que reforça a necessidade do diagnóstico precoce e tratamento imediato GLOMERULONEFRITE CRESCÊNTICA E TRANSPLANTE Recorrência no tipo I em rins transplantados • 2%, sendo, na maioria dos casos, apenas histológica, e a perda do enxerto secundária a essa glomerulopatia é rara Pacientes portadores de Síndrome de Alport • Glomerulonefrite hereditária caracterizada por alterações na MBG por alterações da cadeia alfa3 do colágeno tipo IV, quando transplantados, podem raramente desenvolver glomerulonefrite crescêntica tipo I no enxerto • Quando esses pacientes entram em contato com o colágeno tipo IV, presente no enxerto, reconhecem-no como não próprio e produzem anticorpos, desenvolvendo assim a glomerulonefrite crescêntica tipo I de novo NEFROPATIA POR IGA Sininímia • Nefropatia de Berger • Nefropatia mesangial primária EPIDEMIOLOGIA • Ocorre em qualquer faixa etária • Incomum em pacientes com idade inferior a 10 anos e superior a 50 anos • Idade média do diagnóstico: 20 a 30 anos • Predomínio em homens • Incomum na raça negra APRESENTAÇÃO CLÍNICA Apresentação clínica mais frequente • Surtos de hematúria macroscópica associada a infecções de vias aéreas superiores ou ao exercício físico • Paciente pode apresentar quadro de mal-estar geral, com dores musculares discretas, acompanhadas ou não de disúria • Os episódios de hematúria podem durar algumas horas a alguns dias (2 a 3 dias) • No seguimento, entre os surtos de hematúria macroscópica, é comum a presença de proteinúria discreta e hematúria microscópica • Insuficiência renal aguda transitória é rara Outras formas de apresentação • Síndrome hematúria microscópica e proteinúria assintomática • Síndrome nefrótica (rara) • HAS – 10 a 25% dos casos Púrpura de Henoch- Scholein • Semelhança histológica • Alguns autores consideram a forma de manifestação sistêmica da nefropatia por IgA AVALIAÇÃO LABORATORIAL • Proteinúria: níveis entre 1 a 2 g em 24h • Hematúria com dismorfismo eritrocitário + • Presença de cilindros hemáticos é rara • Elevação da IgA plasmática • Comprometimento da função renal é variável – glomerulopatia de evolução lenta Progressão mais rápida para insuficiência renal • Homens • Idade > 35 anos no diagnóstico • Síndrome nefrótica persistente • Presença de glomérulos esclerosados • Síndrome hematúria microscópica e proteinúria assintomática CAUSAS • Primária Secundárias • Cirrose alcoólica • Doença celíaca • Dermatite herpentiforme • Espondilite anquilosante • Hemossiderose pulmonar • Colite ulcerativa • Doença de crohn • Psoríase • Hanseníase • Micose fungoide • HIV ANATOMIA PATOLÓGICA Diagnóstico • Encontro de depósitos granulares mesangiais de IgA pela imunofluorescência MO • Proliferação de células mesangiais com expansão da matriz • Difusas ou focais ME • Depósitos eletrodensos, principalmente no mesângio e região paramesangial TRATAMENTO Tratamento inespecífico • Todos os portadores • IECA e/ou associação com bloqueadores dos receptores de angiotensina (ARA II) • Objetivo primário de reduzir a proteinúria para valores inferiores a 1g/24 h e obter PA < 125/75 mmHg Função renal normal e proteinúria < 1g/24h • Somente tratamento inespecífico Síndrome nefrótica ou proteinúria > 1g/24h com função renal normal • Corticoide 6 meses a 1 ano Proteinúria > 1g/24h e piora na função renal § Corticoides + drogas citotóxicas (ciclofosfamida/ azatioprina) Creatinina > 3 • Tratamento inespecífico Tonsilectomia • Relação entre os focos de infecção e a hematúria macroscópica e indicação cirúrgica pela constatação de amigdalite crônica TRANSPLANTE • Recorrência da nefropatia em 25- 50% dos casos • Manifestação por hematúria macro-micro • Diagnóstico normalmente após 2 mês do transplante GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA EPIDEMIOLOGIA • Predominantemente de indivíduos jovens • 70% dos casos em pacientes < 30 anos • Pode ocorrer em qualquer faixa etária • Predominante em mulheres • Uma das glomerulonefrites que mais evoluem para IRC • Crianças apresentam melhor prognóstico APRESENTAÇÃO CLÍNICA Síndrome nefrótica • 40 a 70% dos casos Síndrome nefrítica • Ocorre em indivíduos jovens Hematúria e proteinúria assintomáticas • 15 a 30% dos casos Hematúria macroscópica recorrente • 5 a 10% dos casos HAS • 95 % dos casos Pior prognóstico • Insuficiência renal • HAS • Síndrome nefrótica • Presença de crescentes e lesão tubulointersticial EXAMES LABORATORIAIS • Proteinúria em níveis nefróticos > 3,5g • Hematúria microscópica • Alteração da função renal – diminuição da TFG • Hipocomplementemia persistente – Queda de C3 v Outras patologias que cursam com síndrome nefrótica geralmente apresentam níveis séricos de C3 normal Classificação em 3 estágios • De acordo com a variação histológica ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS PATOLOGIAS • Infecciosas • Sistêmicas • Neoplásicas Pesquisar • Hepatite B ou C • HIV • Malária • Esquistossomose • Endocardite • LES • Criogobulinemia mista • Síndrome de Sjogren • Leucemias • Linfomas TRATAMENTO Inespecífico • ECA + ARA • Todos os casos Tratamento específico • Boa resposta com o tratamento com corticoides • Resposta aos imunossupressores aos adultos: controversa Esquemas • Filtração glomerular normal e proteinúria não nefrótica: Medidas de nefroproteção • Filtração glomerular normal ou próxima do normal e proteinúria nefrótica: corticoides para crianças, nefroproteção para adultos • Função renal alterada e proteinúria nefrótica: em crianças corticoides, adultos aspirina e dipiridamol TRANSPLANTE RENAL • Recidiva 20 a 30% tipo I e 70-100% no tipo II • Diagnóstico 10 a 30 meses no tipo I e tipo II é imediato – síndrome nefrótica GLOMERULONEFRITE POR LESÕES MÍNIMAS EPIDEMIOLOGIA • Causa mais comum de síndrome nefrótica em crianças • Principalmente na faixa etária entre 1 e 6 anos • Acomete mais homens Etiologia • Maior parte primária • Casos secundários: Uso de drogas anti- inflamatórias não esteroides (fenoprofeno principalmente) e doenças neoplásicas como linfoma de Hodgkin • Pacientes com idade superior a 50 anos devem ser investigados quanto a possibilidade de doenças neoplásicas associadas APRESENTAÇÃO CLÍNICA Clássica • Síndrome nefrótica sem hipertensão arterial ou hematúria • Função renal preservada • Podendo ser precedida por infecção inespecífica de vias respiratórias • Hipertensão sistólica ou hipertensão diastólica Edema • Instalação rápida à anasarca • Sinal de Godet • Localização preferencial em região de face, pálpebras, sacral em decúbito e nos membros inferiores na posição ortostática • Ascite ou derrame pleural Linhas de Muehrcke • Hipoalbuminemia prolongada • Linhas horizontais opacas e brancacentas, com alterações do seu relevo na superfície da unha AVALIAÇÃO LABORATORIAL • Proteinúria nefrótica >3,5 para adultos e > 50 para crianças • Albumina plasmática reduzida em valores < 2,5 g/dL • Hiperlipidemia • Sedimento urinário geralmente normal • Hematúria microscópica infrequente • Cilindros gordurosos podem ser encontrados • Níveis séricos de complemento são normais • Inicialmente, pode ocorrerelevação discreta da creatinina ETIOPATOGENIA Barreira de filtração glomerular • Revestimento interno de células endoteliais fenestrada • Membrana basal glomerular • Células epiteliais ou podócitos Redução da carga negativa da barreira de filtração glomerular TRATAMENTO Inespecífico • IECA (redução da proteinúria) e ARA (manter a proteinúria < 1g/24h e HÁ <125/75 mmHg) • Restrição de sal • Diuréticos, sobretudo os de alça • Hipoalbuminemia grave com pouca resposta a diuréticos – albumina humana a 20%, endovenosa, associada a furosemida Criança com síndrome nefrótica • Tratamento inicial sem biópsia • Episódio inicial deve ser tratado com prednisolona (60 mg/m2dia) até remissão, ou no mínimo por 4 semanas Adultos • Biópsia renal é mandatória antes do tratamento específico • Prednisona (1mg/Kg/dia) até remissaõ ou por até 16 senas Remissão • Ausência de porteinúria (< 0,3 g/24h), por pelo menos 3 dias Recidivas • Frequentes – duas recidivas no prazo de 6 meses ou cindo recidivas em 18 meses) • Corticodependencia : Duas recidivas consecutivas durante o período de retirada do corticoide • Tratanmento: Ciclofpsfamida (2-3 mmHg) ou clorambucil Ciclosporina • 4- 5 mg/kg/ dia • Não resposta ao corticoide • Ou em recidivas oi corticodependencia sem respos a ciclofosfamida ou clorambucil • Não usar em: IRA, HAS grave ou lesão tubuloinsterticial na biópsia GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL EPIDEMIOLOGIA • 7 a 15% das síndromes nefróticas que ocorrem em crianças • Mais frequente das glomerulopatias nos pacientes adultos submetidos a biópsia renal • Crianças: maioria dos casos com idade <5 anos • População adulta: maioria antes dos 40 anos de idade • Predominância do sexo masculino • Predominância da raça negra APRESENTAÇÃO CLINICA • 30% dos pacientes se apresentam com hematúria e proteinúria assintomáticas Mais comum – Sindrome nefrótica •
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