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Maria Paula M. Mattei | Tuts 5 UC 7 Câncer de Mama Epidemiologia No mundo: mulher com idade de 74 anos ter CA de mama durante a vida é 4,62%. Regiões mais desenvolvidas: 7,92% Regiões menos desenvolvidas: 3,25% Europa e na América do Norte: a incidência do câncer de mama costuma ser mais elevada, o risco cumulativo é de cerca de 10%. Em outros países, geralmente, esse risco é menor. Brasil: o risco é de 6,33% É o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no país, excetuando-se os tumores de pele não melanoma, e também o que mais mata. As taxas de mortalidade estão fortemente relacionadas ao acesso aos serviços de saúde e à qualidade da assistência que é ofertada às mulheres com câncer de mama O aumento da idade mediana no momento do óbito por câncer de mama pode indicar avanços no rastreamento e no tratamento da doença. Cabe, também, considerar o aumento na proporção de mulheres idosas no Brasil, que passou de 6%, em 1980, para 13%, em 2016. Fatores de Risco Ser do sexo feminino 40 a 60 anos – a incidência aumenta a partir dos 30 anos, sendo muito raro antes dos 25 anos. Menarca precoce (aos 11 anos ou menos) Menopausa tardia (55 anos ou mais) Primeira gestação após 30 anos e a nuliparidade (mulher que nunca pariu) A influência da amamentação, do uso de contraceptivos e da terapia de reposição hormonal (TRH) após a menopausa ainda são controversas. Um ou mais parentes de primeiro grau com CA de mama antes dos 50 anos Um ou mais parentes de primeiro grau com câncer de mama bilateral ou câncer ovariano em qualquer idade Parente com câncer de mama masculina Câncer de mama e/ou doença mamária benigna prévios Obesidade – aumento do nível de estrogênio produzido no tecido adiposo, principalmente no climatério Uso regular de álcool acima de 60g por dia - o acetaldeído, primeiro metabólito do álcool, é carcinogênico, mutagênico, estimulador da produção de estrogênio e imunodepressor. Um fator de proteção é a amamentação porque ele esfolia as mamas, diferencia os ductos e a protege do estrogênio. Câncer de Mama Hereditário: Em alguns casos o câncer de mama mostra um traço autossômico dominante, conferido pela hereditariedade de uma cópia anormal de um gene supressor tumoral. Nessas instâncias, uma única mutação esporádica no alelo normal remanescente é o necessário para a perda completa da função supressora tumoral, que parece ser o desencadeador inicial da mutação nessas formas de câncer de mama. Os genes mais importantes e de maior suscetibilidade envolvidos com o câncer de mama familiar conhecido (BRCA1, BRCA2, TP53, e CHEK2) são genes supressores tumorais que participam normalmente no processo de reparo do DNA e na manutenção da integridade genômica. Os carcinomas associados a mutações no BRCA 1 caracterizam-se por mostrarem-se, em geral, pouco diferenciados e, possuírem margens de crescimento expansivas, terem infiltrado linfocitário e serem negativos para receptores de estrógeno e HER2/neu. Embora não existam subtipos histológicos associados ao BRCA 2, tumores com anormalidades nesse gene são comumente positivos para receptores de estrógeno e mostram expressão de ciclina D1 e de p27. CA de Mama por Exposição Hormonal: A exposição hormonal estimula o crescimento da mama durante a puberdade, ciclos menstruais e gravidez, aumentando assim o número de células com potencial para originar o câncer. A proliferação do epitélio mamário durante o ciclo menstrual também propicia um acúmulo de lesões no DNA, e o intervalo temporário na divisão celular que ocorre durante a última parte do ciclo menstrual permite que ocorram reparos no DNA alterado e que as mutações sejam excluídas do genoma. A repetição desse processo durante cada ciclo pode estar por trás da associação entre o número cumulativo de ciclos menstruais de uma mulher e seu risco de desenvolvimento de um câncer de mama. Uma vez que células pré-malignas ou malignas estejam presentes, os hormônios podem estimular seu crescimento, assim como o crescimento de células estromáticas normais que podem ajudar e favorecer o desenvolvimento do tumor Quando há uma suspeita de câncer, as mulheres são encaminhadas para a Média Complexidade para investigação diagnóstica. Confirmado o câncer, elas são encaminhadas para tratamento numa unidade hospitalar de referência. O tratamento inclui a oferta dos cuidados paliativos na medida em que forem sendo necessários. Rastreamento É uma ação dirigida à população sem sintomas da doença, que tem o intuito de identificar o câncer em sua fase pré- clínica. Atualmente, apenas há a indicação de rastreamento aos cânceres de mama e do colo do útero. No SUS ocorre no nível de atenção básica (UBS). → Mamografia Exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios. Permite identificar melhor as lesões mamárias em mulheres após a menopausa. Antes desse período, as mamas são mais densas e a sensibilidade da mamografia é reduzida, gerando maior número de resultados falso-negativos (resultado negativo para câncer em pacientes com câncer) e também de falsos-positivos (resultado positivo para câncer em pacientes sem câncer), o que gera exposição desnecessária à radiação e a necessidade de realização de mais exames. Mesmo na faixa etária recomendada, implica em riscos que precisam ser conhecidos pelas mulheres. Além dos resultados falso-positivos e falso-negativos, o rastreamento pode identificar cânceres de comportamento indolente, que não ameaçariam a vida da mulher e que acabam sendo tratados (sobrediagnóstico e sobretratamento), expondo-a a riscos e danos associados. As mulheres devem ser orientadas sobre riscos e benefícios do rastreamento mamográfico para que possam, em conjunto com o médico, decidir sobre a realização dos exames de rotina e exercer sua autonomia. → Autoexame das Mamas Atualmente não se recomenda essa técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do câncer de mama. Grandes estudos sobre o tema demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização – permanece sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano, sem periodicidade e técnicas padronizadas como acontecia com o método de autoexame. Diagnóstico Investigação: exame clínico das mamas, exames de imagem como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. →Marcadores Tumorais: CA 15.3 – É o marcador tumoral por excelência do câncer de mama, é o mais sensível e específico. Quando associado com outros marcadores, como CEA, por exemplo, é importante para a escolha do seguimento do tratamento. A elevação do CA 15.3 após o tratamento indica recorrência ou metástase antes do paciente apresentar evidências clínicas. CEA – O CEA (Antígeno Carcinoembrionário) é uma proteína normalmente encontrada em pequenas quantidades no sangue de pessoas saudáveis, mas ela se torna elevada em algumas pessoas que têm câncer. Por exemplo, um nível elevado de CEA tem sido achado em mais da metade das pessoas que têm câncer de cólon, pâncreas, estômago, pulmão ou mama. Muitas vezes, o aumento dos níveis de CEA pode sugerir que o tratamento atual não está funcionando. CA 125 – A proteína CA 125 é produzida por uma variedade de células, particularmente por células de câncer de ovário. É o marcador tumoral utilizado principalmentepara o câncer de ovário, sendo também útil para o câncer de endométrio e endometriose. Tumores de pâncreas, estômago, fígado, cólon, reto, mama e pulmão, teratomas ou cirrose hepática podem elevar o CA 125. CA 19.9 – É um marcador tumoral do trato gastrointestinal, em câncer de pâncreas e trato biliar como primeira escolha e no câncer colorretal como segunda escolha. Em menor frequência também positiva-se em câncer de mama, de pulmão e de cabeça e pescoço. RE (receptores de estrogênio) RP (receptores de progesterona) Confirmação: biópsia – avaliação do tipo histológico mais o sistema TNM. Exames de imagem – se não der por raio-x (mamomagrafia) pela mama estar bem densa, usar ultrassonografia As células epiteliais neoplásicas não se desenvolvem isoladamente, mas são dependentes de interações com células estromáticas no microambiente local. O câncer se origina em áreas de maior densidade mamográfica, sugerindo que o aumento da concentração de estroma fibroso é um marcador de risco e é biologicamente importante para oncogênese. Quase todas (>95%) as neoplasias malignas da mama são adenocarcinomas que se originam primeiramente a partir do ducto/sistema lobular na forma de carcinomas in situ; no momento do diagnóstico clínico, a maioria (ao menos 70%) terá infiltrado a membrana basal e invadido o estroma. Carcinoma in situ (não invasivos): se refere a uma proliferação neoplásica de células epiteliais que está limitada aos ductos e lóbulos pela membrana basal. Classificado como CDIS ou CDLIS (lobular in situ). Invasivos: são a maioria, aderentes e fixos aos músculos e relacionados à depressão da pele e mama. Ex. carcinoma ductal invasivo. Carcinoma invasivo (sinônimo de carcinoma “infiltrante”): é aquele que infiltra a membrana basal e se desenvolve em meio ao estroma. Nesses casos, as células têm potencial para invadir a vascularização e, consequentemente, atingir linfonodos regionais e sítios distantes. Ex: carcinoma ductal invasivo (massa dura e palpável), carcinoma lobular invasivo, carcinoma medular (mutação BRCA-1 e raro). Mistos, epiteliais e mesenquimias: tumor filoides maligno e carcinosarcoma Ductal e lobular: utilizados para descrever subtipos nos carcinomas in situ e invasivos, porém evidências sugerem que esses carcinomas na verdade se originam de células da unidade ducto lobular terminal. Sintomas Edema cutâneo (na pele), semelhante à casca de laranja; Retração cutânea; Dor Inversão do mamilo; Hiperemia Descamação ou ulceração do mamilo; Secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea - a secreção associada ao câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila. Câncer de Próstata Epidemiologia No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não- melanoma). A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. É considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ ) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. Estimativa de novos casos: 65.840 (2020 - INCA) Número de mortes: 15.391 (2017, SIM) Fatores de Risco Idade: o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. Histórico de câncer na família: homens cujo o pai, avô ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, fazem parte do grupo de risco. Sobrepeso e obesidade: estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal mais elevado. Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata. Testosterona e andrógenos – produção em excesso ISTs Rastreamento → Exame de Toque Retal: O médico avalia tamanho, forma e textura da próstata, introduzindo o dedo protegido por uma luva lubrificada no reto. Este exame permite palpar as partes posterior e lateral da próstata. → PSA (Antígeno Prostático Específico) O PSA é um produto do epitélio prostático e é secretado normalmente no sêmen. É uma serino-protease regulada por andrógeno cuja função é clivar e liquefazer o coágulo seminal formado após a ejaculação. Em homens normais, apenas quantidades mínimas de PSA circulam no soro. Níveis sanguíneos elevados de PSA ocorrem em associação ao câncer localizado, assim como avançado. No entanto, como rastreamento de câncer de próstata, o uso de PSA continua a ser controverso, dado que carece de sensibilidade e especificidade. É importante ressaltar que o PSA é específico do órgão, mas não específico do câncer. Outros fatores como prostatite, infarto de hiperplasias nodulares, instrumentação da próstata e ejaculação também aumentam os níveis séricos de PSA. Se o ponto de corte entre os níveis normais e anormais de PSA é demasiado baixo, isto pode indicar falsamente a necessidade de uma biópsia da próstata em alguns homens e resultar na detecção e tratamento potencialmente desnecessário de tumores indolores e não fatais. Diagnóstico → Biópsia – confirma. Escala de graduação do câncer da próstata varia de 1 a 5, com o grau 1 sendo a forma menos agressiva, verificando quanto se parece com o tecido de origem: Grau 1 - células uniformes e pequenas, formando glândulas regulares, com pouca variação de tamanho e forma, com bordos bem definidos, densamente agrupadas, distribuídas homogeneamente e com muito pouco estroma entre si. Grau 2 – As células variam mais em tamanho e forma e as glândulas, ainda uniformes, mostram-se frouxamente agrupadas e com bordos irregulares. Grau 3 – As células variam ainda mais em tamanho e forma, constituindo glândulas muito pequenas, uniformes, anguladas ou alongadas, individualizadas e anarquicamente espalhadas pelo estroma. Podem formar também massas fusiformes ou papilíferas, com bordas lisas. Grau 4 - Muitas das células estão fusionadas em grandes massas amorfas ou formando glândulas irregulares, que são distribuídas anarquicamente, exibindo infiltração irregular e invadindo os tecidos adjacentes. As glândulas podem apresentar, ainda, células pálidas e grandes, com padrão hipernefróide. Grau 5 – Tumor anaplásico. A maioria das células estão agrupadas em grandes massas que invadem os órgãos e tecidos vizinhos. As massas de células podem exibir necrose central, com padrão de comedocarcinoma. Muitas vezes, a diferenciação glandular pode não existir: padrão de crescimento infiltrativo tipo cordonal ou de células soltas. Escala de Gleason: patologista classifca o prognóstico. Quanto mais baixo o escore, o crescimento é mais lento. Gleason de 2 a 4 – existe cerca de 25% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 5 a 7 - existe cerca de 50% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 8 a 10 - existe cerca de 75% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Os tiposde lesões proliferativas são diferentes em cada região. Por exemplo, a maioria das hiperplasias surge na zona de transição, enquanto a maioria dos carcinomas é originada na zona periférica. Homens com mutações de linha germinativa do supressor tumoral BRCA2 possuem um risco 20 vezes maior de desenvolver câncer de próstata, e uma mutação hereditária no HOXB13, um gene homeobox que codifica um fator de transcrição que regula o desenvolvimento da próstata, também confere um risco substancialmente aumentado na pequena porcentagem de famílias que os carrega. Estadiamento: → PCA3 É um RNA não codificante que é superexpresso em 95% dos cânceres da próstata. O teste quantifica PCA3 na urina e é utilizado somente como um biomarcador adicional quando há suspeita de CA de próstata devido ao PSA elevado, mas a biópsia deu negativa. -> Ultrassom transretal quando PSA e toque são duvidosos -> Dosagem de testosterona Marcadores: fosfatase ácida e básica e PSA Sintomas Dificuldade de urinar; Demora em começar e terminar de urinar; Sangue na urina; Diminuição do jato de urina; Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Dor óssea Infecção urinária
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