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ASSISTÊNCIA SOCIAL A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA: CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENEU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
CÍCERA CIBELE DA SILVA MEDEIROS FURTADO
MARIANA EVELLYN ANDRADE GOMES SILVA
NATHALIA JULIANA MARQUES RODRIGUES
ASSISTÊNCIA SOCIAL A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA: CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA 
FORTALEZA
2019
CÍCERA CIBELE DA SILVA MEDEIROS FURTADO
MARIANA EVELLYN ANDRADE GOMES SILVA
NATHALIA JULIANA MARQUES RODRIGUES
ASSISTÊNCIA SOCIAL A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA: CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade Ateneu, como pré-requisito para obtenção do título de bacharel em Serviço Social. 
Orientador(a): Prof.(a):Ana Lourdes Maia Leitão
FORTALEZA
2019
ASSISTÊNCIA SOCIAL A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA: CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA 
 (SOCIAL ASSISTANCE FOR CHILDREN AND ADOLESCENTS WITH DISABILITIES: GRANT OF CONTINUED BENEFIT)
Cícera Cibele da Silva Medeiros Furtado[footnoteRef:0] [0: Discente do Curso de Graduanda em Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu) – Unidade Antônio Bezerra. E-mail: cibelemedeiros62@gmail.com] 
Mariana Evellyn Andrade Gomes Silva[footnoteRef:1] [1: Discente do Curso de Graduanda em Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu) – Unidade Antônio Bezerra. E-mail: mariana.evellyn97@gmail.com] 
Nathalia Juliana Marques Rodrigues[footnoteRef:2] [2: Discente do Curso de Graduanda em Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu) – Unidade Antônio Bezerra. E-mail: nanazinha04@hotmail.com] 
Ana Lourdes Maia Leitão[footnoteRef:3] [3: Mestra em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará. Docente do curso de graduação em Serviço Social do Centro Universitário Ateneu (Uniateneu) – Unidade Antônio Bezerra. E-mail: analourdesmaia@gmail.com)] 
RESUMO
A assistência social é uma política pública que tem como um de seus objetivos a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência, denominado de Benefício de Prestação Continuada (BPC). Sabe-se que a deficiência pode levar a pobreza e vice-versa, o que revela a necessidade de superar possíveis obstáculos à concessão desse benefício. Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa com o objetivo de discorrer a respeito da assistência social a crianças e adolescentes com deficiência dando ênfase ao BPC e às barreiras de concessão desse benefício. Para alcançar este objetivo, utilizou-se a técnica de revisão narrativa realizada visando identificar estudos relacionados à temática por meio de buscas em bases de dados e em sites governamentais utilizando os termos “Assistência social”, “Benefício de Prestação Continuada” e “Crianças e adolescentes com deficiência”. A análise da literatura revelou um grande número de políticas envolvendo pessoas com deficiência, mas esse arcabouço legal não tem sido suficiente para garantir o acesso dessas pessoas à direitos, como o BPC.
Palavras chave: Benefício de Prestação Continuada. Deficiência. Crianças e Adolescentes. Políticas Públicas.
ABSTRACT
Social assistance is a public policy that has as one of its objectives the assurance of a minimum monthly salary for the disabled person, called Continued Benefit (CB). It is known that disability can lead to poverty or the opposite, which reveals the need to overcome possible obstacles to assurance this benefit. This study is a qualitative research aiming to discuss about social assistance to children and adolescents with disabilities emphasizing the CB and the barriers to assurance this benefit. To achieve this objective, we used the narrative review technique performed to identify studies related to the theme through searches in databases and government websites using the terms “Social Assistance”, “Continuous Benefit” and “children and adolescents with disabilities”. Literature analysis has revealed a large number of policies involving people with disabilities, but this legal framework has not been sufficient to assurance their access to rights such as the CB.
Keywords: Continued Benefit Benefit. Deficiency. Children and adolescents. Public Policy
1 Introdução
De acordo com a Constituição Federal, a Seguridade Social abrange um grupo integrado de ações de resoluções dos Poderes Públicos e da sociedade, atribuindo a garantia dos direitos referentes à saúde, à previdência e à assistência social. O objeto da Assistência Social deste tripé foi regido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, em seu capítulo IV, seção I, que determina o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC), previsto na Constituição Federal no (art. 203, V). Esse benefício, de natureza assistencial, não contributivo, é designado para pessoas sendo eles, crianças, jovens, adultos e/ou idosos com deficiência, que atestem não dispor meios de providenciar a devida manutenção e nem tê-la provida por seus familiares.
 	O BPC identifica toda pessoa que possui deficiência referindo-se a incapacita para a vida independente e para o trabalho. Com esse benefício são atendidos mais de 1 milhão e 300 mil pessoas com deficiência, de acordo com o pagamento de uma renda mensal, sendo no valor de um salário mínimo e registra-se, em média, o ingresso anual de 89 mil novos beneficiários, dos quais, 29% estão na faixa etária de 0 a 14 anos (Nota Técnica do MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, Departamento de Benefícios Assistenciais, 28 de abril de 2005).
O interesse por esse tema surgiu durante o curso de Serviço Social, durante a disciplina de Seguridade Social, quando foram apresentadas as políticas públicas de assistência social, especialmente o BPC – Benefício de Prestação Continuada para crianças e adolescentes com deficiência. 
A referida pesquisa tem por objetivo geral compreender as políticas públicas de assistência no tocante ao benefício de prestação continuada para crianças e adolescentes com deficiência. Para tanto, tem-se como objetivos específicos: entender o que é deficiência, analisar os critérios para concessão do BPC para crianças e adolescentes com deficiência, identificar quais as dificuldades que os familiares de crianças e adolescentes enfrentam para a solicitação do BPC. 
O aludido artigo foi dividido em três seções, sendo a primeira, é concentrada no que deficiência, na segunda discute-se sobre as políticas públicas para pessoas com deficiência, especialmente crianças e adolescentes e a terceira seção sobre as dificuldades que as crianças e adolescentes enfrentam na concessão do benefício de prestação continuada. Realizou-se, assim uma pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico. Pesquisou-se em documentos, artigos, livros e revistas sobre a temática.
2 Percurso Metodológico
O presente artigo tem como natureza a pesquisa qualitativa, onde buscamos compreender os fenômenos de maneira geral, em busca de nos aproximar-se da realidade social. Sobre a pesquisa qualitativa Godoy (1995, p. 58), aponta que ela:
Envolve obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo. Trata-se de uma pesquisa científica que se foca no caráter subjetivo do objeto analisado, estudando suas particularidades e experiências individuais.
Foi utilizado também o método de pesquisa bibliográfica para chegarmos ao nosso principal objetivo, englobando assim, tudo que já foi citado sobre o assunto estudado a partir de livros, monografias, revistas e dados disponibilizados via internet, com o intuito de que tenhamos um conhecimento prefacial acerca do tema em discussão.
 
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-secom uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. (FONSECA, 2002, p. 32).
 
A pesquisa bibliográfica surge a partir de um material já elaborado, como um caminho para a compreender o tema, porém sem limitar os questionamentos, o entendimento e os argumentos utilizados pelos autores.
Para tanto, a primeira categoria teórica abordada por este trabalho, a deficiência e os tipos de deficiência foi baseada pelos autores Barros (2015) e Barbieri (2016), já as políticas públicas analisada pelos autores Souza (2006), D. Diniz, L. Barbosa, W. R. dos Santos (2009), Albuquerque (2018), a Lei Orgânica de Assistência Social, juntamente a Constituição Federal de 1988 e o artigo 15 do decreto 8.805 de 7 de julho de 2016. A terceira categoria, sobre as dificuldades que as crianças e adolescentes enfrentam parte do estudo de Vaitsman e Lobato (2017), a Lei Orgânica de Assistência Social- LOAS, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
3 Deficiência e seus tipos
 	Nos últimos anos, houve uma grande evolução no entendimento do conceito de deficiência, das circunstâncias sociais e dos direitos sociais referente às pessoas com deficiência, bem como das responsabilidades do poder público e da sociedade. 
O conceito de deficiência é definido pelo Decreto 3.298/99 de 20 de Dezembro de 1999, que regulamentou a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, como sendo “perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gere incapacidade para o desempenho de atividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”. (Art 3°, I, Decreto 3.298/99).
Já a Convenção n° 159 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da adequação profissional e emprego de pessoas com deficiência, sancionada pelo Brasil, declara pessoa com deficiência, para fins do tratado onde, “toda pessoa cujas perspectivas de conseguir e manter um emprego conveniente e de progredir profissionalmente são sensivelmente reduzidas em virtude de uma deficiência física (aqui incluída as deficiências sensoriais) ou mental devidamente reconhecida”.
Para obter a definição do que é deficiência foi criado o Decreto no 3.956/01 aplica uma explicação mais ampla de deficiência: “restrição física, mental ou sensorial, de natureza definitiva ou provisória, que anula a capacidade de desempenhar uma ou mais atividade fundamental da vida diária, causada ou onerada pelo ambiente econômico e social”. A deficiência, portanto, diz respeito à deformação em um órgão ou estrutura corporal humana, que tem como consequência as restrições citadas restringindo a habilidade de exercer atividades da vida cotidiana, provocada ou agravada pelo ambiente, abrangendo também aspectos sociais e econômicos. (Art 3°, I, Decreto 3.298/99)
Segundo a Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a expressão “pessoa deficiente”: 
Designa qualquer pessoa incapaz de satisfazer por si própria, no todo ou em parte, as necessidades de uma vida normal individual e/ou social, em resultado de deficiência, congênita ou não, nas suas faculdades físicas ou mentais (Brasília, DF, 2001).
O Estatuto da Pessoa com Deficiência também conceitua pessoa com deficiência, bem como determina os deveres do Estado, da sociedade e da família para com a pessoa deficiente.
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas... É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros. (Art 1º, I, Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015.)
Verifica-se assim, que esse avanço vem sendo seguido por mudanças na nomenclatura incorporando-se às novas pesquisas técnicas e científicas e as evidentes conquistas sociais, com a universalização e qualificação do entendimento sobre o tema.
Nota se o quão importante é obter conhecimentos e entender que mudanças são necessárias para toda e qualquer nomenclatura, a informação bem explicada em leis e decretos é algo primordial para que a sociedade se mantenha informada sobre seus direitos. 
Quanto ao número de pessoas deficientes, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), cerca de um bilhão de pessoas no mundo vivem com algum tipo de deficiência, e destes em torno de 93 milhões são crianças. No Brasil, em média 45,6 milhões de pessoas possui alguma deficiência, seja ela física, mental ou intelectual, o que equivale à 23,92% da população brasileira.
Em relação aos dados estaduais a respeito do número de pessoas com deficiência, conforme dados do censo demográfico de 2010, 27,69% da população cearense apresenta algum tipo de deficiência, percentual que supera os dados nacional (23,92%) e regional (26,63%).
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que considerou quatro tipos de deficiências: auditiva, visual, física e intelectual, identificou que a deficiência visual é o tipo de deficiência mais representativo, aproximadamente 3,6% dos brasileiros a apresentam. A deficiência visual é mais comum entre as pessoas com mais de 60 anos (11,5%) e o grau intenso ou muito intenso da limitação impossibilita 16% dos deficientes visuais de realizar atividades habituais como ir à escola, trabalhar e brincar (BRASIL, 2012).
No tocante às várias deficiências pode-se destacar também as deficiências físicas, as quais comprometem de forma parcial ou total a função do corpo humano na realização de algum tipo de atividade que necessite das funções do corpo para execução (BRASIL, 2019), o que muitas vezes aumenta a vulnerabilidade dessas pessoas, especialmente quando a família não tem condições de oferecer o suporte que o indivíduo necessita. 
As várias deficiências podem agrupar-se em cinco conjuntos distintos, sendo eles:
· Deficiência visual é a perda ou redução das funções básicas do olho e do sistema visual. 
· A deficiência auditiva é a perda parcial ou total da audição em um ou ambos os ouvidos. Pode ser de nascença ou causada por doenças. É definido surdo toda pessoa cuja audição não é funcional no dia-a-dia, e considerado parcialmente surdo todo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
· Deficiência mental é a designação que caracteriza os problemas que acontecem no cérebro e levam a um baixo rendimento, mas que não afetam outras regiões ou áreas cerebrais.
· Podemos definir a deficiência física como “diferentes condições motoras que acometem as pessoas comprometendo a mobilidade, a coordenação motora geral e da fala, em consequência de lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas, ou más formações congênitas ou adquiridas” (MEC,2004).
· A deficiência múltipla é a associação de duas ou mais deficiências, sejam intelectuais, físicas, distúrbios neurológicos, emocionais, linguagem e desenvolvimento educacional, vocacional, social e emocional.
A deficiência pode, portanto, aumentar o risco de pobreza, já que o surgimento da deficiência em geral promove uma piora das condições socioeconômicas da pessoa com deficiênciae de sua família devido ao seu impacto sobre a educação, o emprego e a renda (JENKINS; RIGG, 2003). Em relação à educação e ao emprego, as crianças com deficiência têm menor probabilidade de frequentar escolas, o que dificulta a formação profissional e a inserção no mercado de trabalho na idade adulta (FILMER, 2008; METE, 2008; BURCHARDT, 2005). Em relação a renda, somados a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, os custos extras resultantes da deficiência a afetam diretamente (ZAIDI, 2005). 
Devido a esses custos, famílias com pessoas deficientes têm uma chance maior de enfrentar dificuldades, como insegurança alimentar, condições precárias de habitação e acesso inadequado aos serviços de saúde (VAN BRAKEL, 2006; BERESFORD B; RHODES, 2008; LOEB; EIDE, 2004; EIDE; VAN ROOY; LOEB, 2003; EIDE; LOEB, 2006). Em contrapartida, a pobreza também pode levar ao surgimento de problemas de saúde associados à deficiência devido à exposição a condições inseguras de vida, assim como pode aumentar as chances de que uma pessoa com um problema de saúde pré-existente se torne deficiente devido à falta de acesso a serviços de saúde e reabilitação (WHO, 2008; EMERSON et al., 2006; EMERSON; HATTON, 2007; RAUH; LANDRIGAN; CLAUDIO, 2008; PETERS et al, 2008).
Essas evidências mostram que a deficiência pode levar à pobreza e que o contrário também é verdadeiro, reforçando a importância da oferta de assistência social às pessoas com deficiência e, consequentemente, aos seus familiares a fim de garantir-lhes qualidade de vida.
3.1 Crianças e adolescentes com deficiência
De acordo com dados do censo demográfico de 2010, no Brasil 7,5% das crianças de 0 a 14 anos de idade e 24,9% das pessoas de 15 a 64 anos de idade apresentam pelo menos um tipo de deficiência. Entretanto, o censo não revela dados regionais e estaduais a respeito do número de crianças e adolescentes com deficiência, o que contribui para a invisibilidade dessas pessoas e, consequentemente, para uma maior dificuldade de planejamento e implementação de políticas que auxiliem essas pessoas.
Sabe-se que a deficiência pode acarretar mudanças sociais, físicas e psicológicas na vida de crianças e adolescentes haja vista que esta fase é marcada por mudanças biológicas, ajustes cognitivos e transições sociais (SANTOS et al., 2016). 
Nessa conjuntura, de acordo com Barros et al., (2015), deduz-se que a maioria dos indivíduos esperam ter experiências de desenvolvimento e oportunidades sociais parecidas às de seus colegas em evolução, porém ao encontrarem insuficiências para isso, especialmente o afastamento social decorrente poderá refletir desfavoravelmente até mesmo na vida adulta.
A deficiência também afeta diretamente os pais, que além de enfrentarem o choque do diagnóstico da deficiência, encontram uma série de pensamentos e questionamentos de como vão lidar com o filho com deficiência (CUSKELLY, 2016). Outro ponto importante, é a quebra da expectativa de ter um filho saudável, o que pode provocar diferentes respostas: afastamento ou aproximação, amor ou repúdio, não aceitação do filho ou enfrentamento da deficiência como um motivo para dar mais amor e carinho (BARBIERI et al., 2016). 
Por outro lado, a fim de permitir a superação das limitações de acesso à educação por parte de crianças e adolescentes com deficiência, a Lei de Diretrizes e Bases, que estabelece as diretrizes e bases para a educação nacional, prevê em seu artigo 58 a educação especial: 
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida.
O BPC na escola também contribui para o acesso de pessoas portadoras de deficiência à educação. A intenção desse programa é criar condições para o desenvolvimento da autonomia, participação social e emancipação da pessoa com deficiência beneficiária do BPC, até 18 anos, entretanto, em 2008, foi identificado que 71% dos beneficiários do BPC nessa faixa etária estavam fora da escola (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2019). Esse dado revela quão difícil é modificar a realidade educacional desses indivíduos.
Quanto ao acesso à saúde, a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência volta-se para a inclusão das pessoas com deficiência em toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e caracteriza-se por reconhecer a necessidade de implementar o processo de respostas às complexas questões que envolvem a atenção à saúde das pessoas com deficiência no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
Tendo em vista que completar a escola primária é um desafio maior para as crianças com deficiência: enquanto 60% dessas crianças completam essa etapa dos estudos nos países desenvolvidos, apenas 45% (meninos) e 32% (meninas) em desenvolvimento; e que mais de 50% das pessoas com deficiência não conseguem pagar por serviços de saúde, o Estado apresenta um papel fundamental na oferta de condições melhores de vida para crianças e adolescentes com deficiência. (ONU, 2011)
3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS ENVOLVENDO PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
As políticas públicas podem ser resumida como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações. (C SOUZA, 2006)
Foi a partir da formação de políticas públicas direcionada às pessoas com deficiência, que foi reconhecida a situação de desigualdade e insuficiência que essas pessoas enfrentam devido à realidade das dificuldades físicas, sociais, éticas, econômicas de um local pouco sensível, onde à diversidade humana, ainda é um fenômeno recente na vida dos cidadãos brasileiros. No Brasil, a sistematização no processo de mediação do Estado no campo da assistência social contou com a grande presença na herança histórica de dedicação às pessoas com deficiência gerada por setores privados, ocorrida por intermédio das medidas assistencialistas e de caridade (CHAGAS, 2006).
A Assistência Social no Brasil teve sua trajetória definida por uma soma de ações dispersas na esfera pública e privada, entretanto, constituir-se como uma segurança em obter direitos. A partir da década de 1980 as várias reflexões no campo das políticas sociais se acentuam, e esse debate obtém a centralidade na crítica ao aparato público historicamente desenvolvido no país.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 alcançou um grande avanço, sobretudo a partir da inclusão da Assistência Social ao novo princípio direcionado a proteção social no país, a Seguridade Social. Nessa evolução a Assistência Social deixa de ser uma ação subsidiária do Estado, de traço discricionário e compensatório, complementar à Previdência, e passa a compor a Seguridade Social, junto com a Saúde e a Previdência Social. (DELGADO, Guilherme; JACCOUD, Luciana; NOGUEIRA, Roberto Passos, 2009)
Além disso, a nova carta constitucional implementa mais novos avanços relevantes para a afirmação da Assistência Social, como política pública não contributiva que exerce serviços e benefícios financeiros. Entre estes, cabe destacar: 
a garantia de atendimento a quem deste necessitar, independentemente de contribuição à Seguridade; a instituição do BPC, prestação monetária não contributiva dirigida como benefício continuado aos idosos e aos deficientes sem meios de prover sua manutenção; e a definição das regras de organização institucional, em que a descentralização da execução das ações é afirmadacom responsabilidade da esfera federal na coordenação e na definição de normas gerais, a participação privada na oferta de serviços e participação social na formulação e no controle desta política (JACCOUD et al, 2009c, p. 185). 
Contudo, apenas em 1993 foi decretada a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742), que declarou o marco regulatório da Assistência Social, avaliando a construção da política na rota da expansão de direitos sociais e garantia do seu estatuto legal. A partir da publicação deste ato normativo a Assistência Social passa ser regulada por dois princípios gerais: a) que este é direito do cidadão e dever do Estado; b) deve dispor mínimos sociais “a quem dela necessitar”, sem propiciar incompatibilidades no ponto de vista da universalização dos direitos sociais. Ao preconizar esses princípios gerais da Política de Assistência Social, a LOAS determina os parâmetros para o acesso ao Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC). (LOAS,Cap.I, Art. I)
O BPC foi resultado de uma mobilização dos movimentos sociais das pessoas com deficiência da qual a formação e a consolidação acontece com a reabertura democrática do Brasil a partir da década de 80. A inter-relação dos movimentos sociais das pessoas com deficiência no decorrer da Constituinte, colaborou para a organização do BPC ao fixar o tema da deficiência em destaque e ao solicitar direitos futuramente assegurados na Constituição Federal de 1988 às pessoas com deficiência.
Para ter acesso ao BPC, um dos critérios para pessoa com deficiência, é o fato de não ser possível o beneficiário e prover o seu próprio sustento, assim ele precisará apresentar “incapacidade para a vida independente”, segundo a LOAS. 
De acordo com Fávero (2004, p. 182):
Não fosse o requisito de INCAPACIDADE previsto apenas na LOAS, bastaria verificar se a deficiência encaixa-se nas definições legais já existentes. [...] Mas não. Atualmente, uma pessoa dita “apenas cega” acaba não fazendo jus ao benefício de prestação continuada porque esta deficiência, apesar de muitas vezes impedir a pessoa de trabalhar e de qualquer fonte digna de renda, não a incapacita para a vida independente. É realmente uma lastima que a lei ordinária, que deveria apenas disciplinar o ACESSO ao benefício, tenha praticamente inviabilizado este acesso, ou, quando não, transformado a obtenção do benefício num ATESTADO de incapacidade.
A garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família é denominada na LOAS como Benefício de Prestação Continuada (BPC). De acordo com a LOAS considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
Assim, para obter esse benefício, o solicitante deve ter renda mensal per capita inferior a um quarto do salário-mínimo, além de participar de uma avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo o artigo 15 do decreto 8.805 de 7 de julho de 2016, a concessão do benefício dependerá ainda da prévia inscrição do requerente no Cadastro de Pessoa Física (CPF) e no Cadastro Único (Cadastro Único ou CadÚnico).
Quanto ao acesso à saúde por parte da pessoa com deficiência, uma política de caráter relevante é a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência (PNSPD) instituída pela portaria nº 1.060, de 5 de junho de 2002, cujas diretrizes são: 
Promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência;
Assistência integral à saúde da pessoa com deficiência; 
Prevenção de deficiências; 
Ampliação e fortalecimento dos mecanismos de informação;
Organização e funcionamento dos serviços de atenção à pessoa com deficiência; 
Capacitação de recursos humanos.
Essas diretrizes foram determinadas a fim de permitir o alcance do propósito dessa política que é
reabilitar a pessoa portadora de deficiência na sua capacidade funcional e desempenho humano - de modo a contribuir para a sua inclusão plena em todas as esferas da vida social - e proteger a saúde deste segmento populacional, bem como prevenir agravos que determinem o aparecimento de deficiências.
Quanto às responsabilidades institucionais, a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência destaca que
a atenção à pessoa portadora de deficiência envolve esforços de múltiplas instituições públicas e privadas, bem como de organizações civis, cujo objetivo final é a inclusão da pessoa portadora de deficiência a sua comunidade, habilitando-a ao trabalho e ao exercício da vida social, segundo as suas possibilidades. 
Essa política está em conformidade com o Estatuto do Portador de Deficiência, instituído em 2006, que estabelece no capítulo direito à saúde, dentre outras determinações, que:
Art. 18. A atenção à saúde da pessoa com deficiência será prestada com base nos princípios e diretrizes previstos na Constituição Federal e demais legislações vigentes.
Art. 19. Incumbe ao Poder Público, em cada esfera de governo, desenvolver políticas públicas de saúde específicas voltadas para as pessoas com deficiência
Art. 21. É obrigatório o atendimento integral à saúde da pessoa com deficiência por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS.
Art. 23. Incumbe ao Sistema Único de Saúde – SUS fornecer obrigatória e gratuitamente: 
I - medicamentos; 
II – ajudas técnicas, incluindo órteses, próteses e equipamentos auxiliares que garantam a mais rápida habilitação, reabilitação e inclusão da pessoa com deficiência; 
III – reparação ou substituição dos aparelhos mencionados no inciso II, desgastados pelo uso normal, ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário; 
IV – tratamentos e terapias; 
V – transporte, inclusive aéreo interestadual, às pessoas com deficiência comprovadamente carentes, que necessitem de atendimento fora da localidade de sua residência.
No contexto da garantia de direitos da pessoa portadora de deficiência também merece destaque a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a qual é destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania, bem como a Lei de Diretrizes e Bases, a qual prevê em seu artigo 58 que a oferta de educação especial ocorrerá, quando necessário, em serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
As leis supracitadas vão ao encontro do propósito da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência que compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais dessas pessoas. De acordo com essa lei:
Art. 2o  Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Apesar de todo esse arcabouço legal, os indivíduos portadores de deficiência ainda precisam superar alguns obstáculos para terem os seus direitos concedidos. Destaca-se, nesse contexto, entraves na concessão do Benefício de Prestação Continuada, que merecem grande atenção, uma vez que, conforme comentado anteriormente, em geral pessoas com deficiência não têm condições financeiras adequadas.
3.3 A microcefalia e o vírus Zika
 	A microcefalia pode ser congênita, adquirida ou desenvolver-se nos primeiros anos de vida. Pode ser provocada pela exposição a substâncias nocivas duranteo desenvolvimento fetal ou estar associada com problemas ou síndromes genéticas. 
No Brasil, suspeita-se que a entrada do Zika vírus tenha se dado durante a Copa do Mundo de 2014, quando o país recebeu turistas de várias parte do mundo, inclusive de áreas atingidas de forma mais intensas pelo vírus, como a África - onde surgiu - e Ásia. O Zika é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti, mosquito que transmite também a dengue, a febre chikungunha e a febre amarela.
Em meados dos meses de setembro e outubro do ano de 2015 começou a ocorrer o aumento da constatação de casos de microcefalia por neonatalogistas em Pernambuco e depois em vários estados do Nordeste brasileiro.
Em 2016, o Governo lançou a portaria Nº 58, de 3 de junho de 2016, que dispõe sobre ações articuladas das redes de Assistência Social e Previdência Social na atenção às crianças com microcefalia para o acesso ao BPC. Dessa forma, o grupo de pessoas aptas a receber esse benefício foi ampliado. Isso ocorreu devido à grande incidência de infecções pelo zika vírus que nos últimos anos, tendo em vista que esse vírus afeta a criança de forma que esta necessita de acompanhamento especializado em saúde e assistência financeira para manter suas necessidades básicas (ALBUQUERQUE et al., 2018).
Considerando o cumprimento das disposições legais em saúde familiar e o contexto socioeconômico das populações em vulnerabilidade no Brasil, o cenário atual é crítico em relação aos requisitos básicos de saúde públicas para a prevenção da microcefalia por consequência de contágio com o Zika Virús e combate aos vetores. As crianças nascidas com microcefalia nos dias atuais devem ter um acompanhamento por equipe multidisciplinar semelhantes ao de portadores de necessidades especiais; tanto no que se aplica o tratamento psicológico da família bem com aos cuidados ao portador de microcefalia.
Com isso o Ministério Da Cidadania vai conceder pensão especial à crianças com microcefalia decorrente do vírus Zika nascidas em 2015 e 2018. Para ter direito à pensão, é necessário ser beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Atualmente, no Brasil 3.112 crianças com microcefalia, nascidas entre 2015 e 2018, recebem o BPC. Para ter direito ao benefício, é necessário que a renda por pessoa da família seja menor que um quarto do salário mínimo. Para não perder o recurso a maioria das mães dessas crianças não possui outra fonte de renda. 
A pensão especial deverá ser requerida no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e concedida após a realização de perícia médica que confirmará a relação entre a microcefalia e o vírus Zika.
 3.4 Entraves relacionados à concessão do Benefício de Prestação Continuada
Estudos a respeito das barreiras de acesso ao BPC são escassos, entretanto, Vaitsman e Lobato (2017), realizaram um estudo qualitativo com médicos, técnicos administrativos e assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e dos Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) em três municípios de diferentes regiões do país a fim de discutir essas barreiras e com base no discurso dos entrevistados pontuam que:
Nem todos os municípios possuem unidades do INSS, e os requerentes têm que se deslocar a outros municípios para requerer o benefício, envolvendo um maior número de atores nas relações intersetoriais. Em municípios pequenos é mais fácil que as assistentes sociais do INSS e CRAS cooperem para a resolução de certos problemas. Isso é mais complicado em municípios maiores, inclusive por problemas de rotatividade de pessoal e maior dificuldade de contato com a rede socioassistencial. 
Nessa perspectiva, os profissionais entrevistados sugeriram que problemas como este poderiam ser minimizados se as agências locais do INSS e os CRAS cooperarem de forma mais estruturada. Entretanto, os autores destacam ainda que as barreiras de acesso ao benefício também podem estar relacionadas às informações de entrada no benefício:
O desconhecimento das regras pode constituir a primeira barreira. No dia agendado para a habilitação do pedido, o requerente deve levar à agência do INSS a documentação de todos os membros de seu grupo familiar para comprovação de renda e composição familiar. Contudo, a composição familiar adotada pelo benefício não é necessariamente a mesma que os requerentes adotam... O requerente não necessita passar por um CRAS antes da primeira visita ao INSS. Mas se ele assim o faz, pode receber as informações adequadas. Nem sempre, porém, as próprias assistentes sociais dos CRAS conhecem todas as regras.
Por fim os autores destacam que há muitas críticas ao processo de avaliação social feito na agência do INSS devido a total autonomia do assistente social do INSS para pontuar os quesitos do formulário social e ao fato da assistente social do CRAS não participar do processo de avaliação, nem de sua opinião ser levada em consideração no processo. Além disso, na perícia a documentação médica que o perito do INSS recebe do SUS frequentemente é incompleta, o que Vaitsman e Lobato (2017) referem como evitável se os médicos da rede SUS já soubessem de que documentos o paciente precisa para dar entrada no requerimento.
Observa-se dessa forma a presença de alguns entraves no processo de requerimento do BPC que não envolvem apenas o requerimento para crianças e adolescentes com deficiência, mas para qualquer requerente. Essas barreiras, conforme referido pelos autores supracitados e pelos participantes do estudo, retardam a concessão do benefício prejudicando essas pessoas com condições socioeconômicas precárias. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O elevado número de pessoas com deficiência exige a implementação de políticas públicas que auxiliem esses indivíduos. Considerando que uma pessoa com deficiência tem impedimento de longo prazo que pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, a Assistência Social tem como um de seus objetivos a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência que comprove não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, também conhecido como Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O BPC possui grande importância no âmbito da proteção social, onde sabe se que vivemos em uma sociedade da qual a dimensão da cidadania sempre se deu pela via da inclusão no mercado de trabalho, tarefa bastante complicada para pessoas com problemas corporais, as quais, muitas vezes, não possuem meios para atender nem mesmo suas necessidades básicas.
O BPC se caracteriza como uma política-base de proteção social a idosos, crianças e adolescentes e pessoas deficientes pobres inaptos para o trabalho por fazer uso de um meio de reparação de desigualdades no Brasil. Esse benefício é de extrema importância porque a deficiência pode aumentar o risco de pobreza, já que provoca uma piora das condições socioeconômicas da pessoa com deficiência e de sua família devido ao seu impacto sobre a educação, o emprego e a renda. O contrário também é verdadeiro, a pobreza pode levar ao surgimento de problemas de saúde associados à deficiência, sendo necessário, portanto, que o governo invista em políticas públicas que auxiliem a população mais pobre, principalmente, os indivíduos com deficiência.
Quanto ao acesso à saúde por parte da pessoa com deficiência, uma política de caráter relevante é a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, que está em conformidade com o Estatuto do Portador de Deficiência, assim como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e a Lei de Diretrizes e Bases, as quais relacionam-se à inserção na sociedade e ao acesso à educação.
Apesar de todo esse arcabouço legal, os indivíduos portadores de deficiência ainda precisam superar alguns obstáculos para terem os seus direitos concedidos. Destaca-se, nesse contexto, entraves na concessão do Benefício de Prestação Continuada, que merecem grande atenção, considerandoa condição de vulnerabilidade a qual esses indivíduos estão submetidos.
Entre esses entraves destacam-se a dificuldade de cooperação entre o INSS e o CRAS, a falta de acesso a informações de entrada do benefício, a ausência de participação dos assistentes sociais no processo de avaliação social realizado no INSS e a ausência de informações importantes nas documentações necessárias para a perícia médica.
Essas barreiras à concessão do BPC não envolvem apenas o requerimento do benefício para crianças e adolescentes com deficiência, mas para qualquer requerente e precisam ser superadas para evitar o retardo da concessão do benefício que prejudica essas pessoas que apresentam condições socioeconômicas precárias. Assim, faz-se necessário a implementação de medidas que visem a resolução desses entraves, como a divulgação mais de informações importantes para o requerimento do benefício, que pode ser feita por assistentes sociais do CRAS capacitados por funcionários do INSS.
O BPC contém especificações de acesso altamente seletivos, o que faz com que o benefício seja encaminhado a pessoas em extrema pobreza. A forma da divisão da renda per capita empregada também faz com que não só a situação financeira do deficiente solicitante do benefício seja analisada para a concessão acontecer, mas também inclui a de toda sua família. Esse requisito de pobreza familiar para deferir o BPC ao deficiente torna os ordenados do benefício como de uso prioritário para alimentação, tratamentos de saúde e gastos de moradia do deficiente e sua família.
Nesse sentido faz se necessário que todos aqueles que buscam e necessitam do auxílio BPC estejam dentro dos requisitos necessários por lei.
Para tanto cabe aos órgãos responsáveis, CRAS, INSS dentre outros que abordem e sejam mais explicativos quanto a todas as informações necessárias de uma forma mais explicada e exemplificada oferecendo um serviço de mais qualidade para que todos tenham mais acesso.
Nesse sentido considera se que o BPC é um benefício que trás a criança e ao adolescente portador de deficiência uma maneira de sobrevivência, tendo em vista que o benefício consiste, principalmente, em atender as necessidades mínimas, portanto o BPC, é uma das mais consideráveis ações nacionais direcionado para a população pobre e com deficiência.
Percebendo a escassez de tantas necessidades da sociedade não só na questão social mas em outros âmbitos, o Serviço Social tenta de várias formas contribuir para o desenvolvimento mais digno da população evidenciando-se a necessidade constante de criar táticas que visem enfrentar as desigualdades socioculturais e econômicas elaboradas no centro desse sistema. O Assistente Social é escalado para atuar na estruturação da cidadania e da democracia, buscando a participação social e política dos usuários da sociedade civil, numa área socioeducativa em torno do trabalho e dos sujeitos comuns.
O Serviço Social contribui com finalidade de inclusão social e garantia de direitos. A instruir vários aspectos é visível que tem um compromisso forte com a implantação de mudanças que podem aflorar das próprias aspirações societárias, ampliando a competência da articulação política, além de proporcionar ações e métodos participativos mais amplos que visam estabelecer os direitos sociais, políticos, econômicos e culturais, assim trabalhando para que possa existir um mundo mais justo.
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