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Behaviorismo radical e subjetividade

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SUBJETIVIDADE PARA O BEHAVIORISMO RADICAL
Resumo
Devido as múltiplas correntes na área da psicologia, muitas são as conceituações de subjetividade a partir de concepções filosóficas. Uma delas é a subjetividade de acordo com o Behaviorismo. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo conceituar a subjetividade de acordo com o Behaviorismo Radical, utilizando os textos utilizados em sala de aula na disciplina de Teorias da Subjetividade, especificamente os textos de Abib (2007) e alguns textos de Skinner. Foram esclarecidas também algumas ideias equivocadas acerca do Behaviorismo e a possível desconsideração da mente e da subjetividade. Desse modo, conclui-se que os determinantes da subjetividade, para o Behaviorismo Radical, levam em consideração os níveis filogenéticos, ontogenéticos e culturais.
Introdução
Em sua conceituação a subjetividade possui por vezes, um amplo e complexo significado ainda atrelado a filosofia, sendo que, a mesma, conceitua a subjetividade como uma característica do sujeito ou aquilo que é pessoal, individual, e, em última instância, inacessível a outros (JAPIASSÚ, MARCONDES, 2001, p. 179). Mas, partindo da proposta, um tanto quanto peculiar, da disciplina Teorias da Subjetividade, de conceituar/entender o que seria/é a subjetividade, o objetivo desta apresentação será buscar esclarecimento sobre o que é a subjetividade à luz do Behaviorismo Radical e para isso, outras questões devem ser esclarecidas a despeito do Behaviorismo uma vez que ele será a base teórica neste discurso. De questões mais simples, como a acusação de que o Behaviorismo é mecanicista; até o âmago da questão, sendo ela; o que seria a subjetividade para o Behaviorismo.
Uma vez estabelecida a base teórica, faz-se necessário uma introdução acerca da história da subjetividade dentro do Behaviorismo. E iniciar-se-á discorrendo-se a despeito do comportamento – objeto de estudo dos behavioristas. Sendo assim, podemos conceituar o comportamento de acordo com o Dicionário Filosófico que usa a mesma definição de Skinner a despeito disto: o comportamento é resultado de condicionamentos.
De acordo com Abib (2007, p. 16-19), para que haja um tipo de comportamento é necessário que exista um corpo para que tais comportamentos possam se tornar manifestos, mas, partindo da noção de corpo segundo B. F. Skinner, este conceito passa a ser mais amplo, pois Skinner faz a distinção do “corpo que trabalha do corpo que não trabalha” onde, ao primeiro chama organismo e ao último simplesmente corpo. E, explicitado também que, como um todo, o organismo trabalha, mas há corpos que não trabalham, sendo este o corpo físico e o corpo orgânico, o corpo que trabalha.
Ainda sobre o trabalho de Abib, é possível retratar sua ideia de como o trabalho modifica o estado anterior do mundo, e como o mundo anterior também modifica o trabalho. Admitindo-se que essa transformação do mundo seja consequência do trabalho, trabalhar significa produzir consequências que transformam o mundo. Ocorre que, frequentemente tais consequências transformam não somente o mundo, mas também o próprio trabalho, pois o estado anterior do trabalho é transformado e assim o mundo transforma o trabalho, em um movimento quase cíclico.
Abib (2007, p. 27- 32) também diserta acerca do movimento e da sensação dizendo que os seres vivos se utilizam dos movimentos para sua sobrevivência. Sendo assim, a história natural do movimento se refere tanto ao movimento dos corpos físicos (partículas, estrelas, planetas etc.) quanto ao movimento dos organismos (bactérias, protistas, fungos, animais e as plantas). Apesar de todos os estudos e pesquisas, não se tem uma afirmação sólida se a sensação é primária ao comportamento ou vice-versa, e sendo o movimento e a sensação (para o behaviorismo) um comportamento, que estão sujeitos a serem selecionados por suas consequências.
A seleção por consequências, de acordo com a tradução de 2007 de Skinner (1981), é um modo causal encontrado exclusivamente em coisas vivas ou em máquinas feitas por elas. Sendo primeiramente reconhecida na seleção natural, modelagem e a manutenção do comportamento do indivíduo e a evolução das culturas. Dentro destes três campos (filogênese, ontogênese e cultura) é possível substituir explicações baseadas nos modos causais da Mecânica Clássica, porém a substituição sofre grande resistência. A seleção natural agora possui reconhecimento, porém o não reconhecimento da seleção em outros campos podem nos privar de um grande auxilio que nos permitiria resolver problemas que nos confrontam.
Existe uma divergência de opinião entre diversos autores sobre o que a seleção natural seleciona de fato; sobre a explicação da seleção do comportamento por consequências; e a influência da cultura. A discussão sobre o que seleciona e do que é selecionado, entra em uma questão de seleção de comportamentos, onde Abib (2007) afirma, que os comportamentos são selecionados de acordo com cada cultura.
Em seu estudo, Júlio César C. de. Rose (1982) afirma que durante o desenvolvimento da ciência, o behaviorismo foi erroneamente interpretado. Foram criadas afirmações de que o behaviorismo ignora a consciência e os estados mentais; de que, para o behaviorismo, o comportamento é apenas um conjunto de estímulos representando a pessoa como uma máquina (pensamento mecanicista) e, sendo assim, a existência da mente ignorado. Se o conceito de mente utilizado for o da mente cartesiana então é verdade, porém o Behaviorismo não concebe esta ideia, mas Lopes e Abib (2003) falando sobre o assunto – existência da mente para o Behaviorismo – afirmam que em uma análise do livro The Concept of Mind, de Gilbert Ryle, uma possibilidade da existência de uma mente relacional é formada e entendida como comportamento mental, veja, mente relacional, diferente da categoria de existência da mente substancial defendida em interpretações cartesianas. Ambos analisam também textos de Skinner que sugerem que a existência de uma mente relacional também pode ser defendida no Behaviorismo Radical. 
Agora na busca mais específica por aquilo que seria subjetividade para o Behaviorismo, fez-se necessário desmistificar a ideia plebe (e por vezes difundida na educação) de que o Behaviorismo é mecanicista e não abrange áreas como: mente, cognição ou afetividade e é isso que (Rubano e Moroz, 2005) buscam; apresentar as ideias de B.F. Skinner em relação a tais assuntos tratados comumente em outras abordagens. Assim sendo, as autoras utilizam traduções reconhecidas dos originais de B.F Skinner, aumentando a confiabilidade. Interessante notar que Pompermaier, De Melo e Pimentel (2014) também tratam do assunto, mas recorrendo a Skinner e seus estudiosos em um aspecto um pouco mais profundo que são os Eventos Privados da teoria Skinneriana.
Para uma melhor compreensão acerca da história da subjetividade é necessário entender como se dá o funcionamento da sensibilidade, e como a mesma atua sobre o comportamento do indivíduo interferindo, mesmo que indiretamente, sobre sua subjetividade, podendo assim entender como o comportamento se relaciona com o mundo. De acordo com o Dicionário Filosófico (2001), a sensibilidade pode ser definida como a capacidade de sentir, de ser afetado por algo e de receber através dos sentidos impressões causadas por objetos externos.
Abib (2007, p.20-26) fala da sensibilidade primeva, sendo ela não só à excitabilidade geral do organismo a estímulos, mas também uma capacidade específica de responder a estímulos eliciadores e liberadores. O autor (p.33-42) tenta elucidar a sensibilidade evoluída dentro da ótica behaviorista dizendo que eventos não são reforçados apenas filogeneticamente, e estabelece uma discussão sobre ambas para diferenciá-las dando relevância a noção de reforço segundo a visão de Skinner.
Por muito tempo o behaviorismo radical foi visto por maus olhos, sendo considerado um tipo de abordagem mecanicista, uma abordagem que não abrange todas as áreas necessárias para se estudar a “mente” e o comportamento humano e, de acordo com Michelettoe Serio (1993), uma das críticas feitas a Skinner, sobre o behaviorismo radical, refere-se ao homem, o qual não é visto como um sujeito e sim como um objeto que é controlado pelo ambiente. E com tais apresentações, a discussão que se dará a seguir busca não somente equilibrada, mas também responsavelmente compreender a subjetividade em uma visão Behaviorista.
Metodologia
O trabalho partiu da proposta de estudar a subjetividade na perspectiva do Behaviorismo radical, para tal, foi utilizado textos e livros passados em sala e a partir de bases de dados eletrônicas (Google Scholar e SciELO), e tem como objetivo descrever a subjetividade a partir dos conceitos da Análise Experimental do Comportamento que tem como único fenômeno a ser observado o comportamento, explicando por meio desse as teorias mentais.
Discussão
Já tendo sido abordada algumas questões importantes para o desenvolvimento desse trabalho como, a história da sensibilidade e comportamento de Abib (2007), e sido esclarecidas as falsas acusações atribuídas ao behaviorismo radical pode-se tratar com mais enfoque o tema central, o que é e como se dá a subjetividade no behaviorismo radical.
Para tal se faz necessário ter conhecimento de alguns conceitos usados por essa abordagem – não cabe aqui tratar dos principais conceitos, mas sim daqueles que são relevantes para compreender o tema da nossa discussão – que são: a) comportamento; b) comportamento operante; c) seleção por consequências; 
Skinner ao formular o behaviorismo radical, de acordo com De Rose (1982), ignora explicações mentais para os fenômenos comportamentais, baseando-se em eventos observáveis e materiais que ocorrem em um mundo físico. O fenômeno a ser estudado por Skinner é o comportamento, que pode ser definido, segundo Baum (2006), como a relação do ambiente e o organismo, podendo ser público ou privado, o que será tratado mais adiante. 
Nessa relação do ambiente com o organismo tem-se estímulos (ambientais) que eliciam ou geram respostas (no organismo), essa resposta produz uma consequência, que modula a apresentação de respectivas respostas ou comportamento na presença desse estímulo posteriormente. Essa consequência produzida por uma resposta é chamada de comportamento operante (MOREIRA e MEDEIROS, 2007). Eis aqui um ponto importante para compreendermos a subjetividade no behaviorismo radical. O comportamento operante produz consequências no ambiente e é controlado por essas consequências, selecionando – genericamente falando – os comportamentos, o que leva a seleção por consequências. De acordo com Skinner (2007/1981), a seleção por consequências seria, basicamente, a seleção de comportamentos ao longo de um período de tempo que mantem a sobrevivência do indivíduo ou de um grupo ou que reforçam tais comportamentos.
Voltemos para os eventos privados, que são, nada mais, que os comportamentos reduzidos a tal ponto que somente o indivíduo que se comporta consegue observar esse comportamento, pois não é visível para as demais pessoas, sendo tanto eventos de pensamento quanto eventos de sentir – o que nos remete a discussão já abordada na introdução sobre a sensibilidade, movimento e comportamento (BAUM, 2006). 
Pode-se estender essa discussão e apresentar muitos outros conceitos, contudo faz-se necessário, por hora, esse já apresentado para entender que a subjetividade no behaviorismo é um conjunto de fatores. Não se pode reduzir a subjetividade a uma definição pronta, pois, da mesma forma que o comportamento deve ser observado considerando a história genética, pessoal e cultural do indivíduo, também se deve analisar a subjetividade como o conjunto de todos esses fatores que compõem o ser humano. Se não fosse possível uma seleção de comportamento por meio das consequências no decorrer da vida não haveria a formação de uma história pessoal, como também não haveria a constituição da história humana sem os elementos da genética e cultura. Uma tríade, filogênese, ontogênese e cultura são formadoras da subjetividade humana.
Conclusão
Portanto se concluí nesse trabalho que a subjetividade é o conjunto e a relação de todo o processo comportamental do indivíduo, envolvendo toda a sua história comportamental, que é a relação entre o indivíduo e o ambiente e a consequente aprendizagem, no qual estrutura a subjetividade de cada indivíduo, que é mutável, dependente dos estímulos ambientais. Também a história da espécie, que por meio da seleção natural desenvolveu indivíduos adaptativos a cada período de tempo da história da humanidade. Por fim, a cultura que passa valores e tradições de geração a geração. 
Os três fatores de constituição do ser humano, ontogênese, filogênese e cultura possuem um princípio fundamental, a seleção por consequências. Na filogênese, cada característica biológica dos seres foi selecionada de acordo com a função desempenhada e a sua utilidade para a adaptação no ambiente, ou seja, sobrevivência da espécie. Da mesma forma, a ontogênese, na história do organismo, seleciona os comportamentos de acordo com a função, que é a sobrevivência do indivíduo ou da espécie. E a cultura, no qual as práticas culturais permanecem ou não com o objetivo de manter a sobrevivência do grupo social, isto é, a sobrevivência da espécie de uma determinada região.
Referências
ABIB, José Antônio Damásio. Comportamento e Sensibilidade: Vida, Prazer e Ética. Santo André, SP, 1. Ed, ESETec, 2007.
ABIB, José Antônio Damásio. LOPES, Carlos Eduardo. O Behaviorismo Radical como Filosofia da Mente. Psicologia: reflexão e critíca, 2003.
BAUM, Willian M. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução. Porto Alegre, 2. Ed, Artmed, 2006.
JAPPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
MICHELETTO, Nilza; SERIO, Tereza Maria de Azevedo Pires. Homem: objeto ou sujeito para Skinner?. Temas Psicologia, 1993.
MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre, Artmed, 2007.
POMPERMAIER, Henrique Mesquita; MELO, Camila Muchon; PIMENTEL, Naiene dos Santos. Diferentes abordagens dos fenômenos subjetivos na obra de B. F. Skinner. Interação em Psicologia, 2014.
RUBANO, Denise RosanA; MOROZ, Melania. Subjetividade: a interpretação do behaviorismo radical. Psicologia da Educação, 2005.
SKINNER, B.F. Seleção por consequências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 2007

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