Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis/2021 DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE DISSOCIAÇÃO DE INDICADORES POR ESPECTROFOTOMETRIA Objetivo: Determinar, empregando a espectrofotometria, a constante de dissociação do indicador vermelho de metila. Examinar, por meio de observação visual, o efeito do pH na mudança de coloração de diferentes indicadores. Introdução Utilizados fortemente nas áreas da Química, os indicadores são em geral ácidos e bases orgânicas fracas, que se dissociam em meio aquoso alterando sua cor conforme o pH. Se o indicador se encontra em soluções com pH abaixo do pKIn, sua cor será aquela da forma não ionizada, ou protonada (Cor X). Em pHs acima de pKIn, a cor será a da forma ionizada ou desprotonada (Cor Y). Se prepararmos soluções de um determinado indicador em um gradiente de pHs, teremos uma escala de cores desde Cor X até Cor Y. Cada indicador tem suas cores características e seu pH ideal de mudança. A visualização das cores em soluções é possível devido à absorção de radiação luminosa, que ocorre em determinados comprimentos de onda, por um ou mais de seus componentes. É através de um aparelho de espectrofotômetro de absorção ultravioleta e visível (UVVis) que ocorre a quantificação deste efeito, medindo-se a intensidade de luz absorvida em função do comprimento de onda de radiação. Dessa forma, a intensidade de um feixe de luz inicial (l0) ao atravessar uma solução líquida pode ser absorvida parcialmente, de forma que sua intensidade final será outra (l). Assim, através desse aparelho é possível obter a constante de dissociação de indicadores. Parte Experimental 1. Materiais e reagentes - 2 buretas de 10 mL; - pipetas volumétricas de 2 e de 3 mL; - 1 béquer de 250 mL e 2 de 50 mL; - 13 tubos de ensaio médios; - 100 mL de hidrogeno fosfato de sódio 0,2 mol L -1 (Na2HPO4.x H2O); - 100 mL de ácido cítrico 0,1 mol L-1 (acido 2, hidroxi 1,2,3 propano tricarboxílico; pK’s= 3,15; 4,77, 6,44); - Soluções tampão (pH 4,0 e 7,0) para calibrar o pHmetro; - Solução de vermelho de metila diluído; - Soluções dos indicadores conforme Tabela3; 2. Procedimento Parte 1 Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis/2021 Para dar início ao experimento foram preparadas 10 mL de várias soluções tampão (série McIlvaine, conforme Tabela 2) em 6 tubos de ensaio numerados de 1 a 6. Em seguida,com o auxílio de duas buretas, uma para cada solução, adicionou-se o fosfato de sódio e o ácido cítrico. Tabela 2: Volumes utilizados no preparo de soluções tampão de pH 3 a 8. Sol. Ph Teórico Na2HPO4; 0,2 M Ácido Cítrico; 0,1 M Volume final 01 3,0 2,0ml 8,0ml 10ml 02 4,0 4,0ml 6,0ml 10ml 03 5,0 5,2ml 4,8ml 10ml 04 6,0 6,3ml 3,7ml 10ml 05 7,0 8,2ml 1,8ml 10ml 06 8,0 9,7ml 0,3ml 10ml Após o preparo das 6 soluções tampão, agitaram -se os tubos e aferiu-se o pH das 6 soluções com pH-metro calibrado com padrões de pH 7,0 e 4,0. Em seguida, foram transferidos 1 mL das soluções de cada tubo para uma nova série de 6 tubos numerados que foram reservados para executar a segunda parte do experimento, (Usa-se pipetas volumétricas de 1 mL, que devem ser lavadas entre as medidas para não contaminar as soluções). Aos 6 tubos com 9 mL acrescentou- se uma gota do indicador conforme indicado na Tabela 3. É importante destacar que a solução do tubo 6 foi dividida em dois tubos 6a e 6b, com 4,5 mL cada. Parte 2 Aos seis tubos contendo 1,0 mL de solução, adicionou-se 1,0 mL de vermelho de metila diluído em cada tubo. Posteriormente, mediu-se as absorvâncias (A) de cada solução contendo os 1,0 mL de vermelho de metila diluído, variando o comprimento de onda de 400 nm a 600 nm Tabela 3: Determinação do pH experimental e da cor aparente. Sol. pH Teórico pH Exper. Indicador Cor Exper. pH mudança Cor A (transição de cor teórico) Cor B (transição de cor teórico) 01 3,0 3,01 Alaranjado de metila Alaranjado 2,9 - 4,6 Vermelho Alaranjado 02 4,0 4,16 Azul de bromofenol Púrpura 2,8 - 4,6 Amarelo Azul 03 5,0 5,58 Vermelho de metila Amarelo 4,2 - 6,3 Vermelho Amarelo 04 6,0 6,35 Bromocresol púrpura Púrpura 5,2 - 6,8 Amarelo Púrpura 05 7,0 7,18 Azul de bromotimol Azul 6,0 - 7,6 Amarelo Azul Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis/2021 06a 8,0 8,07 Vermelho de cresol Rosa 7,2 - 8,8 Amarelo Vermelho 06b 8,0 8,07 Fenolftaleina Incolor 8,3 10,0 Incolor Rosa Parte 3: Determinar por espectrofotometria a constante de dissociação do indicador vermelho de metila (pKIn). Ao realizar a análise através do espectrofotômetro chegamos aos seguintes valores de absorvância em comprimentos de onda de absorção das duas espécies ( HIn e In- ) em função do pH: pH Exper. Absorbância em 550 nm Absorbância em 425 nm 3,01 1,1723 0,1786 4,16 1,0481 0,3752 5,58 0,2871 0,6654 6,35 0,0860 0,7213 7,18 0,0372 0,7412 8,07 0,0288 0,7481 Obs: o comprimento de onda utilizado foi de 550nm 3. Resultados Sabe- se que se o indicador em análise se encontra em soluções com pH abaixo do pKIn, sua cor será aquela da forma não ionizada, ou protonada (Cor A). Em pHs acima de pKIn, a cor será a da forma ionizada ou desprotonada (Cor B). Com base nisso, pôde- se analisar os valores de pH encontrados no experimento e seus valores teóricos. Observamos que a maioria das soluções apresentaram coloração final próxima do esperado com base nos seus respectivos pKln. Entretanto, algumas soluções apresentaram comportamento diferente do esperado, entre elas estão: tubo 01, que teria que apresentar coloração vermelha e apresentou coloração alaranjado; o tubo 02, que teria que apresentar coloração azul e apresentou coloração púrpura ; o tubo 06a, que teria que apresentar coloração amarela e apresentou coloração rosa e o tubo 06b, teria que apresentar coloração rosa e apresentou coloração incolor. Isso indica que possivelmente houve um erro sistemático ou de metodologia no experimento. 4. Conclusão Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis/2021 Com base neste experimento pôde-se observar que é possível analisar, por meio de observação visual, a mudança de coloração de diferentes indicadores devido às diferenças de concentração de íons H + na solução a qual estavam presentes. Onde a mudança gradual da tonalidade da cor indica uma mistura entre as duas tonalidades extremas, ou seja, as cores referentes ao indicador em sua forma protonada e em sua forma desprotonada. Além disso, também foi possível determinar, empregando a espectrofotometria, diferentes espectros de absorvância de vermelho de metila em função do pH, como indicado na terceira parte do experimento. 5. Tratamento dos dados: 1. Com os dados de absorvância obtidos dos espectros de UV-Vis, determine a constante de dissociação (KIn) ou pKIn do indicador por meio da Equação 5. A constante de dissociação corresponde à média aritmética dos quatro valores encontrados. Obs: Para os cálculos assuma que o valor da absorbância em pH 3 corresponde a AHin e, em pH 8, a AIn- O valor de A será lido em cada um dos outros espectros (Figura 2A). Solução: Equação geral: ● Tubo 2: pH = 4,16 ; Abs.(A) = 1,0481 ● Tubo 3: pH = 5,58 ; Abs.(A) = 0,2871 ● Tubo 4: pH = 6,35 ; Abs.(A) = 0,0860 ● Tubo 5: pH = 7,18 ; Abs.(A) = 0,0372 pKln (médio)= (5,07 + 5,04 + 5,07 + 5,05)/4 = (20,23)/4 = 5,057 pKln (médio)= 5,06 2.Faça um gráfico como o da Figura 2 B e determine o pKIn. Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis/2021 Tubo 2 3 4 5 pH 4,16 5,58 6,35 7,18 -0,91 0,53 1,28 2,13 Através da regressão linear foi possível chegar ao valor no pKln que equivale ao coeficiente linear igual a 5,06. 3. Faça um gráfico com as intensidades de absorção (absorvâncias) em função do pH para os comprimentos de ondas λ 425 nm e λ550 nm. Determine o pKIn Como o Pkln equivale ao pH onde há o ponto de inflexão, ou seja, onde a concavidade da função começa a alternar, encontramos o valor de pkln de aproximadamente 5,06. 4.Obtenha da literatura o valor teórico da constante do indicador e calcule o erro experimental do pKIn. Compare o pKIn do indicadorcalculado pelas duas metodologias. Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis/2021 -Gráfico pKa Teórico= 5,05 pKa experimental=5,06 Erro absoluto= | 5,05-5,06|=0,01 Erro relativo= (0,01/5,05)x100=0,2% -Calculado: pKa Teórico= 5,05 pKa experimental=5,05 Erro Absoluto= |5,05-5,05|=0 Erro relativo= 0% Os valores obtidos pelo gráfico e pelo cálculo foram praticamente iguais, apenas o erro calculado pelo gráfico apresentou erro, porém sendo muito pequeno. 5.Discuta os resultados obtidos na Tabela 3 em relação ao pH teórico e experimental e a cor da solução de indicador teórico e experimental. É possível estimar o pH de uma solução aquosa pela cor obtida quando da adição de um indicador cujo pK é conhecido? Ao compararmos os valores de pH teóricos e experimentais obtidos na tabela 3 com os dados de referência de pKln da tabela 1 podemos observar que a solução 01 deveria apresentar pH próximo de 3,0, a solução apresentou como resultado experimental pH 3,01, ou seja, muito próximo ao ph teórico esperado. Entretanto, sua coloração experimental alaranjado foi diferente da esperada com base em seu pKln de 3,7 (Vermelha). Outra solução que apresentou pH experimental próximo do teórico, porém com coloração experimental diferente do esperado foi a solução 02, com coloração púrpura ao invés de azul. As soluções 06a e 06b, apesar de apresentarem pH experimentais de 8,07, próximos do pH teórico de 8,0, também apresentaram coloração diferente do esperado, com base em seus respectivos pkln, sendo de coloração rosa e incolor, respectivamente. Sim, isso pode ser feito pois a faixa de pH em que é perceptível mudança de cor é igual a pKa ± 1, dessa forma, podemos analisar através da cor obtida qual é o pH aproximado da solução.
Compartilhar