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DIREITO_PENAL_OABEXTENSIVO_18_07_2009_PROF_GUSTAVO_JUNQUEIRA_AULA_9_SABADO

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OAB EXTENSIVO – SABADO 
DIREITO PENAL 
PROF.: GUSTAVO JUNQUEIRA 
DATA: 18.07.2009 
AULA: 9 
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 1
TEMAS TRATADOS EM SALA 
 
PARTE ESPECIAL 
 
HOMICÍDIO (Art. 121) 
 
Morte: parada da atividade eletro-encefálica 
Homicídio simples não é crime hediondo 
 
§1º 
- Relevante valor moral 
- Relevante valor social 
- Domínio de violenta emoção logo após injusta provocação da vitima. Atenção: precisa estar cego pela 
violenta emoção. A duração do termo “logo após” é enquanto durar a violenta emoção 
Obs: o privilégio do homicídio sempre afasta a hediondez 
 
Homicídio Qualificado 
Inc I - torpe é o especialmente repugnante, (matar por herança). 
Inc. II – evidentemente desproporcional. Ex: matar a esposa por servir o jantar frio, briga de torcida e 
briga de trânsito. 
Inc III – apenas o veneno insidioso (escondido) qualifica o crime. A asfixia poderá ser mecânica, por 
esganamento, por garrote, etc. No homicídio mediante tortura – a morte por si só não é suficiente, visa 
o sofrimento da vítima. Ex: arrancar o fígado e deixar o sujeito morrer devorado por ratos. 
Atenção: é diferente de tortura com resultado morte, onde o agente visa torturar, mas acaba por 
excesso, matando a vítima. 
Inc IV – traição é surpresa pela quebra da confiança. Emboscada é a surpresa pelas circunstâncias. 
Dissimulação é a surpresa pela intenção escondida. Outro recurso: na mesma linha da emboscada, 
dissimulação ou traição (surpresa) 
Inc V – na ocultação o objetivo é impedir que se saiba da existência do crime. Para assegurar a 
impunidade - ex: matar a testemunha para que ninguém saiba quem foi o autor. Para assegurar a 
vantagem – ex: ladrão que mata o outro ladrão para ficar com a vantagem toda para ele. 
 
É possível homicídio qualificado e privilegiado ao mesmo tempo? 
Sim, no caso das qualificadoras de meios e modos (objetivas). Se a qualificadora for subjetiva, não 
será compatível com o privilégio. 
 
O homicídio qualificado é, em regra, hediondo, salvo se privilegiado. 
 
ABORTO 
É a interrupção da gestação com resultado morte do feto. 
Atenção: se a morte decorrer da interrupção da gestação, ainda que fora do útero, será considerado 
aborto. 
 
Art. 124, CP – auto-aborto 
Ex: mulher que ingere pílula abortiva 
 
Art. 125, CP 
Provocar aborto sem consentimento da gestante. Ex: empurrar gestante da escada. 
 
Art. 126, CP 
Provoca aborto com consentimento da gestante. Ex: gestante oferece o braço para tomar a injeção e o 
farmacêutico aplica. 
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PROF.: GUSTAVO JUNQUEIRA 
DATA: 18.07.2009 
AULA: 9 
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Obs: gestante menor de quatorze ou alienada mental ou consentimento mediante fraude – pena do art. 
125, CP. 
 
Art. 127, CP 
Lesão grave ou morte - causa de aumento de pena dos art. 125 e 126, CP. 
 
Art. 128, CP – aborto legal 
Trata-se do aborto permitido por lei e deve ser praticado por médico. 
- Aborto necessário: para salvar a vida da gestante. Não há necessidade de consentimento. O médico 
tem o poder de realizar o aborto para salvar a vida da gestante. 
 
- Aborto sentimental: é aquele praticado por médico quando a gravidez decorre de estupro, a pedido 
da gestante. Não há necessidade de autorização judicial para realizar essa modalidade de abortiva. 
 
O aborto econômico (quando a mãe não tem condições de criar), “honoris causa” (para esconder que 
não é mais virgem) e eugênésico (má formação do feto) não são admitidos no ordenamento brasileiro. 
Existe uma discussão quando ao aborto anencéfalo: direito a vida x dignidade da pessoa humana. 
 
FURTO – ART. 155, CP 
- Subtrair: tirar de forma clandestina. 
 
- Coisa alheia: coisa de outra pessoa 
Atenção: se a coisa não for alheia, será furto de coisa comum – crime de ação penal pública 
condicionada. Se os condôminos não se manifestam no prazo legal, extingue-se a punibilidade. 
 
- Coisa móvel: não se aplica a classificação de bens do código civil. Para o direito penal 
 
- Para si ou pra outrem: ânimo de assenhoramento da coisa 
 
O §3º equipara a coisa à energia elétrica. 
 
Furto Privilegiado 
Requisitos: 
- Pequeno valor da coisa (limite de um salário mínimo) 
- Sujeito primário 
 
Conseqüências 
Pena de reclusão pode ser convertida em detenção 
Pode ser diminuída de 1/3 a 2/3 
Poderá ser convertida em mera multa 
 
Qualificadoras (§4º) 
I - Rompimento ou destruição do obstáculo. 
Obstáculo é o aparato a ser vencido para destruição da coisa. 
Necessária violência contra o obstáculo para destruir ou rompê-lo. 
 
II - Abuso de confiança, destreza ou escalada 
Destreza: só a destreza necessária qualifica o fruto. Ex: onze homens e um segredo 
Só é possível a tentativa mediante destreza se terceiro não percebe a subtração. 
 
 
 
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Escalada: ingresso por via anormal em prédio alheio. Necessária uma de três características: 
1. aparato material (ex: escada, corda) 
ou 
2. especial agilidade (entrar pelo ar condicionado, pelo esgoto, etc.) 
ou 
3. esforço sensível 
 
Diferença do furto mediante fraude para estelionato: 
No furto mediante fraude, a mentira é utilizada para afastar a vigilância da vítima. No estelionato, é 
para iludir a vítima, que entrega a coisa com ânimo definitivo. 
Ex: no estacionamento diz ao manobrista que seu carro é o último e leva o carro da frente que está 
com a chave no contato – furto mediante fraude 
Ex2: entrega ticket falso ao manobrista e leva o carro de outra pessoa – estelionato. 
 
Emprego de chave falsa – qualifica o crime 
Concurso de pessoas – qualifica o crime 
 
ROUBO - Art. 157, CP 
Reduzir a capacidade de resistência da vitima – roubo com violência imprópria. Ex: sonífero, boa noite 
cinderela. 
 
Causas de aumento de pena 
I – emprego de arma 
Arma de brinquedo não aumenta a pena do roubo - posicionamento jurisprudencial pacífico 
II – concurso de pessoas 
III- transporte de valores 
IV – subtração de veículos e leva-los para outro estado 
V - agente mantém a vítima em seu poder restringindo a liberdade (relevante e necessária para a 
prática do roubo). Ex: tranca a família no banheiro para levar os pertences da casa com tranqüilidade. 
 
Não se aplica a restrição de liberdade desnecessária – será concurso do crime de roubo com cárcere 
privado. Ex: roubar um táxi e manter o motorista no porta malas por 4 horas 
Critério de Magalhães Noronha: para extorsão é necessária relevante corporificação da conduta da 
vítima. 
 
IMUNIDADES – Art. 181 e 182, CP 
Aplica-se aos crimes contra o patrimônio, sem ameaça a pessoa. 
Está isento de pena 
- Cônjuges, ascendentes ou descendentes em qualquer grau. 
 
- Imunidade relativa: torna a ação penal pública condicionada. 
Cônjuges separados, irmão, tio e sobrinhos que coabitam – ação penal pública condicionada 
 
Obs1: não se aplicam as imunidades se a vítima é idosa 
Obs2: as imunidades não se comunicam 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES SOBRE O TEMA 
 
1. (OAB/CESPE – 2007.3) Leonardo, indignado por não ter recebido uma dívida referente a 
venda de cinco cigarros, desferiu facadas no devedor, que, em razão dos ferimentos, faleceu. 
Logo após o fato, Leonardo escondeu o cadáver em uma gruta.Com base na situação hipotética 
acima, é correto afirmar que 
(A) a ocultação de cadáver é crime permanente. 
(B) há concurso formal entre o homicídio e a ocultação de cadáver. 
(C) Leonardo praticou crime de homicídio qualificado por motivo torpe. 
(D) o fato de Leonardo ter cometido o crime por não ter recebido uma dívida é circunstância que 
agrava a pena. 
 
2. (OAB/CESPE – 2006.2) Considere que umagestante, sóbria, estando na direção de seu 
veículo automotor, colida, culposamente, com um poste, causando, em razão do impacto 
sofrido, o aborto. Nessa situação, a conduta da gestante: 
(A) corresponde ao delito de homicídio. 
(B) corresponde ao delito de lesão corporal culposa. 
(C) corresponde ao delito de aborto provocado pela gestante. 
(D) não gera responsabilidade, haja vista a inexistência de previsão legal para a modalidade culposa 
de aborto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO: 
1. A 
2. D

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