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Stephane D’arc – Módulo Saúde da Mulher Tratamento do Sangramento Uterino Anormal Tratamento de Lesões Estruturais • Quando se avaliam as causas estruturais, há uma modalidade terapêutica específica para cada causa. Pólipos A polipectomia histeroscópica é primeira opção de tratamento. Enquanto pequenos pólipos (<0,5cm) podem ser removidos ambulatorialmente, pólipos maiores podem ser removidos em bloco (ressecando-se a base da lesão de implantação) ou em fragmentos. Miomas O tratamento farmacológico é a primeira opção antes da cirurgia, tendo como opções as mesmas do tratamento do SUA não-estrutural (chegará essa parte ainda). → Caso não haja resposta, indica-se a cirurgia, que pode ser realizada via: • Histeroscopia • laparoscopia • laparotomia A escolha da via dependerá das características do tumor em número, localização, tamanho e considerando se há desejo de concepção. Importante: Existem os miomas submucosos, localizados abaixo da camada mucosa do útero; os intramurais, localizados na parede uterina; e os subserosos, localizados externamente ao útero. Os submucosos estão mais associados ao SUA. Caso a lesão seja majoritariamente intracavitária, pode-se realizar a abordagem exclusivamente histeroscópica. Lesões grandes e com componente intramural importante devem ser realizadas via laparoscopia ou laparotomia. ❖ Miomas pequenos (<2cm) podem ser retirados no ambulatório a depender das condições clínicas da paciente. ❖ >3cm podem afetar o miométrio circundante, sendo a miomectomia em dois tempos cirúrgicos uma boa opção. ❖ Miomas extensos devem ser tratados idealmente com análogo de GnRH durante os 3 meses antes da cirurgia, objetivando a redução do tamanho. Adenomiose Essa patologia é geralmente tratada por meio de histerectomia. No entanto, estudos têm apontado possível eficácia em relação à melhora de sintomas com abordagem farmacológica hormonal – as mesmas opções do SUA de causa não-estrutural. Tratamento de causas não estruturais Incluem as causas referidas no mnemônico “COEIN”: coagulopatias,anovulações crônicas, Caso não haja possibilidade de miomectomia e nem desejo de concepção, indica-se a histerectomia – que pode ser por via vaginal, laparoscópica ou laparotômica. Stephane D’arc – Módulo Saúde da Mulher disfunção endometrial, iatrogenia e causas não especificadas. ➢ O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico. Tratamento medicamentoso engloba: • tratamento hormonal (estrogênio e progestagênio combinados; progestagênio oral cíclico ou contínuo; progestagênio injetável; sistema uterino liberador de levonorgestrel) • tratamento não hormonal (anti- inflamatórios; antifibrinolíticos) Tratamento Hormonal • Estrogênio e progestagênio combinados Regime de uso contínuo mostraram-se superiores na capacidade de reduzir sangramento em relação a regimes cíclicos. A limitação dessa alternativa é se houver desejo de gravidez, já que esse medicamento inibe a ovulação. ➢ reduzem a perda sanguínea menstrual em 35% a 72%, sendo uma opção terapêutica para a maioria das causas de SUA sem alteração estrutural. • Progestagênio isolado sistêmico Os estrogênios promovem atrofia endometrial e atuam contra a inflamação. Há diferentes formulações: contínuo, cíclico, por via oral, injetável e intrauterina. O principal efeito colateral, que atua como limitante, é o sangramento inesperado decorrentes da atrofia endometrial. • Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LING) É considerado mais efetivo para o tratamento do SUA do que os contraceptivos orais. Promove redução substancial no volume do sangramento e tem melhor aceitação, devido ao tratamento prolongado e menor ocorrência de efeitos adversos. Não é recomendado se a cavidade uterina estiver irregular, por risco de expulsão. Seu efeito colateral mais comum é o sangramento inesperado nos primeiros 3 meses de uso. Tratamento não-hormonal Anti-fibrinolíticos Mulheres com fluxo menstrual aumentado podem ter ativação do sistema fibrinolítico na menstruação, gerando degradação do coágulo formado para conter o sangramento. Logo, medicamentos que inibem a fibrinólise contribuem para redução do sangramento. O ácido tranexâmico é frequentemente indicado, sendo usado de 3 a 4 vezes por dia. Contraindicação: São contraindicações ao ácido tranexâmico a história de tromboembolismo ou insuficiência renal. Anti-inflamatórios não-esteroidais Os AINEs exercem sua ação por meio da inibição da ciclo-oxigenase, que é a enzima que catalisa a transformação de ácido araquidônico para prostaglandina e tromboxane. O mais estudado é o ácido mefenâmico, com redução de 25% a 50% do volume de sangramento. Os efeitos colaterais mais frequentes são os gastrintestinais, não sendo indicados em mulheres com histórico de úlcera. Tratamentos cirúrgicos • Ablação do endométrio • Histerectomia Outras opções terapêuticas são os análogos do GnRH, podendo estes serem considerados antes de uma cirurgia, por exemplo, em miomas, em especial para possibilitar a recuperação do organismo e a redução do volume. São utilizados quando outros métodos hormonais estão contraindicados, por período de tempo curto, até que as condições para uma cirurgia sejam adequadas. Stephane D’arc – Módulo Saúde da Mulher Ablação endometrial Constitui uma medida menos invasiva que a histerectomia, consistindo em um procedimento que destrói o endométrio até sua camada basal, impedindo sua regeneração. Seus melhores resultados se mostram em úteros com histerometria inferior a 10cm. Atualmente, há duas classificações: → primeira geração, que ocorre por via histeroscópica; → segunda geração, que é feita com balões térmicos. Histerectomia É o último tratamento que pensaremos em fazer no SUA de causa não estrutural. É idealmente apenas realizado em pacientes que não possuem desejo de futura concepção. No mais, é um tratamento que apresenta alto índice de satisfação devido ao fato de curar o sangramento uterino definitivamente. Fluxograma para o tratamento do SUA. Tratamento do SUA agudo Objetivo: controlar o sangramento atual, estabilizar a mulher e reduzir o risco de perda sanguínea excessiva nos ciclos seguintes. O tratamento pode ser cirúrgico ou através de medicamentos. A escolha do tratamento depende da estabilidade hemodinâmica, nível de hemoglobina, da suspeita da etiologia do sangramento, de comorbidades apresentadas pela paciente, do desejo reprodutivo. O tratamento de escolha inicialmente é medicamentoso, podendo ser hormonal ou não hormonal. As opções hormonais disponíveis são o uso de estrogênio conjugado endovenoso, estradiol isolado por via oral, contraceptivo oral combinado e progestagênios isolados. Os antifibrinolíticos e os AINEs são opções para tratamento não hormonal (como já vimos lá em cima a classificação). Os tratamentos cirúrgicos incluem curetagem, ablação endometrial, embolização da artéria uterina e histerectomia, sendo a escolha baseada nas condições clínicas e no desejo reprodutivo da mulher. Obs: A Febrasgo traz nas recomendações finais esses pontos que eu achei como se fosse um resuminho geral.. ai colocarei aqui Ponto 1: Na avaliação etiológica do SUA, sempre, seguir o acrômio PALM-COEIN. Ponto 2: Para diagnóstico do SUA, deve-se inicialmente excluir gravidez nas mulheres em idade fértil e realizar uma avaliação ultrassonográfica pélvica para verificar se o SUA é de etiologia estrutural ou não. Ponto 3: O tratamento do SUA depende de sua etiologia.Em geral, enquanto o SUA de etiologia estrutural é tratado cirurgicamente, o SUA não estrutural é tratado clinicamente. Stephane D’arc – Módulo Saúde da Mulher Ponto 4: O tratamento cirúrgico do SUA não estrutural está indicado na falha do tratamento clínico. Ponto 5: O SUA agudo com repercussão hemodinâmica requer estabilização da mulher antes da investigação etiológica. Ponto 6: No SUA agudo, em geral, a primeira linha de tratamento é medicamentosa, ficando o tratamento cirúrgico para a falha ou contraindicação a tratamento clínico ou nos casos de instabilidade hemodinâmica importante. A curetagem uterina, além de auxiliar na parada do sangramento agudo, fornece material para estudo histológico do endométrio. É relevante em mulheres na 5º década, obesas, hipertensas ou que já tenham feito uso repetitivo de esteroides sexuais. Referência Sangramento uterino anormal. -- São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2018. Adicionar um título
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