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Sangramento Uterino Anormal (1)

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SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL 
(SUA) 
 
É a denominação utilizada atualmente para 
nomear as alterações da menstruação decorrentes 
de aumento no volume, na duração ou na 
frequência. Termos como hemorragia uterina 
disfuncional ou menorragia estão abandonados. 
Tem grande importância pela sua frequência e por 
afetar negativamente aspectos físicos, emocionais, 
sexuais e profissionais, piorando a qualidade de 
vida das mulheres. 
Esse sangramento anormal pode ter 
repercussão em diversos sistemas. O quadro 
abaixo relaciona o sangramento anormal e as 
diversas repercussões. 
 
 
Em 2011, um grupo de especialistas da 
FIGO propôs uma classificação para as desordens 
que causam o SUA, que facilitou seu 
entendimento, avaliação e tratamento, além de 
possibilitar comparações entre dados da literatura 
científica. Esse esquema é conhecido como 
PALM-COEIN, onde cada uma das letras 
denomina uma das etiologias do sangramento 
(Figura 2). O “sistema” PALM-COEIN é 
aplicáveis uma vez excluídas causas de 
sangramento relacionadas à gravidez. Após a 
exclusão de gestação, a evolução inicial inclui 
história detalhada do sangramento e de 
antecedentes, com foco em fatores de risco para 
câncer de endométrio, coagulopatias, medicações 
em uso, doenças concomitantes, além de exame 
físico completo, com foco em sinais da síndrome 
dos ovários policísticos, resistência insulínica, 
doenças da tireoide, petéquias, equimoses, lesões 
da vagina ou colo do útero, além de tamanho do 
útero. Para investigação complementar, pode-se 
utilizar hemograma, dosagem de ferritina e 
ultrassonografia pélvica. 
 
 
CAUSAS ESTRUTURAIS 
 
P- PÓLIPOS: 
Iniciando com as causas estruturais, 
temos os PÓLIPOS endometriais e endocervicais, 
sendo mais comum em pacientes na 
perimenopausa/menopausa, sendo que a idade 
avançada pode ser considerada um fator de risco, 
juntamente com a obesidade e pólipos acima de 
1,5 cm. 
O pólipo uterino, também chamado 
de pólipo endometrial, é um crescimento 
excessivo de células que acontece na parede do 
útero, que leva à formação de pequenas bolinhas, 
semelhantes a cistos, que se desenvolvem para o 
interior do útero. Nos casos em que o pólipo 
aparece no colo do útero, pode ser 
também chamado de pólipo endocervical. 
A visualização desses pólipos pode ser 
realizada por meio de ultrassonografia 
transvaginal, histeroscopia ou histerossonografia. 
 
O pólipo uterino não é câncer mas, em 
alguns casos, pode transformar-se numa lesão 
maligna, por isso, é importante fazer uma 
avaliação regular com o ginecologista a cada 6 
meses, para verificar se o pólipo aumentou ou 
diminuiu de tamanho, se surgiram novos pólipos 
ou se desapareceu. 
 
O tratamento dessa condição geralmente é 
conservador, a menos que a paciente seja 
sintomática, tenha a presença de múltiplos pólipos 
ou um pólipo endocervical prolapsado, nesses 
casos devem ser avaliados juntamente com o 
médico para realização da exérese do pólipo. 
 
 
A- ADENOMIOSE: 
 
 Dando continuidade, a ADENOMIOSE, é 
uma patologia caracterizada por uma invasão 
benigna de tecido endometrial no miométrio, 
causando uma rotura da zona juncional (ZJ) que é 
a região limite entre essas duas camadas do útero, 
ou seja, é uma doença onde ocorre um 
espessamento dentro das paredes do próprio útero 
provocando sintomas como dor, sangramento ou 
cólicas fortes, especialmente durante a 
menstruação. 
 
 Dessa forma, a sintomatologia associada a 
essa patologia podem ser muito diferenciada, as 
pacientes podem apresentar, por exemplo, 
dismenorreia, aumento do volume do sangramento 
menstrual. 
Esta doença tem cura através da cirurgia 
para retirada do útero, porém, este tipo de 
tratamento só é feito quando os sintomas não 
conseguem ser controlados com remédios anti-
inflamatórios ou hormônios, por exemplo. 
 
Os principais sintomas da adenomiose são: 
 Inchaço da barriga; 
 Cólicas muito fortes durante a 
menstruação; 
 Dor durante a relação íntima; 
 Aumento da quantidade e duração do fluxo 
menstrual; 
 Prisão de ventre e dor ao evacuar. 
 
O diagnóstico 
Deve ser clínico e através de exames de 
imagem como o USG transvaginal e ressonância 
magnética. 
 
Os tratamentos mais utilizados são: 
1. Tratamento com anti-inflamatórios, como 
Cetoprofeno ou Ibuprofeno, para o alivio da 
dor e inflamação; 
2. Tratamento com remédios hormonais, como 
pilula anticoncepcional com progesterona, 
Danazol, adesivo anticoncepcional, anel 
vaginal ou DIU, por exemplo; 
3. Cirurgia de retirada do excesso de tecido 
endometrial dentro do útero, em casos onde a 
adenomiose esta localizada numa determinada 
região do útero e não se encontra muito 
penetrada dentro do músculo; 
4. Cirurgia para retirada do útero, onde é feita 
uma histerectomia total, para remoção 
completa do útero. Nesta cirurgia, geralmente 
os ovários não precisam de ser removidos. 
 
Adenomiose x gravidez 
A adenomiose pode provocar 
complicações graves na gravidez, como gravidez 
ectópica ou aborto, por exemplo, sendo 
recomendado o acompanhamento regular do 
obstetra, para que sejam evitadas essas 
complicações. Além disso, em alguns casos a 
adenomiose, pode dificultar a fixação do embrião 
no útero, dificultando assim a gravidez. 
Os sintomas de adenomiose aparecem 
geralmente após a gravidez, devido ao estiramento 
do útero que acontece, e por isso, a maioria das 
mulheres consegue engravidar e ter filhos antes do 
aparecimento da doença. 
 
L- LEIOMIOMAS: 
 
É um tipo de tumor benigno que surge no 
miométrio. Esse tipo de tumor é originado de 
células musculares lisas do útero e contém 
quantidade variável de tecido conjuntivo fibroso. 
Os miomas são costumeiramente descritos de 
acordo com sua localização. 
São tumores benignos da musculatura lisa 
uterina, estão mais comumente presentes em 
mulheres no período reprodutivo e tem uma 
regressão na menopausa. 
Dois componentes distintos contribuem 
para o desenvolvimento do leiomioma: 
transformação de miócitos normais em miócitos 
anormais e crescimento de miócitos anormais em 
tumores clinicamente aparentes. Provavelmente, 
vários fatores desempenham um papel nessa 
transformação e na aceleração do crescimento dos 
leiomiomas. 
 
Os miomas são costumeiramente descritos de 
acordo com sua localização: 
1. Intramurais: desenvolvem-se dentro da parede 
uterina e podem ser grandes o suficiente a 
ponto de distorcer a cavidade uterina e a 
superfície serosa; 
2. Submucosos: derivam de células miometriais 
localizadas imediatamente abaixo do 
endométrio e frequentemente crescem para a 
cavidade uterina; 
3. Subserosos: originam-se na superfície serosa 
do útero e podem ter uma base ampla ou 
pedunculada e ser intraligamentares; e 
4. Cervicais: localizados na cérvice uterina. 
 
Fatores de risco são: 
 Menarca precoce 
 IMC alto 
 História familiar positiva sendo que, a pós-
menopausa e o uso de anticoncepcionais orais. 
 
Sintomas 
 A maioria das mulheres é assintomática. 
 Sangramento uterino anormal 
 Dor pélvica 
 Infertilidade 
 
Diagnóstico de leiomioma 
O diagnóstico de miomas uterinos é 
usualmente baseado no achado de um útero 
aumentado, móvel e com contornos irregulares ao 
exame bimanual ou um achado ultrassonográfico, 
por vezes casual. Exames de imagem são 
necessários para confirmação diagnóstica e definir 
localização do tumor. 
A ultrassonografia transvaginal é a 
modalidade de imagem mais amplamente utilizada 
para avaliação de miomas devido à sua 
disponibilidade e custo-benefício. 
A ultrassonografia com infusão de solução 
salina (sonohisterografia) melhora a 
caracterização da extensão da protrusão na 
cavidade endometrial por miomas submucosos e 
permite a identificação de algumas lesões 
intracavitárias não vistas na ultrassonografia de 
rotina. 
 
Tratamento de leiomioma 
Mulherescom miomatose assintomática 
não necessitam tratamento, apenas 
acompanhamento e exame ginecológico de rotina, 
exceto aquelas com miomas muito volumosos ou 
que provoquem compressão ureteral. 
O tratamento das pacientes com miomas 
sintomáticos deve ser individualizado, levando-se 
em consideração a idade da paciente (proximidade 
da menopausa), o desejo de gestação, os sintomas 
provocados, o tamanho e a localização dos 
miomas. 
O objetivo do tratamento clínico é o alívio 
dos sintomas. Os análogos do GnRH são 
medicações efetivas no tratamento clínico, 
levando à redução de 35-60% do volume dos 
miomas em três meses. Caso não seja realizada a 
cirurgia, a interrupção do tratamento com 
análogos leva ao reaparecimento da doença. 
Estrógenos, progestágenos e 
antiprogestágenos são eficazes para correção do 
sangramento uterino disfuncional. No entanto, não 
são utilizados para diminuir o volume dos 
miomas. 
O tratamento definitivo da miomatose 
sintomática é cirúrgico. A histerectomia está 
indicado nos casos de pacientes com presença de 
sintomas associado a sangramento uterino 
anormal, com falha no tratamento clínico e com 
prole constituída ou sem desejo de gestação. 
A indicação de miomectomia dependerá do 
desejo da paciente de manter a fertilidade e o 
útero. É importante ressaltar que a recorrência de 
miomas é estimada entre 15-30%, sendo que 10% 
das mulheres necessitam de uma nova 
intervenção. 
A miomectomia pode ser laparotômica, 
por via vaginal, laparoscópica ou histeroscópica, 
dependendo da localização, do tamanho e do 
número de miomas a serem retirados. 
 
Leiomiomas x gravidez 
Quando sintomáticos, geralmente 
apresentam sintomas de sangramento uterino 
anormal e / ou dor / pressão pélvica. Miomas 
uterinos também podem ter efeitos reprodutivos 
(por exemplo, infertilidade, resultados adversos na 
gravidez). 
, 
, tendo o diagnóstico apenas com o ultrassom. 
Pode ser realizado tratamento clínico ou se não 
houver resposta, pode-se optar por uma 
abordagem cirúrgica, dependendo sempre do 
número de miomas, localização e do seu tamanho. 
 
M- MALIGNIDADE: 
 
A última letra do mnemônico PALM diz 
respeito à MALIGNIDADE, em que os 
profissionais da saúde devem estar atentos ao 
sangramento pós-menopausa para avaliar se trata-
se de uma atrofia endometrial ou de um câncer de 
endométrio, por exemplo. Por isso, torna-se 
essencial a realização de uma histeroscopia e 
biópsia para fazer a amostragem do tecido 
endometrial. 
 
 
Este câncer está normalmente associado à 
infecção por HPV, do tipo 6, 11, 16 ou 18, que é 
transmitido por via sexual e que promove 
alterações no DNA das células, favorecendo o 
desenvolvimento de câncer. No entanto, isso não 
significa que todas as mulheres que tiverem 
contato com esse vírus irão desenvolver câncer. 
Além disso, é a 4 ª Neoplasia mais 
frequente entre as mulheres no Brasil, mas com 
enorme potencial de prevenção e cura. Ela pode 
ser detectada preventivamente pelo exame 
Papanicolau e pode ser prevenida com a vacina 
Tetravalente (6 e 11,16 e 18). 
Além da infecção por HPV outros fatores 
podem favorecer o surgimento desse tipo de 
câncer, como: 
 Início da vida sexual muito precoce; 
 Ter vários parceiros sexuais; 
 Não usar preservativo durante o contato 
íntimo; 
 Ter alguma IST, como herpes genital, 
clamídia, ou AIDS; 
 Ter tido vários partos; 
 Má higiene pessoal; 
 Uso prolongado de anticoncepcional oral por 
mais de 10 anos; 
 Uso prolongado de remédios 
imunossupressores ou corticoides; 
 Exposição à radiação ionizante; 
 Já ter tido displasia escamosa da vulva ou da 
vagina; 
 Baixa ingestão de vitamina A, C, betacaroteno 
e ácido fólico. 
 
CAUSAM NÃO ESTRUTURAIS 
 
Nesses casos, o aumento do fluxo 
menstrual pode ser o único sintoma apresentado 
pelas pacientes, tendo como início mais comum 
na menarca. Deve ser realizada uma história 
clínica completa, solicitar exames 
complementares como hemograma completo, TP, 
TTPA, TT e fibrinogênio. 
 
C- COAGULOPATIA: 
 
Seguindo para as causas não estruturais, 
a primeira condição são as COAGULOPATIAS, 
podendo ser elencado aqui doenças como a de 
Von-Willebran, alterações das plaquetas e 
alterações dos fatores de coagulação. 
Nesses casos, o aumento do fluxo 
menstrual pode ser o único sintoma apresentado 
pelas pacientes, tendo como início mais comum 
na menarca. 
Deve ser realizada uma história clínica 
completa, solicitar exames complementares como 
hemograma completo, TP, TTPA, TT e 
fibrinogênio. 
O– DISFUNÇÃO OVULATÓRIA 
 
Falta de ovulação, ovulação pouco 
frequente, falhas associadas a aproximação da 
menopausa, stress, perda ou ganho de peso, 
exercício excessivo, medicamentos. 
Disfunção ovulatória é anormalidade, 
irregularidade (com ≤ 9 menstruações/ano) ou 
ausência de ovulação. A menstruação geralmente 
está ausente ou irregular. O diagnóstico 
normalmente é possível pela história pessoal, 
confirmado pela medida dos níveis hormonais ou 
por ultrassonografia pélvica seriada. O tratamento 
é indução da ovulação por clomifeno ou outros 
fármacos. 
A disfunção ovulatória crônica em 
mulheres na pré-menopausa é mais comumente 
causada por: 
 Síndrome do ovário policístico 
 Hiperprolactinemia 
 Disfunção hipotalâmico-hipofisária (mais 
comumente, amenorreia hipotalâmica 
funcional) 
 Outras condições que podem causar 
anovulação (p. ex., diabetes, depressão, 
certos antidepressivos, exercício 
excessivo, uso de fármacos que contêm 
estrogênios ou progestinas) 
 
E- ENDOMETRIAIS: 
 
Disfunção Endometrial são algumas 
alterações do funcionamento normal do 
endométrio, que é a parede interna do útero. 
Podem ser causadas por disfunção primária 
endometrial, infecções/inflamações endometriais 
pela chamydia trachomatis ou pode ser também 
por anormalidades na resposta inflamatória local. 
 
I- IATROGENIA: 
 
Chamamos de iatrogenia as situações 
provocadas por tratamento prescrito pelo médico 
ou intervenções médicas, tais como terapêutica 
hormonal, anticoagulantes, medicamentos que 
interferem com a situação hormonal, DIU, etc. 
Pode ser uma causa de SUA decorrente, 
por exemplo, de medicamentos hormonais ou não 
hormonais e de contracepção intrauterina, por 
exemplo, uso de anticoncepcionais hormonais, 
DIU de cobre. Também, o uso de medicamentos 
como anticoagulantes, anticonvulsivantes, 
antidepressivos tricíclicos, corticosteroides, 
tabagismo. 
 
N- NÃO CLASSIFICADAS 
São as causas mais raras. Nesse caso, pode 
ser, por exemplo, endometrite crônica, Istmocele, 
más formações arteriovenosas e hipertrofia 
miometrial. 
Como se trata de um assunto extenso e 
com diversas particularidades, deve-se ter uma 
atenção muito grande diante de uma paciente com 
sangramento uterino anormal. Lembrar 
sempre antes de tudo de excluir 
gravidez, realizar um exame físico e ginecológico 
completo para determinar a localização do 
sangramento, avaliar sempre a quantidade do 
sangramento. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 
Hemograma e ferritina: Solicitar a fim de 
verificar se há alterações decorrentes do 
sangramento. Avaliar se parâmetros 
hematimétricos estão em queda e a reserva de 
ferro também (anemia ferropriva presente). 
Coagulograma: Solicitar para todas as pacientes 
com história de sangramento menstrual 
aumentado desde a menarca ou história familiar 
de coagulopatia ou hemorragia pós-parto, ou 
sangramentos frequentes. Encaminhar para 
hemato se alterações estiverem presentes. 
Dosagem de TSH e T4 livre: Solicitar mediante 
suspeita clínica e na presença de outros sinais de 
disfunção tireoidiana. 
Ultrassonografia: É o primeiro método de 
escolha para avaliar anormalidades uterinas, 
devendo ser realizada preferencialmente por via 
vaginal (USGTV). Atentar para a espessura 
endometrial (considerada normal até 5mm, na pós 
menopausae para as usuárias de TRH até 8mm na 
pós menopausa; na menacme não há consenso 
sobre a espessura, mas utiliza-se até 12mm como 
normal na primeira fase do ciclo menstrual), para 
o miométrio, forma, contorno, volume do útero e 
anexos. 
Histerossonografia (HSS): Colocar solução 
salina durante a USG-TV para distender a 
cavidade uterina e ter melhor visão intracavitária. 
Método pouco utilizado atualmente, mas com boa 
acurácia para identificar anormalidades 
estruturais. 
Histeroscopia (HSC): é o método padrão ouro 
para investigação endometrial, permitindo 
visualização direta da cavidade endometrial e 
biópsia, caso necessária. Pode ser ainda 
terapêutica (polipectomias, lise de sinéquias etc). 
Deve ser indicada para a investigação de SUA 
quando USG TV sugerir alterações endometriais 
ou quando for inconclusiva. 
Ressonância Magnética (RM): Pode ser 
solicitada quando a USG TV é inconclusiva, mas 
não deve ser usada como método diagnóstico 
inicial. 
Biópsias de endométrio: É o método de análise 
padrão ouro para análise do endométrio, devendo 
ser solicitada para excluir neoplasias ou 
hiperplasias atípicas. É indicado se: sangramento 
intermenstrual persistente; SUA em mulheres >45 
anos ou mediante falhas do tratamento clínico. O 
método ideal é via histeroscopia, mas pode ser 
feito por aspiração com cânula de Pipelle ou 
Cureta Novak (inferiores à histeroscopia por não 
realizar a biópsia de forma pontual, assim lesões 
focais podem passar despercebidas e 
permanecerem sem diagnóstico). 
 
 
 
 
MANEJO CLÍNICO - FASE AGUDA 
 
O manejo da fase aguda dependerá 
basicamente da faixa etária, do estado geral da 
paciente e do volume de sangramento. A terapia 
hormonal é considerada a primeira linha de 
tratamento para pacientes com SUA aguda. As 
opções de tratamento incluem contraceptivos orais 
combinados (ACOs) e progestagênios orais. Se 
houver hipovolemia, indica-se o uso de altas doses 
de estrogênio na paciente jovem e/ou curetagem, 
se a paciente possuir fatores de risco para câncer 
de endométrio. Não dispomos de estrogênios 
endovenosos no Brasil. 
 
 Estrogênios orais em altas doses podem ser 
oferecidos a pacientes hemodinamicamente 
estáveis que podem tolerar a terapia oral sem 
distúrbios gástricos. Uma opção é o uso de EC 2,5 
mg até quatro vezes ao dia durante 21 a 25 dias, 
seguido de acetato de medoxiprogesterona (10 
mg/dia) por dez dias. 
 
 Contraceptivos orais combinados (COC) com 
30mcg de etinilestradiol, duas a quatro vezes ao 
dia, geralmente cessam o sangramento em 48 
horas. Pode-se utilizar um esquema com redução 
gradativa das doses, com uso de cinco pílulas no 
primeiro dia, quatro no segundo, três no terceiro, 
duas do quarto e uma pílula por dia a partir do 
quinto dia e por pelo menos mais uma semana 
estes esquemas tendem a ser menos efetivos do 
que os de uso de estrogênio isoladamente porque 
os progestagênios inibem a síntese de receptores 
de progesterona. 
 
 Progestagênios orais como o acetato de 
medroxiprogesterona 10 mg a 20 mg, duas vezes 
ao dia, ou noretindrona 5 mg, uma a duas vezes ao 
dia, é uma opção a ser considerada. 
 
 Agentes antifibrinolíticos: Agem alargando o 
tempo de dissolução da rede de fibrina, com 
resposta mais rápida, preservando o coágulo. 
Recomenda-se o uso de 500 mg a cada oito horas, 
nos dias de maior sangramento, não excedendo 
cinco dias. Na maioria dos estudos, a dose de 
ácido tranexâmico variou de 1,5 a 4,5 gramas/dia 
por cinco dias. Suas ações ocorrem no intervalo de 
duas a três horas após a administração, e podem 
ser mais efetivos que os anti-inflamatórios não 
esteroides (AINE) no tratamento da menorragia 
aguda. 
 
 Curetagem uterina pode ser realizada tanto 
terapêutica como diagnóstica em pacientes com 
sangramentos agudos intensos. Uma limitação do 
procedimento é não tratar a causa da menorragia, 
que irá recorrer se não for iniciada outra terapia 
preventiva no pós-operatório. 
 
 Tamponamento da cavidade uterina pode ser 
feito colocando-se, em seu interior, um cateter de 
Folley e enchendo seu balão com 10 ml a 30 ml de 
líquido. Após três horas, metade deste líquido é 
retirado e, se não houver mais sangramento por 
uma hora, pode-se retirar a sonda. Se o 
sangramento persistir, pode-se manter o balão por 
um período adicional de até 12 horas. 
 
MANEJO CLÍNICO – MANUTENÇÃO 
 
Após o controle adequado da fase aguda 
do sangramento vaginal, torna-se imperioso a 
introdução de medidas que possam garantir 
melhor regularidade do ciclo menstrual ou até a 
ausência completa do sangramento. 
A histerectomia não deve ser considerada 
como primeira linha de tratamento. Várias opções 
de tratamento estão disponíveis para o tratamento 
a longo prazo de SUA crônica. As terapias 
médicas eficazes incluem o sistema intrauterino 
de levonorgestrel, ACOs (ciclos mensais ou 
prolongados), terapia de progestina (oral ou 
intramuscular), ácido tranexâmico e anti-
inflamatórios não esteroides. 
Se a mulher está usando estrogénios, deve-
se adicionar progestina ou fazer a transição para 
ACOs. O estrogênio sem contraposição não deve 
ser usado como tratamento de longo prazo. 
 
 Sistema intrauterino de levonorgestrel (SIU-
LNG) é um importante procedimento terapêutico, 
altamente recomendado, que consiste na inserção 
de um dispositivo intrauterino (DIU) medicado 
com levonorgestrel, com liberação de 20 mcg/dia 
por um período de 5 anos. Este método promove 
oligomenorréia na maioria das pacientes nos 
primeiros seis meses, acompanhado de amenorréia 
entre 71 a 96% das usuárias. Esta modalidade 
terapêutica pode representar uma redução de 60% 
nas indicações cirúrgicas nos casos de SUA. 
 
 Contraceptivos orais combinados utilizados em 
regimes cíclicos mensais, contínuos ou com 
intervalos trimestrais, resultam em controle 
adequado dos sangramentos uterinos. Entre as 
inúmeras formulações contraceptivas 
estroprogestativas atualmente disponíveis, a 
combinação de valerato de estradiol e dienogeste 
em regime dinâmico, demonstrou evidente 
eficácia na redução do volume de sangramento 
quando comparado ao placebo em estudo 
multicêntrico, controlado e randomizado. 
 
 Anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) 
também produzem diminuição do fluxo menstrual, 
sendo que estas reduções variam de 16,2% 
(ibuprofeno), 26,4% (naproxeno), 26,9% 
(diclofenaco) a 29% (ácido mefenâmico). Os 
AINE são menos efetivos que o ácido 
tranexâmico, e devem ser administrados com 
cautela em pacientes com história de distúrbios de 
coagulação. 
 
 Progestagênio oral pode ser usado em mulheres 
com menorragia associada a ciclos menstruais 
irregulares por insuficiência lútea, no regime de 
12 a 14 dias por mês. Esse uso não deve ser 
recomendado nos casos de aumento de fluxo 
menstrual associado a ciclos regulares, pois não 
há diferença deste regime terapêutico quando 
comparado com AINE, ácido tranexâmico e o 
sistema intrauterino de levonorgestrel (SIU-LNG). 
 
 Danazol: em função do alto custo e dos efeitos 
colaterais androgênicos não é recomendado 
rotineiramente no tratamento das menorragias. 
 
 Análogo do Hormônio Liberador de 
Gonadotrofina (GnRH) reduz o sangramento 
menstrual, porém apresenta importantes efeitos 
colaterais como sintomas vasomotores 
perimenopáusicos, náuseas, cefaleias e redução da 
densidade mineral óssea. 
 
Recomendações finais 
• Na avaliação etiológica do SUA, sempre, seguir 
o acrômio PALM-COEIN. 
• Para diagnóstico do SUA, deve-se inicialmente 
excluir gravidez nas mulheres em idade fértil e 
realizar uma avaliação ultrassonográfica pélvica 
para verificar se o SUA é de etiologia estrutural 
ou não. 
• O tratamento do SUA depende de sua etiologia. 
Em geral, enquanto o SUA de etiologia estrutural 
é tratado cirurgicamente, o SUA não estrutural é 
tratado clinicamente.• O tratamento cirúrgico do SUA não estrutural 
está indicado na falha do tratamento clínico. 
• O SUA agudo com repercussão hemodinâmica 
requer estabilização da mulher antes da 
investigação etiológica. 
• No SUA agudo, em geral, a primeira linha de 
tratamento é medicamentosa, ficando o tratamento 
cirúrgico para a falha ou contraindicação a 
tratamento clínico ou nos casos de instabilidade 
hemodinâmica importante. A curetagem uterina, 
além de auxiliar na parada do sangramento agudo, 
fornece material para estudo histológico do 
endométrio. É relevante em mulheres na 5º 
década, obesas, hipertensas ou que já tenham feito 
uso repetitivo de esteroides sexuais. 
 
REFERENCIAS 
Sangramento uterino anormal. -- São Paulo: 
Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2017. 
Passos EP, Ramos JGL, Martins-Costa SH, 
Magalhães JA, Menke CH, & Freitas F. Rotinas 
em ginecologia. 7.ed. Brasil: Artmed; 2017. 
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