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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE GESTÃO DE FARMÁCIAS E DROGARIAS Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE GESTÃO DE FARMÁCIAS E DROGARIAS MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 PERFIL DO VAREJO FARMACÊUTICO 2 O PAPEL DA FARMÁCIA E DOS FARMACÊUTICOS 3 INTRODUÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA GESTÃO 4 PSICOLOGIA DO CONSUMO 4.1 FREQUÊNCIA DE COMPRA 4.2 PLANEJAMENTO DE COMPRA 4.3 TEMPO DE PERMANÊNCIA 4.4 INTENÇÃO DE GASTO 5 CICLO DE PRODUÇÃO-CONSUMO E MARKETING PROMOCIONAL 5.1 MERCHANDISING 5.2 SAMPLING 5.3 DEMONSTRAÇÃO 5.4 EXPERIMENTAÇÃO 5.5 BRINDES 5.6 CARTÃO FIDELIDADE 5.7 CUPONAGEM MÓDULO II 6 “LAYOUTIZAÇÃO” 7 GERENCIAMENTO DE CATEGORIAS 8 MIX DE PRODUTOS E SERVIÇOS 9 GESTÃO DE ESTOQUE 10 ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR 10.1 ABORDAGEM 10.2 DIAGNÓSTICO 10.3 RECOMENDAÇÃO AN02FREV001/REV 4.0 4 MÓDULO III 11 LEGISLAÇÃO APLICADA AO VAREJO FARMACÊUTICO 11.1 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES SANITÁRIAS 12 ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS MÓDULO IV 13 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E CONTÁBIL 14 FORMAÇÃO DE PREÇO 15 GESTÃO TRIBUTÁRIA E ANÁLISE DE MARGEM 15.1 LUCRO REAL 15.2 LUCRO PRESUMIDO 15.3 SIMPLES NACIONAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO I 1 PERFIL DO VAREJO FARMACÊUTICO O mercado farmacêutico brasileiro é um dos maiores mercados mundiais e podemos dizer que a mudança do cenário no canal, que caracteriza o perfil atual do varejo farmacêutico, teve início em 1999, com a Lei 9787/99 (Lei dos Medicamentos Genéricos), responsável pela maior diversificação dos produtos nas prateleiras, principalmente da categoria de higiene e beleza, que hoje, nas drogarias, é responsável por 25% a 40% do faturamento global. De todas as categorias de higiene e beleza, a de cosméticos ganhou extrema importância no mercado, tornando o varejo farmacêutico um canal de referência. Sendo que grande parte do faturamento está atrelada a produtos premium, consolidando a transição do modelo de “estabelecimento de venda de medicamentos” (no final da década de 90) para um formato de drugstore (modelo atual), onde os serviços farmacêuticos foram ganhando espaço, o mix de produtos foi ampliado e o core business (essência) do canal está mais próximo de oferecer serviços de saúde e bem-estar do que apenas venda de medicamentos. Essa transição do formato do canal “farma” também nos obriga a analisar o mercado de consumo no varejo farmacêutico de acordo com o comportamento das diversas categorias e o impacto delas nas diferentes regiões do país, conforme mostram os gráficos a seguir. AN02FREV001/REV 4.0 6 GRÁFICO 1 - MERCADO DE CONSUMO X MIPS (MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO) FONTE: Intelligence Applied (IMS), Pharmanager, 2013. GRÁFICO 2 - MERCADO DE CONSUMO X PERSONAL CARE NO VAREJO FARMACÊUTICO FONTE: Intelligence Applied (IMS), Pharmanager, 2013. AN02FREV001/REV 4.0 7 GRÁFICO 3 - MERCADO DE CONSUMO X PATIENTE CARE FONTE: Intelligence Applied (IMS), Pharmanager, 2013. GRÁFICO 4 - MERCADO DE CONSUMO X NUTRITION FONTE: Intelligence Applied (IMS), Pharmanager, 2013. Assim, temos um cenário de faturamento anual de R$ 22,8 bilhões, cujos mercados de Personal Care, Patient Care e Nutrição atingem um valor de, aproximadamente, R$ 14 bilhões (valores auditados em 2012), nos mostrando que o consumidor do varejo farmacêutico já entende o canal como estabelecimento AN02FREV001/REV 4.0 8 especializado em saúde de forma ampla, cabendo aos gestores do canal (e isso inclui o farmacêutico, já que o papel do profissional não pode se restringir à área técnica) não negligenciar os diversos segmentos e categorias que complementam o canal, que já não se restringe aos medicamentos. 2 O PAPEL DA FARMÁCIA E DOS FARMACÊUTICOS A prestação de serviço no canal farmacêutico é imprescindível e o acesso a esse conjunto de serviços inerentes ao setor precisa ser detectado facilmente tanto na estrutura do estabelecimento, como na postura dos farmacêuticos. O farmacêutico precisa estar presente “na loja toda, além do balcão”, ou seja, ele precisa estar preparado não apenas para dar orientações sobre os medicamentos que dispensa, mas precisa estar atento a orientar seus clientes a prevenirem doenças e/ou a complicação delas, a ajudar a otimizar a vida desses clientes ao ensiná-los a manusearem os aparelhos que compram, a fazerem o uso correto de produtos de higiene e cosméticos. Ou seja, o farmacêutico precisa fazer parte do todo e ser percebido como um profissional essencial e disponível. Concomitantemente, a farmácia ou a drogaria precisa oferecer aos seus clientes um ambiente agradável, confortável, com produtos limpos e bem sinalizados, adequando a loja com as necessidades do seu perfil de público. 3 INTRODUÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA GESTÃO O mercado tem procurado cada vez mais profissionais que participem da Administração e da Gestão das empresas, e no varejo farmacêutico não é diferente: cada vez mais requer profissionais completos, não apenas com os conhecimentos técnicos e legais, mas que tenham conhecimento amplo sobre todos os setores e atividades desenvolvidas na farmácia ou drogaria, possibilitando maior rentabilidade ao negócio em que está inserido. Assim, para ser um gestor do canal “farma”, é AN02FREV001/REV 4.0 9 necessário que as análises financeiras sejam realizadas por “Unidades Estratégicas de Negócio”, e a melhor maneira de avaliar o desempenho dessas unidades é classificando-as em categorias e subcategorias de produtos. A maneira mais simples de classificar as categorias é dividindo os Medicamentos de todos os outros produtos não medicamentosos disponíveis no canal, como mostram as tabelas a seguir. TABELA 1 - CATEGORIA MEDICAMENTOS E SUBCATEGORIA FONTE: Medley. TABELA 2 - CATEGORIA DE CONSUMO E SUBCATEGORIA FONTE: Medley. AN02FREV001/REV 4.0 10 Depois de classificadas, quinzenalmente ou mensalmente (depende do calendário de ações estratégicas e promocionais de cada empresa), é necessário coletar os dados de faturamento de cada categoria e subcategoria e analisá-los considerando: o resultado de faturamento do mesmo mês do ano anterior, com o objetivo de traçar o perfil de comportamento do setor levando em conta a sazonalidade; o resultado de faturamento do mês ou trimestre anterior, permitindo mensurar se a meta (mensal ou a média do trimestre) foi alcançada; o resultado do faturamento do panorama de mercado, permitindo visualizar como a sua empresa está com os índices compatíveis com o mercado nacional. Após análises das comparações de faturamento, é necessário sinalizar a potencialidade de cada categoria e subcategoria para que se estabeleçam as metas (mais ousadas ou ajustadas de acordo com o panorama do setor) para o próximo período. As metas precisam ser específicas, ou seja, devem ser pensadas para cada categoria e subcategoria, e atingíveis, pois de nada adianta estabelecer uma meta de crescimento superestimada se o cenário é totalmentedesfavorável ou se não é identificado o motivo pelo qual determinada categoria ou subcategoria não está acompanhando os índices de mercado. As tabelas a seguir resumem um modelo simples de Gestão por Unidade Estratégica de Negócio e podem ser facilmente adaptadas para a realidade de cada empresa. AN02FREV001/REV 4.0 11 TABELA 3 - MODELO DE GESTÃO POR UNIDADE ESTRATÉGICA DE NEGÓCIO CATEGORIA DE MEDICAMENTOS A coluna de Faturamento do Mês Anterior pode ser substituída pelo Faturamento da Média do Trimestre Anterior, de acordo com a estratégia de cada empresa. FONTE: Medley. TABELA 4 - MODELO DE GESTÃO POR UNIDADE ESTRATÉGICA DE NEGÓCIO CATEGORIA CONSUMO A coluna de Faturamento do Mês Anterior pode ser substituída pelo Faturamento da Média do Trimestre Anterior, de acordo com a estratégia de cada empresa. FONTE: Medley. AN02FREV001/REV 4.0 12 4 PSICOLOGIA DO CONSUMO O perfil do consumidor de farmácia e drogaria tem passado pela mesma transição que o modelo de varejo farmacêutico: as pessoas têm ficado cada vez mais preocupadas em cuidar da saúde, buscam novos produtos e serviços para uma vida mais saudável e maior expectativa de vida. Assim como sugere Kotler (2000), estudar o comportamento do consumidor em todo seu processo de decisão, desde a escolha até o descarte de produtos, serviços, ideias e experiências, nos aproxima mais da realidade desse grupo de pessoas, o que torna mais fácil satisfazer suas necessidades, elaborando ações das mais simples às mais sofisticadas, como definição de preço, canal de distribuição, meios de comunicação, entre outros. Recente pesquisa realizada pelo Instituto POPAI descreve o perfil do consumo de clientes de farmácias e drogarias por meio de quatro indicadores principais: Frequência de Compra, Planejamento de Compra, Tempo de Permanência e Intenção de Gasto. Esses indicadores são de extrema importância para que cada empresa possa fazer sua análise e definir estratégias pontuais para oferecer serviços de acordo com o perfil e psicologia de consumo do seu cliente. 4.1 FREQUÊNCIA DE COMPRA A Frequência de Compra caracteriza-se pelos seguintes índices: 65% são mulheres; 83% são das classes B e C; 61% têm colegial completo; média etária de 20 e 39 anos; 83% vão sozinhos no estabelecimento; maior concentração de compra (56%) está no período da tarde. AN02FREV001/REV 4.0 13 4.2 PLANEJAMENTO DE COMPRA Quanto ao Planejamento de Compra, 91% dos consumidores não levam lista de compras, sendo que: 61% não sabem o que vão comprar (buscam sugestões, indicações); 26% sabem o que vão comprar; 4% têm prescrição médica. 4.3 TEMPO DE PERMANÊNCIA O tempo médio de permanência no canal “farma” é de cinco minutos, sendo: 60% vão direto ao balcão de medicamentos; 33% dos que foram até o balcão param para olhar outras seções. 4.4 INTENÇÃO DE GASTO O ticket médio do canal “farma” é de R$ 12,00, sendo que quando localizados em shopping centers, o ticket chega a ser o dobro. 58% buscam medicamentos; 22% buscam produtos de higiene pessoal; 12% buscam cosméticos; 7% buscam produtos para bebês; 2% buscam alimentos, sendo 1% do mix de bomboniere; 2% buscam bebidas. O cliente do canal “farma” é cada vez mais um “cliente multicanal”. Ele não se direciona a um estabelecimento farmacêutico apenas para comprar produtos, AN02FREV001/REV 4.0 14 mas sim soluções, assistência e atenção para seus problemas de saúde, tornando cada vez mais necessário proporcionar serviços e experiências para seus clientes. Para entender melhor as necessidades do cliente, é interessante diferenciá- lo entre consumidor e shopper (pessoa que realiza a compra, independentemente se é ou não consumidora do produto que está sendo comprado), pois seu papel no ponto de venda é de extrema importância para sustentar as tomadas estratégicas. Um exemplo é entender a percepção do shopper quando ele entra na farmácia ou drogaria e detectar quais os estímulos que o leva a permanecer mais tempo em determinadas seções até decidir pela compra. Preocupar-se em manter a rapidez do atendimento no checkout (e preparar a equipe de funcionários a tomar decisões quando as filas se tornam muito grandes), uma loja limpa, iluminada, sem “barreiras” na entrada e nos corredores, fazem com que alguns imprevistos não sejam supervalorizados pelo cliente evitando que haja reclamação ou até mesmo que ele saia da loja sem comprar o que já tinha escolhido. Assim como filas gigantescas e demoradas, o famoso “caiu o sistema” também leva o cliente a desistir da compra, e uma simples gentileza como ter um café à disposição do cliente para que ele aguarde a resolução do problema pode amenizar os possíveis contratempos. A figura a seguir mostra a percepção negativa em uma farmácia ou drogaria: fila grande no checkout e uma mãe carregando uma criança no colo sem estar em uma fila preferencial, evidenciando despreparo em atender uma norma legal e desgastando a imagem da loja. FIGURA 1 - FILA NO CHECKOUT FONTE: Disponível em: <http://www.coloribus.com/adsarchive/prints/online-drugstore-checkout-line- 1633155>. Acesso em: 10 out. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 15 Já a diferença entre as figuras 2 e 3 evidencia a percepção do cliente e sua escolha: uma loja bagunçada, com a entrada cheia de produtos obstruindo a passagem (Figura 2) e a outra com totalmente clean, bem sinalizada (Figura 3). FIGURA 2 - VISÃO DA FRENTE DE UMA DROGARIA FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/- XnIbt03pJv0/TbFz6sNyWVI/AAAAAAAACWo/B6LMB93_XIo/s400/araujo%2Bfachada.gif>. Acesso em: 8 dez. 2013. FIGURA 3 - VISÃO DA FRENTE DE UMA DROGARIA FONTE: Arquivo BloodBuzz Marketing. AN02FREV001/REV 4.0 16 A Figura 4 sugere como é simples ter um espaço próximo do balcão onde é possível oferecer um café para o cliente enquanto é realizada a dispensação de medicamentos, a consulta de preço, ou qualquer outro procedimento que necessite que o cliente aguarde. É gentil, “quebra barreiras” e faz com que o cliente fique mais tempo dentro da farmácia ou drogaria sem que haja reclamação ou qualquer vestígio de impaciência. FIGURA 4 - ESPAÇO PARA OFERECER CAFÉ FONTE: Arquivo BloodBuzz Marketing Outro ponto importante a ser considerado ao estudar os hábitos e a psicologia de consumo é a segmentação de mercado presente nos mais diferentes tipos de negócios que implica na diferenciação de produtos e serviços. Um exemplo que pode ser facilmente percebido é o aumento da demanda por produtos e serviços direcionados à terceira idade. O aumento do envelhecimento populacional gera uma demanda de serviços e produtos que nem sempre são pensados para satisfazer as necessidades desses clientes. As figuras 5 e 6 ilustram bem o que pode ser feito em farmácias de manipulação e em drogarias: ambas oferecem conforto aos clientes, principalmente aos idosos, e não exigem um grande investimento. AN02FREV001/REV 4.0 17 FIGURA 5 - RECEPÇÃO DE FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.cuiket.com.br/empresa/precisao-farmacia-de-manipulacao- curitiba_5000617.html>. Acesso em: 11 out. 2013. FIGURA 6 - ESPAÇO DE DESCANSO E ESPERA EM DROGARIA FONTE: Disponível em: <http://www3.informazione.com.br/cms/opencms/santos/projetos/ar_co/subsecao_modelo/0049.html> . Acesso em: 11 out. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 18 O consumo responsável, assim como o consumo prático, também são fortes indicadores de mudança de hábito da população: o aumento da conscientização socioambiental e da valorização da saúde e a falta de tempo em decorrência da locomoção entre trabalho, estudo e casa, são responsáveis pelabusca de serviços de qualidade, que otimizem o tempo e atendam as necessidades de mercados específicos. Caso a farmácia ou drogaria tenha um mix de produtos orgânicos (suplementos nutricionais, maquiagens, cosméticos) é importante que tenha uma exposição destacada, pois há um público crescente em busca desse tipo de produto. O mesmo acontece com o estacionamento: é preciso considerar que haja espaço bem sinalizado para o cliente estacionar sem precisar se preocupar, conforme mostra a figura a seguir. FIGURA 7 - ESPAÇO PARA ESTACIONAMENTO FONTE: Disponível em: <http://www3.informazione.com.br/cms/opencms/santos/projetos/ar_co/subsecao_modelo/0049.html>. Acesso em: 11 out. 2013. O estacionamento é um dos pontos considerados na escolha da farmácia ou drogaria, principalmente quando ela se encontra em uma região pouco comercial e em avenidas expressas. Além de tornar o processo de compra mais rápido, o cliente considera que pagar um estacionamento ou ter de deixar o carro na rua e caminhar até a loja não torna a escolha tão vantajosa, optando pela loja que oferece esse espaço. AN02FREV001/REV 4.0 19 Outro serviço que pode ser oferecido para os clientes que optam pela praticidade é a entrega em domicílio (delivery) e loja virtual (e-commerce). Embora esses dois canais exijam o cumprimento de regras e normas de dispensação de medicamentos específicas, são considerados alternativas bem apreciadas pelos clientes. O que não pode deixar de ser considerado é o fato de o cliente estar cada vez mais exigente tanto na escolha dos serviços que tragam praticidade, quanto na busca de informações sobre os produtos expostos, que se estende desde as suas respectivas indicações até a composição, processos produtivos e credibilidade dos fornecedores. Além do farmacêutico, que traz a credibilidade e segurança do canal “farma”, é importante que haja um espaço bem ambientado, delimitado para segmentos especiais, como dermocosméticos e suplementos nutricionais, e uma equipe que conheça os produtos além do que está dentro do balcão, que saiba dar orientação segura. Enfim, o comportamento de consumo, como descrito por Blessa (2009, p. 43) “é definido como comportamento de procura, compra, uso e avaliação de produtos e serviços” e todas essas variáveis precisam ser consideradas para elaborar estratégias de marketing, que compreende desde a “layoutização” da loja até a otimização dos serviços oferecidos. 5 CICLO DE PRODUÇÃO-CONSUMO E MARKETING PROMOCIONAL Em um mercado cada vez mais competitivo, é imprescindível que o varejo farmacêutico identifique oportunidades e tenha um relacionamento estreito com a indústria para embasar suas decisões. E, para isso, é necessário que o ciclo de produção-consumo seja bem estruturado. A integração do consumidor no ciclo é essencial, pois é a chave para competir e se diferenciar de outras empresas concorrentes, conforme mostra a figura seguinte. AN02FREV001/REV 4.0 20 FIGURA 8 - CICLO PRODUÇÃO-CONSUMO FONTE: Adaptado de Blessa, Merchandising Farma: A Farmácia do Futuro, 2009. Enquanto a indústria farmacêutica é responsável pelo lançamento dos produtos e a divulgação dos mesmos por meio da propaganda, o varejo farmacêutico precisa estar bem informado, acompanhando esses lançamentos para, junto da indústria, adequar as ações de merchandising sugeridas pela indústria de acordo com o perfil e necessidade do seu cliente. A compra efetiva só irá existir se este ciclo estiver bem estruturado e para isso pode-se utilizar diversas técnicas de marketing promocional. Ao contrário do que é disseminado, promoção não é sinônimo de “liquidação ou desconto”, promoção é o ato de promover e o Marketing Promocional tem como objetivo promover um produto ou determinado serviço e dar seu respectivo valor de percepção no canal de venda. O famoso “desconto” é uma das várias técnicas do Marketing Promocional, mas não deve, em hipótese alguma, ser confundido como se fosse o conceito da ferramenta. Além disso, ao elaborar um Plano de Marketing Promocional deve ser considerado todo o ciclo de produção-consumo, afinal, como sinalizado por Madia (2007, p. 247): “A regra de ouro do marketing moderno é conhecer globalmente, pensar nacionalmente e agir localmente.” Propaganda Informação Divulgação Consumido r Merchandising PDV Desejo Necessidade Indústria Produtos Marketing AN02FREV001/REV 4.0 21 5.1 MERCHANDISING Uma das principais técnicas do Marketing Promocional é o Merchandising, e, conforme descreve Zenone e Buairide (2005, p. 123): “É o planejamento e a operacionalização de atividades que se realizam em estabelecimentos comerciais, especialmente em lojas de varejo e autosserviço.” Uma exposição de produtos bem planejada não somente valoriza o mix de produtos oferecidos na loja, como torna a compra, que muitas vezes é iniciada por uma necessidade, uma compra correlata. Ou seja, uma boa exposição facilita a compra de diversos produtos que não estavam na lista de urgências, mas que acabam complementando a necessidade inicial, otimizando o tempo e os custos secundários do cliente (como por exemplo, estacionamento), reduzindo os custos do estabelecimento com estoques desnecessários, como é comum observar no varejo, e, consequentemente, aumentando o ticket médio da loja. A próxima figura ilustra como uma exposição mal elaborada pode fazer com que o cliente não localize os produtos com facilidade: gel de cabelo junto com shakes e suplementos nutricionais. FIGURA 9 - GÔNDOLA MAL PLANEJADA FONTE: Arquivo BloodBuzz Marketing. AN02FREV001/REV 4.0 22 O ideal seria que a gôndola estivesse exposta com um mix de produtos coerente com as necessidades de um determinado perfil de cliente: os shakes e os suplementos nutricionais direcionados para emagrecimento ou ganho de massa “conversa” mais diretamente com um nicho de público e seria interessante agrupá-los em um local que “converse” com o cliente, como mostra a figura a seguir. Logo, a chance do cliente se interessar pela gôndola é grande, pois traz novidades e complementos para a sua necessidade e a loja ganha em explorar melhor os espaços. FIGURA 10 - SUGESTÃO PARA PRATELEIRA DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS FONTE: Conbrafarma, 2012. Em contrapartida, a Figura 11 ilustra a exposição de um mobiliário na sessão infantil bem planejada, trazendo não somente o mix de fraldas (que é o produto destino da categoria infantil), mas os demais mix de produtos considerados correlatos (como lenço umedecido, talco, xampu, condicionador, pomadas e cremes para assaduras, entre outros). Porém, ainda assim há uma falha importante na sessão: a falta de sinalização com letreiros na parte iluminada do mobiliário. AN02FREV001/REV 4.0 23 FIGURA 11 - MOBILIÁRIO DA SESSÃO INFANTIL FONTE: Arquivo BloodBuzz Marketing. Ao contrário da Figura 11, a Figura 12 traz a comunicação da sessão infantil bem sinalizada. FIGURA 12 - SINALIZAÇÃO DA SESSÃO INFANTIL FONTE: Disponível em: <http://www.tpharma.pt/projectos/galeria-detalhe.php?id=40>. Acesso em: 14 out. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 24 Já a Figura 13 mostra como promover uma marca logo na entrada da loja (uma das zonas mais quentes para técnicas de merchandising) de maneira sutil, sem agredir o layout da loja e sem dificultar a entrada do cliente. FIGURA 13 - MERCHANDISING NA FRENTE DA LOJA FONTE: Arquivo BloodBuzz Marketing. 5.2 SAMPLING FIGURA 14 - SAMPLING FONTE: Arquivo BloodBuzz Marketing. AN02FREV001/REV 4.0 25 Outra ação de Marketing Promocional bastante utilizada no canal “farma” é a distribuição de amostras de produtos, também conhecida como Sampling. A interação entre indústria e varejo é essencial parapromover esse tipo de ação, pois o objetivo é reforçar a imagem do produto e, muitas vezes, lançar um novo produto no mercado. Este tipo de ação também fica restrita a categoria de não medicamentos, pois, conforme a RDC 60/09, é proibida a distribuição de amostras de medicamentos, sejam eles isentos ou não de prescrição, em farmácias ou drogarias. 5.3 DEMONSTRAÇÃO FIGURA 15 - DEMONSTRAÇÃO FONTE: Arquivo BloodBuzz Marketing. Para esse tipo de ação é muito importante que se tenha um(a) promotor(a) bem treinado(a), pois o objetivo é que o cliente conheça melhor o produto e aprenda a utilizá-lo corretamente (conforme ilustra a próxima figura). Detalhe aparentemente simples, mas que infelizmente acontece, é a falta de comunicação em todos os departamentos da empresa: se uma ação de demonstração vai acontecer em determinada loja ou em um grupo de lojas, o estoque tem de direcionar uma quantidade maior desse produto durante o evento, além disso, não é apenas o(a) promotor(a) que tem de conhecer bem o produto, e sim toda a equipe da loja. Precisa haver uma interação para que esse tipo de ação dê resultados. AN02FREV001/REV 4.0 26 5.4 EXPERIMENTAÇÃO FIGURA 16 - EXPERIMENTAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://ccrdesign.com/wp- content/uploads/2012/02/EspacoLoreal_lojaOnofre.jpg>. Acesso em: 15 out.2013. Testadores e displays podem ajudar muito o cliente a ter contato direto com determinado produto, sem precisar da contratação de um(a) promotor(a). Esse tipo de ação é muito utilizado para promover maquiagens e cosméticos (conforme mostra a figura seguinte, com o mobiliário da L’Oreal de maquiagens), podendo ser bem adaptado para outras categorias. 5.5 BRINDES Os brindes são sempre “um convite” para que o cliente opte por levar um determinado produto. Também devem estar bem sinalizados, evitando que o cliente entenda errada a campanha ou considere uma “propaganda enganosa”. O brinde sempre estará acompanhando a venda de um determinado produto ou conjunto. AN02FREV001/REV 4.0 27 FIGURA 17 - BRINDES FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-jUKe1hj0d1o/Uk- iVlPAw8I/AAAAAAAAHNY/8Vfxb6NFCVU/s640/Sem+t%C3%ADtulo.png>. Acesso em: 15 out. 2013. 5.6 CARTÃO FIDELIDADE Hoje, quase todo mundo tem inúmeros cartões em suas carteiras, muitos deles somente utilizados na “primeira compra” para ganhar um desconto. O problema é que muitas farmácias e drogarias deixam de se relacionar com seus clientes por não utilizarem bem esse tipo de ação. O “cartão fidelidade” poderia ser mais bem trabalhado pelo canal “farma”, mostrando aos seus clientes vantagens realmente consistentes em utilizá-lo. Quantas vezes nos deparamos com relações absurdas de pontuação, onde é oferecido ao cliente trocar seus pontos por coletâneas de CDs? Será que o canal “farma” não poderia ser mais cuidadoso em considerar as reais necessidades dos seus clientes em paralelo com as condições de premiação da empresa? Será que oferecer sessões de massoterapia, drenagem linfática, aulas de ginástica, pilates, não é mais condizente ao cliente do canal “farma” do que trocar pontos por CD ou faqueiro? Resumindo, o cartão fidelidade, quando bem trabalhado, torna a relação entre marca e cliente mais próxima, bem como para a empresa, é a principal ferramenta de coleta de dados sobre o hábito de consumo de seus clientes, podendo assim, sempre ter informações atualizadas e exatas sobre o seu mercado para embasar suas estratégias. AN02FREV001/REV 4.0 28 FIGURA 18 - CARTÃO FIDELIDADE FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/- ywIOuMKZO88/TY0oMrirAwI/AAAAAAAAEgs/jukQZlWwL2w/s1600/a.bmp>. Acesso em: 15 out.2013 5.7 CUPONAGEM A distribuição de cupons de desconto é outra ação promocional frequentemente utilizada no canal “farma” por meio de folhetos e revistas do segmento. Atualmente, com as empresas de compras coletivas, a ação ficou ainda mais conhecida, mas também é alvo de bastante crítica, pois o objetivo desse tipo de ação é trazer novos clientes para que a equipe de loja seduza o cliente pela oferta de serviços e bom atendimento, ou então, no caso do canal de loja virtual (e- commerce), o cliente possa conhecer o site e experimentar uma nova opção para fazer suas compras. O problema é quando a equipe não está preparada para oferecer um atendimento de qualidade, a loja virtual tem problemas de acesso ou ainda há falta do produto que foi ofertado no cupom. Nesses casos, toda a ação reverte em um resultado negativo, muitas vezes, sem retorno do cliente. AN02FREV001/REV 4.0 29 FIGURA 19 - CUPOM FONTE: Disponível em; <http://1.bp.blogspot.com/- iS0uRZZgQQI/TlxM3M3_9sI/AAAAAAAABR0/NsTlp-lzPKc/s1600/mat_y9p7.jpg>. Acesso em: 15 out. 2013. O que não pode ser esquecido em qualquer tipo de ação promocional é estabelecer metas e técnicas de mensuração de resultados. Nenhuma campanha, da mais simples a mais sofisticada, pode simplesmente ter como parâmetro o feeling. Outro erro constante é realizar várias ações ao mesmo tempo, impedindo que se detectem os indicadores que levam o cliente a entrar na loja e a comprar. Assim como mencionado no início do capítulo, o Marketing Promocional deve considerar todo o ciclo de produção-consumo e sempre incluir o cliente em suas decisões. O melhor do módulo nem sempre é o melhor do todo, e nenhuma ação, por mais sedutora que possa parecer, pode ser contraditória ao posicionamento da empresa ou ir contra o perfil de seus clientes. Para finalizar o módulo, conforme Drucker: “Conquistar clientes jogando os preços lá embaixo, só tem um efeito certo e mais conhecido como efeito bumerangue: a vítima será a própria empresa” (MADIAMUNDOMARKETING, 2010, p. 65). FIM DO MÓDULO I
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