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ENSAIOS_Interdisciplinaridades_e_Pesquis

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Claudio de Musacchio
Ensaios
Interdisciplinaridades 
e Pesquisas Científicas em Sala de Aula
Ensino para além da Escola
A educação que se quer para o século XXI
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
ISBN: 978-85-7592-229-3
Editora Alcance - Rua Bororó, 5 - CEP 91.900-540 - Vila Assunção
Porto Alegre/RS - Fone/Fax: (51) 3307 0221 / 3307 0233
www.editoraalcance.com.br - atendimentoalcance@gmail.com
Contatos MSN: editoraalcance@hotmail.com - Skype: editora.alcance
M985e Musacchio, Claudio de.
 Ensaios : interdisciplinaridades e pesquisas científi cas em sala de aula / Clau-
dio de Musacchio ; [ilutrado por] Rubens Renato Abreu.
 – Porto Alegre : Alcance, 2012.
 254p. ; 16 x 23 cm
 1. Educação. 2. Ensino. 3. Interdisciplinaridade. 4. Pesquisa científi ca.
I. Título.
CDU: 37.01
CDD: 370.1
© by Cláudio de Musacchio
Direitos autorais reservados
Revisão: do autor
Editoração eletrônica e capa: Rafael Porto e Priscila Garcia
Arquivo digitado e corrigido pelo autor, com revisão fi nal do mesmo,
autorizando a impressão da obra
Editor: Rossyr Berny
Contato com o autor: musacchio@portaleadbrasil.com.br
 
Para conhecer mais autores da Alcance acesse:
www.youtube.com e procure por Editora Alcance
Bibliotecária: Simone da Rocha Bittencourt – 10/1171
A interdisciplinaridade consiste em 
trabalho de equipe, colaborativo, e este, 
parece ser o grande desafio de nossos 
tempos. Não aprendemos a trabalhar 
de forma integrada, privilegiando o pen-
samento coletivo. Temos que evoluir no 
método.
As disciplinas que estão fragmenta-
das num modelo hiper-especialista de 
estudar os fenômenos naturais; o do-
cente também é fragmentado em seus 
“cercadinhos” epistemológicos. Temos 
que evoluir na capacitação e habilidade 
das praxiologias docentes para posturas 
interdisciplinares e transdisciplinares.
Cláudio de Musacchio
Ensaios
Interdisciplinaridades 
e Pesquisas Científicas em Sala de Aula
Ensino para além da Escola
A educação que se quer para o século XXI
Apresentação
Os Ensaios consistem de uma coletânea de artigos escritos para 
sensibilizar gestores de escolas e professores de todas as áreas de conhecimento 
para as questões da Interdisciplinaridade como metodologia a ser adotada na 
escola e os construtos epistemológicos que evidenciem uma postura voltada a 
comprovação científica dos fenômenos estudados e observados.
Apesar de surgir na década de 60, incentivada pela nova ordem que se 
estabelecia, aproximando o conhecimento com as necessidades do trabalho, 
e da primazia pela especialização, patrocinada pelos avanços tecnológicos e 
industriais, a interdisciplinaridade, timidamente, foi pouco a pouco, sendo 
inserida em contextos universitários, ligando os conhecimentos específicos de 
graduação. No ensino superior, a interdisciplinaridade promoveu, em alguns 
casos, o nascimento de novas ciências, de tal ordem e força que as análises 
dos contornos das disciplinadas em discussão não conseguiram retornar aos 
seus pontos epistemológicos e pedagógicos de origem, originando em novas 
disciplinas. Isto ocorreu com as disciplinas de biologia e química, surgindo 
à bioquímica, biologia e mecânica, surgindo à biomecânica, só para citar 
algumas. Não significa que a interdisciplinaridade promova necessariamente 
saberes plurais, a ponto de gerar novas subdivisões curriculares. As concepções 
construídas dos saberes específicos podem gerar discussões nos contornos 
das ciências, gerando perguntas e respostas que não podem ser respondidas 
pelas ciências em separado, originando assim, o nascimento de novas 
epistemologias e pedagogias. Quando isso ocorre, uma nova disciplina surge 
no cenário dos saberes. Mas isso nem sempre ocorre, na maioria das vezes, 
a interdisciplinaridade ora aborda uma ciência, ora aborda outra ciência, e 
as discussões recebem contribuições de ambos os lados científicos, de muito 
enriquecimento e construção para todos os participantes.
Entretanto, na contramão do conhecimento disciplinar, especializado, 
fragmentado, direcionado a uma restrita direção, a interdisciplinaridade nos 
propõe a retomada do conhecimento, observando o cenário das disciplinas 
através dos contornos que as dividem, unindo-as na discussão e na reflexão 
e reconsiderando o viés epistemológico e pedagógico dos saberes distintos. 
O epistemológico enquanto atividade de investigação de uma disciplina, e o 
pedagógico enquanto atividade de ensino de uma área da ciência.
7Cláudio de Musacchio
Sendo assim, a ação interdisciplinar que se busca não é simplesmente a 
contribuição especializada de cada área de conhecimento, mas a compreensão 
de uma proposta que busca superar o olhar multi e pluridisciplinar, sugerindo 
o estabelecimento de múltiplas compreensões dos fenômenos observados, 
através do que é inter e transdisciplinar, conseguindo-se realizar uma análise 
multidimensional dos objetos estudados, estabelecendo-se os fundamentos de 
totalidade do conhecimento. A visão além do alcance disciplinar das ciências.
Os ensaios desta obra possuem este propósito e este viés, que é o de 
levar aos professores do ensino básico, fundamental e médio, a possibilidade 
de se instalar a interdisciplinaridade através da criação de oficinas 
extraclasses, onde as crianças dos três ensinos possam exercitar momentos 
interdisciplinares, desenvolver pesquisas científicas em sala de aula, e 
envolver-se coordenadamente no sentido de trabalharem em equipe com as 
várias disciplinas.
Divididas em núcleos, os ensaios sugerem alguns temas para serem 
trabalhados, ao mesmo tempo em que oportuniza ações que podem ser 
desenvolvidas à luz da ciência científica, baseada nos experimentos, utilizando-
se de objetos do cotidiano para entender os fenômenos observáveis.
Ao mesmo tempo em que discute as intenções da interdisciplinaridade, 
construindo seu entendimento e embasamento teórico-filosófico, também 
capacita e habilita os professores para a implantação de momentos 
interdisciplinares, privilegiando metodologias de embate e discussões, ao 
invés de exposições passivas dos conteúdos.
Ao contrário do que muita gente imagina, a interdisciplinaridade é 
exercida quando dois ou mais professores, presentes em sala de aula, discutem 
temas comuns, sempre com a intervenção dos alunos para questionamentos 
ocasionais, ricas e imprescindíveis. Um professor, dominando várias ciências, 
não promove a interdisciplinaridade, mas contribui, fundamentalmente, para 
que ele entenda como interagir com outros professores presencialmente.
O grande desafio, portanto, daqui para frente, é oportunizar os professores, 
uma aprendizagem que inclua a interdisciplinaridade, que se pratique a 
interdisciplinaridade em seus cursos de formação docente. E para os professores 
experientes, que já exercem a docência, e quiserem incluir esta metodologia em 
sua praxiologia, devem se inserir nessas discussões, promovendo em sala de aula 
a discussão de seus temas curriculares, envolvendo dois ou mais professores, 
e permitindo que os atores: professores e alunos, participem desse processo de 
construção de conhecimento, transformando o ambiente escolar num grande 
laboratório de saberes, que se ajudam mutuamente.
8 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Aos gestores de escolas, o desafio da interdisciplinaridade, consiste 
em oportunizar ações como oficinas, eventos culturais, seminários, palestras, 
workshops, feiras, congressos e aulas especiais, efetuando pesquisas científicas 
e discutindo temas e fenômenos com a opinião de diferentes disciplinas.
O papel dos gestores vai além das questões burocráticas, abrange 
também gestão de processos de planejamento e implementação do PPP 
(projeto político pedagógico) e das propostas curriculares. Também recaí 
sobre o gestor da escola a melhoria e inovação da qualidade escolar. Sendo 
o gestor um catalisador, deve prever as possíveis soluções, e incentivador de 
transformações, inspirando os professores que estimulem, orientem e criemnovos paradigmas e metodologias na relação ensino-aprendizagem.
Compreender as ações propostas neste livro é nosso principal objetivo 
e as proposições aqui colocadas de maneira alguma encerram o assunto, pelo 
contrário, sugerem que estas ideias e sugestões sejam o início de um trabalho 
e metodologia que deve ser, dia após dia, investigada, aprimorada, consultada 
e publicada nos veículos específicos, para que mais professores conheçam 
suas implicações, dificuldades e sucessos das experiências vivenciadas na 
escola.
Se numa perspectiva, a escola, através das suas oficinas, pode oportunizar 
e praticar a interdisciplinaridade, através de atividades práticas e científicas, 
numa abordagem mais profunda, já em sala de aula, e tendo os professores 
compreendidos à intencionalidade da ação interdisciplinar dos encontros, os 
temas podem aproximar as disciplinas, descobrindo novos vieses sobre as 
ciências.
A multiplicidade de formações e capacitações que cada professor traz 
consigo, suas habilidades e qualidades, atitudes e aprendizagens técnico-
científicas, didático-pedagógicas, propiciam uma diversidade de perspectivas 
em suas praxiologias docentes, que permitem momentos de muita ludicidade, 
aprendizagem e construção de conhecimento. Além dos aspectos positivos da 
união e do encontro dos saberes em sala de aula, a riqueza das experiências 
dos professores e suas histórias de vida e o interesse dos alunos por temáticas 
transversais, propiciam momento de incrível troca, colaboração e interação.
O primeiro passo para um professor interdisciplinar é aceitar-se eterno 
aprendiz, entender que é parte de um projeto maior, parte de uma ciência 
integradora que luta para compreender-se em sua totalidade. Depois, promover 
a interdisciplinaridade criando projetos com outros professores para explicar 
os fenômenos estudados nas duas ou mais disciplinas envolvidas no projeto 
escolhido. Em seguida, experimentar a interação com os alunos, promovendo 
9Cláudio de Musacchio
o debate sobre o assunto escolhido, abordando ora uma disciplina, ora outra, 
e ainda, no contorno das duas disciplinas, onde os temas se misturam e se 
convergem. E, finalmente, ver com os próprios olhos, os resultados das 
interações, das colaborações, das perguntas realizadas pelos alunos e das 
respostas dos professores. 
As estratégias de ensino e aprendizagem que se experimentam em tais 
metodologias são transformadoras, revolucionárias, e desconcertam os atuais 
dogmas institucionalizados da educação, promovendo impactos profundos 
entre o pensamento e a ação, entre a teoria e a prática, é um novo paradigma, é 
uma nova capacitação e habilidade ao se produzir ciência, de refletir sobre os 
objetivos da educação que se deseja para o século XXI que se inicia e sobre a 
forma como as sociedades contemporâneas se organizarão para compreender 
essas mudanças.
Espero que a leitura desses ensaios permita a reflexão sobre suas 
praxiologias e sua didática. Independente das amarras legislativas e 
institucionais das escolas, professores e alunos, devem superar as dificuldades 
e promover os a interdisciplinaridade e incentivar os projetos de pesquisas 
que levem a experiências cientificas em sala de aula.
10 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Primeiro eu quero agradecer a todas as pessoas que de uma maneira ou 
de outra contribuíram para permitir a impressão desta obra. É sempre uma 
caminhada apaixonante até chegar a sua publicação. E outra caminhada, é 
o da divulgação, dos contatos, da participação dos congressos e feiras para 
levar esta ideia a todo lugar.
Quero agradecer imensamente a todos os profissionais que trabalharam 
na orientação e na produção deste livro. Aos colaboradores e professores 
que nos auxiliam, nos incentivam, e nos colocam o tempo todo em contato 
com o nosso senso crítico para que possamos adornar com beleza plástica, 
os ensinamentos para uma vida repleta de novas aventuras aonde as letras e 
as palavras como notas musicais, vão pouco a pouco entoando a música do 
saber.
Quero agradecer imensamente ao Professor e amigo Zaro que além de 
meu orientador no doutorado, é um grande amigo e parceiro nesta caminhada. 
Ao professor e amigo Fernando Schnaid, que juntamente com o professor 
Zaro, oportunizaram o projeto de pesquisa intitulado Paidéia, que busca 
incentivar o ensino experimental nos ensino básico, fundamental e médio.
Quero agradecer especialmente a minha esposa Maria de Los Angeles, 
a quem muitas vezes, negligenciei uma atenção maior e cuidados, aos meus 
sogros Carmem e Victório, que torcem pelo meu sucesso, aos amigos que 
conhecem meu trabalho e vêem minha preocupação diária com a qualidade 
do nosso ensino e da nossa aprendizagem.
E finalmente, agradecer a vida que levei até aqui, todas as conexões, 
contribuições, colaborações, cooperações, interações, sabores, dissabores, 
encontros e desencontros, aprendendo com as pessoas que elevam a nossa 
estima e reconhecendo àquelas que precisamos evitar, e muitos momentos 
de recomeço da vida atribulada, mas sempre na constante dose diária de 
aprendizagem que não se cansa de me surpreender e me fazer feliz.
Agradecimentos
11Cláudio de Musacchio
Prefácio
A proposta dessa obra se constitui em conhecer algumas questões 
relacionadas às práticas pedagógicas interdisciplinares, e como essas práticas 
se estabelecem numa dimensão institucional privilegiada essencialmente pelo 
regime curricular e disciplinar. Também procura discutir em que contexto 
didático elas podem acontecer, como elas se configuram na praxiologia docente, 
como é possível ouvir duas ou mais disciplinas em sala de aula auxiliando 
o processo de ensino-aprendizagem, e os primeiros passos que podem ser 
dados, sem se constituir em profundas mudanças institucionais ou econômico-
financeiras, embora estas abordagens devam ser consideradas num segundo 
momento.
A introdução de oficinas como forma de se atingir os objetivos propostos 
foi à maneira encontrada para mostrar aos alunos e professores como atuar 
em ambientes interdisciplinares, mesmo levando-se em consideração que as 
oficinas são, por natureza, interdisciplinares.
Os ensaios foram criados para sensibilizar professores e alunos do Projeto 
Paidéia. Este projeto é uma iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul em parceria com o Colégio Israelita Brasileiro, que servirá de laboratório de 
neuroeducação, para experimentações nas pesquisas que se pretende desenvolver 
e a implantação de metodologias e ações interdisciplinares. Aproveitaram-se as 
oficinas já existentes no Colégio para introduzir os conceitos e metodologias 
abordadas acima. As oficinas foram agrupadas por núcleos distintos: núcleo de 
ciência e tecnologia, núcleo educacional de empreendedores, núcleo de cultura 
e erudição, núcleo de produção musical.
Das oficinas existentes escolhemos doze, cujos temas pudessem ser mais 
bem trabalhados os conceitos interdisciplinares e as questões de experimentação 
científica em sala de aula. Em cada uma das oficinas, escolhemos dois momentos 
interdisciplinares, envolvendo dois ou mais professores: uma atividade no início 
da oficina e outra no final das aulas. Alunos e professores deverão construir 
um projeto de pesquisa envolvendo a interdisciplinaridade e a experimentação 
científica em sala de aula. No final todos darão seus depoimentos sobre a 
metodologia aplicada, resultados dos experimentos apurados e a construção de 
um artigo científico a ser publicado em periódicos respectivos aos assuntos 
construídos.
13Cláudio de Musacchio
Neste livro foi descrito um ensaio para cada oficina, dissertando 
sobre o tema proposto em cada uma delas, as epistemologias e pedagogias 
próprias, os conceitos devidamente esclarecidos, a questão da aplicação da 
interdisciplinaridade relativa ao tema estudado e a metodologia referente à 
experiência científica em sala de aula.
A análise dos resultados será publicada no segundo semestre de 2012, 
juntamente comos pareceres dos alunos, professores, gestão e pais. Queremos 
que toda a escola participe do projeto Paidéia que buscará na essência discutir 
metodologias e práticas pedagógicas que contemplem um ensino para além 
da escola e uma educação para toda a vida.
Estes resultados serão publicados no segundo volume de ensaios, com 
os respectivos resultados das pesquisas científicas realizados em sala de aula, 
os aspectos da interdisciplinaridade e a análise do projeto geral. O importante 
ressaltar no final do projeto é como os professores se sentiram diante das 
experiências de interdisciplinaridade?, como foram as trocas docentes diante 
dos alunos?, como os alunos se sentiram recebendo enfoques e epistemologias 
diferentes sobre os temas estudados?, e as experiências científicas em sala de 
aula, trouxeram mais luz aos entendimentos? Estas e outras questões terão 
respostas no final das oficinas e dos projetos de pesquisa escolhidos.
Também serão publicados os dados sobre as oficinas escolhidas para o 
segundo semestre, bem como os projetos de pesquisas para cada uma delas, 
gerando artigos no formato ensaios. Todos os artigos científicos gerados das 
pesquisas científicas em sala de aula e dos momentos interdisciplinares serão 
publicados no periódico intitulado Revista Paidéia, pela Editora Alcance, de 
publicação semestral, prevista para agosto e janeiro.
Os trabalhos também serão publicados em feiras e congressos nacionais 
e internacionais mostrando aos demais grupos de estudos destas metodologias 
à experiência vivenciada.
14 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Sumário
Apresentação .........................................................................................7
Agradecimentos ..................................................................................11
Prefácio ...............................................................................................13
Ensaios ................................................................................................17
Interdisciplinaridade: Discurso ou Praxiologia Docente ................... 23
A Interdisciplinaridade na Contemporaneidade: 
novos paradigmas para a praxiologia docente ................................... 39
Interdisciplinaridade: avanços e desafios ............................................57
NÚCLEO CIÊNCIA & TECNOLOGIA .............................................73
Educando com a Astronomia ..............................................................73
O uso da fotografia nos projetos pedagógicos da escola .....................87
Noções de eletrônica Básica na escola ................................................99
NÚCLEO EDUCACIONAL DE EMPREENDEDORES ................111
Educação Empreendedora nas Escolas .............................................112
Noções de educação ambiental e alimentar ......................................127
Projetos de Educação Ambiental ......................................................147
NÚCLEO CULTURA E ERUDIÇÃO ..............................................163
Mídias na Educação: histórias em quadrinhos ..................................164
Mídias na Educação: contador de histórias .......................................179
Mídias na Educação: ênfase em áudios e vídeos ..............................191
Produzindo brinquedos pedagógicos ................................................215
NÚCLEO PRODUÇÃO MUSICAL ................................................235
Educação e Produção Musical ..........................................................236
15Cláudio de Musacchio
Ensaios
A série Ensaios sobre a Interdisciplinaridade e pesquisa científica 
em sala de aula é o primeiro movimento nesta intrincada multiplicidade 
de aspectos e abordagens educacionais que se almeja para o século XXI. 
O atual regime educacional regido pela égide do sistema disciplinar, 
contempla um espectro de pouca ou quase nenhuma interação entre as 
diferentes áreas do saber. E para tentar diminuir ou trabalhar com as 
distâncias existentes é que se busca nestas duas metodologias a busca 
por uma educação escolar mais hegemonicamente linear, tentando 
compreender as dicotomias promovidas pela separação e especialização 
do conhecimento ao longo da História.
Nesta primeira abordagem em ambiente escolar, fruto da parceria 
entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Colégio Israelita 
Brasileiro, ambos de Porto Alegre - RS, e através do Programa de 
doutoramento Informática na Educação, da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul, na linha de pesquisa intitulada Paradigmas para a Pesquisa 
no Ensino Científico e Tecnológico, com a coordenação dos professores 
Drs. Milton Antonio Zaro e Fernando Schnaid e do doutorando Cláudio 
de Musacchio, pretende-se transcrever na forma de ensaios, os diferentes 
aspectos das possibilidades de implantação da interdisciplinaridade e 
do uso de pesquisas científicas em sala de aula como metodologia, para 
se atingir um ensino-aprendizagem que faça maior sentido, tanto para a 
praxiologia docente, quanto para o aluno.
A escolha das experimentações científicas ficaram a cargo dos próprios 
professores e coordenadores das oficinas escolhidas. A experimentação 
científica compreende o próprio evento da experimentação e professores 
convidados de outras áreas de conhecimento para fazerem o embate em sala 
de aula com os alunos na demonstração efetiva da interdsiciplinaridade. 
Não se trata, portanto, de demonstrar o que cada disciplina pode 
contribuir com os projetos de pesquisas escolhidos, mas de colocar os 
professores numa situação de confrontação colaborativa das distintas 
17Cláudio de Musacchio
ciências e epistemologias, demonstrando que é possível e necessária a 
troca, osdiferentes enfoques, e, principalmente, as contribuições vindas 
das áreas de contorno entre as ciências.
E o mais importante de toda a implantação de novas metodologias 
e paradigmas na escola é a participação ativa da gestão institucional da 
escola, dos seus diretores, das mantenedoras, sem a qual, qualquer vontade 
de mudança, fica reduzida ao nível da discussão e reflexão. Também é 
importante salientar que as Novas Diretrizes e Bases da Educação permite 
tais implementações e cita nos Parâmetros Curriculares Nacionais, em 
diferentes temas transversais, o uso intensificado da interdisciplinaridade 
como meta para corrigir as distorções oriundas da educação e do ensino 
fragmentado.
Nesta primeira abordagem, as aplicações da interdisciplinaridade 
e das pesquisas científicas serão realizadas numa série de oficinas já 
existentes na escola e posteriormente aplicações nas salas de aula do 
currículo normal. Para o procedimento inicial foram escolhidas doze 
oficinas espalhadas por quatro núcleos distintos: núcleo de ciência e & 
tecnologia, núcleo educacional de empreendedores, núcleo de cultura e 
erudição e núcleo de produção musical. O Colégio possui hoje mais de 
60 oficinas funcionando regularmente. Para o segundo semestre serão 
escolhidas outras doze oficinas para serem trabalhadas e assim por diante.
Dentro das oficinas escolhidas, algumas atividades foram 
transformadas em pesquisas científicas a serem realizadas durante o 
transcurso do primeiro semestre de 2012. Cada experiência científica terá 
um projeto de pesquisa, texto técnico e produção através de um artigo 
científico que será publicado num periódico e posteriormente em revistas 
científicas especializadas, conforme as áreas de conhecimento. Para cada 
oficina foi criado um artigo do tipo ensaio, para promover as primeiras 
discussões a respeito da metodologia de interdisciplinaridade a ser inserida 
na oficina e questões sobre a experimentação científica em sala de aula. 
Os ensaios escolhidos por núcleo de oficinas são:
18 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Núcleo de Ciência 
e Tecnologia
Astronomia I e II 6ª, 7ª e 8ª série Ensaio de Astronomia
Fotografia 8ª série e 1ª série Ensaio de Fotografia
EletrônicaBásica 8ª série e 1ª série Ensaio de Eletrônica Básica
Núcleo Educacional 
de Empreendedores
Empreendedorismo 2ª ano Ensaio Aprendendo a Empreender
Produção de Horta 1ª ano Ensaio Educação Ambiental e Alimentar
Patrulha Ecológica - Ensaio Projetos de educação ambiental
Núcleo de Cultura 
e Erudição
Histórias em 
Quadrinhos 8ª e 1ª séries
Ensaio Mídias 
Alternativas
Contadores 
de Histórias 7ª série
Ensaio Contadores 
de Estórias
Áudios e Vídeos 6ª série Ensaio Mídias na Educação
Brinquedos 
Pedagógicos 1ª e 2ª séries
Ensaio Produção 
de Brinquedos
Núcleo de Produção Musical
Educação e 
Produção Musical Todas as séries
Ensaio - Educação e 
Produção Musical
19Cláudio de Musacchio
A questão da aplicação da interdisciplinaridade como metodologia na 
escola ainda, passa nos dias de hoje, por uma nuvem de mistério quanto as 
suas reais possibilidades e resultados efetivos. Dependendo mais da postura 
dos professores e da gestão da escola em implantar novas metodologias que 
contemplem soluções que possam melhorar a formação dos indivíduos para 
a vida, para o mercado de trabalho e para a cidadania. Alguns centros de 
estudos já estão utilizando a interdisciplinaridade em seu fazer diário.
Os eventos científicos e as produções científicas em sala de aula 
têm parcialmente enveredado para atividades que contemplem ações 
interdisciplinares que apesar de não estarem no ementário dos currículos, já 
experimentam o embate entre diferentes áreas do conhecimento na busca de 
respostas às suas indagações aos projetos de pesquisas.
As oficinas se configuram num ambiente bastante propício para a 
prática da interdisciplinaridade por serem consideradas atividades livres. E 
podem introduzir os professores nesta modalidade dando-lhes a experiência 
necessária para levar este conhecimento e experiência para sala de aula. Os 
alunos se inscrevem expontaneamente e participam ativamente de todos 
os desafios e atividades propostase, que agora, podem aprender também as 
metodologias interdisciplinares com dois ou mais professores e projetos de 
pesquisas envolvendo experiências científicas.
Nesta configuração, o Projeto Paidéia pretende implantar na escola o uso 
efetivo da interdisciplinaridade como metodologia para integrar as disciplinas, 
os professores e os currículos, tornando a produção de conhecimentos menos 
complexa, a aprendizagem mais significativa e o ensino menos fragmentado.
Para isso, será implantado nas oficinas o forte conceito da 
interdisciplinaridade e da metodologia alternativa de experimentação 
científica, envolvendo mais de uma disciplina para demonstrar os conceitos, 
os conteúdos, promover discussões, visões diferentes, e discursos que se 
locupletem. Aos alunos será dado papel importante nesta movimentação, já 
que eles são os protagonistas do projeto de pesquisa. 
São eles que irão participar de todas as etapas e atividades para 
compreender não só os conteúdos abordados do tema da oficina, mas também 
da metodologia empregada, mostrando que o modelo interdisciplinar de 
educação busca a inter-relação com todas as áreas do saber, fortalece a 
interação necessária entre objetos e sujeitos promovendo maior ação e 
construção do conhecimento.
Concomitante ao movimento do Projeto Paidéia se pretende também 
avaliar o papel do docente nesta transformação educacional onde os conceitos 
20 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
epistemológicos e pedagógicos estarão sendo direcionados para a conexão 
necessária que deve existir entre as ciências, possibilitando que todos os 
atores envolvidos entendam as transformações que se estabelecem nos novos 
paradigmas para um ensino muito além da escola e uma educação para toda 
a vida.
Ferramenta EAD auxiliando o Projeto Paidéia
O Projeto Paidéia contará com o apoio didático-pedagógico de uma 
ferramenta EAD fornecida pelo PORTAL EAD BRASIL. 
Os professores receberão uma página na Internet onde poderão 
administrar e controlar as participações nas oficinas.
A ferramenta possui os seguintes recursos:
1. Conteúdo programático (contendo textos e figuras)
2. Arquivos adicionais (Word, Excel, PowerPoint, PDF, e outros)
3. Mídias de Áudios e Vídeos
4. Fóruns de Debates
5. Glossário de Termos Técnicos (criados pelos próprios alunos)
6. Chats (momentos síncronos)
7. Mensagens entre Alunos
8. Exemplos auxiliando os Textos
9. Exercícios (banco de questões)
10. Testes (banco de questões)
 A ferramenta possui gestão para controle e administração do 
aprendizado e do registro de todas as atividades propostas. A ferramenta 
será utilizada para que os alunos possam gerar as informações necessárias ao 
projeto na modalidade à distância, bastando para isso acessar a Internet pelo 
computador.
A interatividade e colaboração existente na ferramenta EAD será 
amplamente utilizada através de atividades nos chats e mensagens entre 
alunos, e nas construções coletivas dos recursos de fóruns e do glossário, 
construídos pelos próprios alunos.
A ferramenta poderá ser utilizada em sala de aula como livro-texto, 
banco de exercícios e testes, link para pesquisa e trabalhos extraclasse, 
atividades para discussão entre os alunos.
As experiências científicas realizadas em sala de aula serão 
disponibilizadas para as demais escolas que comporão o Projeto Paidéia. As 
transmissões poderão ser ao vivo, ou on demand, e a listagem das experiências 
gravadas ficarão a disposição dos alunos e professores no site do PORTAL 
EAD BRASIL. 
21Cláudio de Musacchio
Professores e alunos terão acesso à página através de senhas de 
identifi cação. Todos os formulários do projeto estarão disponíveis na página 
e deverão ser preenchidos em determinados momentos. Toda a literatura 
(livros, artigos, relatórios, textos técnicos e artigos produzidos pelos alunos 
estarão disponíveis na página conforme as ofi cinas trabalhadas.
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22 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Interdisciplinaridade: 
Discurso ou Praxiologia Docente
Resumo
O presente ensaio objetiva discutir os conceitos da interdisciplinaridade 
e sua complexidade e seus aspectos enquanto discurso e praxiologia docente. 
Em sua primeira análise percorre a trajetória da noção de disciplinaridade, 
segundo referencial epistemológico, cartesiano, e suas estruturas 
paradigmáticas em sua concepção unidisciplinar. Percorrendo em seguida 
pelas epistemologias hibridas e mestiças das novas ciências, e por último 
uma consideração a cerca dos projetos metodológicos e pedagógicos da 
docência segundo seus dois principais atores: docente e aluno. Finalmente, 
apresenta uma síntese da evolução necessária das ciências incluindo em seus 
construtos epistemológicos à existência de proposições que se configuram 
como interdisciplinaridade e transdisciplinaridade e como arcabouço de novos 
paradigmas que se desenham nos cenários educacionais e histórico-sociais.
Palavras-chave
Interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, teoria da complexidade, 
praxiologias docentes, novas ciências, novas docências.
Interdisciplinarity: 
Speech Teacher or Praxiology
Abstract
This paper discusses the concepts of interdisciplinarity and its 
complexity and its aspects as a discourse and praxiology teacher. In its first 
analysis examines the trajectory of the concept of disciplinarity, the second 
epistemological framework, Cartesian, and its paradigmatic structures in their 
design unidisciplinary. Traveling by then crossbred and hybrid epistemologies 
of the new sciences, and finally a considerationof some methodological and 
pedagogical projects of teaching according to its two main actors: teachers 
and students. Finally, we present a synthesis of the necessary evolution of 
the sciences in their epistemological constructs including the existence 
23Cláudio de Musacchio
of propositions that constitute the interdisciplinary and transdisciplinary 
framework and how new paradigms are emerging in educational settings and 
history-social.
Key words
Interdisciplinarity, transdisciplinarity, complexity theory, praxiologias 
teachers, new science, new docências.
Resumen
Este artículo discute los conceptos de interdisciplinariedad y de su 
complejidad y sus aspectos como un discurso y el maestro praxiología. En su 
primer análisis se examina la trayectoria del concepto de interdisciplinariedad, 
el marco epistemológico en segundo lugar, cartesiano, y sus estructuras 
paradigmáticas en su diseño unidisciplinario. Viajar en epistemologías 
continuación mestizos e híbridos de las nuevas ciencias, y, finalmente, 
la consideración de algunos proyectos metodológicos y pedagógicos de 
la enseñanza de acuerdo con sus dos actores principales: profesores y 
estudiantes. Finalmente, presentamos una síntesis de la evolución necesaria 
de las ciencias en sus constructos epistemológicos, incluyendo la existencia 
de proposiciones que constituyen el marco interdisciplinar y transdisciplinar, 
y cómo los nuevos paradigmas están emergiendo en los centros educativos y 
sociales-la historia.
Palavras clave
La interdisciplinariedad, transdisciplinariedad, la teoría de la 
complejidad, los maestros praxiologias, nueva ciencia, docências nuevos.
Introdução
“A capacitação e o desenvolvimento 
das habilidades para a docência que se 
espera na educação contemporânea, 
se constitui necessariamente em pra-
xiologias docentes que contemplem a 
interdisciplinaridade, a transdisciplinari-
dade e a atitude de eternos aprendizes.“
24 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Circundam nos meios acadêmicos, pesquisas 
e trabalhos de teóricos e educadores, articulações 
e discussões sobre as tendências epistemológicas 
e metodológicas como alternância a uma 
educação que se faz necessária para o século 
XXI. Nestas possíveis aplicações, embora ainda 
não se tenha uma métrica padrão estabelecida, a 
questão da interdisciplinaridade, bem como da 
transdisciplinaridade, tem promovido debates e questionamentos se estes 
paradigmas seriam considerados novos paradigmas ou possíveis retomadas às 
categorias epistemológicas existentes desde o início dos séculos a.C., quando 
Platão, Sócrates e seus discípulos detinham os conhecimentos abrangentes 
sobre as ciências, muito antes de o modelo cartesiano ser implantado nos 
meios educacionais.
Se o uso de tais metodologias ou epistemologias numa perspectiva 
teórica da complexidade sugere um movimento convergente para que se 
faça uma revisão sistemática das propostas de produção do conhecimento 
como alternativas ao paradigma dominante, dicotomizado, cartesiano, 
hiperespecializado, também sugere que estas discussões saiam do conforto do 
discurso pragmático e se embale no dorso altivo da praxiologia docente, para 
então se começar a vislumbrar matizes dessa educação que se vislumbra para o 
século XXI. Soethe (2003)
Muitos pensadores, discutindo a teoria da complexidade, movendo-se em 
direção a interdisciplinar visão contemporânea da interpretação dos fenômenos 
observáveis, têm promovido um movimento científico que privilegia, senão 
o nascimento de novos paradigmas, pelo menos, a retomada de velhos ideais 
não lineares de se fazer ciência. Entre os teóricos, Edgar Morin (pensamento 
complexo e os sete saberes necessários à educação do futuro), Edward Norton 
Lorenz(1917-2008) (efeito borboleta), Ilya Prigogine (1917-2003) (teoria das 
estruturas dissipativas), Karl Ludwig Von Bertalanffy (1901-1972) (teoria geral 
dos sistemas), unanimemente acreditavam que o todo seria maior que a soma das 
partes, isto é, que uma visão interdisciplinar de se fazer ciência levaria o Homem 
a reconhecer qualidades, que não são vistas na composição da visão disciplinar e 
unilateral de cada ciência. Estes pensamentos vêm articulando sistematicamente 
alternativas para superação das possíveis debilidades do pensamento reducionista 
disciplinar atuante no ementário educacional contemporâneo, numa clara e 
verdadeira especialização excessiva, tornando o ensino, segundo Japiassu 
(1976), uma patologia do saber. Leal (1996) Lorenz (1993).
25Cláudio de Musacchio
No cenário nacional, desde a década de 70, se discute as 
interdisciplinaridades e transdisciplinaridades no contexto do surgimento das 
novas ciências e nas mudanças de paradigmas educacionais. Alguns expoentes 
como os trabalhos de Ivani Fazenda (2006), PUC-SP, Hilton Japiassu, PUC-
RJ, e em Portugal, Olga Pombo, University of Lisbon, deixam bem claro que 
a discussão está apenas começando, embora alguns frutos já estejam sendo 
colhidos. 
Longe ainda de um fractal utilização sistematizada nos meios acadêmicos 
por metodologias que privilegiem a descentração e a característica relativa do 
ensino transdisciplinar, cresce nos desejos docentes, a consciência de uma 
praxiologia baseada na construção de modelos, de fórmulas e soluções que 
sugerem o uso intensivo do arsenal multifacetado e diversificado das ciências 
e sua comunhão epistemológica. Nicolescu (2001)
Mais e mais cientistas, pesquisadores, professores universitários 
e docentes dos ensinos básico, fundamental e médio, buscam o estudo 
dos fenômenos, misturando conceitos, epistemologias, hibridização e 
mestiçagem de métodos e teorias, ultrapassando as fronteiras dicotômicas 
disciplinares, para considerar contextos mais totalizantes e globalizantes, 
num movimento de desinsularização das disciplinas. Mesmo que muitas 
vezes ocorram incoerências científicas, ambigüidades nos pareceres, é uma 
prática que se avoluma e se aprofunda dentro de perspectivas epistemológicas 
transdisciplinares e interdisciplinares e de possíveis práticas pedagógicas 
capazes de responder aos anseios das hipóteses e questões de pesquisa. 
Jantsch (1995)
Mas o que é discurso e o que é praxiologia docente na implantação de 
cultura inter ou transdisciplinar nos meios educacionais?
Pensamento científico disciplinar
O conceito do que é disciplinar é tão antigo quanto cartesiano, e 
implicava necessariamente em fragmentar a realidade em segmentos onde 
a ciência pudesse se tornar objeto de observação científica cada vez mais 
fragmentada e conseqüentemente o objeto de conhecimento erigido por leis 
e teorias epistemológicas cada vez mais reduzidas. E este conhecimento 
racional, sob o ponto de vista da análise e da síntese, segundo Locke (1988), 
numa simplificação reducionista, conceberia o conhecimento como uma 
especialização, caminhando contra a ideia da visão totalizadora das ciências.
26 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Desta maneira, a estratégia utilizada pela metodologia baseada 
fundamentalmente na experiência foi o desenvolvimento paulatino e 
crescente da noção de especialização, privilegiando a “perfuração vertical” 
e epistemológica em detrimento da abertura das análises e sínteses mais 
abrangentes e totalizadoras nos estudos dos fenômenos observáveis.
Na contramão do movimento de criação cada vez mais delimitado das 
ciências, os grandes cientistas, tanto na fase renascentista (Da Vinci), quanto 
no período iluminista do enciclopedismo (movimento filosófico-cultural que 
buscava catalogar o conhecimento humano), onde se permitiam formações tão 
adversas quanto contraditórias como filosofia, física, química, matemática, 
astronomia, biólogos, artistas plásticos, e até literatos, serviam como exemplo 
de como os saberes podiam ser vistos como parte de uma totalidade mais 
ampliada da produção do conhecimento. Silva (2001)
Historicamente, a super valorização, no campo científico, de produção 
em subdivisõesda ciência em partições disciplinares, tomou força e velocidade 
no período mecanicista da história que começou a privilegiar a aprendizagem 
técnica em detrimento da observação de um fragmento do objeto, tornando o 
sujeito científico cada vez mais especialista.
Muito antes disso, no início dos séculos d.C. na Roma Antiga, a relação 
entre mestre (magister) e seus discípulos (discipuli), se encaminhava para 
estabelecer os princípios de uma filosofia de aprendizagem em função de 
determinar escolas como classificação epistemológica. Sendo assim, os 
seguidores dos grandes mestres optavam por uma escola filosófica, contida 
numa ação de aprender, instruir e ensinar, segundo os preceitos de uma 
corrente epistemológica que evoluiu, distanciando-se uma das outras.
No século XIV, com o surgimento das primeiras universidades, sob 
forte contexto escolástico (religioso), instituíram-se o conceito de disciplina, 
designada como matéria, que mais tarde se chamaria de ciência. O avanço 
científico, portanto das ciências foi o modelo epistemológico reducionista 
cartesiano que passou a tratar ciência como uma corrente específica do 
pensamento e a observação dos fenômenos reduzidos a um objeto simples. 
Este reducionismo atravessou toda a fase industrial e cada vez mais, 
diminuindo cientificamente o foco do objeto de estudo. Colaboraram mais 
ainda as sucessivas descobertas científicas nos campos das tecnologias e 
metodologias para um novo paradigma que se instalaria por todo o ocidente 
– disciplinaridade. Quanto mais especialista for o estudo ou o estudioso, mais 
credibilidade teria seu trabalho científico. Minayo (1992)
27Cláudio de Musacchio
Sua institucionalização transcorreu sem nenhum trauma paradigmático, 
até que as proposições de tais especializações começaram a não mais dar 
conta do objeto observado, necessitando reconhecer que para determinados 
casos seriam necessárias a prognóstica colaboração de duas ou mais ciências 
a serviço da análise e da síntese, inda mais se considerar que tudo que está 
no mundo social-histórico é indissolúvel e entrelaçado com o simbólico. 
(Castoriadis, 2000)
Tudo começou a ser esclarecido, quanto certo, que ciências advindas 
do hibridismo e da mestiçagem começassem a provocar mudanças em seus 
enunciados epistemológicos fundamentais, recorrendo aos fundamentos da 
abordagem analítica. Nesta perspectiva, produzir conhecimento não era mais 
possível tendo em vista que a fragmentação exposta, cartesiana, disciplinar, 
não permitiria a composição ou montagem de seus construtos epistemológicos. 
(Morin, 2003)
Epistemologias híbridas e mestiças
Ocorre que, as estratégias utilizadas nos experimentos científicos para 
análise segundo suas epistemologias não respondiam mais as múltiplas 
determinações exigidas pelas ciências, necessitando, portanto, de uma 
alternativa que fosse menos monotemática. É necessário, portanto, avançar 
e “abrir” as ciências em diálogo, entrelaçando suas epistemologias, seus 
repertórios de técnicas e procedimentos, que sozinhos não mais dão conta 
das observações. Cada vez mais se ouve falar em trabalhos de pesquisa 
interdisciplinar entre pesquisadores com contornos bastante diferenciados e que 
conseguem dialogar e encontrar aderências no plano científico, o que é bom por 
um lado, entretanto, por outro, os trabalhos começam a destroçar possibilidade 
de permanência das disciplinas em seu plano físico, por se tornarem esvaziadas, 
necessitando obrigatoriamente de uma ampla discussão epistemológica, para 
reposicionamento das disciplinas menos especializadas e mais abrangentes. 
Não se trata de unificar ciências, é preciso rever construtos, epistemologias, 
tratados. Como exemplo pode-se citar as novas disciplinas das ciências que 
surgem da técnica com a metodologia, da tecnologia com as biociências, e 
das matemáticas aplicadas às outras ciências como construto de formulações 
e resoluções matemáticas na busca da demonstração clássica dos enunciados 
científicos formais. Trata-se de reconhecer em si mesmo e nos outros não só os 
saberes teóricos, mas os práticos, existenciais. (Sommerman, 2006)
28 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Já estamos a mais de duas décadas, desenvolvendo no campo científico 
mudanças de configuração na construção de modelos, teorias, fórmulas 
e conceitos que avançam para as outras necessidades de hibridização e 
mestiçagem. Segundo Capra (1999), tudo tem uma ligação ecológica ou 
científica, e não se pode visualizar com olhar clínico de uma só ciência. 
Como se não bastassem às aplicações das novas nascentes de ciências 
nos problemas antigos, surgem novos objetos científicos, sociais, de 
comportamento, que exigem das ciências pareceres igualmente científicos. 
Como as novas ciências ainda não possuem maturidade para estes estudos, 
uma discussão sem precedentes estão pulverizando nossas universidades e 
institutos de pesquisa. Um clássico exemplo dessas discussões é a questão 
do uso das tecnologias na relação ensino-aprendizagem. Não importa mais 
estudar os efeitos da tecnologia nesta relação e sim como podemos resolver 
os problemas práticos da nossa civilização tais como: educação para todos, 
acesso indiscriminado as tecnologias, preços reduzidos dos equipamentos e 
programas de computador, mercado de trabalho e acesso irrestrito aos saberes.
Novas ciências, novas docências
No cenário entre as mutações das várias ciências ocorrendo em nosso 
tempo, a preocupação que parece unânime em todos os contextos é, sem 
dúvida alguma, a questão do domínio dos métodos e das práticas educacionais 
para utilização das novas ciências que emergem na sociedade e nos meios 
acadêmicos mais precisamente. As universidades para dar conta dessa 
relação ensino-aprendizagem submetem os docentes aos constantes cursos 
de educação continuada, pois que sempre haverá uma nova ideia, técnica ou 
metodologia para ser apreendida pela docência, em qualquer nível e série 
analisada.
Ocorre que, estando à universidade longe do mercado e, portanto, 
do objeto de observação, o docente não encontra com facilidade o meio 
experimental de que necessita para desenvolver seus estudos de pesquisa 
e recorre, portanto ao conhecimento que os alunos trazem desse mercado. 
Nas ciências advindas do mercado, necessariamente, elas são supostamente 
atendidas por profissionais professores deste mesmo mercado. Tais mercados 
como administração, economia, contabilidade, gestão do conhecimento, 
ciências da informação, informática, e tantas outras, buscam diminuir o 
distanciamento existente entre a universidade e o mercado de corporações e 
29Cláudio de Musacchio
empresas. Os insucessos somados a esse distanciamento são uma das causas 
prováveis de tanto nascimento de universidades corporativas que encontram 
nesta possibilidade, diminuir este distanciamento e resolver de vez com a 
questão da capacitação e formação de seus indivíduos pela via formal, sob o 
ponto de vista acadêmico. Lück (2000)
Noutras ciências, ditas puras como: física, biologia, química, 
engenharias, educação, sociologia, psicologia, e tantas outras, são por 
excelência campos do saber que pouco ou quase nada interagem com o 
mercado, podendo desenvolver seus estudos em laboratórios próprios ou em 
parcerias com institutos de assuntos correlatos. As áreas mais afetadas pelas 
mudanças de paradigmas são aquelas que, unidas numa só, buscam refazer 
seus construtos epistemológicos.
As ciências ditas novas, como a biomecânica, eletro-eletrônica, 
neurociências, psicolingüística, e tantas outras, possuem em suas novas 
formulações conceitos e categorias epistemológicas próprias e que se 
articulam entre as ciências das quais se originaram dando novos saberes e 
exigindo dos professores novas posturas para exercício da docência. Novos 
conhecimentos demandam novas formações na docência e na programação 
dos ementários, levando os professores a novas preparações exigidas pelo 
novo pensamento que compartilha dos campos de saberesdas disciplinas 
originárias. E como tudo está interligado, munido de interatividade, a essência 
da autopoiese preconizada por Maturana, (2001), demonstra por analogia que 
somos essencialmente seres sociais e que aprendemos naturalmente uns com 
os outros, e que se pode alterar a todo o momento não só o conhecimento 
disciplinado, mas as metodologias pelas quais se produz e constrói este 
conhecimento. Portanto, novas ciências exigem novas ontologias da realidade.
Também nas escolas de ensino básico, fundamental e médio, os 
professores passam pelas mesmas alterações nos programas e ementários 
das Secretarias de Ensino. Pressionados pelos programas nacionais advindos 
da perspectiva enunciada nas novas diretrizes e bases para educação, onde 
a interdisciplinaridade é vista como um avanço necessário para uma nova 
compreensão do mundo, os gestores de escolas públicas e privadas se sentem 
pressionados pelo corpo docente e pelos alunos, a realizarem mudanças 
drásticas na composição dos saberes para se adequarem a uma nova realidade.
Também pressionados pelo alunato que chega à escola com 
uma avançada tecnologia de informação e comunicação, necessitando 
compreender os avanços tecnológicos e tentando encontrar razões de inserção 
desta tecnologia, para que o aluno encontre o sentido de querer aprender 
30 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
(sensemaking), este professor sente dificuldades inerentes a sua docência, 
posto que não fora preparado para tais realidades, e se vê, de repente, com 
duas verdades distintas, alterando seu universo docente: interdisciplinaridade 
e pesquisa científica em sala de aula.
Quanto mais experiências no âmbito educacional, privilegiado 
pelas circunstâncias tecnológicas que são expostas diariamente, melhor 
será para o aluno, posto que a vivência às ocorrências fenomenológicas 
científicas ocorridas no espaço educacional permitirá responder inúmeros 
questionamentos, que de outra maneira, teórica, não seriam possíveis, ou 
levariam tempo demais. 
Certo disso, o docente, ao oportunizar tais ambientes de experimentação 
também se vê em situações novas, onde precisará de integração de distintos 
campos disciplinares, para responder as necessidades de pesquisa. Desta 
forma, os docentes, devem se colocar a disposição, na forma interdisciplinar, 
de oferecer seus conhecimentos e campos epistemológicos a serviço das 
explicações exigidas pelas ciências envolvidas.
Surge neste contexto ambiental escolar o desejo de toda a comunidade 
de professores, profundas reformulações que os habilitem a recomporem seus 
redutos epistemológicos, em detrimento de uma nova ordem, que privilegie 
uma aprendizagem mais autêntica, expoente, significativa (Ausubel, 2003), 
rico em questionamentos, baseada na pesquisa feita pelo aluno, que já tem o 
domínio da tecnologia e que precisa encontrar uma utilização mais eficaz para 
os propósitos educacionais. 
Os gestores de escolas e universidades possuem o desafio da mobilização 
de suas equipes para vivenciar as mudanças que precisam ocorrer, frente à 
prevalência, no âmbito escolar, de superações reducionistas que fragmentam 
a realidade e engessam as ciências. Mas para lidar com essas contradições, é 
preciso o apoio do olhar da complexidade sobre a escola, posto que a gestão 
precise lidar com níveis de imprevisibilidade e incertezas, mas que encontra 
no seu corpo docente o apoio e a estrutura adequada para a transição ou 
transposição das práticas pedagógicas vigentes para metodologias dialógicas 
em que alunos e professores encontrem em si mesmos as produções e 
construções do conhecimento de ambos, e que em suas novas abordagens 
vislumbrem a competência como cenário possível para as mudanças 
paradigmáticas possíveis. (Perrenoud, 2000)
Mas como os professores e pais vêem, hoje em dia, esta nova vertente 
do ensino-aprendizagem que privilegia o estudo dos fenômenos observáveis, 
baseado mais na experimentação do que na argumentação teórica ou dialética?
31Cláudio de Musacchio
Esta é uma questão que ainda não sabemos quais são suas implicações 
mais a frente. O que se pode afirmar, contudo, é que alguns sintomas de 
melhoria começam a se vislumbrar, quando se analisam os resultados 
dos alunos que tiveram estes enunciados na educação. Escolas que já 
implantaram este modelo educacional se vangloriam dos resultados dos seus 
alunos nas entradas das universidades, com índices bastante representativos 
de aprovação. Certo ou errado, quanto à metodologia ou objetivos, é que 
a quebra dos paradigmas advindos da necessidade de se ver o mundo com 
olhos mais totalizantes e menos especialistas, impulsionadas pelas próprias 
necessidades oriundas das ciências, que migrando para situações menos 
especialistas e cartesianas, juntam-se às alternativas de campos disciplinares 
que se somam para construírem um novo saber ou visão mais sistêmica da 
observação e produção de conhecimento. Segundo Morin (2003), os níveis 
de complexidade das sociedades contemporâneas necessitam de estudos 
inter-poli-transdisciplinares para resultar em análises satisfatórias de tais 
complexidades. 
Geração Y, X, Z, e a aprendizagem
Paralelamente aos paradigmas dos docentes a serem superados quanto 
a sua formação, por estarem vivenciado transições e mudanças praxiológicas, 
também os alunos enfrentam seus receios quanto à enorme variedade de 
possibilidades e inter-relações que são vivenciadas desde cedo. Estes medos 
diante das tecnologias, não estão ligados ao uso que eles fazem da mesma, 
visto que são naturalmente digitais, e apelidados de “nativos digitais”, ou 
geração X, Y, e mais recentemente Z. Senge (1994)
Os nascidos na década de 80 e 90 possuem características de uma 
época de grandes transformações sociais, políticas, econômicas e científicas, 
principalmente, àquelas ligadas às tecnologias. São extremamente exigentes, 
cresceram numa sociedade de disputa, de carreira, de certo egoísmo frenético, 
são pacifistas, por natureza, embora seus passatempos prediletos sejam os 
jogos de guerra, são consumistas de tecnologias, cuidam de suas carreiras 
desde cedo, estudam com mais naturalidade e continuam estudando mesmo 
após a universidade. Possuem forte conceito de educação continuada. Para 
eles a educação à distância não é um mistério a ser desvendado, mas uma 
metodologia que precisa ser menos evasiva, mais criativa e menos ortodoxa. 
Nós que estamos passando pela transição é que costumamos a complicar seus 
32 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
mecanismos e entendimentos. E se existe algo de novo que possa surgir “é 
através das crianças que o novo virá, são eles que trarão as respostas que não 
encontramos”, (D’Ambrósio, 1998).
Entendem facilmente a interdisciplinaridade pelas próprias posturas que 
praticaram diante das correlações de ciências, das vivências em comunidades 
sociais, das experiências com amizades virtuais. As experiências científicas 
em sala de aula são vistas como interessantes, educativas, e producentes. Mas 
os modelos de avaliação que cobram esta construção de conhecimento ainda 
são retrógrados, antiquados e poucos traduzem os níveis de aprendizagem 
que os alunos obtiveram. 
Encontrar razões que levem os alunos a se interessarem pela pesquisa 
científica e pela aprendizagem significativa é o grande desafio docente de 
nossa era. Não se trata de metodologias, técnicas ou práticas pedagógicas 
e sim de posturas docentes diante da praticidade do saber e da praxiologia 
tão necessária ao aprendizado. Os alunos vêem de uma cultura onde tudo 
é explicado na forma de regras de um jogo eletrônico bem definido, ou de 
armadilhas que eles precisam conhecer para vencer tais inimigos virtuais. 
Como as ciências se protegem diante de seus construtos epistemológicos 
e buscam fortalecer seus pareceres para continuarem a existir, também os 
alunos precisam de uma regra distinta, de senso prático, do que, do como, e 
pra que, aprender, a ciência precisafazer sentido, ou não será apreendida.
Os alunos da atualidade são naturalmente polivalentes, assumem várias 
tarefas ao mesmo tempo, são dialéticos naturais, espontâneos, ao mesmo 
tempo em que lêem um livro, ouvem música, falam no celular, conversam 
nas comunidades virtuais, fazem pesquisa pra escola, a TV ligada, isso dá a 
eles a sensação de que não estão sozinhos. “Deve ser por isso que os alunos 
acham a escola um lugar chato porque as tarefas são realizadas uma de 
cada vez e, assim, ficam contando os segundos para terminar o tempo de 
aula”. Se há necessidade de rever a ciência do ensinar, a tecnologia está 
mostrando outro viés possível para a aprendizagem. Há quem diga que a 
revolução educacional já começou, e ela iniciou-se pelos próprios alunos, 
que em silêncio, estão alterando o atual modelo educacional, quer sejam 
pelos resultados nas avaliações, pelas informações que trocam nas redes e 
comunidades, pela evasão muito alta nos ensinos presenciais e virtuais, pelo 
acesso indiscriminado às informações sem orientação, e a contestação natural 
de insatisfação demonstrada através das ações de indisciplinas e carências de 
ética e comportamento. 
33Cláudio de Musacchio
O maior desafio à docência é trazer o aluno para querer aprender, depois 
é buscar um método ou mídia a que ele se adapte, goste, contemple e participe. 
E por fim, que o aluno aprenda a dizer o que aprendeu e da maneira mais 
científica possível, o que achou do aprendizado que teve e o que pretende 
fazer com ele. Se o aluno puder vivenciar estas três dimensões do saber, o 
docente terá realizado sua função de facilitador da aprendizagem, mas se 
falhar em uma ou duas ou nas três, então os seus paradigmas precisam ser 
revistos, modificados, reavaliados.
Não se pode esperar que ocorra aprendizagem sem que haja a conivência 
do próprio aluno em querer aprender, sem que lhe seja perguntado o que ele 
espera aprender, para quê, por que, e como. 
Conclusões não conclusivas
De todas as idiossincrasias de nosso tempo, também chamada de a 
era do conhecimento, que possam ocorrer diante dos conflitos cognitivos, 
das construções das estruturas intelectuais, da habilidade de lidar com a 
complexidade e os objetos complexos, a mais controvertida delas é sem 
dúvida alguma, a resolução acadêmica de julgar que os guetos epistemológicos 
possam dar conta de uma multiplicidade de análises e sínteses, de hipóteses 
cujas problemáticas necessitam de expoentes em várias ciências.
Se o momento é de unir esforços nas habilidades e capacidades de 
ações transformadoras e de colocar sujeitos diante de objetos em observação 
capazes de ver além da visão especializada do tecnicismo e pragmatismo das 
disciplinas e das dispersões dos saberes, também é o momento de propor 
soluções novamente iluministas e renascentistas, unindo não só as ciências, 
mas os olhares amplificados, renovados, humanísticos, que o movimento 
enciclopedista volte e pinte as ciências com matizes de todas as epistemologias, 
metodologias e práticas pedagógicas que se locupletem.
Se o que se busca é um novo aluno, também se quer um novo docente, 
se a sociedade precisa de um novo cientista, também deseja pesquisas que nos 
levem a compreender os ecossistemas, as economias de mercado para matar a 
fome de todos os habitantes da Terra, que as inteligências possam se unir para 
erradicar as doenças fabricadas pelo homem a fim de vender curas, e que os 
povos, de diferentes ideologias, idiomas e religiões se unam para entender as 
crenças e a ciência, como lados de uma mesma costura planetária. 
Se o Homem foi capaz de criar um mundo virtual, cibernético, que 
mudou as velocidades da informação e da comunicação, que permitiu alterar o 
34 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
ciclo de conhecimento de 50 anos para 5, revolucionou as relações comerciais, 
permitiu o acesso irrestrito a informação e ao saber, transformando o irreal em 
possível, então também pode revolucionar o jeito de fazer ciência, de ensinar 
e de aprender.
Se as novas ciências que nascem todos os dias, mudarem a face 
da pesquisa e levar o Homem para o entendimento maior dos objetos 
complexos, dos avanços promovidos pelo uso da interdisciplinaridade 
e da transdisciplinaridade como processo e estratégia de ação e não como 
dicotomias unidisciplinares, possibilitando uma rede de intrincados campos 
científicos, alterando o modo de produção e construção do conhecimento, 
então se estará avançando para uma sociedade menos materialista-histórica. 
Porque assim como uma só ciência não explica a menor partícula do universo, 
também uma só ciência não explica os intrincados segredos escondidos do 
universo. E como as mudanças e alterações nos construtos epistemológicos 
e pedagógicos são lentas e graduais, é necessário discutir muito a situação 
atual, na observação da decadência, obsolescência e declínio de um modelo 
cartesiano que não serve aos propósitos das sociedades contemporâneas. As 
próprias ciências se levantam contra o atual sistema e se unem para responder 
ou adaptarem-se as exigências do mercado, da sociedade e do universo 
científico das novas descobertas.
O grande avanço das metodologias e práticas pedagógicas para o uso 
de experiências científicas em sala de aula está no cerne das discussões da 
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade enquanto abordagem sistêmica, 
não mais como discurso, posto que já se conheça suas implicações, mas como 
praxiologia urgente para continuar avançando, a velocidades cada vez maiores 
no entendimento das ciências e das sociedades, exigindo dos pesquisadores 
um tratamento mais sintético, totalizante, holista e globalizante.
35Cláudio de Musacchio
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38 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
A Interdisciplinaridade 
na Contemporaneidade: 
Novos paradigmas para a praxiologia docente
Resumo
O presente ensaio discute a introdução de novos paradigmas na relação 
ensino-aprendizagem, compreendendo aspectos de novas formulações 
na formação de docentes, tanto no tocante ao seu discurso, quanto em sua 
praxiologia. A interdisciplinaridade vista pela teoria da complexidade 
contribui para considerações de projetos epistemológicos e pedagógicos que 
alterem substancialmente os paradigmas tradicionais referentes à formação, 
conteúdo, estudos, avaliação e o uso efetivo da interdisciplinaridade nos modus 
operandis nos ensinos básico, fundamental e médio. Finaliza propondo quatro 
paradigmas às transições dos atuais paradigmas da educação tradicional para 
o uso intensivo da interdisciplinaridade na relação ensino-aprendizagem.
Palavras-chave
Interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, teoria da complexidade, 
praxiologia docente, novos paradigmas para o ensino.
Interdisciplinary today: 
new paradigms for praxiology teaching
Abstract
This paper discusses the introduction of new paradigms in teaching-learning 
relationship, including issues of new formulations in teacher training, both in regard 
to his speech, as in his praxiology. The interdisciplinary view of the complexity 
theory contributes to considerations of epistemological and pedagogical projects 
that substantially change the traditional paradigms concerning the formation, 
content, research, evaluation and effective use of interdisciplinarity in the modus 
operandis in primary, elementary and high school. It ends by proposing four 
paradigms for transitions from the current paradigms of traditional education for 
the intensive use of interdisciplinarity in the teaching-learning.
39Cláudio de Musacchio
Key words
Interdisciplinarity, transdisciplinarity, complexity theory, praxiology 
teaching, new paradigms for teaching.
Resumen
Este artículo discute la introducción de nuevos paradigmas en la relación 
enseñanza-aprendizaje, incluidas las cuestiones de las nuevas formulaciones 
en la formación del profesorado, tanto en lo que respecta a su discurso, como 
en su praxiología. La visión interdisciplinaria de la teoría de la complejidad 
contribuye a la consideración de proyectos epistemológicos y pedagógicos 
que implican cambios sustanciales en los paradigmas tradicionales relativas 
a la formación, el uso de contenido, investigación, evaluación y eficaz de la 
interdisciplinariedad en el modus operandis en la escuela primaria, primaria 
y secundaria. Al final propone cuatro paradigmas para las transiciones de los 
paradigmas actuales de la educación tradicional para el uso intensivo de la 
interdisciplinariedad en la enseñanza-aprendizaje.
Palavras clave
La interdisciplinariedad, transdisciplinariedad, la teoría de la 
complejidad, la enseñanza praxiología, nuevos paradigmas para la enseñanza.
Introdução
“Mudanças educacionais de caráter es-
truturais sempre ocorrem nos dois sen-
tidos: ensino e aprendizagem, obrigato-
riamente. Enquanto alunos passam por 
profundas mudanças paradigmáticas, tec-
nológicas e ensinamentos que façam sen-
tido para eles, contextualizado; os docen-
tes buscam novas praxiologias, capaz de 
dar conta dessas novas práticas didáticas 
e pedagógicas. Ambos saem das suas zo-
nas de conforto e se estabelecem em novos 
construtos epistemológicos.”
40 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Embora o conceito e a aplicabilidade da 
interdisciplinaridade tenham surgido no século 
XX, como resultado de um esforço de tentar unir 
as ciências na compreensão dos objetos e das 
observações dos fenômenos, e ter assim outras visões 
e pareceres, é de longa data a vontade humana de 
unificar os saberes e remontar o quebra-cabeça da 
fragmentação do conhecimento deixado pelo modelo tradicional, de ensino 
fragmentado e cartesiano. Após o apogeu da fragmentação potencializada na 
era mecanicista e industrial, por necessidade de especializar os trabalhadores 
para atividades muito pontuais, as indústrias provocaram demandas que 
culminaram no nascimento de cursos técnicos e de graduação com alto grau 
de especialização. Locke (1988)
Da mesma forma que o nascimento da ciência moderna a partir do 
século XVII, tenha introduzido significativos avanços no campo dos saberes 
também oportunizaram o início do silêncio entre os saberes, devido às 
metodologias científicas, propostas pelas epistemologias racionalistas e 
empiristas, que privilegiaram a experiência científica, em detrimento da 
lógica do entendimento global. Entretanto o movimento só tomou corpo e 
velocidade com a introdução das tecnologias do século XIX. As profundas 
revoluções desenvolveram novas necessidades que culminaram em hiper-
especializações, oriundas do volume e da complexidade dos conhecimentos 
produzidos pela sofisticação das tecnologias e do aparelhamento nas áreas 
produtivas da sociedade. Morin (2003)
Ao mesmo tempo em que a ciência caminha para fatias cada vez 
menores, tornando-se especialista nos estudos e pesquisas, as práticas 
pedagógicas, tem se encaminhado para o oposto, tentando juntar, para construir 
uma visão melhorada do todo, do completo, do macro. A ciência cada vez 
mais especializada busca seu aprofundamento, provocando bifurcações nas 
disciplinas, e como um microscópio diminui sua visão geral, para uma visão 
mais concentrada, fechando o foco para um único e cada vez menor objeto de 
análise. Enquanto algumas áreas do saber não conseguem resolver sozinhos 
os seus resultados de pesquisa, e necessitam das contribuições de outras 
áreas para encontrar as respostas.Como exemplo, pode-se citar a psicologia 
e a sociologia que se juntam para estudar os fenômenos que são, ao mesmo 
tempo, de natureza individual e social, aparecendo, portanto novos aspectos, 
no contorno das duas áreas, permitindo novas dimensões como as análises 
psicossociais. Soethe (2003)
41Cláudio de Musacchio
Ocorre que na contramão destas especializações, certas pesquisas 
não podem ser realizadas, posto que precisem da junção de saber para 
compreender fenômenos naturais e até mesmo sobrenaturais. Surge, portanto, 
a interdisciplinaridade como proposta de agregar certas disciplinas e assim 
criar condições ideais de análise e pesquisa. É o caso das engenharias com a 
química, física, mecânica, criando assim à biomecânica, biofísica, bioquímica. 
Os estudos da bioengenharia têm propiciado pesquisas que seriam impossíveis, 
se as ciências não estivessem se unido para este propósito.
Mas se isso ocorre na área das ciências e da pesquisa, também ocorre 
nas metodologias, pedagogias e práticas educacionais que agora se voltam 
para outros caminhos diferentes da especialização das disciplinas e tentam 
criar novos construtos capazes de oportunizar aprendizagens que possam dar 
maior significação às compreensões.
A aplicação desta metodologia está revolucionando o ensino, pois está 
colocando áreas do saber que até então eram incompreensíveis juntas, mas 
que começam a fazer sentido e dar respostas aos problemas de pesquisa. Por 
enquanto, apenas como projetos de estudo e pesquisa, algumas aplicações de 
junção estão aparecendo nas escolas de ensino básico, fundamental e médio.
O Fundamento do paradigma da Interdisciplinaridade
O paradigma da professora para o ensino básico ser a única 
intermediação entre o aluno e o saber está com os dias contados. Pois cada 
vez mais, professores, gestores e instituições, discutem alternativas de se 
introduzir no ementário das séries iniciais, professores de diferentes áreas 
do saber, para explicar às crianças, os fenômenos da natureza. Aparece 
deste modo, a figura do professor de história, de geografia, de matemática, 
de ciências, de música, de atividades físicas, auxiliando os professores das 
séries iniciais com contribuições nas pesquisas e nos trabalhos sugeridos. 
Com esta demonstração, as crianças são despertadas pela curiosidade 
de saber como as ciências juntas podem tecer uma visão diferenciada 
daquela que as ciências teriam em cenários separados. Pode parecer um 
paradoxo promover vários encontros com professores disciplinares, mas 
ocorre que os discursos epistemológicos são realizados nos contornos das 
ciências, buscando-se demonstrar para as crianças, desde o início de sua 
educação, que é possível integrá-las as demais ciências oportunizando 
realmente a interdisciplinaridade e posteriormente, a transdisciplinaridade. 
Sommermann (2006)
42 Ensaios - Interdisciplinaridades e Pesquisa Científica em Sala de Aula
Promover a interdisciplinaridade é fazer a interdisciplinaridade e não 
discutir a interdisciplinaridade. As disciplinas são fundamentais para todos 
os níveis de educação, desde as séries iniciais até os últimos anos do ensino 
superior. Mas para compreender as indagações que surgem ao longo desse 
caminho de aprendizados em que possamos juntar a matemática com a 
geografia e explicar os fenômenos naturais através da visão matemática do 
mundo, ou vice-versa, explicar as fórmulas matemáticas mostrando através 
da geografia o porquê da sua existência e formulação. É isso que falta no 
ensino, compreensão de diferentes visões que o modelo cartesiano separou.
A interdisciplinaridade está ligada a ciência para buscar explicar a 
totalidade das interpretações e não a objetividade das especializações. Não 
se pode analisar, por exemplo, o ser humano, sob um único aspecto, e tirar 
daí conclusões sobre sua natureza e subjetividade. As diferentes dimensões 
biológicas, psicológicas, religiosas e tantas outras, somam para se fazer 
um quadro mais completo desta análise. Assim também são os fenômenos 
estudados. Devem ter a explicação de várias ciências se quisermos um quadro 
mais completo de várias compreensões e definições. Desta forma, as ciências 
precisam se unir para explicar o real, a forma, a cor, sabor, cheiro, função, 
diferentes usos, etc. 
Não é fácil romper os paradigmas que existem na educação, tanto no 
aspecto do ensinar quanto no aprender. Sair do isolamento que as disciplinas 
foram submetidas, e colocá-las uma diante das outras para que se reconheçam 
parte da verdade que buscam, não é tarefa fácil. Mais difícil ainda é romper o 
pensamento constitutivo com que os professores foram ensinados e aprenderam 
como ensinar. Realizar estas costuras tão necessárias para se poderem abraçar 
as ideias coletivas para o entendimento dos diferentes ângulos das análises será 
preciso “revolver a terra”, “replantar as sementes” e (re) educar a educação. São 
muitos os desafios, a história não separou só as ciências, as culturas, mas também 
a maneira de se ensinar e aprender. A reforma deve ser pensada sob todos os 
ângulos. A interdisciplinaridade se quiser ser implantada também terá que ser 
utilizada no modelo construtor de novas práticas pedagógicas. Não basta novos 
paradigmas para a educação, é necessário reinventar a caneta que irá escrevê-las.
Se a interdisciplinaridade é uma metodologia revolucionária, também 
deve ser as ferramentas que devemos utilizar para aprender este novo modelo e 
conceito. Não se pode aprender a ser interdisciplinar com os mesmos instrumentos 
que aprendemos a ser especialistas. A reforma no ensino e na aprendizagem 
deve começar pelas próprias metodologias que adotamos na formação dos 
professores. Minayo (1992)
43Cláudio de Musacchio
Mas tem-se que ter uma preocupação constante com os movimentos 
interdisciplinares. A razão é que as disciplinas não estão sendo analisadas 
no sentido de existirem ou não. A sua existência é fundamental, precisamos 
da análise de profundidade de cada uma delas. O que se quer é construir 
uma convivência harmoniosa entre o pensar especialista das observações e 
o pensar generalista das convergências. Onde uma completaria a outra. Se 
algumas vezes falta a análise conjectural das observações, muitas vezes falta 
a visão do especialista. Na visão das teorias científicas, todos os ângulos de 
observação são contribuições.
Precisou separar as ciências para o mundo progredir, agora é preciso 
juntá-las para o mundo evoluir. Mas o que se busca é a educação em cruz: 
verticalizar para uma especialização necessária, científica, dos objetos 
observados, mas também horizontalizar para uma generalização que permita 
observações nos contornos e interseções das ciências onde as observações 
possam ser respondidas e as hipóteses reconhecidas.
O fundamento da interdisciplinaridade consiste substancialmente na 
aplicação da investigação e do olhar científico sobre esta linha divisória entre 
as ciências, em que as próprias ciências, em separado, não podem evoluir, 
posto que precisem da união, da opinião, da investigação, e da pesquisa-
ação. Muitas ciências nasceram desse olhar híbrido e necessário. A sociedade 
evoluiu, está mais complexa, o próprio pensamento se tornou mais complexo, 
e se precisa dar conta dessa complexidade, bastando que a educação com 
sua plasticidade (no sentido neurocientífico) se locomovam para diferentes 
pontos de observação e reconstruam epistemologias híbridas ou mestiças que 
respondam aos questionamentos e hipóteses dos atuais projetos de pesquisa.
Mudança de paradigmas para a Praxiologia Interdisciplinar
Se mudanças são necessárias e possíveis, algumas metodologias podem ser 
alteradas, modificadas ou até mesmo criadas, para que surjam novos construtos 
no fazer docente que contemplem contextos interdisciplinares. Mas para isso é 
necessário revolver os atuais paradigmas do ensino e da aprendizagem. Nesta 
nova praxiologia docente que se pretende para o século XXI, podem-se eleger, 
inicialmente, quatro paradigmas que devem ser

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