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PRÁTICAS CONTÁBEIS EM LABORATÓRIO AULA 6 Profª Edenise Aparecida dos Anjos 2 PRÁTICAS CONTÁBEIS PARA PMEs CONVERSA INICIAL Caro aluno, nesta aula daremos ênfase à análise dos lançamentos contábeis – razão contábil – por meio do processo de conformidade das práticas contábeis, com vistas a fornecer informação útil relevante e fidedigna acerca da situação patrimonial da empresa. Essa análise consiste no processo de conciliação das contas do razão contábil da empresa, comparando com as informações de bancos de dados internos (relatório de vendas ou compras, entre outros) e externos (extratos bancários etc.) Para isso vamos estudar os seguintes temas: 1. Conciliação de caixa, bancos e aplicações financeiras; 2. Conciliação de recebíveis; 3. Conciliação das obrigações sociais e trabalhistas; 4. Conciliação e apuração de impostos das esferas municipal, estadual e federal; 5. Conciliação de contas de resultado. CONTEXTUALIZANDO A Contabilidade registra todos os fatos permutativos e modificativos, atuando como instrumento de controle das variações patrimoniais e de resultado. Isto posto, é de responsabilidade da Contabilidade zelar pela conformidade dos registros contábeis, primando pela qualidade das informações geradas. Por conseguinte, nesta aula, vamos estudar o processo de Conciliação Contábil, o qual consiste na análise de conformidade e a exatidão dos lançamentos contábeis por meio do confrontamento das contas do razão contábil, versus extratos bancários, caixa, recebíveis, folha de pagamento, impostos e contas de resultados, entre outros. Para melhor entender como esse processo se dá na prática, vamos contextualizar a Conciliação sob dois contextos. O primeiro, a partir da perspectiva do prestador de serviços contábeis – escritório terceirizado, no qual o contador não tem acesso direto às transações da empresa. Desse modo, deve fazer a análise e controle ao final de um determinado período, quando do acesso dos eventos e 3 transações para escrituração, apuração e envio das obrigações tributárias. O segundo, sob a perspectiva das empresas que mantêm a contabilidade como um departamento interno e sistemas integrados de gestão. Neste contexto, o departamento contábil analisa e concilia diariamente todas as transações. As contas do razão contábil apresentadas nesta aula não esgotam o tratamento dado no âmbito do departamento contábil ou do escritório de contabilidade a todos os registros contábeis, pois tal análise deve ser realizada em todas as contas relevantes do ativos, como: A conta razão contábil de estoques deve ser conciliada de acordo com o relatório de inventário físico; A conta razão contábil de ativos imobilizados com as suas respectivas contas de depreciação, baixa, teste de recuperação; A conta razão contábil de empréstimos e financiamentos, devem ser conciliadas de acordo com a apropriação mensal de juros (curto e longo prazo); Desse modo, pode-se observar que todas as contas movimentadas no razão contábil da empresa, devem ser conciliadas periodicamente, no intuito de se averiguar a qualidade da informação gerada para a elaboração dos demonstrativos contábeis. Em síntese, é importante observar que o processo de conciliação está relacionado ao fechamento de um período e deve ser analisando sob as perspectivas de cada organização e da forma como a contabilidade é estruturada (interna ou terceirizada) e, principalmente, do sistema de informação (software) que a empresa utiliza. Nesta aula, não trataremos dos aspectos legais ou apuração de impostos; iremos nos concentrar na conciliação dos lançamentos contábeis com seus respectivos relatórios e extratos advindos de bancos de dados distintos do banco de dados contábil da empresa. Vamos à nossa aula! 4 TEMA 1 – CONCILIAÇÃO DE CAIXA, BANCOS E APLICAÇÕES FINANCEIRAS As transações que ocorrem no âmbito de uma organização empresarial são decorrentes do desenvolvimento de sua atividade principal, por exemplo, uma indústria: adquire insumos, estoca, processa, gera produtos acabados, vende, recebe de seus clientes e paga seus fornecedores, e este é um processo contínuo, conforme exposto na Figura 1: Figura 1 – Ciclo operacional básico Assim, observa-se que estas atividades geram movimentos de entradas e saídas de recursos nas contas dos disponíveis de uma empresa (caixa e bancos), interferindo nas políticas de prazos médios de recebimentos e pagamentos de uma empresa. Por exemplo: se a empresa vende mercadorias à vista e recebe em dinheiro físico, este será depositado no caixa físico da empresa. No período estabelecido, emite-se um relatório de vendas e este é confrontado com os valores recebidos em caixa. No entanto, caso a venda seja transacionada por meio de cartão de débito ou crédito, estes valores não entrarão imediatamente no caixa físico da empresa. Estarão, neste momento, condicionados aos prazos da operadora do cartão, e, no período estabelecido, estes recebíveis serão debitados na conta banco. No final de determinado período (dia, semana, mês), emite-se um relatório das contas de recebíveis da empresa e este é conciliado com os extratos da operadora do cartão das vendas a débito e crédito e do extrato bancário para se 5 verificar a compensação dos valores, e assim procede-se com a baixa por recebimento da conta clientes do sistema da empresa. Este procedimento deve ser observado em todos os tipos de transações da empresa, como vendas (à vista, parcelados, cartões, boletos etc.), e também para os pagamentos de fornecedores, salários, impostos, empréstimos, despesas etc. Na sequência vamos entender como esse processo ocorre nas organizações e como se operacionalizam as conciliações da conta caixa e bancos. 1.1 Conciliação dos disponíveis – caixa e bancos Para operacionalizar e dar prosseguimento na conciliação das contas contábeis, é importante que se emitam relatórios razão por contas. Dependendo do tipo de software-sistema utilizado, pode-se confrontar o relatório razão por contas da empresa com o relatório externo (fornecidos pelo cliente/extrato bancário). Quando a conciliação estiver relacionada com as contas dos disponíveis, inicia-se com o processo da conciliação bancária. A conciliação bancária tem por objetivo confrontar os saldos entre duas ou mais fontes informação para obter um saldo comum; por exemplo, a conciliação bancária pela confrontação do extrato bancário com o valor expresso na razão da empresa (Attie, 2018). Na lista a seguir estão alguns dos tipos de contas da razão da empresa que devem ser confrontados com os extratos bancários: Recebíveis de cliente; Transferências, compensações; Aplicações financeiras; Pagamentos de fornecedores; Pagamento de contas; Pagamento de salários; Pagamentos de impostos e taxas Empréstimos; Despesas etc. A Figura 2 apresenta um modelo de extrato bancário, e, neste caso, é importante observar que devido ao fato de a empresa ter uma conta corrente em determinado banco, o relatório de extrato é da “empresa 6 banco”, ou seja, um valor lançado a crédito no banco, que significa saída de recurso da empresa banco. Quando do lançamento do extrato na conta bancos da empresa, o mesmo valor deve ser lançado a débito na empresa, representando uma entrada de recurso. Figura 2 – Exemplo de extrato bancário Vamos tomar como exemplo a despesa de telefone lançada a débito no extrato bancário – valorR$ 197,50: Lançamento contábil do extrato na empresa: Débito – despesas com telefone (conta de resultados) R$ 197,50 Crédito – Conta bancos conta-corrente XXX R$ 197,50 O mesmo processo de lançamento se dá com todas as demais transações constantes do extrato bancário. E como se dá na prática o processo de conciliação bancária? Primeiramente, deve-se proceder com o lançamento dos extratos bancários de forma manual ou importar o arquivo (os bancos fornecem arquivos para este fim); No caso de importação do arquivo gerado pelo banco, faz-se necessário o cadastramento de todos os históricos padrão e seus respectivos lançamentos contábeis padrão (contas razão contábil de débitos e créditos) para que o sistema entenda e importe o extrato do banco. 7 Na sequência, procede-se a conciliação, que consiste na verificação de todas transações bancárias descritas no extrato e o seu vínculo com conta razão selecionado, fazendo a contrapartida ou a baixa. A Figura 3 evidencia como esse processo ocorre via sistema. Observe que de um lado estão os lançamentos do extrato bancário (1), e do outro, os lançamentos contábeis (2) da empresa. Figura 3 – Exemplo de conciliação Fonte: Sistema Acadêmico Account, S.d. Pode-se extrair da Figura 3 as seguintes informações da conciliação das contas no dia 01/01/2016, conforme apresentado na Tabela 1. 8 Tabela 1 – Conciliação bancária Extrato Bancário Lançamentos razão contábil Conciliação DEB.AUTOR. R$ 449,99 D Valores referentes a salários R$ 449,99 C SIM RECEBIMENTOS R$ 10.000,00 C Recebimentos Projeto João R$ 10.000,00 D SIM ENVIO TEV R$ 1.398,40 D Pagamento de férias – Funcionário Rita R$ 1.398,40 C SIM COB COMPE R$ 1.000,00 C NÃO Total R$ 9.151,61 Total R$ 8.151,61 A diferença identificada – entre os saldos de R$ 9.151,61, do extrato, e de R$ 8.151,61 – deve ser comparada com outras datas para que seja verificado se o registro contábil está em período anterior, ou se por algum motivo ainda não foi lançado. Se ao fim do período não for localizada, deve-se auditar, a fim de identificar o motivo das diferenças. Entende-se desse modo que os saldos da conta bancos da razão contábil devem ser idênticos aos saldos da conta bancos conta-corrente de acordo com os saldos expostos nos extratos bancários. Tabela 2 – Conciliação bancária Extrato Bancário Lançamentos razão contábil Conciliação DEB.AUTOR. R$ 449,99 D Valores referentes a salários R$ 449,99 C SIM RECEBIMENTOS R$ 10.000,00 C Recebimentos Projeto João R$ 10.000,00 D SIM ENVIO TEV R$ 1.398,40 D Pagamento de férias – Funcionário Rita R$ 1.398,40 C SIM COB COMPE R$ 1.000,00 C RECEBIMENTO DE CLIENTES R$ 1.000,00 D SIM Total R$ 9.151,61 Total R$ 9.151,61 A Figura 4, apresenta como exemplo um extrato já conciliado da conta razão contábil bancos. Por conciliado, entende-se que o saldo do extrato bancário do Banco X é igual o saldo da conta razão contábil Banco X da empresa. 9 Figura 4 – Extrato da Conta Razão Bancos Conciliado Após a conciliação bancária deve-se proceder com a conciliação da conta caixa. Nas rotinas contábeis é comum, na ausência da informação, efetuar-se os lançamentos diretamente na conta caixa, o que pode ocasionar em caixa com saldo credor (fato este inaceitável em contas de ativos). Para evitar esse tipo de ocorrência, primeiramente concilia-se as contas bancárias, contas de aplicações financeiras, clientes, fornecedores, impostos a recolher, salários e ordenados a pagar, entre outras e, finalmente, a conta caixa. TEMA 2 – CONCILIAÇÃO DE RECEBÍVEIS Entendido como funciona o processo de conciliação das contas caixa e bancos, vamos agora apresentar a conciliação dos recebíveis, mais especificamente do controle de contas a receber. 2.1 Conciliação de recebíveis A conta razão de recebíveis ou de clientes a receber representa, em muitas empresas, parte significativa de seus ativos circulantes, exercendo influência significativa em seus rendimentos (Assaf Neto; Lima, 2012) relacionados ao fluxo de caixa esperado pela empresa, políticas de concessão de créditos e cobrança da organização. Dada a importância dessa conta, vamos agora estudar como conciliá-la. Primeiramente, torna-se importante dissociar a contabilidade interna da terceirizada, pois a qualidade e o nível de informação não são os mesmos, uma vez que a contabilidade terceirizada não tem acesso direto a todo o sistema de informação da empresa cliente. Neste caso, o contador deve solicitar: 10 Relatório de contas a receber de clientes por data de emissão e o tipo de venda (dinheiro, cartão de débito ou crédito, boleto, crédito da casa, entre outros) do período; e Relatório de contas a receber por quitação/baixa das contas para conciliação. Para as empresas clientes, que atuam sob a obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica, estas já carregam para o sistema as informações quanto aos pagamentos e à forma de pagamento (à vista ou a prazo) quando da importação das notas para o sistema contábil – carecendo neste caso somente do relatório de quitação das contas a receber. A Figura 5 apresenta um exemplo da conta razão de clientes – extrato da posição. Data do vencimento, equivale à data de emissão da nota/cupom fiscal de venda; Data de quitação, refere-se à data de recebimento da venda deste cliente; Devem constar ainda: o valor, o código do cliente (é importante que se utilize uma conta para cada cliente) e o número do documento fiscal para que se facilite a conciliação. Figura 5 – Relatório da Conta Clientes 11 Como se dá este processo de conciliação na prática: 1. Emite-se o relatório de contas a receber, concilia-se com a conta caixa e com a conta bancos; 2. Promove a baixa por recebimentos das contas clientes, de modo que o saldo da conta clientes da razão contábil seja equivalente aos saldos dos extratos da conta clientes da empresa. Cada tipo de transação deve ser analisado de acordo com suas especificidades, como as transações realizadas por meio de cartão de crédito e/ou de débito, estes devem ser conciliados de acordo com o extrato das operadoras da maquineta do cartão, como pode é apresentado na Figura 6: Figura 6 – Exemplo de extrato de operadora de vendas no cartão de débito/crédito Fonte: Sipag, 2017. A Figura 6 apresenta um extrato de uma operadora de maquineta de cartão, mais especificamente do dia 08/02/2017. Observe os retângulos em verde, pois estes evidenciam as informações referente aos tipos de vendas por bandeiras (como Visa, Mastercard etc.), se são vendas no débito à vista ou crédito parcelado. Na sequência, o valor bruto da transação, o valor descontado de acordo com a taxa do cartão e o valor de pagamento líquido para a empresa. O destaque em vermelho evidencia o valor que será creditado na conta bancária da empresa, ou seja, o valor consolidado de R$ 33.803,04. Como no extrato do banco constará apenas um valor correspondente a todas as transações do dia 08/02/2019, será necessário confrontar a conta razão de 12 clientes com os extratos bancários, concomitantemente com os extratos da operadora de cartões. 2.1 Conciliação de pagamentos de fornecedores Do mesmo modo, que se procede com a conciliação das contas de clientes, concilia-se a conta de fornecedores, solicitando relatório/extrato da conta de fornecedores. O extrato/relatório da conta de fornecedores fornecido pelo cliente deve conter: Número da nota, código do fornecedor, valordo documento, data do vencimento, data de entrada/emissão e quitação dos valores a pagar. Conforme extrato da conta razão de fornecedores na Figura 7. Figura 7 – Extrato de conta e fornecedores Na conciliação de pagamentos de fornecedores é importante que o contador utilize uma conta contábil para cada fornecedor, a fim de facilitar a identificação e a confrontação com o relatório de contas a pagar. Assim, no processo de análise, pode-se identificar tanto a falta de pagamento como também pagamentos em duplicidade. Em síntese: o processo de conciliação das contas razão de recebíveis e de pagamentos são essenciais para o controle dos fluxos de caixa da empresa, assim como para manter a conformidade dos registros e controles contábeis, 13 primando pela relevância e fidedignidade das informações geradas aos usuários da informação contábil. TEMA 3 – CONCILIAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES SOCIAIS E TRABALHISTAS A folha de pagamento é contabilizada por regime de competência. Ou seja, o valor é provisionado no final do mês, e o pagamento é efetuado até o quinto dia útil do mês seguinte, no qual se deve zerar a conta de salários e ordenados e as contas de obrigações fiscais trabalhistas. Outro fato: deve-se ainda atentar-se às apropriações mensais, conhecidas como provisão de 13º salário e férias, que são reconhecidas mês a mês, devendo ser esse valor ajustado nos respectivos períodos de pagamento. Desse modo, vamos verificar agora a importância da conciliação das contas referentes às folhas e às obrigações sociais e trabalhistas. 3.1 Conciliação das obrigações sociais e trabalhistas A folha de pagamento é efetuada por softwares específicos. Anteriormente estudamos a importância da parametrização dos lançamentos para a importação do sistema contábil. Assim, ao fim de cada período, verifica- se os saldos oriundos do sistema da folha de pagamento, confrontando-os com a conta razão contábil de salários e ordenados. A conta razão de salários e ordenados e encargos (INSS, IRRF e FGTS) correspondentes ao período de competência (mensal) é ajustada automaticamente quando dos pagamentos dos salários e pagamentos dos encargos, conforme relatório apresentado na Figura 7. Observe ainda na Figura 7 – mais especificamente no dia 05/01 – que o saldo transportado do mês de dezembro – quando da elaboração e contabilização da folha de pagamento – carregando a conta de Salários A Pagar no valor de R$ 30.142,61; neste dia em especifico, o saldo da conta é confrontado com o Pagamento Dos Salários no mesmo valor de R$ 30.142,61, promovendo o zeramento do saldo. 14 Figura 8 – Razão analítico da folha de pagamento É importante analisar que “se” a parametrização do sistema estiver correta, essas contas são conciliadas automaticamente. Logo, o valor provisionado de R$ 28.889,57 deve ser zerado no próximo 5º dia útil do mês. No entanto, as contas razão das provisões de 13º salário e férias e encargos, devem ser ajustadas ao final do período em virtude da apropriação mensal, aumento de salários e dissídios, e outros eventos que ocorrem durante o exercício social. Observe os extratos das contas razão nas Figuras 9 e 10. Figura 9 – Razão analítico da conta de 13º salário 15 Observe no extrato da Figura 9 do razão analítico da conta de 13º salário que a conciliação dessa conta é realizada no fim do exercício, ou seja, quando do pagamento da última parcela em 20 de dezembro do exercício corrente. Já a Figura 10 apresenta um razão analítico de férias a pagar de apenas um funcionário (“Vilmar Martins”), permitindo analisar a conciliação dos valores no período de gozo de férias – neste caso, mês de março. Na conta razão apresentada consta apenas um funcionário, porém a conta “Férias A Pagar”, pode apresentar diversos lançamentos no decorrer do exercício social e a conciliação dos saldos pode ocorrer mensalmente por funcionários. Figura 110 – Razão analítico de férias Apresentados os exemplos, vale ressaltar a importância da parametrização correta dos sistemas da folha de pagamento, pois este processo permite a conciliação automática no sistema contábil da empresa. 3.2 Conciliação das obrigações sociais e trabalhistas As contas de encargos sociais seguem a mesma linha da parametrização e conciliação da folha de pagamento, e estas devem ser, em sua maioria, acompanhadas mensalmente. A Figura 11 apresenta um extrato da razão contábil do imposto de renda retido na fonte a recolher. 16 Figura 11 – Razão analítico do Imposto de renda retido na fonte Esta obrigação trabalhista é conciliada por meio do recolhimento dos valores retidos dos funcionários quando do pagamento no dia 20 de cada mês. A Figura 12, por sua vez, apresenta um extrato da conta de FGTS a recolher e verifica que, da mesma forma que o IRRF, essa conta é conciliada quando do pagamento dos encargos; neste caso, deve ser zerada até o dia 7 de cada mês. Figura 12 – Razão analítico do FGTS A conta do INSS, recebe diversos lançamentos, e deve ser conciliada por tipo de evento; no exemplo da Figura 13, a conciliação dos eventos de salários a pagar, R$ 17.771,97 é conciliada por meio do pagamento do imposto no dia 20 de cada mês. Já os demais eventos devem ser analisados de acordo com os tipos de transação. Figura 13 – Razão analítico do INSS 17 Em síntese: a parametrização adequada do sistema da folha de pagamento para exportação dos lançamentos contábeis permite a conciliação automática dos salários e encargos sociais e trabalhistas. Todavia, cabe ao contador analisar constantemente sua conformidade, identificar os saldos e, caso haja diferença, promover os ajustes. Estes processos podem ser manuais? A resposta é sim, desde que se mantenha um controle adequado para os lançamentos contábeis da folha. No entanto, em virtude do volume de transações e obrigações sociais, fiscais e trabalhistas, as organizações devem buscar um sistema que suporte suas atividades. TEMA 4 – CONCILIAÇÃO E APURAÇÃO DE IMPOSTOS DAS ESFERAS MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL A conciliação de impostos corresponde às confrontações mais importantes presentes nas rotinas contábeis e fiscais. No entanto, para que se proceda com esta análise devemos verificar o enquadramento tributário da empresa quanto ao regime do imposto de renda ao qual a empresa está submetida, pois em empresas do Simples Nacional, lucro presumido ou lucro arbitrado, o cálculo do imposto é efetuado sobre faturamento e as empresas do Lucro Real sobre o lucro. Ademais, há os impostos sobre o consumo, em que devem ser observados os regimes tributários acerca dos impostos cumulativos e não cumulativos como ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação), PIS (Programas de Integração Social), COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza). 4.1 Conciliação dos Impostos Federais IRPJ, CSLL As empresas do Simples Nacional recolhem seus impostos de forma unificada, ou seja, por meio de uma única guia de impostos. Assim, com base nos valores da receita bruta (-) deduções de receita, calcula-se o valor dos impostos a recolher utilizando a fórmula da alíquota efetiva: ( 𝑅𝐵𝑇12𝑥 𝐴𝑙𝑖𝑞−𝑃𝐷 𝑅𝐵𝑇12 ), utilizando como base os anexos do simples Nacional – I a V – (Vide Lei 18 Complementar n. 155, de 27 de outubro de 2016), no qual a empresa encontra- se enquadrada, de acordo comsua atividade. Alíquota efetiva: RBT12: receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao período de apuração; Aliq: alíquota nominal constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar; PD: parcela a deduzir constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar. Após o cálculo, provisiona-se contabilmente nas contas do passivo os valores referentes ao imposto do “Simples Nacional a recolher” do período (mês) considerando, como base, o último dia do mês. Veja o exemplo de uma razão contábil analítica na Figura 14. Figura 14 – Razão analítico da conta Simples Nacional a recolher Observa-se por meio do razão analítico que os valores correspondentes ao Simples Nacional são valores conhecidos (calculados com base nas receitas do período), e sua baixa é automática, quando do recolhimento do imposto. As empresas do lucro presumido ou arbitrado, tal qual as empresas do Simples Nacional, recolhem seus impostos, tomando como base o valor da Receita Bruta (-) deduções de receita bruta, apurando seus impostos de acordo com as tabelas de atividades e suas respectivas presunções de lucros. Já as pessoas jurídicas enquadradas no regime tributário de Lucro Real apuram seus impostos de acordo o LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real), ou seja, recolhem seus tributos de acordo com o lucro operacional apurado no período (Ajuste anual - estimativas mensais ou trimestral). Independentemente da forma de apuração dos impostos, a contabilidade procede com as provisões mensais, conciliando os respectivos valores pela 19 baixa ou pagamento do tributo, conforme apresentado no razão analítico das Figuras 15 e 16. Figura 15 – Razão analítico de IRPJ a recolher A Figura 15 evidencia a conciliação mês a mês da provisão de IRPJ confrontando-a com o pagamento do imposto. Cabe neste contexto ressaltar que as empresas que optam por recolhimentos por estimativas mensais promovem um adiantamento aos cofres públicos dos valores a recolher do imposto no final do referido período, devendo manter um controle de apuração por meio de balancetes de redução ou suspensão, utilizando bases estimadas ou lucro real (assunto tratado nas disciplinas de contabilidade tributária). Assim, no fechamento do exercício, podem ocorrer duas situações quando do confrontamento dos valores apurados: 1. Os valores recolhidos são superiores ao valor devido: neste caso, solicita- se a compensação nos próximos períodos – após a transmissão do Sped – ECF (Escrituração Contábil Fiscal); 2. Caso os valores recolhidos sejam inferiores ao valor devido no ajuste: a empresa recolhe somente a diferença do imposto. O mesmo procedimento se aplica a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), conforme se apresenta na Figura 16. 20 Figura 16 – Razão analítico de CSLL a recolher Estas informações são conciliadas no intuito de analisar a conformidade dos registros contábeis. Cabe ressaltar que as empresas optantes do Lucro Real são obrigadas a manter, via sistema, todos os seus registros contábeis, face à obrigatoriedade da transmissão dos arquivos por meio dos SPED (Sistema de Escrituração Digital), conciliando a contabilidade da empresa com as informações da Receita Federal. 4.2 Conciliação dos impostos sobre consumo Os livros de registros de entradas e saídas de mercadorias ou registros de inventários das empresas têm como uma de suas funções evidenciar os valores das bases de cálculo dos impostos sobre consumo, circulação de mercadorias (ICMS), faturamento (PIS/COFINS) e a prestação de serviços (ISS). Para apuração destes impostos deve-se analisar o enquadramento, situação e classificação tributária da empresa e de seus produtos ou serviços (regimes diferenciados, como substituição tributária e importação, entre outros). Neste contexto, analisa-se os princípios da cumulatividade (lucro presumido) e da não cumulatividade (lucro real). Os impostos do regime cumulativo são calculados sobre o faturamento, não permitindo, em transações de compras, o aproveitamento dos créditos para fins de compensação quando da apuração dos impostos a recolher. Já os impostos do regime não cumulativo permitem o aproveitamento dos impostos das transações de compras, por exemplo, para compensar o valor devido (este assunto é tratado com riqueza de detalhes nas disciplinas de Contabilidade Tributária). Por exemplo: 21 (+) Apuração dos Impostos devidos – Fato gerador: venda de mercadorias, produtos ou serviços. (-) Impostos a recuperar – Fato gerador: aquisição de insumos e mercadorias. (=) Valor dos impostos a recolher. A Figura 17 apresenta o razão analítico das contas contábeis de PIS e COFINS a recolher. A conciliação desta conta se dará pela confrontação dos impostos a recolher e a recuperar: Figura 17 – Razão analítico de PIS/COFINS O registro contábil em função do fato gerador do imposto – fora creditado o valor R$ 161,70 – conta PIS sobre faturamento a recolher; O registro da compensação – em função da não cumulatividade do imposto em questão, debita-se da conta PIS sobre faturamento a recolher o valor correspondente a R$ 97,19, referente à compensação de PIS a recuperar do período; Recolhimento do imposto – o valor do imposto devido no período será gerado pela diferença entre: R$ 161,70 – R$ 97,19 = 64,51; Logo, deve-se emitir uma guia de imposto a pagar no valor de R$ 64,51, correspondente ao valor devido no período; A conciliação da conta – zeramento, que ocorrerá de forma automática em função do recolhimento do imposto. O mesmo procedimento se aplica à conta razão da COFINS a recolher. Lembrando que os impostos do regime cumulativo (empresas optantes pelo lucro presumido) não compensam créditos de PIS/COFINS, a conciliação deve 22 ser confrontada contra as contas do disponíveis (caixa/bancos) quando do recolhimento do imposto. A conciliação do razão analítico do ICMS a recolher é apresentada na Figura 18. Importante observar que o ICMS é um imposto de natureza não cumulativa. Entretanto, para sua apuração, deve-se observar a legislação vigente de cada ente federativo (Estado). Figura 18 – Razão analítico do ICMS a recolher Outra informação que deve ser observada na conciliação do ICMS corresponde aos diferenciais de alíquotas em transações interestaduais e apropriação de impostos sobre o ativo imobilizado – CIAP (Controle de Crédito de ICMS de Ativo Imobilizado). O Imposto Sobre Prestação de Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), é um imposto de regime cumulativo devido ao município. Sua conciliação se dará pela análise dos documentos fiscais, fato gerador do imposto em confronto com as contas dos disponíveis em função do recolhimento, conforme apresentado na Figura 19. Figura 19 – Razão analítico do ISSQN a recolher 23 Em síntese: as questões relativas ao cálculo e apuração dos impostos são extensas e complexas em função dos entes federativos (União, Estados e Municípios). Esta declaração visa esclarecer que o foco de nossa aula se concentra na conciliação contábil. Isto posto, o impostos a recolher devem coincidir com o cálculo e apuração dos valores declarados. TEMA 5 – CONCILIAÇÃO DE CONTAS DE RESULTADO Os temas estudados nesta aula evidenciam situações rotineiras, com vistas ao fechamento de um período ou exercício social. Desse modo entende- se que a manutenção contínua das contas patrimoniais está associada diretamente às contas de resultados. Para melhor entender este contexto, vale relembrar que, durante as conciliações das contas razão, caixa,bancos, recebíveis, folha de pagamento e impostos, diversos ajustes são lançados contra as contas de resultados. Ou seja, ao passo que essas são confrontadas, são conciliadas às contas de resultados. 5.1 Conciliação de contas de resultados As contas de resultados são contas relacionadas à dinâmica patrimonial, evidenciadas na Demonstração de Resultados por meio da confrontação das despesas contra as receitas com vistas à apuração do lucro do período. Neste sentido, as contas de receitas devem ser confrontadas contra as contas de deduções, tais como impostos incidentes sobre receitas, PIS/COFINS, ICMS, ISSQN, Simples Nacional, devoluções e abatimentos. A conciliação dessa conta razão se dá em função da conformidade da apuração dos impostos. Quanto à análise das contas razão de despesas, é importante se ater à sua definição. Para Gelbcke et al., (2018), as despesas surgem no decurso normal das atividades das empresas, como custos das vendas, salários e depreciação. Estas representam desembolso ou redução de ativos, como caixa e equivalentes de caixa, estoques e ativos imobilizados. Isto posto, a análise das contas do razão de despesas devem ser conciliadas com as respectivas contas que a originaram a fim de se identificar possíveis distorções ou classificações indevidas que possam comprometer a integridade dos lançamentos contábeis. 24 TROCANDO IDEIAS No decorrer desta aula estudamos sobre a importância de se manter a conformidade das informações contábeis por meio da análise de conformidade dos registros contábeis. Neste sentido, convidamos você, aluna(o), a conversar com um profissional da área contábil para verificar como se dá este processo de conciliação, assim como verificar se existe um processo (checklist ou cronograma) de análise de conformidade que deve ser seguido na empresa para executar esta atividade. NA PRÁTICA Leia a situação proposta e resolva a questão (a resposta encontra-se ao final deste documento). O analista contábil da Empresa Conciliação Ltda, emitiu o extrato do banco Alfa, no dia 31 de agosto, no qual identificou uma diferença com a conta Razão Contábil. No processo de conciliação, foram identificados os seguintes fatos: Recebimentos de boletos de clientes no valor de R$ 6.800,00; Recebimentos da operadora de vendas no cartão (débitos/créditos), ainda não contabilizadas na empresa no valor de R$ 12.300,00; Tarifas bancárias ainda não contabilizadas no valor de R$ 580,00; Débito de despesa de material de expediente, contabilizado na empresa a débito de Bancos e a crédito de Despesas de Material de Expediente no valor de R$ 1.200,00. Considerando que o saldo ajustado após a conciliação bancária é de R$ 17.320,00, a diferença entre o saldo do extrato do Banco Alfa e o saldo apurado na conta razão contábil do Banco Alfa antes do procedimento de conciliação será a seguinte: a. R$ 0,00. b. R$ 1.780,00. c. R$ 11.360,00. d. R$ 12.300,00. e. R$ 19.100,00. 25 FINALIZANDO Nesta aula estudamos sobre a importância da manutenção da integridade dos lançamentos contábeis por meio da conciliação contábil: Conciliação Caixa, bancos e aplicações financeiras Recebíveis Obrigações sociais e trabalhistas Impostos das esferas municipal, estadual e federal Contas de resultados 26 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009. ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Gen, 2018. (Minha Biblioteca). GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo: Gen, 2018. SIPAG – Soluções Integradas de Pagamento. Portal do cliente. 2017. Disponível em: <https://www.sipag.com.br/guias/guia-portal-do-cliente- sipag.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2019. 27 RESPOSTAS Gabarito: situação antes da conciliação Extrato Banco Alfa D C Conta Razão Contábil Banco Alfa D C Recebimentos de boletos de Clientes 6.800,00 Recebimentos de boletos de Clientes 6.800,00 Recebimentos da operadora do cartão de débitos, ainda não contabilizadas na entidade 12.300,00 Recebimentos da operadora do cartão de débitos, ainda não contabilizadas na entidade Tarifas bancárias 580,00 Tarifas bancárias Débito de despesa de material de expediente 1.200,00 Débito de despesa de material de expediente 1200,00 Total 1.780,00 19.100,00 Total 6.800,00 1200,00 Saldo 17.320,00 5.600,00 Diferença: 11.360,00 Conciliação: Extrato Banco Alfa D C Conciliação Conta Razão Contábil Banco Alfa D C Recebimentos de boletos de clientes 6.800,00 sim Recebimentos de boletos de clientes 6.800,00 Recebimentos da operadora do cartão de débitos, ainda não contabilizadas na entidade 12.300,00 sim Recebimentos da operadora do cartão de débitos, ainda não contabilizadas na entidade 12.300,00 Tarifas bancárias 580,00 sim Tarifas bancárias 580,00 Débito de despesa de material de expediente 1.200,00 sim Débito de despesa de material de expediente 1.200,00 TOTAL 1.780,00 19.100,00 TOTAL 19.100,00 1.780,00 SALDO 17.320,00 sim 17.320,00
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