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LESÕES TRAUMATICAS EM ODONTOPEDIATRIA https://www.iadt-dentaltrauma.org/ Entendendo o trauma e ao atendimento de urgência Lesões traumáticas são resultante de impacto de origem acidental ou intencional, causada por forças agressoras que atuam no tecido ósseo, muscular e dentário superando a resistência deste tecido A extensão e gravidade das lesões tem relação direta com: · Intensidade · Tipo · Duração do impacto · Idade da criança · Estágio de desenvolvimento dos dentes Fatores etiológicos predisponentes · Quedas (colo, trocador de roupa, parque de diversão, etc) · Iatrogênicos (intubação – RN) · Praticas esportivas, brigas, brincadeiras agressivas · Espancamento (síndrome da criança espancada) · TDAH, retardo mental e epilepsia · Comprometimento oclusal (sobressaliência e sobremordida) · Protrusão dos incisivos · Falta de selamento labial 2 tipos de trauma: direto e indireto Atendimento ideal: · Levar imediatamente ao CD · Quando adiar o atendimento odontológico: · em casos de desmaio, náusea, vomito, cefaleia, amnesia, sangramento nasal, perda da consciência, fratura óssea extensa 1º atendimento hospitalar e depois encaminhamento ao CD Trauma atendimento de urgência tomar ciência do ocorrido e acalmar os pais O que fazer no atendimento de urgência: 1- anamnese {rápida} 2- TCLE – Estabilização protetora {termo de consentimento livre e esclarecido, para autorização dos pais em estabilizar, examinar e tratar a criança} 3- Exame físico geral para observar se não é necessário atendimento hospitalar 4- Exame clinico local do trauma oral 5- Exames complementares 6- Conduta e orientações 1- Anamnese · História medica e odontológica · Intercorrências ao nascimento; cardiopatia; distúrbio sanguíneo; distúrbio convulsivo; alergias e uso de medicamentos; situação vacinal contra tétano · Condições em que ocorreu o traumatismo · Experiência anterior de trauma · Quando, onde e como ocorreu · Sintomas atuais · Outros sintomas · Houve perda do dente? 2- Exame físico · Extra bucal · Cabeça, pescoço, tecidos moles, ATM e ossos 3- Exame clinico · Intra bucal: · Tecidos moles, dentes e ossos · Verificar presença de lesões cruentas, dilacerações, corpos estranhos, visualizações de saliências. Fraturas osseas, hematomas, edemas, mobilidade, alteração de coloração e consistência 4- Exames complementários · Exames radiográficos · Periapical método do paralelismo padronização · Crianças de pouca idade oclusal modificada · Técnica de clark para linha de fratura · Técnica de muller winter · Técnica oclusal/ técnica lateral para tecido mole · Fotografias intra e extra bucais – para documentação e referencias futuras 5- Diagnóstico plano de tratamento · Tratamento das lesões (tipo e extensão da lesao) · Terapêutica · Prognóstico alertar o responsável do prognostico (se favorável ou desfavorável e dos eventuais problemas que podem surgir) Classificação das lesões traumáticas 1- Lesões do tecido duro e da polpa 2- Lesões de tecido periodontal 3- Lesões de tecido ósseo de suporte 4- Lesões do tecidos moles 1- Lesões de tecido duro e da polpa 1.1- Fratura de esmalte perda de estrutura limitada ao esmalte, NÃO envolve dentina · Não tem mobilidade, ausência de sangramento e mudança de coloração · Tratamento: desgaste e polimento das bordas cortantes · estética restauração · acompanhamento clinico nas consultas de manutenção do paciente · radiografia apenas em caso de mudança de cor, aparecimento de fistula, se o dente mudar de posição (reabsorção), duvida de fratura radicular 1.2- Fratura de esmalte e dentina (ou fratura não complicada da coroa) Perda de estrutura dentaria limitada ao esmalte e dentina, sem o comprometimento pulpar · Localizar o fragmento · Radiografia opcional apenas em suspeita de fratura radicular e proximidade da polpa · Tratamento: proteção do complexo dentinopulpar; restauração em resina composta ou colagem do fragmento · Acompanhamento clinico: 6-8 semanas · Acompanhamento radiográfico: apenas em caso de achado clinico sugestivo de alteração patológica {fistula, alteração de cor, mobilidade, mudança de posição} 1.3- Fratura complicada da coroa Perda de estrutura dentaria envolvendo esmalte e dentina, com exposição pulpar · Exame radiográfico inicial · Localizar o fragmento · Limpar e identificar estruturar lesadas · Avaliar: · Idade do paciente · Ciclo biológico do dente · Tempo do ocorrido · Exposição pulpar (tamanho e localização) · Tratamento pulpar conservador ou radical reabilitação estética · Acompanhamento clinico: 1semana (avaliar sensibilidade, ou situação desfavorável), 6-8 semanas e 1 ano · Acompanhamento radiográfico: 1 ano do tratamento pulpar e/ou se algum achado clinico sugerir alteração patológica 1.4- Fratura coronorradicular sem ou com exposição pulpar Fratura que envolve esmalte, dentina e cemento com ou sem envolvimento pulpar · Radiografia periapical modificada · Avaliar extensão subgengival da lesão, envolvimento da estrutura radicular e comprometimento pulpar · Restarurar? Tratamento endodôntico? considerar exodontia. Depende do achado clinico. Se não tiver condição de restauração nem endodontia, realizar exodontia · Acompanhamento clinico (se o dente permanecer): 1 semana, 6-8 semanas e 1 ano · Acompanhamento radiográfico: 1 ano após tratamento pulpar e/ou se algum achado clinico sugerir alteração patologica 1.5- Fratura radicular Fratura envolvendo cemento e dentina e polpa na porção RADICULAR (horizontal ou obliquo) · Radiografia periapical modificada · Quanto mais para cervical a linha de fratura, maior a mobilidade da porção coronária. · 3 situações: · 1- sem deslocamento da coroa não intervir · 2- deslocamento da coroa sem mobilidade repouso para reposicionamento espontâneo · Acompanhamento clinico após 1 semana; 6-8 semanas, 1 ano, até a erupção do sucessor permanente · 3- deslocamento com mobilidade e interferência na oclusão exodontia ou reposicionamento e contenção flexível por 4 semanas (avaliar maturidade e grau de colaboração da criança) · Em caso de exodontia, pode-se manter a raiz fraturada e retirar apenas a porção coronaria, pois durante a cirurgia no momento da tentativa de remoção da porção apical corre o risco de lesionar o germe do permanente. · Se conseguir reposicionar realizar a contenção. Não consegue reposicionar exodontia · Acompanhamento (contenção): 1 semana; 4 semanas para remoção da contenção; 6-8 semanas; 1 ano · Acompanhamento (exodontia): clinico após 1 ano · Acompanhamento radiográfico: quando clinicamente houver suspeita de alterações patológicas 2- Lesões de tecido periodontal 2.1- Concussão Traumatismo de pequena intensidade sobre os tecidos de sustentação, sem mobilidade, sangramento ou rompimento de fibras do lig periodontal · Radiografia não indicada · Tratamento: observação e orientação de repouso do dente acometido (evitar mamadeira, chupeta, indicar dieta liquida e pastosa) · Alivio oclusal, dieta de alimentos macios em temperatura ambiente e de líquidos, por cerca de 2 semanas · Acompanhamento clinico: 1 semana; 6-8 semanas pos o trauma e nos retornos do paciente · Acompanhamento radiográfico: quando clinicamente houver suspeita de alterações patológicas 2.2- Subluxação Trauma de intensidade baixa a moderada nos tecidos de sustentação, que determina com mobilidade dentaria e sangramento marginal · Radiografia inicial (baseline) · Observação e repouso do dente acometido · Alivio oclusal, repouso mastigatório e orientação para redução de hábitos nutritivos e não nutritivos (mamadeira/chupeta) · Acompanhamento clinico: 1 semana; 6-8 semanas pos o trauma e nos retornos do paciente · Acompanhamento radiográfico: quando clinicamente houver suspeita de alterações patológicas 2.3- Luxação Lateral Deslocamento do dente parcialmente do alvéolo (normalmente para palatina ou vestibular) · Dente apresenta-se imóvel e pode ocorrer interferência oclusal · Radiografia inicial · A decisão do tratamento depende do grau de deslocamento, mobilidade e risco: · Pequeno deslocamento: Monitoramentopassivo do reposicionamento que pode ocorrer em ate 6 meses · Grande deslocamento: exodontia (risco de aspiração ou ingestão) ou reposicionamento delicado (em caso de instabilidade, realizar contenção flexível por 4 semanas) · Acompanhamento clinico: 1 semana; 6-8 semanas, 6 meses e 1 ano até a erupção do sucessor permanente · Acompanhamento radiográfico: quando clinicamente houver indicativo de alterações patológicas 2.4- Luxação extrusiva Deslocamento do dente expulsando-o parcialmente para fora do alvéolo · Radiografia inicial (baseline) · Tratamento depende de: · Magnitude do deslocamento · Tempo decorrido · Grau de mobilidade dentaria · Interferência oclusal · Extruiu mas não esta interferindo na oclusão monitoramento passivo do reposicionamento · Grande mobilidade ou extrusão maior que 3mm exodontia · Não reposiciono manualmente pois posso lesionar o germe permanente · Acompanhamento clinico: 1 semana, 6-8 semanas, 1 ano até a erupção do sucessor permanente · Acompanhamento radiográfico: se clinicamente houver indicativo de alterações patológicas 2.5- Luxação intrusiva Deslocamento parcial ou total do dente para dentro do alvéolo, podendo estar acompanhado de esmagamento e ruptura de fibras do ligamento periodontal e do feixe vasculonervoso e por fratura das paredes do alvéolo. · O dente se apresenta imóvel e à percussão o som é metálico · Tratamento: Radiografia inicial e Monitoramento passivo: reerupção natural e espontânea do dente entre 6 meses e 1 ano · Acompanhamento clinico: 1 semana, 6-8 semanas, 6 meses, 1 ano e ate a erupção do sucessor permanente · Acompanhamento radiográfico: quando sugestivo de alguma alteração patologica 2.6- Avulsão Deslocamento total do dente, expulsando-o do alvéolo, com ruptura das fibras do lig periodontal e do feixe vasculonervoso. · Radiografia inicial · Localização do dente avulsionado · Avaliação medica em caso de desconforto respiratório presente · NÃO REIMPLANTA DENTE DECIDUO!!! · Acompanhamento clinico: 6-8 semanas e ate a erupção do sucessor permanente · Acompanhamento radiográfico: quando houver sinais clínicos de alteração patológica 3- Lesões de tecido ósseo de suporte · Compressão do osso da maxila ou mandíbula · Fratura do parede alveolar vestibular ou palatina/lingual · Fraturas do processo alveolar, com comprometimento ou não do osso alveolar · Fraturas da base maxilomandibular ou isoladas Tratamento: avaliar primeiramente se não é necessário atendimento a nível hospitalar (por necessidade de sedação). Observar também a mobilidade (se é apenas o elemento dental ou o conjunto todo (tabua óssea, osso alveolar, dente) e identificar as estruturas envolvidas Radiografia inicial (periapical, lateral, Clark) para localizar a linha de fratura Reposicionamento e contenção flexível por 4 semanas Acompanhamento clínico: 1 semana, 4 semanas para remoção da contenção, 8 semanas, 1 ano até a erupção do sucessor permanente Acompanhamento radiográfico: 4 semanas e 1 ano. (o regime de acompanhamento radiográfico é decisão do clínico, em função da localização da fratura em relação ao germe do permanente) 4- Lesões de tecido mole 4.1 – Laceração Lesão provocada por objetos cortantes, produzindo deslocamento da mucosa Tratamento: anestesia da região, limpeza, remoção de corpos estranhos, remoção do tecido lesado e desvitalizado, hemostasia e sutura (preferível fios reabsorvíveis) Se não conseguir coaptar muito bem as bordas da sutura -> nível hospitalar, cirurgião plastico 4.2 – Abrasão Lesão provocada pela fricção entre um objeto e a superfície do tecido mole Tratamento: irrigação com soro fisiológico; lavagem com agua e sabonete anti-septico; remoção de possível corpo estranho 4.3 – Contusão Lesão provocada por objeto não cortante e sim contundente, produzindo equimose (hemorragia submucosa) – é um roxo na região de mucosa que pode extravasar para tecidos vizinhos Tratamento: com o tempo o sangue extravasado no interior dos tecidos e o edema desaparecerão Orientações (devem ser prescritas para os pais em todos os casos de trauma, documentada e assinada) · Instruções aos pais · Em relação aos cuidados após o atendimento de urgência, controles/retornos e sequelas · Higiene bucal · Escovação com a escova macia e uso tópico de gluconato de clorexidina 0,1 a 0,2%, 2x ao dia · Repouso do dente · Dieta liquida e pastosa nos primeiros dias e suspensão de hábitos de sucção nutritiva e não nutritiva · Prescrição medicamentosa (CD) · Avaliar presença de dor, inflamação e infecção · Monitoramento clinico e radiográfico · Orientar cuidadores sobre possíveis complicações, sinais e sintomas indicativos de prognostico desfavorável (mudança de posição, cor, fistula, etc) Resumo: Parar – limpar – observar estruturas afetadas – eleger tratamento Sequelas do traumatismo · Prontuário/documentação/acompanhamento Orientações aos pais documentadas sobre as possíveis sequelas, especialmente nos casos de intrusão, avulsão e fraturas alveolares. · No próprio dente decíduo Depende do estágio dedesenvolvimento radicular · Distúrbios do desenvolvimento hipoplasia/hipomineralização do esmalte má formação radicular ausência de erupção do dente afetado No próprio dente decíduo Dor Perda do dente Descoloração dental e degeneração pulpar Necrose pulpar Calcificação pulpar Reabsorção interna ou externa Reação periapical Anquilose No sucessor permanente hipomineralização/hipoplasia de esmalte dilaceração coronária dilaceração radicular odontoma duplicação radicular rizogênese parcial ou totalmente interrompida distúrbios de cronologia de erupção
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