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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 REFLEXÕES INICIAIS................................................................................ 3 3 EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................................................................. 6 3.1 A Educação Especial e sua História no Brasil ...................................... 6 3.2 A Educação Especial na atualidade ................................................... 12 3.3 A educação física adaptada ............................................................... 17 3.4 História da Educação Física Adaptada: .............................................. 17 3.5 Educação Física Adaptada: conceitos e objetivos ............................. 19 4 EDUCAÇÃO FÍSICA E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ........................... 22 4.1 Educação física na educação especial............................................... 25 4.2 Artigos para leitura ............................................................................. 28 4.3 Educação física escolar e o processo de inclusão ............................. 29 5 EDUCAÇÃO FÍSICA X DEFICIÊNCIA VISUAL ........................................ 32 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 36 7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 38 8 ARTIGO PARA REFLEXÃO ..................................................................... 41 9 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 48 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 REFLEXÕES INICIAIS Fonte: blogdainclusaosocial.com.br É um programa diversificado de atividades, jogos, esportes e ritmos, adequados aos interesses, capacidades e limitações do aluno com necessidades especiais. O objetivo da educação física adaptada é dar oportunidade a pessoa com deficiência de ter várias opções de esporte e lazer, mostrando o impacto destas atividades na qualidade de vida, nos aspectos físicos, sociais e psicológicos. A ideia da educação física adaptada é a de incluir o aluno com necessidades especiais nas atividades físicas promovidas pelas escolas do sistema regular de ensino, pois, muitas vezes, esses alunos são dispensados devido a sua condição. A atividade motora adaptada é um dos meios que proporciona ao aluno com necessidades especiais condições de aumentar o repertório de movimentos. É através das atividades físicas que o indivíduo portador de deficiência pode estabelecer um novo conceito de corpo, passando a detectar e desenvolver os potenciais remanescentes, direcionando o pensamento, os motivos e o comportamento diante da sua condição. Por mais acentuada que seja sua limitação motora, pode-se conseguir com a educação física adaptada uma parcial ou completa adaptação à sua limitação e às solicitações do ambiente, em várias situações. Isto se torna possível 4 porque o indivíduo redimensiona o significado do movimento dos membros remanescentes e, de alguma forma, elabora um vocabulário corporal próprio. A Educação Física (EF) tem um papel importante no desenvolvimento global dos alunos, principalmente daqueles com deficiência, tanto no desenvolvimento motor quanto nos desenvolvimentos intelectual, social e afetivo. Quando se trata da EF Adaptada, pensamos em uma área de conhecimento que discute os problemas biopsicossociais da população considerada de baixo rendimento motor: portadores de deficiência física, deficiências sensoriais (visual e auditiva), deficiência mental e deficiências múltiplas. Ela procura tratar do aluno sem que haja desigualdades, tornando a autoestima e a autoconfiança mais elevada através da possibilidade de execução das atividades, consequentemente da inclusão. As atividades proporcionadas pela EF Adaptada devem oferecer atendimento especializado aos alunos com necessidades especiais, respeitando as diferenças individuais, visando proporcionar o desenvolvimento global dessas pessoas, tornando possível não só o reconhecimento de suas potencialidades, como também, sua integração na sociedade. A Educação Física Adaptada também pode ser conceituada como a Educação que envolve modificações ou ajustamentos das atividades tradicionais da Educação Física para permitir às crianças com deficiências participar com segurança de acordo com suas capacidades funcionais. Essa modalidade tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com deficiência, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais. (SEAMAN; De PAUW apud PEDRINELLI, 1994). A EF Adaptada tem sido valorizada e enfatizada como uma das condições para o desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo das pessoas, sendo considerada, de uma maneira geral, como: atividades adaptadas às capacidades de cada um, respeitando suas diferenças e limitações, proporcionando as pessoas com deficiência a melhora do desenvolvimento global, consequentemente, da qualidade de vida. 5 Na EF para deficientes o conteúdo não é diferente, mas sim adaptado para cada tipo de deficiência. A EF Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da EF em seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados ao indivíduo deficiente. 7 Fonte: imgsapp.df.superesportes.com.br Acaba sendo assim é uma parte de EF, cujos objetivos são o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas. Seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e esportes, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser considerados tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal (e não a deficiência em si). (GORGATTI; COSTA, 2005). A EF Adaptada tem como objetivo, um programa constituído de diversas atividades, que visam atingir determinados objetivos de acordo com a idade cronológica e o grau de desenvolvimento dos indivíduos, visando uma melhoria no rendimento motor, crescimento e saúde. Além disso, possibilita ao educando a compreensão de suas limitações e capacidades, auxiliando-o na busca de uma melhor adaptação ao meio. A EF Adaptada deve ensinar os alunos a fazer mudanças dentro de si, para conseguir isso, deve-se respeitar a individualidade de cada um, respeitar suas 6 diferenças e limitações, trabalhar suas potencialidades, nunca os subestimar, vibrar com suas conquistas, motivá-los a dar novos passos e oferecer oportunidade para que eles possam desfrutar da alegria proporcionada pela prática recreativa e esportiva. A prática da EF é "um direitode todos, e seus programas devem dar prioridade aos grupos menos favorecidos da sociedade". 3 EDUCAÇÃO ESPECIAL Fonte: edooqui.com 3.1 A Educação Especial e sua História no Brasil Inspirados em experiências concretizadas na Europa e Estados Unidos da América do Norte, alguns brasileiros iniciaram, já no século XIX, a organização de serviços para atendimento a cegos, surdos, deficientes mentais e deficientes físicos. Mazzotta (2003) cita que a inclusão da "educação de deficientes", da "educação dos excepcionais" ou da "Educação Especial" na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinquenta e início da década de sessenta no século XX, em tempos bastante tardios. No Segundo Império, afirma Mazzotta (2003), há registros de outras ações voltadas para o atendimento pedagógico ou médico-pedagógico aos deficientes. Em 7 1874 o Hospital Estadual de Salvador, na Bahia, hoje denominado Hospital Juliano Moreira, iniciou a assistência aos deficientes mentais. Tratava-se de assistência médica e não propriamente atendimento educacional. Em 1900, durante o 4° Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, no Rio de Janeiro, o Dr. Carlos Eiras apresentou a monografia intitulada: "A Educação e Tratamento Médico-Pedagógico dos Idiotas". Por volta de 1915 foram publicados três outros importantes trabalhos sobre a educação de deficientes mentais: 'A Educação da Infância Anormal da Inteligência no Brasil', de autoria do Professor Clementino Quaglio, de São Paulo; 'Tratamento e Educação das Crianças Anormais da Inteligência' e 'A Educação da Infância Anormal e das Crianças Mentalmente Atrasadas na América Latina', obras de Basílio de Magalhães, do Rio de Janeiro. Na década de vinte, o importante livro do Professor Norberto de Souza Pinto, de Campinas (SP), intitulado 'Infância Retardatária'. (MAZZOTTA, 2003, p.30-31). As obras supracitadas deram início as pesquisas científicas e ao atendimento a pessoas com deficiência no país. Em relação aos estabelecimentos de ensino regular, até 1950 havia quarenta instituições mantidas pelo poder público, sendo um federal e os demais estaduais, que prestavam algum tipo de atendimento escolar especial a deficientes mentais. (MAZZOTTA, 2003). Nesta mesma época, três instituições especializadas (uma estadual e duas particulares) atendiam deficientes mentais e outras oito (três estaduais e cinco particulares) dedicavam-se à educação de outros tipos de deficiências. As onze instituições especializadas destacavam-se: em Santa Catarina, no município de Joinville, o Colégio dos Santos Anjos, de ensino regular particular fundado em 1909, com atendimento a deficientes mentais. E, a Escola Especial Ulisses Pernambucano, estadual, especializada em deficientes mentais, instalada em 1941; criado em 1926, no Rio Grande do Sul, em Canoas o Instituto Pestalozzi, particular, especializado em deficientes mentais; em Porto Alegre, o Grupo Escolar Paula Soares, estadual, regular, com atendimento a deficientes mentais, criado em 1927. A Fundação Dona Paulina de Souza Queiroz, particular, especializada; Lar- 8 Escola São Francisco e Grupo Escolar Visconde de Itaúna, com atendimento a deficientes mentais, criadas em 1950. (MAZZOTA, 2003). O Instituto Pestalozzi de Canoas, de acordo com Mazzotta (2003), criado por um casal de professores, introduziu no Brasil a concepção da ortopedagogia das escolas auxiliares, europeias. Em 1927, o centro que era em Porto Alegre - RS foi transferido para Canoas - RS, como internato especializado no atendimento de deficientes mentais. Inspirado na concepção da Pedagogia Social do educador suíço Henrique Pestalozzi, o Instituto Pestalozzi do Rio Grande do Sul foi precursor de um movimento que, ainda que com divergências e variações, se expandiu pelo Brasil, e pela América do Sul. (MAZZOTTA, 2003, p. 42). Em 1940, a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais instalou no município de Ibirité, nos arredores de Belo Horizonte, uma Granja-Escola na Fazenda do Rosário, proporcionando experiências em atividades rurais, trabalhos artesanais, oficinas e mantendo cursos para preparo de pessoal especializado. O deficiente auditivo também passa a ser atendido no Brasil com maior qualidade, pelo Instituto de Santa Terezinha em Campinas - SP, porém em 1933 foi transferido para São Paulo. (MAZZOTTA, 2003). Em São Paulo, em 1928 foi criado o Instituto de Cegos "Padre Chico", que em 1990 passou a chamar-se "Fundação Dorina Nowil" para cegos. O atendimento a deficientes físicos começou em São Paulo, na Santa Casa de Misericórdia, de forma escolar. Em 1931-1932 quando foi criada outra classe especial estadual, na Escola Mista do Pavilhão Fernandinho, que funcionava como modalidade de ensino hospitalar e em 1982 passaram a funcionar no Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com dez classes especiais estaduais administrativamente classificadas como Escolas Isoladas sob a Jurisdição da 13° Delegacia de Ensino da Capital. (MAZZOTTA, 2003). Após, foi criado o Instituto Benjamin Constant - IBC para cegos, em 1942 e 1949, no Rio de Janeiro. Eles publicavam a revista brasileira para cegos a qual passou a ser distribuída gratuitamente as pessoas cegas que solicitassem, pela Portaria Ministerial n° 504 de dezessete de setembro de 1949. (MAZZOTTA, 2003). 9 No período de 1951 a 1953 passou a realizar cursos de formação de professores em convênio com o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP, realizado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. (MAZZOTTA, 2003). Em 1957, através de convênios realizados com o governo consegue-se recursos para iniciar-se uma biblioteca. Neste período até 1993 iniciaram-se as oficinas em âmbito nacional para o atendimento educacional de crianças com deficiências mentais. (MAZZOTTA, 2003). Fonte:defranca.educacao.sp.gov.br Em 1973, por ato do Presidente Médici a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) do Rio de Janeiro recebeu em comodato, uma área na rua Prefeito Olímpio de Melo, onde instalou o Centro de Treinamento Profissional. (MAZZOTTA, 2003). Em 1975, foi assinada a portaria n° 550 pelo Ministro Ney Braga, em vinte e nove de outubro, concebendo a CENESP (Centro Nacional de Educação Especial), abrangendo todas as deficiências. Conforme Mazzotta (2003, p. 56), o artigo 2° declara que: O CENESP tem por finalidade planejar, coordenar e promover o desenvolvimento da Educação Especial no período pré-escolar, nos ensinos de 1° e 2° graus, superior e supletivo, para os deficientes da visão, da audição, mentais, físicos, portadores de deficiências múltiplas, educandos com problemas de conduta e 10 os superdotados, visando à sua participação progressiva na comunidade, obedecendo aos princípios doutrinários, políticos e científicos que orientam a Educação Especial. Observa-se que o órgão foi criado com a finalidade de incluir todas as deficiências no atendimento escolar desde a pré-escola até o superior incluindo até mesmo o ensino supletivo, promovendo, coordenando e planejando o desenvolvimento da Educação Especial no Brasil. Em quinze de março de 1990 as atribuições relativas à Educação Especial passaram a ser da Secretaria Nacional de Educação Básica - SNEB. Que, conforme Mazzotta (2003, p. 59): Aprovando a estrutura regimental do Ministério da Educação, o Decreto n° 99.678, de 8 de novembro de 1990, incluiu como órgão da SENEB o Departamento de Educação Supletiva e Especial - DESE, com competências específicas com relação à Educação Especial. O Instituto Benjamin Constant e o Instituto Nacional de Educação de Surdos ficaram vinculados a SENEB, para fins de supervisão ministerial, mantendo-se como órgãos autônomos. Até o final de 1991, passaram pelo DESE duas diretoras e a Coordenação de Educação Especial foi desativada. Todas as atribuiçõesespecíficas da Educação Especial passaram, então, a serem exercidas pela nova diretora do DESE, Maria Luiza Mendonça Araújo, psicóloga e professora aposentada da Universidade de Brasília. (MAZZOTTA, 2003). No final de 1992, após a queda do Presidente Fernando Collor de Mello, houve outra reorganização dos Ministérios e na nova estrutura reapareceu a Secretaria de Educação Especial - SEJUSP, como órgão específico do Ministério da Educação e do Desporto. Para conduzi-la, foi nomeada Rosita Edler Carvalho, psicóloga e professora universitária aposentada, que atuara como técnica do CENESP no Rio de Janeiro e na SESPE anterior, além da CORDE (Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência), em Brasília. (MAZZOTTA, 2003). No Brasil, em relação ao atendimento a pessoas com deficiência, observa-se na Constituição Federal e em diversos textos oficiais, a busca de organização de instituições especializadas gerenciadas pelos próprios pais. Este é um importante aspecto a ser organizado junto aos grupos de pais a fim de consolidar a tão desejada parceria entre sociedade civil e ação governamental. (MAZZOTTA, 2003). 11 Por outro lado, mais recentemente se tem registrado a organização dos movimentos de pessoas com deficiência. Onde estes têm levado suas necessidades ao conhecimento dos organismos governamentais em todos os níveis da organização social e pouco a pouco percebe os fazendo esforços para assegurar que, de alguma forma, suas necessidades sejam satisfeitas de modo mais eficiente. Reconhecer a importância da participação das pessoas com deficiência no planejamento e na execução dos serviços e recursos a eles destinados é, sem dúvida, um imperativo de uma sociedade que pretende ser democrática. A capacidade de pressão dos grupos organizados por pessoas com deficiência tem sido evidenciada na própria elaboração da legislação sobre os vários aspectos da vida social, nos últimos dez anos no Brasil. Fonte: eco4u.files.wordpress.com A maior conquista está na Constituição Federal de 1988 e nas Constituições Estaduais a partir dela. Nesta constituição através do Capítulo V: da Educação Especial, nos Artigos 58, 59 e 60 com seus Parágrafos e Incisos determinam os direitos garantidos as pessoas com deficiências. (A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CONTEXTO DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO, 1997). A Educação Especial brasileira segue o que determina a Lei de Diretrizes e Bases - LDB, buscando sempre a inclusão e o melhor atendimento aos alunos especiais. 12 3.2 A Educação Especial na atualidade Fonte: asidbrasil.org.br A Educação Especial na atualidade tem sido presidida por princípios teóricos e filosóficos emanados da evolução conceitual e da definição de políticas próprias, enquanto área de conhecimento e campo de atuação profissional, buscando contribuir, de maneira intencional e planejada, para a superação de uma Educação Especial equivocada: o que responsabiliza o deficiente ou o seu meio próximo pelas dificuldades de aprendizagem e de adaptação; exerce uma função segregadora e excludente, e atua contra os ideais de inclusão e integração social de pessoas com deficiência e a garantia de sua plena cidadania. (OLIVEIRA, 2006). A literatura especializada aponta grandes avanços recentes, mas, ao mesmo tempo, revela imensas lacunas no conhecimento relativo a problemas que envolvem os indivíduos especiais, suas famílias, a escola e a comunidade; problemas cuja solução depende de investigação científica e de intervenção que seja cientificamente embasada e avaliada. (MENDES, 2006). Perguntas em aberto na área abrangem questões relativas a características e potenciais de pessoas com deficiência, a procedimentos e estratégias de ensino efetivas e exequíveis, à construção de currículos significativos (incluindo a profissionalização e estratégias para sobrevivência autônoma), a tipos e modalidades de serviços apropriados e como torná-los acessíveis, a formas de envolvimento da 13 comunidade, à organização escolar, às políticas públicas e à distribuição de recursos, entre outras. Buscar concretizar os planos e ideais requer conhecimento e prática. É preciso perguntar qual a prática necessária e então perguntar: qual o conhecimento necessário para fundamentar a prática? Em relação a inclusão, debater a educação inclusiva é hoje um fenômeno que requer posicionamento ideológico, em especial por, se tratar de uma ideologia importada de países desenvolvidos, que representa um alinhamento ao modismo, pois não se tem lastro histórico na realidade brasileira que a sustente; não se pode negar que na perspectiva filosófica a inclusão é uma questão de valor, ou seja, é um imperativo moral, e nem questioná-la dentro da ética vigente nas sociedades ditas democráticas, onde não se pode descartar que a adoção de diretrizes baseadas na educação inclusiva pode ser a única estratégia política com potencial para garantir o avanço necessário na Educação Especial brasileira. (OLIVEIRA, 2006). Em outros países, por exemplo, o movimento se assenta em contextos onde já existia um razoável acesso à educação, uma rede diversificada e melhor qualificada de serviços, nos quais a perspectiva de educação inclusiva representou apenas um passo natural em direção à mudança. (MENDES, 2006). No Brasil a educação inclusiva é ainda uma história a ser construída, e as universidades podem contribuir para esse processo. Portanto, a ciência torna-se essencial para que a sociedade brasileira busque contribuir, de maneira intencional e planejada, para a superação de uma Educação Especial equivocada que atua contra os ideais de inclusão social e plena cidadania. Por outro lado, é necessário também que o processo de tomada de decisão política privilegie mais as bases empíricas fornecidas pela pesquisa científica sobre inclusão escolar. (MENDES, 2006). No Brasil há procedimentos que geram dados que permitem subsidiar o acompanhamento de políticas públicas educacionais, que adotam a perspectiva da inclusão, sobre formação de professores (do ensino regular e especial) e estratégias pedagógicas inclusivas que podem ser adaptadas para a realidade brasileira. (ZANELLA, 2006). 14 Mas, a mudança requer ainda um potencial instalado, em termos de recursos humanos, em condições de trabalho para que ela possa ser posta em prática, pois é na existência de pessoal cientificamente preparado, para identificar as armadilhas de concepções e procedimentos inadequados, que reside à possibilidade de alterar a realidade da Educação Especial no país. (ZANELLA, 2006). A universidade enquanto agência de formação, além de produzir conhecimento tem ainda a responsabilidade de qualificar os recursos humanos envolvidos, tanto em cursos de formação inicial quanto continuada, o que é um desafio considerável para o sistema brasileiro de ensino superior. (MENDES, 2006). Assim sendo, o futuro da educação inclusiva em nosso país dependerá de um esforço coletivo, que obrigará a uma revisão na postura de pesquisadores, políticos, prestadores de serviços, familiares e indivíduos com deficiência, para trabalhar numa meta comum que seria a de para garantir uma educação de melhor qualidade para todos. (MENDES, 2006). A partir do ano de 1981, foi declarado o Ano Internacional da Pessoa Deficiente, hoje considerado o embrião da educação inclusiva e, em 1983-1992 foi instituída a década das pessoas com deficiência nas Nações Unidas. A partir daí passou a ser pauta de discussões internacionais, como por exemplo, em 1994 foi realizada em Salamanca, na Espanha, a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, cujas discussões surgiu o documento Declaração de Salamanca sobre princípios, política e prática em Educação Especial, firmando-se a urgência de ações para uma educação capaz de reconheceras diferenças, promover a aprendizagem e atender às necessidades de cada criança individualmente. Reuniu delegados de 92 governos e 25 Organizações não governamentais (ONGs). Seu objetivo principal foi propor a adoção de linhas de ação em Educação Especial, dentro de uma política de escola inclusiva. Outro documento também importante é a Declaração Mundial de Educação para Todos, Conferência de Jomtien, Tailândia, 1990, Plano de Ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem, promovida pelas Nações Unidas para a educação, ciência e cultura (UNESCO), fundação das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD) e Banco Mundial. O objetivo era traçar ações concretas para 15 mudar até 2000 a situação do analfabetismo, incluindo a situação das pessoas com necessidades educacionais especiais. (ROSSETO, 2006). Fonte:download.rj.gov.br Em relação a esta trajetória histórica da Educação Especial, hoje vista na perspectiva de inclusão social e escolar dos alunos com deficiência, ainda se destaca o documento: Política Nacional de Educação Especial (1994 - MEC). Este documento propunha-se estabelecer objetivos gerais e específicos referentes a interpretação dos interesses, necessidades e aspirações de pessoas com deficiência, condutas típicas e altas habilidades, modificando a terminologia de portador de deficiência para pessoa com deficiência. Por meio deste documento, o Ministério da Educação estabelece como diretrizes da Educação Especial, apoiar o sistema regular de ensino para a inserção de pessoas com deficiência, e dar prioridade ao financiamento de projetos institucionais que envolvam ações de integração. (MEC/SEED, 1994). Outro documento a ser mencionado é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), 9394/96, de 20/12/96 em substituição a 4024/61 e 5692/71. O capítulo V caracteriza, em três artigos, a natureza do atendimento especializado e, para que os professores consigam atingir os seus objetivos é necessário que se tenha um serviço de apoio funcionando, que nos parágrafos da LDB, no artigo 58, diz que: 1º haverá quando necessário, serviço de apoio especializado na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial. 2º O 16 atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. Deve, a escola, institucionalizar o processo de inclusão, explicitando quais os procedimentos, princípios e finalidades dessa proposta de educação para todos. Dentro deste pressuposto, parte-se de uma escola articulada com uma sociedade que entenda a educação como fato social, político e cultural em oposição a uma escola padronizada e representante do status quo. (ROSSETO, 2006). A educação inclusiva, apesar de encontrar sérias resistências por parte de muitos, constitui uma proposta que objetiva resgatar valores sociais voltados com a igualdade de direitos e de oportunidades para todos. No entanto, para que esta inclusão se concretize, não é suficiente existirem leis que determinem a sua efetivação. (ROSSETO, 2006). É necessário refletir sobre certos conceitos, como por exemplo, concepção de homem, educação, e sociedade como seus determinantes econômicos, sociais e políticos. (ROSSETO, 2006). Tudo isto, pressupõe grandes avanços e mudanças na sociedade como um todo, acabando definitivamente com o preconceito, buscando analisar sobre quais seriam as condições necessárias à inclusão das pessoas com deficiência na atual escola pública, através de pesquisas, dados confiáveis e precisos, abandonando definitivamente discussões meramente opinativas, que não resultam na efetivação de uma Educação Especial séria e eficaz. (ROSSETO, 2006). Portanto, a realidade da Educação Especial brasileira ainda não é a adequada, mas percebe-se grande mobilização por parte de todos em relação a melhoria da mesma, e é claro que a EF não fica de fora desse contexto. Conforme a LDB em seu artigo 26, no parágrafo 3º, a EF está integrada a proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando -se às condições da população escolar. 17 3.3 A educação física adaptada Fonte: www.atenacursos.com.br 3.4 História da Educação Física Adaptada: Historicamente, a origem da participação de pessoas deficientes que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas ocorreu em programas denominados de ginástica médica, na China, cerca de 3 mil anos a.C. (GORGATTI; COSTA, 2005). Mas, foi a Primeira Guerra Mundial que exerceu fator essencial no uso de exercícios terapêuticos e atividades recreativas que auxiliavam na restauração da função. (ADAMS, 1985). Já, no final do século XIX até a década de 1930, de acordo com Mazzotta (2003), os programas de atividade física começaram a passar de treinamento físico com orientação médica para Educação Física (EF) voltada ao esporte, e surgiu a preocupação com a criança como um todo. Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou o uso de exercícios terapêuticos em hospitais para a força e função muscular. Centros de convalescença (recuperação que se segue a doença, operação, traumatismo, etc.) e reabilitação foram criados. Jogos e esportes adaptados para amputados, paraplégicos e outros com deficiências maiores tornaram-se populares. (ADAMS, 1985). 18 Portanto, as atividades físicas para deficientes iniciaram com o intuito de reabilitar jovens lesionados nas batalhas e foram introduzidas pelo médico (neurologista e neurocirurgião) Ludwig Guttman, que acreditava ser parte essencial do tratamento médico para recuperação das incapacidades e integração social. A partir de então, vem se difundindo pelo mundo todo e hoje exerce papel fundamental na vida dos praticantes. (ADAMS, 1985; ROSADAS, 1989; WINNICK, 2004). Segundo Sherrill (apud Winnick, 2004), os programas de EF entre as décadas de 1930 e de 1950 consistiam de aulas regulares ou corretivas para alunos que hoje seriam considerados "normais". A autora relata, de forma sucinta, a EF Adaptada deste período: A indicação para a Educação Física se baseava em um exame completo realizado por um médico que determinava se o estudante devia participar do programa normal ou do corretivo. As aulas corretivas consistiam basicamente de atividades limitadas, restritas ou modificadas, relacionadas a problemas de saúde, postura ou aptidão física. Em muitas escolas, os alunos eram dispensados da Educação Física; em outras, o professor normalmente trabalhava em várias sessões diárias de Educação Física normal. Os líderes da Educação Física corretiva continuavam tendo sólida formação em medicina ou fisioterapia. (apud WINNICK, 2004, p. 12-13). A EF obrigatória nas escolas públicas aumentou drasticamente, e o treinamento de professores de EF (em lugar de médicos) teve como resultado a promoção dessa disciplina. (MAZZOTTA, 2003). Na década de 1950, afirma Winnick (2004), cada vez mais alunos descritos como deficientes utilizavam as escolas públicas e a visão em relação a eles ia se tornando cada vez mais humanística. Em 1952, segundo o autor, a American Association for Health, Physical Education and Recreation (Associação Americana de Saúde, EF e Recreação) constituiu um comitê para definir a subdisciplina e ditar orientações e diretrizes para os profissionais. Esse comitê definiu a Educação Física Adaptada como um programa diversificado de atividades desenvolvimentistas, jogos, esportes e ritmos, adaptado aos interesses, às capacidades e limitações dos alunos portadores de deficiência que não podem participar com sucesso e segurança das rigorosas atividades do programa 19 geral de Educação Física (Committee on Adapted Physical Education, 1952). (WINNICK, 2004, p.10). A definição mostrava a crescente diversidade da EF e, especificamente, incluía as pessoas com deficiência, no que se constituiu a chamada EF Adaptada. Da ginástica médica à primeira concepção mais clara e consistente de EF Adaptada, adotada na década de 1950, muitos programas foram desenvolvidos com os mais diversos nomes, como EF Corretiva ou Ginástica Corretiva, EF Preventiva, EF Ortopédica, EF Reabilitativa e EF Terapêutica. (GORGATTI; COSTA, 2005). Mudanças de nomenclatura refletem a constante preocupação de profissionais e pesquisadores em atribuir uma identidade atualizada e devidamente contextualizada à EF Adaptada. Seaman e De Pauw (apud Gorgatti e Costa, 2005, p.03), esclarecem que: À medida que os programas de Educação Física Adaptada assumiam uma identidade essencialmente educativa/pedagógica, outras denominações surgiram, como Educação Física Desenvolvimentista, Ginástica Escolar Especial, Educação Física Modificada, Educação Física Especial e Educação Física Adaptada. A diferença básica entre EF Especial e EF Adaptada, para Seaman e De Pauw (apud Gorgatti e Costa, 2005), está relacionada à constituição dos grupos, em virtude das limitações, onde os estudantes com deficiência não poderiam se engajar de modo irrestrito, de forma segura e com sucesso, em atividades vigorosas de um programa de EF. Exigia-se, portanto, que houvesse mudanças ou ajustes de metas, objetivos ou instruções. Portanto, cabe a nós esclarecermos o que é EF Adaptada e quais são os seus objetivos. 3.5 Educação Física Adaptada: conceitos e objetivos A Educação Física (EF) tem um papel importante no desenvolvimento global dos alunos, principalmente daqueles com deficiência, tanto no desenvolvimento motor quanto nos desenvolvimentos intelectual, social e afetivo. Quando se trata da EF Adaptada, pensamos em uma área de conhecimento que discute os problemas biopsicossociais da população considerada de baixo 20 rendimento motor: portadores de deficiência física, deficiências sensoriais (visual e auditiva), deficiência mental e deficiências múltiplas. Ela procura tratar do aluno sem que haja desigualdades, tornando a autoestima e a autoconfiança mais elevada através da possibilidade de execução das atividades, consequentemente da inclusão. As atividades proporcionadas pela EF Adaptada devem oferecer atendimento especializado aos alunos com necessidades especiais, respeitando as diferenças individuais, visando proporcionar o desenvolvimento global dessas pessoas, tornando possível não só o reconhecimento de suas potencialidades, como também, sua integração na sociedade. (DUARTE; LIMA 2003). Em relação a conceito, a EF Adaptada (EFA), de acordo com Rosadas (1994, p. 05), "é a Educação Física aplicada em condições especiais, visando uma população especial que necessita de estímulos especiais de desenvolvimento motor e funcional". Já, para Barbanti (1994, apud DUARTE; LIMA, 2003, p. 92): A Educação Física Adaptada também pode ser conceituada como a Educação que envolve modificações ou ajustamentos das atividades tradicionais da Educação Física para permitir às crianças com deficiências participar com segurança de acordo com suas capacidades funcionais. Essa modalidade tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com deficiência, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais. (SEAMAN; De PAUW apud PEDRINELLI, 1994). A EF Adaptada tem sido valorizada e enfatizada como uma das condições para o desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo das pessoas, sendo considerada, de uma maneira geral, como: atividades adaptadas às capacidades de cada um, respeitando suas diferenças e limitações, proporcionando as pessoas com deficiência a melhora do desenvolvimento global, consequentemente, da qualidade de vida. Na EF para deficientes o conteúdo não é diferente, mas sim adaptado para cada tipo de deficiência. Conforme Bueno e Resa (1995 apud GORGATTI; COSTA, 2005), a EF Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da EF em seus conteúdos, 21 mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados ao indivíduo deficiente. A EF Adaptada é uma parte de EF, cujos objetivos são o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas. Seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e esportes, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser considerados tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal (e não a deficiência em si). (GORGATTI; COSTA, 2005). Gorla (1997), cita que a EF Adaptada tem como objetivo, um programa constituído de diversas atividades, que visam atingir determinados objetivos de acordo com a idade cronológica e o grau de desenvolvimento dos indivíduos, visando uma melhoria no rendimento motor, crescimento e saúde. Bueno e Resa (1995, apud GORGATTI; COSTA, 2005), enfatizam que a EF Adaptada possibilita ao educando a compreensão de suas limitações e capacidades, auxiliando-o na busca de uma melhor adaptação ao meio. A EF Adaptada deve ensinar os alunos a fazer mudanças dentro de si, para conseguir isso, deve-se respeitar a individualidade de cada um, respeitar suas diferenças e limitações, trabalhar suas potencialidades, nunca os subestimar, vibrar com suas conquistas, motivá-los a dar novos passos e oferecer oportunidade para que eles possam desfrutar da alegria proporcionada pela prática recreativa e esportiva. (ROSADAS, 1989). A prática da EF é "um direito de todos, e seus programas devem dar prioridade aos grupos menos favorecidos da sociedade". (ROSADAS, 1994, p. 06). 22 4 EDUCAÇÃO FÍSICA E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA http:jornaldachapada.com.br A Educação Física (EF) se justifica nas escolas, pelo fato de ela subsidiar a prática corporal direcionada a vivência de movimentos e desenvolvimento físico e psíquico do aluno, é a EF que trata da cultura corporal de movimento e se expressa nos jogos, nas danças, nas lutas, nos esportes e nas ginásticas. Baseado em Gorgatti e Costa (2005), a função da EF na escola é educar para compreender e transformar a realidade que nos cerca, a partir de sua especificidade que é a cultura de movimento. Em nossa concepção, a EF deve propiciar o desenvolvimento global de seus alunos, ajudar para que o mesmo consiga atingir a adaptação e o equilíbrio que requer suas limitações e ou deficiência; identificar as necessidades e capacidades de cada educando quanto às suas possibilidades de ação e adaptações para o movimento; facilitar sua independência e autonomia, bem como facilitar o processo de inclusão e aceitação em seu grupo social, quando necessário. Em se tratando de problemas, Gorgatti e Costa (2005) citam que as deficiências podem ser: mentais, físicas, visuais ou auditivas isoladas, mas é frequente a deficiência combinada, principalmente quando a causa delas abalou o sistema central, que controla todo mecanismo neuromotor do homem. 23 É importante o conhecimento de tais problemas, pois, independente da escolha de atuação do profissional da área, haverá sempre a possibilidade de se trabalhar com pessoas que têm deficiência, seja em escolas regulares, academias, clubes, colônias de férias, enfim, em qualquer lugar. Portanto, os deficientes mentais, segundo Diament e Cypel (1996), são aqueles que possuem uma inteligência insuficientemente desenvolvida; ele é incapaz de competir com igualdade com seus companheiros ditos "normais"; não conseguem cuidar de si próprio com independência; possui um vocabulário limitado com aprendizagem lenta; apresenta dificuldade na compreensão das explicações e informações. Quandose trabalha com deficientes mentais, algumas dicas, segundo Strapasson (2006), devem ser respeitadas, como: demonstrar o exercício ou a atividade após explicação do mesmo, assim os alunos recebem duas fontes de informação; iniciar com exercícios de fácil execução e aumentar o grau de dificuldade gradativamente, favorecendo situações de sucesso; incentivar o auxílio dos alunos como monitores e ajudantes de turma, favorecendo a independência, a autonomia e a cooperação. O êxito proporcionado nas aulas de EF gera um sentimento de satisfação e competência, mas experiências sucessivas de fracasso e frustração acabam por gerar uma sensação de impotência que, num limite extremo, inviabiliza a aprendizagem. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997). A deficiência física (ou motora) refere-se aos problemas osteomusculares ou neurológicos que afetam a estrutura ou a função do corpo, interferindo na motricidade. Ela é caracterizada por um distúrbio da estrutura ou da função do corpo, que interfere na movimentação e/ou na locomoção do indivíduo. As pessoas que usam próteses, muletas, cadeira de rodas ou necessitam do auxílio de órteses carregam muitos rótulos: aleijado, deficiente, impedido, inábil. Cada um tem preferência pessoal do modo como deseja ser chamado, e isso deve ser perguntado à pessoa com deficiência física. Alguns autores descrevem leves diferenças de significado, mas deficiência física é a designação genérica. Ficaria mais claro se fosse utilizada a designação "motora" em vez de "física", indicando que existe um problema nessa área especificamente. (GORGATTI; COSTA, 2005). 24 Strapasson (2006), sugere, mais uma vez, atitudes que devem ser tomadas nas aulas de EF nas turmas que têm pessoas com deficiência física: em primeiro lugar, deve-se chamar a atenção de alunos que desrespeitam as pessoas com deficiência física com apelidos pejorativos e com falta de paciência devido às limitações do colega. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), reforçam essa ideia, enfatizando que a maioria das pessoas com deficiência têm traços fisionômicos, alterações morfológicas ou problemas em relação à coordenação que as destacam das demais. A atitude dos alunos diante dessas diferenças é algo que se construirá na convivência e dependerá muito da atitude que cada professor adotar. É possível integrar essa criança ao grupo, respeitando suas limitações, e, ao mesmo tempo, dar oportunidades para que desenvolvam suas potencialidades. Strapasson (2006), diz ainda que é necessário fazer com que os alunos "normais" vivenciem as dificuldades enfrentadas por essas pessoas em suas muletas, cadeiras de rodas, falta de coordenação patológica enfim, quando se conhece as dificuldades, o valor e o respeito pode ser incutido com mais afinco. A autora enfatiza que atividades de cooperação e atividades que favoreçam a participação com sucesso devem ser trabalhadas, bem como atividades inclusivas. O aluno também pode ser nomeado como auxiliar e comandante, exercendo assim, cargos importantes. Em se tratando de deficiência visual, Mosquera (2000, p. 27), cita que ela é a "perda total ou parcial da visão, necessitando o seu portador, de recursos específicos, método Braille, soroban, bengala e outros, para a alfabetização e socialização". Para ele, a EF para essa clientela deve ser executada em um lugar seguro, com orientações e descrições do ambiente, que tenha o máximo de silêncio, com demonstrações verbais e sensitivas das atividades, oportunizando atividades até onde possam superar seus limites. Já, a deficiência auditiva, é a perda total ou parcial da audição e para se comunicarem, utilizam a Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS. (GORGATTI; COSTA, 2005). O nível de audição pode ser medido em decibéis (dB), unidade de avaliação de intensidade dos sons. A audição normal situa-se em zero dB e são consideradas significativas as perdas acima de 30 dB. A partir daí é recomendado o uso de 25 aparelhos de amplificação sonora. Quanto maior o número de decibéis necessários para que uma pessoa possa responder aos sons, maior a perda auditiva. A adaptação do ouvido ao aparelho e a resposta aos estímulos sonoros poderão caracterizar a criança como deficiente auditiva (a que discrimina o som de uma fala graças ao uso do aparelho) ou como surda (a que não compreende os sons de uma fala, apesar do uso do aparelho). (GORGATTI; COSTA, 2005). De acordo com Strapasson (2006), a EF para deficientes auditivos deve: ter demonstrações práticas das atividades; o professor deverá ter noção de LIBRAS; deve falar sempre de frente para o aluno e falar devagar para que ele possa fazer a leitura labial; utilizar bandeiras ou sinais visuais ao invés de apitos. Portanto, nas atividades adaptadas, deve-se respeitar as capacidades de cada um, nas diferenças e limitações proporcionando melhor desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo. A área da Educação Física Adaptada é fascinante, cheia de possibilidades na qual o professor deve ser bom. Não dá para dar uma bola para eles brincarem, temos que orientar a brincadeira, porque se dermos a bola, muitas vezes eles não sabem nem o que fazer com ela. (STRAPASSON, 2006, p. 17). 4.1 Educação física na educação especial Fonte:www.ibmr.br 26 Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria das pessoas com deficiência foram e são excluídas das aulas de Educação Física (EF). A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997). As escolas especiais, como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), dividem a EF em: EF Escolar para a Educação Infantil (0 a 6 anos) 1ª fase; EF Escolar para o Ensino Fundamental e Educação Profissional para os Ciclos de: Escolarização Inicial (7 a 14 anos) 2ª fase; Escolarização e profissionalização (acima de 14 anos) 3ª fase. A formação de turmas para o atendimento em EF, proposta pela APAE Educadora (projeto escolar), deverá observar, além da idade cronológica do aluno para a inserção nas respectivas fases, o seu padrão funcional que é a capacidade de compreensão dos estímulos e de execução dos movimentos propostos. (TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005). Nas fases II (Escolarização Inicial) e III (Escolarização e Profissionalização), há três níveis de atuação da EF (nível I, II e III) e para a inserção do aluno dever-se-á considerar suas condições físicas momentâneas. (TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005). Nível I: Estimulação motora; desenvolvimento do sistema motor global por meio da estimulação das percepções motoras, sensitivas, e mental com experiências vividas do movimento global; desenvolvimento dos movimentos fundamentais. Nível II: Estimulação das habilidades básicas; melhoria da educação e aumento da capacidade de combinação dos movimentos fundamentais; desenvolvimento de atividades coletivas, visando à adoção de atitudes cooperativas e solidárias sem 27 discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais. Nível III: Estimulação específica e iniciação esportiva; aprendizagem e desenvolvimento de habilidades específicas, visando à iniciação esportiva; treinamento de habilidades esportivas específicas, visando à participação em treinamento e competições. Entende-se que na EF Adaptada deve ser mantida a integridade das atividades e promovida a maximização do potencial individual, uma vez conhecidas às metas do programa, convém modificá-las, apenas quando necessário, sempre respeitando as metas previamente determinadas, assegurando que as atividades sejam um desafio à todos os participantes e, sobretudo, que seja valorizada a diferença. (GORGATTI; COSTA,2005). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 85) citam que: A Educação Física para alcançar todos os alunos deve tirar proveito dessas diferenças ao invés de configurá-las como desigualdades. A pluralidade de ações pedagógicas pressupõe que o que torna os alunos diferentes é justamente a capacidade de se expressarem de forma diferente. O processo de ensino aprendizagem, a respeito dos conteúdos escolhidos deve considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitivas, corporais, afetiva, ética, estética, de relação inter pessoal e inserção social). Não se restringe a simples exercícios de certas habilidades corporais e exercê- las com autonomia de maneira social e culturalmente significativa. Para Gorgatti e Costa (2005), é importante focalizar o desenvolvimento das habilidades, selecionando atividades apropriadas, providenciando um ambiente favorável à aprendizagem encorajando a auto superação, a todos os participantes da EF Adaptada. Concordamos com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), quando ele diz que a EF deve oportunizar a todos os alunos, independentemente de suas condições biopsicossociais, o desenvolvimento de suas potencialidades de forma democrática e não seletiva, visando o seu aprimoramento como seres humanos. 28 Nesse sentido, cabe assinalar que os alunos com deficiência não podem ser privados das aulas de EF. E assim, a EF faz parte de um processo de educação do ser humano, e, se bem trabalhada e administrada, poderá surtir efeitos benéficos para os praticantes, bem como para a sociedade. 4.2 Artigos para leitura www.fiqueinforma.com EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DEFICIÊNCIA DE QUEM? A problemática da inclusão escolar muito nos fez refletir na busca de alternativas para nossa prática pedagógica. É um tema que, na educação física, começa a tomar maior fôlego, tanto em debates quanto em pesquisas, todavia muito ainda carece de ser discutido e investigado. No que concerne à Educação Especial, podemos destacar que, pelo viés da legalidade, tudo deveria transcorrer da forma mais harmoniosa possível, tanto que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) dedica um capítulo inteiro a esse tema. Entretanto, a questão da legislação nacional “especial” carrega, simultaneamente, “[...] o temor de que a criação de uma legislação específica possa resultar em aumento da discriminação dos destinatários da lei e a crença que a referência 29 legal é necessária para assegurar o atendimento aos direitos básicos, inclusive na área de educação. Essa contradição se manifesta numa realidade em que a Educação Especial tem reduzida expressão política perante a educação geral, reproduzindo talvez a pequena importância que se confere às chamadas necessidades especiais, principalmente aquelas relacionadas a deficiências em nossas políticas sociais” (FERREIRA; NUNES, 1998, p. 17). Podemos observar que a Lei por si só, não daria conta do enorme desafio e responsabilidade que seu texto carrega, cabendo a ela “[...] assegurar a educação como um direito social da pessoa com deficiência, como uma aquisição importante para sua inserção social [...]” (FERREIRA; NUNES, 1998, p. 22). “O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa estender ao máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular. Envolve o fornecimento do suporte de serviços da área de educação especial por intermédio dos seus profissionais. A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto” (MRECH, 1998, p. 37). No entanto, como promover uma educação que se queira inclusiva, na atual situação em que se encontra a escola pública, com estruturas físicas deficientes, corpo docente desqualificado e mal remunerado, dentre outros problemas? Segundo Carmo (2002, p. 7), “[...] atualmente, diante da tendência inclusivista a escola está ‘nua’ e não tem como camuflar suas limitações e lacunas”. 4.3 Educação física escolar e o processo de inclusão Ao nos depararmos com uma aluna cadeirante, na escola “Maria Guilhermina de Castro”, que pertence à rede municipal de Cariacica-ES, ficamos meio atordoado por não saber como nos comportar diante daquela situação. Nesse ensejo, tivemos, como primeira atitude, um longo diálogo com a aluna, no intuito de conhecê-la melhor e explicitar nossas deficiências, em lidar com a situação. Nessa conversa, pudemos notar o desejo da aluna em participar das aulas de educação física. Foi, então, que perguntamos o que o professor de educação física de sua escola anterior tinha trabalhado, para que pudéssemos nos posicionar perante a situação. Ela nos relatou que já havia passado (no sentido de ter começado a estudar) por várias escolas e, 30 devido à enorme discriminação, seus familiares eram obrigados a retirá-la dessas escolas. No que tange à educação física, narrou um fato alarmante: o professor, geralmente, dizia que não era preciso que participasse das aulas. Isso veio trazer mais responsabilidade ao que desenvolveríamos em nossa prática. O próximo passo foi conversar abertamente com os demais alunos da turma, sobre o fato de termos um aluno com necessidades especiais, com a intenção de despertar a consciência de que, para construirmos nossas aulas, seria necessário que todos se sensibilizassem e dessem suas contribuições, para juntos buscarmos uma forma de tratar o conhecimento que viesse atender aos anseios de toda a turma, alunos negros, índios, mulheres, brancos, deficientes. Neste trabalho, questionamos o processo de inclusão de deficientes. Apesar de todo esse cuidado com a aluna cadeirante, nossa história com a inclusão não foi iniciada aí. Já trabalhávamos com outros deficientes na escola, contudo ainda não havíamos nos defrontado com um aluno que não se locomovesse com as próprias pernas. Isso nos mostrou que, por mais que façamos, sempre nos defrontamos, na prática, com situações novas, que solicitam respostas que nos remetem a novos conhecimentos. Por isso, vemos que a angústia constante pela busca de novos saberes torna-se uma “ferramenta” de trabalho importantíssima para a prática pedagógica. Além disso, devemos estar sempre abertos para o debate com os alunos, pois, provavelmente, muitas questões surgirão, por exemplo: a negação, por parte da família, em relação a determinadas deficiências, os preconceitos por parte dos professores, entre outras. “Participar de um processo inclusivo é estar predisposto, sobretudo, a considerar e respeitar as diferenças individuais, criando a possibilidade de aprender sobre si mesmo e sobre o outro, em uma situação de diversidade de ideias, sentimentos e ações” (PEDRINELLI, 2002, p. 31). Vislumbramos que o problema da inclusão nas aulas de educação física está longe de ser resolvido e que o professor, ao se deparar com essa situação, vê-se no dilema: tergiversar em relação ao fato ou angustiar-se e buscar soluções. Infelizmente, notamos, pelo relato da aluna, que o professor anterior, ao defrontar-se com um aluno com necessidades especiais, optou pelo processo inverso da inclusão. Entretanto, sem querer retirar a nossa responsabilidade como 31 professores, vemos que é muito complicado atribuir a culpa a alguém pelo fato de promover ou não a inclusão, pois existem muitas variáveis que podem contribuir para que atitudes, como a relatada, ocorram, como a carência de cursos para atualização, a pouca preocupação, por parte dos Poderes Públicos, em dar o suporte necessário à escola para que possa almejar o processo de inclusão, etc. Posicionamo-nos em defesa da inclusão, porque acreditamos que as contribuições que o aluno com deficiência tem a dar para a evolução da educação física, se estiver presente, são muito representativas para o desenvolvimento dessa disciplina e para o aprendizado dosalunos, a partir de seus elementos constitutivos, representados pelas diferenças marcadamente visíveis, que podem suscitar muitas reflexões. “A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mais apoia a todos – professores, alunos, pessoal administrativo – para que obtenham sucesso na corrente educativa geral” (MANTOAN, 1998, p. 32). Com relação à formação, professores recém-formados, deveriam possuir “[...] ferramentas básicas para suas incursões profissionais futuras” (CRUZ, et al., 2002, p. 40). Do prisma da formação profissional, o píncaro da questão está no fato de que ela não se encerra na graduação. Todavia, devido ao descaso com que é tratada a educação pública, o professor acaba sendo tolhido de promover a sua atualização, tendo, em muitos casos, de dar conta de enormes cargas-horárias em diferentes escolas para sobreviver. A inclusão proporciona uma visão arrojada de escola, ensino, educação e EF. Com isto, torna-se indispensável a valorização do magistério, o investimento na formação dos professores, assim como melhores condições de trabalho e salários dignos, em face do papel político e social que representam esses profissionais (CARVALHO, 1999, apud SOUSA, 2002, p. 37). Academicamente, na educação física, urge “[...] produzir conhecimentos que tragam consequências e contribuições para mudar o atual contexto social em que vivem as pessoas com deficiência” (CARMO, 2002, p. 9). No que se refere ao professor, deve construir atividades compatíveis, que ofereçam condições para que todos os alunos as realizem; no que diz respeito às políticas educacionais “especiais”, 32 serão tanto mais úteis se saírem apenas do âmbito do discurso e fornecerem fulcro para que realmente se possa realizar uma prática pedagógica inclusiva, na qual os alunos definitivamente permaneçam. 5 EDUCAÇÃO FÍSICA X DEFICIÊNCIA VISUAL Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com Uma prática social que está se desenvolvendo em todo o mundo é a educação inclusiva, que direciona os debates e as reflexões para o papel da educação e da escola nos tempos contemporâneos (ALVES et al., 2013). O tema da inclusão, considerado um fator social, é atual em nossa cultura, mas antigo ao longo do tempo (NUNES, 2012). Nessa perspectiva, compreende-se que a educação escolar deve favorecer o desenvolvimento psicológico, social, afetivo e cognitivo dos envolvidos de modo integral, instrumentalizando os educandos para que realizem suas funções e capacidades de maneira plena na sociedade. Incluir um aluno com deficiência visual em uma escola de ensino regular é dar-lhe oportunidade, para que possa participar efetivamente das aulas – aspecto positivo, porque a inclusão escolar parte do pressuposto de que os alunos com deficiência devam receber o mesmo trato pedagógico que os alunos ditos normais, ficando claro que a política da inclusão não 33 tem fronteiras e se transformou em um processo inevitável (POSSA; NAUJORKS, 2013). A prevalência de deficiência visual pode variar de acordo com o nível socioeconômico. O trabalho de Gilbert (2007) demonstra que a maioria das crianças com cegueira no mundo vivem nos países mais pobres de baixa renda. Existem várias causas inevitáveis de cegueira na infância e adolescência, como doenças genéticas e outros distúrbios pré-natais que afetam o sistema nervoso central (OZTURK et al. 2016; VERDIER et al., 2018a). Dessa forma, a educação como um todo deve estar preparada para atender essa demanda que precisa de atenção especializada. Verdier et al. (2018b) e Verdier et al. (2019) insistem na importância de adotar práticas baseadas em evidências científicas para esse público nas escolas para um processo de ensino-aprendizagem de sucesso, com uma estreita colaboração entre professores, pais e especialistas no campo da deficiência visual. Historicamente a Educação Física escolar teve dificuldades no trato com a diversidade, teve dificuldades em se consolidar como um direito de todos. Aqueles corpos que fugiam do estereótipo atlético e do desempenho motor elevado, enfrentavam dificuldades para se inserirem nas aulas, causando muitas exclusões e auto exclusões. Com relação aos alunos com deficiência, muitas vezes eles acabavam e ainda acabam dispensados das aulas da disciplina, por vezes sem nem apresentar um impedimento médico. Pesquisa de Freitas, Sales e Moreira (2016) com cinco alunos/as com deficiência visual encontrou como resultado que, apesar destes discentes declararem possuir interesse em atividades físicas/esportes, os mesmos não participavam das aulas de Educação Física, atribuindo esta realidade aos docentes que não adaptavam as metodologias de ensino às suas especificidades. Dentre destes participantes do estudo, existia inclusive um atleta de judô, porém seu professor apenas permitia que ele fizesse alongamentos nas aulas. A Educação Física escolar, desta forma nega o acesso destes estudantes a cultura corporal de movimento e ao direito à educação. Freitas, Sales e Moreira (2016) afirmam que os processos inclusivos devem se preocupar com o acesso, a permanência e principalmente as metodologias adaptadas que possam assegurar a participação desses alunos nas aulas, inclusive 34 nas de Educação Física, visto que a perda ou a falta de visão não impede a participação de forma prática nas aulas. Entretanto, para que essa inclusão, de fato, aconteça, os alunos, os funcionários, o corpo docente e a sociedade de modo geral precisam estar aptos e preparados para atuar com alunos que apresentam diferentes e peculiares condições para o aprendizado (NOZI; VITALIANO, 2012). Nessa acepção, esse preparo tange questões como o acesso, a permanência e, principalmente, as metodologias adaptadas para assegurar a participação desses alunos nas aulas, sobretudo nas de Educação Física, uma vez que a perda ou a falta de visão não os impedem de participar ativa e efetivamente das aulas, seja qual for a modalidade de ensino. Nesse sentido, as barreiras existem, e sua eliminação é bastante complexa, necessitando ser um contínuo processo de sensibilização e conscientização da sociedade de modo geral, com vistas ao acolhimento de todas as pessoas, independentemente de suas origens, necessidades e diferenças individuais (ALVES et al., 2014). Portanto, a universalização e a democratização das oportunidades devem ser debatidas e pensadas de modo real, de acordo com a realidade situacional, sem atos protecionistas ou paternalistas, buscando o respeito pelas diferenças. Não se trata de descomplicar as condições de acesso ao lazer, à educação, à saúde e à moradia das pessoas com deficiência, mas, na realidade, de oferecer conjunturas ideais de igualdade. Pensar sob esse prisma é acreditar na capacidade potencial de produzir conhecimentos e de aprender de pessoas com diferentes formas de se concatenar com o saber e com o mundo. Desse modo, concorda-se com Basso e Capellini (2012) quando argumentam que é conhecer, concretamente, que existe o princípio da universalização e que deve beneficiar a todos os envolvidos. Hodiernamente, a Educação Física é desafiada a criar atividades possíveis a todos, e esse desafio é altamente motivador, porque faz com que professores e/ou educadores utilizem seu poder criativo para, de fato, construir uma escola para todos e propiciar habilidades também para todos, respeitando o ritmo, os limites e as possibilidades de cada um. Palma e Manta (2010) argumentam que refletir sobre a Educação Física escolar é também pensar nas possibilidades e potencialidades da 35 amplitude de movimentos de cada aluno que esteja realizando as atividades propostas sem priorizar as suas limitações e/ou deficiências. A respeito do esporte de rendimento, infelizmente tão evidenciado nas aulasde Educação Física – em sua concepção tradicional –, Lopes (1999, p. 24) explicita: A Educação Física na maioria das escolas tem um enfoque tradicional, centrada no professor, que privilegia os mais aptos, não desenvolvendo estratégias individualizadas, e exclui aqueles que não possuem os padrões motores adequados - nestes se encaixam os alunos portadores de deficiência. Como alternativa à mudança e/ou reestruturação desse cenário excludente que a Educação Física vem vivendo nas escolas em que os alunos com deficiência visual, estão inseridos, recomenda-se a Educação Física inclusiva e adaptada, que, como a própria nomenclatura define, consiste na adequação da gama de conteúdos presentes em qualquer programa de atividade física (ginástica, danças, jogos e esportes), de forma a contemplar todos os alunos, independentemente de suas necessidades específicas (FREITAS et al, 2016). A Educação Física como componente curricular deve pautar a sua ação pedagógica pelos fundamentos da inclusão, considerando as necessidades e os interesses de todos os seus alunos e oferecendo a eles subsídios possíveis para que possam experimentar diferentes formas de movimentos corporais, sejam por meio das atividades físicas, esportivas ou recreativas, a fim de contribuir para seu desenvolvimento global (FREITAS et al, 2016). Contudo, o processo de inclusão depende de vários fatores, entre os quais pode ser apontada a necessidade de preparação e formação docente adequadas. Alguns estudos têm procurado avaliar a preparação de professores de educação física e o modo como o processo de inclusão vem ocorrendo. Do ponto de vista dos deficientes visuais em relação ao processo de inclusão, Costa (2010) em um trabalho que avaliou o processo de inclusão do ponto de vista dos estudantes deficientes visuais do ensino fundamental II ou ensino médio, da rede pública municipal e estadual e da rede particular relatou que eles se declararam, de forma unânime, parcialmente incluídos no ensino regular, principalmente em relação às aulas de Educação Física Escolar. O autor acima citado referiu que a insatisfação 36 dos deficientes visuais com o tratamento que os (as) docentes dispensam, no sentido de participar das atividades físicas esportivas e de lazer planejadas nas escolas pode ser atribuída à má preparação e formação docente. É importante destacar outros fatores que dificultam a efetivação do processo inclusão dos deficientes. Nesse contexto, em dois estudos realizados com professores de educação física para avaliar as dificuldades para o processo de inclusão, Fiorini e Manzini (2014), referiram que elas resultavam de fatores relacionados com: formação, questão administrativo-escolar, alunos, diagnóstico, família, recurso pedagógico, estratégia de ensino e da área Educação Física. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão sócio educacional de homens, mulheres e crianças deficientes, dada a sua importância em termos de reconhecimento de direitos de cidadania para a totalidade dos indivíduos humanos, requer esforços sistemáticos na expectativa de disseminação de um corpo de conhecimentos que, superando a ideologia do mercado, possa contribuir para a inserção de todos (deficientes ou não) no contexto da cultura e da vida com dignidade e qualidade social (OLIVEIRA). Longe de nosso pensamento achar que a questão da inclusão em nossa escola já foi resolvida; pelo contrário, a cada aula, um novo desafio está por vir, que vai nos exigir (referimo-nos a professor/alunos) uma nova tentativa de construção de conhecimento. Acreditamos ser importante aumentar o contingente de pesquisas (de qualidade), dado o seu valor para o desenvolvimento de uma educação física escolar que atenda a todos os alunos. Portanto, muito ainda se tem a fazer, no entanto é preciso buscar meios para que o conhecimento produzido academicamente chegue de forma mais efetiva aos professores que estão na escola e que precisam aprender a lidar com essas dificuldades. Não adianta voltar as costas à questão da inclusão, pois vislumbramos que todos os professores (educação física, história, etc.) devem estar sempre buscando uma preparação para atender às diferenças dos alunos. Talvez isso sirva como uma forma de embate às políticas públicas nomeadas inclusivas. Além disso, devemos nos despir de nossos preconceitos e limitações para 37 tentar, aí sim, promover não só uma educação física inclusiva, mas uma educação pública de qualidade. O autor, Mauro Sérgio Da Silva é graduando em educação física CEFD e voluntário do LESEF/CEFD/UFES 38 7 BIBLIOGRAFIA ALVES, T. P. et al. Inclusão de alunos com surdez na Educação Física escolar. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 7, n. 3, p. 192-204, 2013. BASSO, S. P. S.; CAPELLINI, V. L. M. F. Material didático para alunos surdos: a literatura infantil em Libras. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 6, n. 2, p. 491-512, 2012 CARMO, A. A. Inclusão escolar e a educação física: que movimentos são estes? Revista Integração: educação física adaptada. Brasília: Ministério de Educação – Secretaria de Educação Especial, ano 14, p. 6-14, 2002. Edição especial. CIDADE, R. E.; FREITAS, P. S. Educação física de inclusão: considerações para a prática pedagógica na escola. 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Analisando-se a entrevista observou-se que as aulas de educação física para os esses alunos deveriam ser inclusivas, ou seja, incluindo eles em turmas regulares, e de acordo com a necessidade realizar adaptações para que os mesmos possam participar. Introdução Toda mudança na educação brasileira nos faz pensar na reforma da escola, podemos nos basear em FREIRE (2001), quando diz que, a responsabilidade do profissional de educação perante a sociedade, é desenvolver suas atividades e compromisso no processo de transformação. Desta forma cabe também, a nós professores de educação física contribuir com a educação especial, e com o processo de inclusão, que ultimamente tornou-se um desafio. Foi partindo da pesquisa “Dialogando sobre Educação, Educação Física e Inclusão Escolar”, que realizei com professores de educação física, que já praticaram a educação inclusiva em suas aulas, que observei em seus discursos, que a educação física para os alunos Portadores de Necessidades Educativas Especiais (PNEE) deveria continuar sendo educação física adaptada. Então a pergunta que fica é: Será que os professores de educação física compreendem a diferença entre educação física adaptada e a 42 educação física inclusiva? E o aluno PNEE, será que eles preferem realizar aulas adaptadas somente entre si ou gostariam de serem incluídos nas aulas junto com todos? Com a conferência mundial sobre Educação para Todos (1990) e logo depois com a Declaração de Salamanca (1994), se efetivou a educação inclusiva ou integradora mundialmente, cujos princípios norteadores são: o reconhecimento das diferenças, o atendimento às necessidades de cada um, a promoção da aprendizagem, o reconhecimento da importância da escola para todos e a formação de professores com perspectiva de um mundo inclusivo, onde todos têm direitos a participação na sociedade, em busca da realização do mais alto nível de democracia. Anteriormente só se concentrava na proposta da educação especial que tinha como objetivo desenvolver as potencialidades da pessoa portadora de deficiência, de condutas típicas e de altas habilidades, com enfoque sistemático, porém com a finalidade de formar cidadão. MAZZOTA (1996) coloca que “a educação especial formal há de ser bem definida, para o seu bom desempenho como modalidade de ensino, pois toda a sua ação será voltada para universalização do ensino fundamental” (p.200). E por isso que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 em seu Art.58, veio reforçar que a educação especial deve ser oferecida na rede regular de ensino, assim sendo esta modalidade de ensino deve ser para todos seja o aluno PNEE (deficientes múltiplos, sensoriais, físicos, mentais, portadores de condutas típicas, portadores de altas habilidades e com dificuldades de aprendizagem) ou não. Educação física adaptada no Brasil: Na década de 50, a Associação americana para a Saúde, educação física, recreação e dança, definiu educação física adaptada (EFA) como: “Um programa diversificado de atividades, jogos, esportes e ritmos, adequados aos interesses, capacidades e limitações do estudante com deficiência, que não pode se engajar com segurança e sucesso num programa de educação física geral”. Este período foi muito marcante, pois foi um período pós-guerra, onde houve a construção de vários centros 43 de reabilitação, para indivíduos com deficiência que gostavam de praticar esportes, mas com intuito terapêutico, e logo após durante as décadas de 60 e 70 começaram a surgir competições a nível internacional (como Paraolimpíadas e Pan Americanos). Nestas as novas propostas eram de que os deficientes, antes segregados e desvalorizados pela sociedade, tornaram-se indivíduos capazes de viver em comunidade. A EFA no Brasil teve origem mais tarde, já na década de 80, isso não quer dizer que as modalidades do desporto adaptado começaram nesta mesma época. O que ocorreu foi que esta apresentada de forma empírica desencadeou discussões, pois anteriormente nos cursos de graduação em educação física não havia a disciplina, ou seja, para os professores essa perspectiva de trabalho até então era desconhecida, segundo CAPUTO (2000, p.50). Um dos pesquisadores pioneiros da EFA é ROSADAS, (1993, p.118), que em seus estudos definiu: “Pertence à área de conhecimento da educação física destinada a discutir os problemas biopsiquicossociais da população considerada de baixo rendimento motor: Portadores de deficiência sensoriais (visuais, auditivas); deficiência mental, deficiência física e deficiência múltipla. Para atender esta população, utiliza o professor de educação física adaptações técnicas que visão tornar os exercícios, regras, jogos e materiais mais accessíveis ao portador de deficiência, portanto adaptados. ” Uma das propostas da EFA ou também chamada aqui no Brasil de educação física especial seria desenvolver as condutas psicomotoras de base e a integração social. Para o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e a Secretaria de Educação Especial (SEESP) o programa tinha como objetivo: “Estabelecer metas e estratégias capazes de assegurar ao aluno com necessidades educacionais especiais o acesso e permanência na escola regular com efetiva participação nas aulas de Educação física”. Para BARBANTI (1994), a aula de educação física, envolve modificações ou ajustamento das atividades tradicionais para permitir às crianças com deficiências participar com segurança, de acordo com suas capacidades funcionais. O que na realidade a SEESP vem querendo conceituar é que a educação física para eles deve ser integrada, o que nos faz refletir então, é que o nome não está equivocado, pois 44 EFA é área do conhecimento em educação física e esportes, que tem por objetivo privilegiar uma população caracterizada
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