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Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada UNINA

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1 
 
Disciplina: Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada 
Autores: Esp. Julio Cesar Bastos 
Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Julio Cesar Bastos 
 
 
 
 
 
Diagnóstico, avaliação e práticas de 
Educação Física Adaptada 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chantagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Revisão de Conteúdos 
Murillo Hochuli Castex 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
BASTOS, Julio Cesar. 
Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada / Julio Cesar 
Bastos. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 
58 p. 
ISBN: 978-85-5475-340-5 
1.Diagnóstico. 2. Inclusão. 3. Aprendizagem. 
Material didático da disciplina de Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação 
Física Adaptada – Faculdade São Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ................................................................................................................. 06 
Aula 1 – Educação Física Adaptada ...................................................................... 07 
Apresentação da Aula 1 ......................................................................................... 07 
 1.1 – Educação Física Adaptada e o desenvolvimento motor ......................... 07 
 1.2 – A Legislação e a Educação Adaptada .................................................... 13 
Resumo da Aula 1 ................................................................................................. 15 
Aula 2 – Aspectos motores e alterações psicomotoras .......................................... 16 
Apresentação da Aula 2 ......................................................................................... 16 
 2.1 Psicomotricidade ...................................................................................... 16 
 2.2 Reeducação postural ................................................................................ 21 
 2.2.1 Reeducação e terapia psicomotora ....................................................... 23 
Resumo da Aula 2 ................................................................................................. 25 
Aula 3 – Atividades práticas para Educação Física Adaptada ................................ 26 
Apresentação da Aula 3 ......................................................................................... 26 
 3.1 Atividades adaptadas para cadeirantes .................................................... 26 
 3.2 Atividades assistidas para Educação Física ............................................. 29 
 3.3 Atividades físicas assistidas ..................................................................... 31 
 3.3.1 Terapia assistida com cavalos ............................................................... 33 
 3.3.2 A dança no contexto das aulas assistidas .............................................. 34 
 3.4 O goalball como proposta nas aulas adaptadas ........................................ 36 
Resumo da Aula 3 ................................................................................................. 38 
Aula 4 – A avaliação na Educação Física Adaptada .............................................. 39 
Apresentação da Aula 4 ......................................................................................... 39 
 4.1 Planejamento e indicadores de avaliação ................................................. 39 
 4.2 Avaliação motora na Educação Física Adaptada ...................................... 42 
 4.3 Diagnósticos, testes e avaliação motriz .................................................... 46 
Resumo da Aula 4 ................................................................................................. 50 
Índice Remissivo ................................................................................................... 52 
Referências ........................................................................................................... 54 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Prefácio 
 
Nesta disciplina de Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física 
Adaptada (EFA) serão abordados conteúdos e temas relevantes à prática e 
avaliação desenvolvidas durante as aulas de Educação Física para alunos com 
necessidades especiais. Nesse sentido, serão evidenciados os diagnósticos de 
ensino-aprendizagem, bem como a forma como são desenvolvidos os conteúdos 
para os alunos na prática da EFA. Também será contemplado um recorte 
histórico referente aos avanços dos testes para a aplicabilidade e diagnóstico 
das reais necessidades de cada aluno em sua condição adaptada. 
É necessário ter em mente que as realidades de cada profissional, nos 
mais diferentes meios educacionais, são únicas, por isso, serão apresentados 
exemplos de possibilidades e estratégias de ensino fundamentadas, passíveis 
de adoção em sala de aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Aula 1 – Educação Física Adaptada 
 
Apresentação da aula 1 
 
Ao abordar a temática da Educação Física Adaptada, faz-se indispensável 
utilizar como base a terminologia da inclusão, pois, em um contexto 
educacional, é garantido por lei o acesso e a inclusão de alunos com 
necessidades especiais, embora, efetivamente, se possa constatar que ainda 
existem diversos obstáculos a serem superados. Assim, deve-se considerar 
como tópicos fundamentais os meios avaliativos empregados e os testes que 
podem auxiliar os profissionais de ensino na perspectiva da EFA. 
 
1.1 Educação Física Adaptada e o desenvolvimento motor 
 
Atualmente, nos sistemas educacionais, nos deparamos com propostas 
de ensino-aprendizagem enfatizando o tema da inclusão, em um contexto em 
que os profissionais de ensino devem incluir esta temática em suas aulas ao 
ministrar os conteúdos. Ao mesmo tempo, evidencia-se a necessidade da 
reflexão acerca de como os alunos com necessidades especiais serão avaliados. 
Para Refletir 
É comum encontrar, nas escolas regulares, pessoas com 
necessidades especiais,contudo, até que ponto os alunos, 
professores e funcionários das escolas estão aptos e 
preparados para trabalhar e ensinar de forma direta e 
condizente, sem prejuízo cognitivo, motor e afetivo aos 
alunos? 
 
Nesse novo modelo de agregação de alunos das escolas especiais junto 
às escolas regulares, o sistema educacional requer conhecimentos, ideias novas 
e metodologias diferenciadas, que tenham como objetivo principal incluir a todos, 
independentemente da sua condição física. Segundo Brandão (1995): 
 
A educação é a organização dos recursos biológicos do indivíduo, de 
todas as capacidades de comportamento que fazem adaptável ao meio 
físico e mental. Se indivíduos são seres adaptáveis, as formas de 
 
8 
 
integração de qualquer meio e situação, com certeza podem ser 
adaptadas. Sendo assim, defende-se que a Educação Física é uma 
ferramenta educacional de interação e cooperação, deve ser 
trabalhada a fim de atender a todos os alunos; desenvolvendo 
atividades físicas, recreativas e psicomotoras que desenvolvam as 
habilidades, que socializem as potencialidades individuais (BRANDÃO, 
1995, p. 20). 
 
É importante ressaltar que o autor defende que a Educação Física atenda 
aos alunos de forma igualitária, conjunta e sem distinções, assim, o 
planejamento do profissional de ensino deve prever aulas com metodologias 
diferenciadas, que possam ter uma avaliação específica e deixem o aluno com 
necessidades especiais em igualdade de critérios em relação aos demais, 
respeitando sempre a individualidade de cada um. 
 
 
Educação Física Adaptada 
Fonte: https://www.perkins.org/sites/default/files/Adapt-PE2_0.jpg 
 
Historicamente, apresentam-se relatos testemunhando que as primeiras 
aulas de Educação Adaptada surgem na Idade Média, uma vez que a Igreja 
Católica afirmava que algumas deficiências eram obras do sobrenatural, em um 
contexto em que as pessoas eram taxadas de “possuídas” ou “loucas”, 
orientando o surgimento dos primeiros manicômios. 
Melo (2009) ressalta em seu trabalho de pesquisa sobre Educação Física 
Adaptada que: 
 
 
9 
 
Na idade média, após o surgimento dos primeiros manicômios, 
aparecem experiências em relação ao ensino de pessoas com 
deficiência, dentre estes se destacam: Frade Ponce de León (1509 – 
1584) educou 12 crianças surdas com surpreendente êxito, e escreveu 
o livro Doctrina para los mudos-sordo e criou o método oral; Juan Pablo 
Bonet (1579 – 1633) publicou Reducción de las letrasy arte de enseñar 
a hablar a los mudos; Charles Michel de I’Epée (1712 – 1789) criou a 
primeira escola para surdos que, posteriormente, converteu-se no 
intuito Nacional Sordo-mudos; Valentín Haiiy (1806-1852) criou em 
Paris um Instituto para Crianças Cegas; Louis Braille (1806-1852) é ex-
aluno de Valentin Haiiy e criador do Sistema Braille (MELO, 2009, p. 
03). 
 
A Educação Física Adaptada tem um objetivo importante de investigar e 
implementar a coordenação motora para todos os alunos com necessidades 
especiais e/ou com algum tipo de deficiência intelectual, observando se há 
necessidade de melhor desenvolver e integrar os alunos nas atividades 
propostas em aula com o restante da turma. 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) (BRASIL, 1997), 
o ensino da Educação Física precisa respeitar o que a criança traz em si mesma, 
promovendo, assim, o autodomínio, a autoconfiança e a autonomia, ou seja, a 
própria individualidade do aluno. 
O profissional de ensino tem um papel importante, ao fazer a identificação 
das variáveis da coordenação motora global em que o indivíduo poderá 
determinar a necessidade de haver intervenção em termos de ensino. 
Para desenvolver um programa de inclusão utilizando como meio a 
Educação Física Adaptada, Freitas (1997) afirma que: 
 
É de extrema importância que o professor de Educação Física tenha 
conhecimentos básicos relativos ao seu aluno, como: tipo de 
deficiência que o aluno apresenta, idade em que apareceu a 
deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é transitória ou 
permanente, as funções e estruturas que estão prejudicadas. O 
educador deve também se atentar a diferentes aspectos do 
desenvolvimento humano biológico (físico, sensorial e neurológico), 
levando em conta interação social e afetivo-emocional (FREITAS, 
1997, p. 18). 
 
O profissional de Educação Física que atua desde os anos iniciais do 
Ensino Fundamental precisa ter muito claros os objetivos e saber que estará 
rodeado de desafios na postura em relação às suas turmas. Nesse sentido, após 
observado o PCN de Educação Física, fica evidenciada a importância de uma 
intervenção objetiva de um profissional capacitado, consciente e responsável, 
 
10 
 
para que os alunos que possuem qualquer necessidade especial sejam 
atendidos prontamente. 
Correia (2003) ressalta que, em se tratando de inclusão no processo 
escolar, deve-se ir muito além de identificar os alunos, afirmando que: 
 
A inserção do aluno com necessidades educativas especiais na classe 
regular onde, sempre que possível, deve receber todos os serviços 
educativos adequados, contando-se, para esse fim, com o apoio 
apropriado (de docentes especializados, de outros profissionais, de 
pais, as suas características e necessidades (CORREIA, 2003, p. 21). 
 
Observa-se que as escolas públicas precisam de profissionais de ensino 
com capacitação para atender os alunos que apresentam algum tipo de 
necessidade especial, visando a aprendizagem que se espera. Para Mantoan 
(2006), em relação ao profissional de ensino de Educação Física, espera-se que: 
 
Na vida profissional de um professor ele recebe vários alunos 
especiais, formam a classe com alunos chamados de normais, apesar 
dessa circunstância, se não forem oferecidas condições de ensino, 
cursos de capacitação e materiais alternativos e/ou adaptados para 
que possa exercer melhores condições de ensino a situação dos 
professores fica fragilizada. Se o investimento na qualidade de ensino 
não se tornar uma ação constante, pode intensificar a rejeição já 
existente nas escolas e resultar em maiores dificuldades desses 
educandos de estudarem juntos aos outros alunos. (MANTOAN, 2006, 
p. 34). 
 
Dependendo da opção que se faz, assim é o tipo de organização do 
trabalho educacional dentro de cada escola e, consequentemente, também o 
tipo de prática pedagógica utilizada/desenvolvida/aplicada. Conforme destacam 
Silva e Volpini (2014), o processo de inclusão ainda é caracterizado como 
recente: 
 
Fazendo com que sua efetividade no âmbito escolar perpasse por 
barreiras, como, por exemplo, a falta de material adequado para os 
professores, bem como de cursos para os mesmos se inteirarem mais 
ao assunto. O imperativo social ao qual se tornou o tema inclusão é 
urgente, porém, dificuldades como as citadas são apenas um lado da 
moeda que tende a deixar obscura a outra face, sobretudo pelo fato 
das escolas, especialmente as públicas, serem “forçadas” a aceitar a 
inclusão dos indivíduos com deficiência mesmo sem as condições 
básicas para tal (SILVA E VOLPINI, 2014, p. 52). 
 
 
11 
 
É possível observar que, apesar do tema inclusão ter respaldo legal, ainda 
não se pode considerar como efetiva a atuação, capacitação e desenvolvimento 
nas escolas por parte de todos os profissionais. Os profissionais de Educação 
Física, em especial, precisam observar os alunos e também ter, de forma clara, 
quais instrumentos avaliativos podem ser levados em consideração para 
qualificar e situar o aluno até onde se pode avançar em determinados conteúdos. 
Importante 
Um termo recorrente na literatura para se referir aos alunos com 
necessidades especiais era o de “diferente”, o que se 
relaciona ao fato de que, mesmo com o passar dos anos, esses 
alunos ainda são alvo de perseguições e indiferença por parte 
de outros alunos e até mesmo profissionais de ensino. 
 
Conforme destacam Marques, Castro e Silva (2001): 
 
A evolução do posicionamento do ser humano peranteos indivíduos 
“diferentes” foi ocorrendo com o passar dos anos, perpassando por 
quatro períodos: separação; proteção; emancipação e integração. 
Pode-se citar como quinto período a inclusão, porém, a mesma só se 
efetiva após a consolidação da integração (MARQUES; CASTRO; 
SILVA, 2001, p. 44). 
 
Dessa maneira, a terminologia “inclusão” se torna recorrente, devendo ser 
discutida e implementada nos ambientes escolares, especificamente nas aulas 
de Educação Física, voltando-se para o rompimento de barreiras. 
A aula de Educação Física pode favorecer a construção de uma atitude 
digna e de respeito próprio por parte do deficiente e a convivência com ele pode 
possibilitar a construção de atitudes de solidariedade, respeito e aceitação, sem 
preconceitos (BRASIL, 1997, p. 31). 
Segundo Le Boulch (1987, p. 22), é de grande importância a educação 
pelo movimento no processo escolar, uma vez que o seu objetivo central é 
contribuir para o desenvolvimento motor da criança em formação, o qual auxiliará 
na evolução de sua personalidade e no seu sucesso escolar. 
 
12 
 
Pesquise 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são 
diretrizes elaboradas para orientar os educadores por meio 
da normatização de alguns aspectos fundamentais 
concernentes a cada disciplina. A fim de aprofundar os seus 
estudos, recomenda-se a leitura dos PCNs do Ensino 
fundamental 
(http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf) e Ensino 
Médio (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf). 
 
Observar o desenvolvimento do aluno nas aulas de Educação Física é de 
suma importância para o processo de ensino-aprendizagem, mas isto tem de ser 
de forma contínua e paralela em relação aos alunos com necessidades 
especiais, em um processo igualitário, que não permita a discriminação. 
No contexto geral, a sociedade recebeu o termo “adaptado”, que logo 
após se torna “inclusão”. Sob esse ponto de vista, a sociedade como um todo 
teve de desenvolver um olhar diferenciado, e não seria diferente no ambiente 
escolar, que começou a receber alunos com necessidades especiais, incluindo 
estes cidadãos com direitos garantidos a frequentarem o ensino regular 
tradicional em escolas públicas e privadas. 
Dessa maneira, percebe-se que há um relativo consenso entre os 
envolvidos quando a questão é o favorecimento da inclusão, porém, estes 
podem confundi-la com interação (FALKENBACH et al., 2007, p. 34). 
Essa similaridade pode até ser confundida e/ou associada a uma falta de 
informações claras e específicas, conforme relata e afirma Alves Duarte (2014, 
p. 12) que o desconhecimento gera determinados preconceitos, deixando o 
indivíduo com deficiência à margem ou isolado das situações, reduzindo as suas 
possibilidades de participação ativa. 
Ao observar relatos de publicações referentes à inclusão, o que se nota é 
um grande esforço para melhorar os espaços físicos dos ambientes de ensino, 
mas muito pouco ainda se investe em capacitação profissional para trabalhar 
com estes alunos, não sendo seguida adequadamente a legislação vigente. 
 
 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf
 
13 
 
1.2 A Legislação e a Educação Adaptada 
 
No Brasil, diversas leis, resoluções e decretos deram subsídios e 
garantiam o acesso de pessoas com necessidades especiais ao ensino básico 
em escolas públicas. Dentre elas, pode-se citar: a Constituição Federal de 1988, 
o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (LDB), entre outros. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) trata, 
em seu Capitulo V, da Educação Especial, especificamente nos artigos 58, 59 e 
60, discorrendo a respeito da necessidade da igualdade de condições quanto ao 
acesso e à permanência na escola, a inclusão de indivíduos com deficiência em 
aulas de EF escolar e também dos deveres do Estado em manter e subsidiar os 
custos referentes a este processo de inclusão. 
Assim, o artigo 59 da LDB (BRASIL, 1996) dispõe sobre o que os sistemas 
de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais, conforme: 
 
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o 
nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude de 
suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o 
programa escolar para os superdotados; III – professores com 
especialização adequada em nível médio ou superior, para 
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular 
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; 
(BRASIL, 1996, p. 59). 
 
Neste sentido, Falkenbach et al (2007) relembra e chama a atenção para 
a prática pedagógica, afirmando que: 
 
A prática pedagógica desenvolvida nas escolas ainda apresenta 
notáveis dificuldades na busca pela inclusão. No que diz respeito à EF, 
a mesma se caracterizou, no decorrer de seu percurso histórico, como 
uma área de prática seletiva, técnica e segregadora, fazendo dela 
talvez a disciplina escolar com menor aproximação às finalidades 
inclusivas (FALKENBACH et al., 2007). 
 
Mesmo com locais adaptados e materiais, a capacitação profissional 
ainda não é suficiente para atender às demandas da Educação Física Adaptada 
e os alunos que dela participam. 
 
 
14 
 
Saiba Mais 
Abaixo estão elencadas algumas das legislações que 
fundamentaram e possibilitaram o desenvolvimento da 
Educação Inclusiva: 
 
 Constituição de 1988 (consultar o artigo 208); 
 
 Lei 7.853, de 1989 – Dispõe sobre o apoio às pessoas 
portadoras de deficiência, sua integração social; 
 
 Declaração Mundial de Educação para Todos, de 
1990; 
 
 Estatuto da Criança e do adolescente, de 1990; 
 
 Lei nº 10.098/94 – Estabelece normas gerais e 
critérios básicos para a promoção da acessibilidade 
das pessoas portadoras de deficiência ou com 
mobilidade reduzida, e dá outras providências; 
 
 Declaração de Salamanca, de 1994, sobre 
princípios, políticas e práticas na área das 
necessidades educacionais especiais; 
 
 Capítulo V da LDB sobre a Educação Especial, de 
1996; 
 
 Portaria nº 319/99 – Institui no Ministério da 
Educação, vinculada à Secretaria de Educação 
Especial/SEESP a Comissão Brasileira do Braille, de 
caráter permanente. 
 
Disponível em: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/192/como-a-
legislacao-assegura-a-inclusao-dos-alunos-com-deficiencia 
 
No caminho percorrido pela educação inclusiva até no presente momento, 
não é mais aceitável que o aluno com deficiência busque se integrar por si 
mesmo. Nesse contexto, o profissional de Educação Física e todo corpo docente 
devem fazer um trabalho conjunto, para inserir e integrar o aluno no dia a dia da 
escola. A Constituição Federal (BRASIL, 1988) prevê que: 
 
 
15 
 
No Capítulo III, Seção I, Artigo 206, inciso I – “Igualdade de condições 
para o acesso e permanência na escola”. Já o Artigo 208 apontava, no 
inciso III – “Atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente, na Rede Regular de Ensino” (BRASIL, 
1988, p. 42). 
 
Dentre os adendos, decretos e portarias consolidadas para dar subsídio 
à Constituição Federal do Brasil, os mais normativos estão presentes nos artigos 
aos quais se fazem necessários para que as instâncias municipais, estaduais e 
federais possam tramitar projetos e consolidar nas escolas os melhores meios 
de acesso aos alunos ao ensino-aprendizagem. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA (BRASIL, 1990), em seu 
capítulo IV, ressalta o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer. 
Composto de seis artigos, faz referência “aos portadores de deficiência”. 
Alves e Duarte (2014) afirma sobre os incisos do ECA: 
 
O inciso III refere “atendimento especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Esse 
documento afirma a educação de sujeitos considerados portadores de 
deficiência como responsabilidade do Estado, embora o atendimento 
prestadoa esta parcela da população seja executado principalmente 
por instituições privado-assistenciais (ALVES e DUARTE, 2014, p. 39). 
 
Muito se avançou em relação à legislação referente à Educação Adaptada 
e à inclusão, de modo que os mecanismos e formatos adotados pelas escolas 
estão caminhando de forma constante. Contudo, a inserção dos alunos por parte 
dos profissionais de ensino ainda é um grande desafio. 
Ao tratar de um tema referente a aulas de Educação Física para 
portadores de necessidades especiais, não se pode deixar de observar e tratar 
de questões legais que regulamentam as práticas nas escolas, garantido, assim, 
o acesso e permanência dos alunos. 
 
Resumo da aula 1 
 
Nesta aula foram abordadas temáticas relacionadas à Educação Física 
Adaptada, suas complexidades no ambiente escolar e a maneira como o 
profissional de Educação Física deve atuar, buscando a capacitação para inserir 
os alunos nas rotinas das aulas e adaptando os conteúdos quando necessário. 
Nesse contexto, foram abordados temas referentes à legislação em vigor e como 
 
16 
 
as leis foram e são importantes para todos as pessoas com deficiência física, 
proporcionando a acessibilidade de forma coerente e direcionada. 
Atividade de Aprendizagem 
A inclusão foi estabelecida como lei em dezembro de 1996, 
assim, a partir do ano de 1997, escolas públicas e particulares 
deveriam adaptar-se para o trabalho com crianças especiais. 
Nesse contexto, discorra a respeito dos avanços obtidos e 
daqueles que ainda precisam ser implementados para a 
realização de práticas inclusivas satisfatórias. 
 
 
 
Aula 2 – Aspectos motores e alterações psicomotoras 
 
Apresentação da aula 2 
 
Nesta aula serão abordadas temáticas referentes às disfunções, 
limitações, postura e ritmo relacionados aos portadores de necessidades 
especiais (PNE), que, no contexto escolar, são os alunos que estão em um 
processo de inclusão e enfrentam muitos obstáculos, limitações e dificuldades 
de aprendizagem. Desse modo, procurar-se-á observar e entender as diferentes 
maneiras de trabalho e os conteúdos a serem trabalhados, para o melhor 
desenvolvimento do ensino-aprendizagem. 
 
2.1 Psicomotricidade 
 
A psicomotricidade é um excelente aliado e instrumento no processo de 
ensino-aprendizagem para alunos com deficiência física, intelectual e cognitiva, 
por tornar a aprendizagem com representação significativa e proporcionando 
desenvolvimento integrado entre corpo, mente e relação interpessoal. 
Historicamente, quem realizou o primeiro relato sobre psicomotricidade foi 
o médico francês Ernest Dupré, em 1870. Pode-se definir a psicomotricidade 
como a capacidade psíquica de realizar movimentos com ressignificação e 
aprendizagem, conforme Mendonça (2007): 
 
17 
 
A psicomotricidade, por exemplo, nasceu na França há cerca de um 
século e teve nas suas origens um contato muito próximo com a 
neurologia e a psicologia; dialogando também com a Educação Física 
(MENDONÇA, 2007, p. 18). 
 
Desse modo, a psicomotricidade não pode ser entendida apenas como 
aquela que pode ser ministrada pelos profissionais de Educação Física, uma vez 
que existem cursos específicos para psicomotricistas, sendo que, no ambiente 
escolar, o profissional de Educação Física será aquele que irá, por meio das 
aulas práticas, auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo e principalmente no 
motor, dando subsídios às aulas com o foco no desenvolvimento psicomotor. 
Saiba Mais 
Ferdinand Pierre Louis Ernest Dupré (1862 
– 1921) foi um psiquiatra e pesquisador 
francês de fundamental importância para o 
desenvolvimento da psicomotricidade, 
defendendo, em seus estudos, a 
independência da debilidade motora 
(antecedente do sistema psicomotor) de um possível 
correlato neurológico, assim como a associação estreita 
entre o desenvolvimento da psicomotricidade, da inteligência 
e da afetividade. 
 
Cabe, ao profissional de Educação Física, avaliar os seus alunos e, em 
especial, os que advém de uma síndrome e/ou deficiência, o que se inicia por 
um olhar cuidadoso em relação ao movimento e à desenvoltura dos alunos em 
relação à prática nas aulas. Nesse sentido, Levin (1995) define: 
 
O corpo é muito mais que um organismo, ele representa a imagem que 
a pessoa tem de si mesmo e está para se formar precisa do olhar do 
outro que seja importante para ele, que por ele se interesse que fará 
uma inscrição, um dito, que o levará a ter uma imagem deste corpo 
agora com um toque significante (LEVIN, 1995). 
 
Notoriamente, é por meio do corpo que muitas expressões e sensações 
são advindas de todos os seres humanos. Por meio de gestos, expressões 
faciais, movimentos e a falta de movimentos, tem-se um olhar do que o indivíduo 
quer transmitir. 
 
18 
 
É por meio do corpo que cada pessoa transmite sua 
individualidade e percebe o mundo ao seu redor. 
 
Nesse contexto, Fonseca (2010) cita a definição de psicomotricidade 
relatada por Ajuriaguerra (1983), do seguinte modo: 
 
O corpo é uma totalidade e uma estrutura interna fundamental ao 
desenvolvimento mental, afetivo e motor da criança. São experiências 
e vivências corporais que organizam a personalidade da criança. A 
vivência corporal não é senão o fator gerador das respostas adquiridas, 
onde se inscrevem todas as tensões e as emoções que caracterizam 
a evolução psicoafetiva da criança (FONSECA, 2010, p.50). 
 
Toda criança em desenvolvimento tem em si uma imagem corporal 
diferente e distorcida do que é, pois não compreende as dimensões do esquema 
corporal, não racionalizando, na totalidade, as sensações, a imaginação e a 
percepção. Assim, o seu esquema corporal pode e deve ser estimulado nas 
aulas de Educação Física, respeitando sempre a individualidade de cada aluno. 
Vı́deo 
No vídeo Psicomotricidade: o que é?, o professor Lino 
Azevedo apresenta uma explicação resumida sobre a 
importância da psicomotricidade e em que sentido ela contribui 
para a formação do aluno. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=SFHdePvxCfo 
 
Schilder (1999, p.11) explica que a criança está imersa em um mundo de 
figurações e representações mentais envolvidas no processo de ensino-
aprendizagem, que não é uma mera representação, e sim a vivência. 
A deficiência é um fator que pode ser advindo de diferentes síndromes ou 
sequelas adquiridas e, uma vez que a criança com deficiência está na escola, é 
dever de todos integrá-la. Para esta relação, Vieira e Pereira (2003, p. 21) 
explicam que a deficiência deve ser considerada fator natural e possível a 
qualquer pessoa, em um contexto em que a pessoa portadora de deficiência 
necessita de contínua estimulação e isto desafia o educador a ser criativo. 
 
19 
 
Assim, todos os alunos com qualquer tipo de deficiência precisam ser 
assistidos nas escolas, de forma humana e igualitária. Nesse contexto, um dos 
conteúdos e formas de se trabalhar é por meio da psicomotricidade – capacidade 
psíquica de realizar movimentos, não somente na execução, mas nas atividades 
de transformar a imagem em ação de estímulos que, consequentemente, 
realizam os procedimentos musculares necessários. 
O corpo é a nossa única ligação com o mundo, todos os conhecimentos 
são obtidos pelos sentidos; “o cérebro estimula a experiência real a fim de dar 
sentido ao mundo”. (ARYAN, 2014, p. 13). 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
No livro Psicomotricidade: Educação e 
reeducação num enfoque 
psicopedagógico, a autora Gisleine de 
Campos Oliveira apresenta o resultado de 
pesquisas e estudos voltados para a 
compreensão e análise das principais 
dificuldades de aprendizagem encontradas 
em sala de aula, configurando uma 
ferramenta útil para profissionais que atuam 
com crianças em idade escolar. 
 
Em Como Aplicar a Psicomotricidade, 
Fátima Alves demonstra a importância da 
prática psicomotora, que pode auxiliar 
profissionais de todas as áreas, pois, em 
todas as atividades, é necessário estarem 
contato com o corpo humano. Ao longo do 
livro, a autora defende que ao trabalharmos 
melhor o corpo, teremos um melhor 
desempenho em nossas vidas. 
 
Na escola, é comum que os profissionais de ensino, ao se depararem com 
um aluno da educação especial, apresentem dúvidas de como proceder e como 
trabalhar. Dessa forma, é importante saber que inicialmente deve-se considerar 
o ritmo próprio de cada um em seu processo de crescimento e desenvolvimento 
humano, interagir e descobrir o que cada aluno traz de bagagem e vivências fora 
da escola, ou seja, uma anamnese para observar e constatar os resultados 
 
20 
 
escolares que, ao se mostrarem insuficientes, devem levar à montagem de um 
plano de atendimento da escola para sanar as carências do processo 
pedagógico. 
Vocabulário 
A anamnese é um procedimento utilizado para estabelecer 
o diagnóstico preciso e instituir as condutas terapêuticas 
mais adequadas às condições clínicas de um paciente. 
 
 
Para Fonseca (2008), os fatores que levam o aluno com deficiência a não 
aprender são: 
 
As características de uma desarmonia evolutiva, acompanhada de 
imaturidade psicomotora, atrapalhando os processos simbólicos da 
aprendizagem, impedindo a integração dos elementos constituintes da 
linguagem e as formas concretas de expressão que as simbolizam 
(FONSECA, 2008, p. 26). 
 
É importante ter bem claro aos profissionais de ensino e, em especial aos 
de Educação Física, que a psicomotricidade é um instrumento de trabalho que 
ajuda no quesito socialização e pode ser uma aliada no processo de ensino-
aprendizagem. A psicomotricidade, por meio de seus conteúdos e metodologias 
de aplicação de trabalho, permite aos educandos se expressarem de forma 
espontânea e criativa, ajudando a desenvolver a sua capacidade de 
socialização. 
Oliveira (2002) define esta questão assim: 
 
O esquema corporal é a imagem tridimensional que todos têm de si 
mesmos. Podemos chamá-la de imagem corporal. Esse termo indica 
que não estamos tratando de uma mera sensação ou imaginação. 
Existe uma apercepção do corpo. Indica também que, embora nos 
tenha chegado através dos sentidos, não se trata de uma mera 
percepção. A imagem corporal não é da ordem do evolutivo, pois é 
inconsciente e vai se construindo a partir das vivências da pessoa ao 
longo da vida, da história de cada um e pertence ao sujeito desejante 
(OLIVEIRA, 2002, p. 43). 
 
Para se conhecer e entender o ambiente em que se está inserido e que o 
cerca, o aluno deve, antes de tudo, conhecer a si mesmo e ver suas 
 
21 
 
potencialidades e limites, para, dessa maneira, conseguir evoluir e aprender com 
os conteúdos e atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física. 
 
2.2 Reeducação postural 
 
Para que se possa compreender a importância da educação postural em 
alunos, se faz necessário entender alguns conceitos da postura corporal e a má 
influência de hábitos posturais adotados na rotina, o comprometimento da 
capacidade de movimento e os efeitos cumulativos, que podem causar sérios 
problemas posturais. 
Conforme destaca Lapierre (1982, p. 41), uma vez que os indivíduos não 
são “construídos” com elementos anatômicos idênticos, não podem ter uma 
postura “normal” morfologicamente idêntica. Isso corrobora com a fala que cada 
um tem suas limitações e também suas potencialidades, uma vez que somos 
todos diferentes morfologicamente. Para tanto, a questão da postura deve ser 
subentendida como algo a ser corrigido, explicado e praticado nas aulas de 
educação física, uma vez que os alunos passam boa parte do tempo em sala de 
aula e podem, dessa forma, por meio das valências físicas, desenvolver melhor 
seus físicos. 
Vocabulário 
Valências físicas, também chamadas de qualidades físicas, 
designam as aptidões potenciais físicas de uma pessoa, 
definindo os pressupostos dos movimentos, desde os mais 
simples aos mais complexos. Conceituam, assim, todo 
atributo físico treinável em um organismo humano. 
 
Assim, um exemplo para se observar a reeducação postural está nos 
alunos que carregam suas mochilas escolares com peso muito significativo e 
tendem a forçar e lesionar suas costas. Segundo cita Carpeggiani (1997, p. 12), 
a criança, ao carregar uma mochila com excesso de peso, já provoca uma 
alteração postural, consequentemente, a dor nas costas significa que está 
cuidando muito mal da coluna, o que é decorrente de uma postura errada. 
 
22 
 
Vı́deo 
O vídeo Educação Física para Todos apresenta exemplos e 
recortes históricos a respeito de como a Educação Física 
representa uma gama de diferentes conteúdos e formas de 
aplicação, sendo capaz de atribuir significado a práticas do 
cotidiano. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=UvZA_Mo9HXc 
 
Existem também os exemplos de alunos que desviam o foco de visão, ao 
observarem telas de aparelhos celulares e tablets, em que a pressão feita na 
região cervical para olhar para baixo se torna, com o tempo, um grande problema 
postural, pois estas crianças podem desenvolver desvios sérios na coluna 
vertebral. 
Gardiner (1995, p.262) afirma: “Diz-se que a postura é boa quando 
cumpre a finalidade para a qual é usada com eficiência máxima e esforço 
mínimo”, e, considerando que duas pessoas nunca são idênticas, o padrão exato 
de boa postura tem que variar para cada indivíduo. 
Ao desenvolver um planejamento para as aulas de Educação Física, o 
profissional deve levar em consideração também que a prática e a execução de 
forma errada também podem afetar o problema postural dos alunos e, em 
especial, os alunos com deficiência precisam ter um olhar mais crítico e 
consciente, para não enaltecer e piorar as suas limitações. 
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCES) dispõem sobre a 
questão da reeducação postural da seguinte forma: 
 
Não podemos abordar a saúde como caráter individual e como algo 
que pode ser conseguido por qualquer um desde que o mesmo queira, 
mas, sim, como construção que supõe uma dimensão histórico-social. 
Nesta perspectiva, um dos elementos citados como constitutivos da 
saúde são os aspectos anátomo fisiológicos da prática corporal, onde 
o aluno deve conhecer o funcionamento do seu corpo identificando 
seus limites e que, para isto, o professor pode se valer da avaliação 
física e seus protocolos, considerando a má postura e a reeducação 
postural como meios de intervir junto aos alunos (PARANÁ, 2007, p. 
28). 
 
Nahas (2003, p. 151) reafirma e reforça: “os objetivos específicos da 
Educação Física representam passos na direção de objetivos educacionais mais 
 
23 
 
amplos, visando propiciar aos indivíduos uma vida com qualidade e uma 
participação ativa na sociedade”. 
É importante ressaltar que, para a manutenção da boa postura, com o 
passar da idade, é preciso ter especial atenção em relação à coluna, enquanto 
ainda estamos em processo de formação e em fase de desenvolvimento. No 
ambiente escolar, o profissional de Educação Física tem um papel importante, 
mas cabe a toda equipe docente um olhar e correção de más posturas em sala 
de aula, em relação à readequação, que inclui desde um sentar de forma errada 
até rever má postura em relação ao uso de tecnologia e ao peso excessivo nas 
mochilas. Todos esses fatores colaborarão para que, na fase adulta, possamos 
evitar dor e disfunção postural. 
 
2.2.1 Reeducação e terapia psicomotora 
 
Para entender melhor como a postura do aluno pode fazer diferença no 
ensino-aprendizagem, se faz necessário observar que no coletivo da escola 
todos têm um papel fundamental no auxílio para interagir e ajudar a informar aos 
alunos sobre métodos saudáveis, de forma menos imposta. 
Conforme consta nas DCES/PR, “a Educação Física tem a função social 
de contribuir para que os alunos se tornem sujeitos capazes de reconhecer o 
próprio corpo, ter autonomia sobre ele e adquirir uma expressividade corporal 
consciente (PARANÁ, 2006, p.35) ”. 
Neste quesito, osalunos têm de se reconhecer como membros presentes 
e atuantes daquele espaço e, ainda, entender que os conteúdos ministrados têm 
uma função de agregar e fazê-los crescer. Assim, a adaptação e a 
ressignificação para os alunos com necessidades especiais são importantes, 
pois propõem aos outros alunos uma reflexão a respeito de suas 
potencialidades, gerando um significado de inclusão. 
Hábitos posturais inadequados são motivos de preocupação também pelo 
fato de que a criança e o adolescente em formação estão cercados de maus 
exemplos e ainda não têm a consciência bem definida para uma boa postura, 
estando mais suscetíveis a alterações posturais. 
No decorrer de nossa vida, a postura que assumimos envolve, além de 
capacidades biológicas, os segmentos corporais e diversos fatores externos 
 
24 
 
(ambientais, sociais, psicológicos ou profissionais) e precisa ser levada em 
consideração também no ambiente escolar, assim, se faz necessário observar 
que: 
 
O corpo não existe desvinculado das nossas vivências, crenças, 
experiências, não flutua imaculado na eternidade, mas é forjado na 
história humana que transcorre sempre num ambiente povoado de 
outros seres e entidades, com os que estamos profundamente 
entrelaçados (NAJMANOVICH, 2002, apud GARCIA, p.99). 
 
Para Hurtado (1991, p. 14), a Educação Física representa um conjunto de 
atividades físicas, metódicas e racionais que se integram ao processo de 
educação global, visando o pleno desenvolvimento do aparelho locomotor. 
Dessa forma, observar e entender que o foco e o direcionamento do 
profissional levarão, em grande potencial, ao desempenho normal das grandes 
funções vitais de um indivíduo e ao seu melhor relacionamento social. 
Para os autores Vayer e Toulouse (1982), é importante saber como 
funciona o entendimento da criança em relação a conteúdos explicados em aula, 
assim, explicam que: 
 
O Sistema Psicomotor Humano (SPMH), baseia-se em estruturas 
simétricas do sistema nervoso, compreendendo o tronco cerebral, o 
cerebelo, o mesencéfalo e o diencéfalo, que constituí a integração e a 
organização psicomotora da tonicidade, da equilibração e parte da 
lateralização e também de estruturas assimétricas, compreendendo os 
dois hemisférios cerebrais, que asseguram a organização psicomotora 
da noção do corpo, da estruturação espaço-temporal e da praxia global 
e fina, exclusivas de espécie humana devido à sua complexidade 
organizativa e sistemática (VAYER e TOULOUSE, 1982, p. 36). 
 
 
A terapia psicomotora deve ser entendida como um meio de auxílio nas 
aulas de Educação Física para o profissional avaliar e passar o conteúdo aos 
alunos com deficiência física, sem causar quaisquer tipos de constrangimentos 
ou limitações para ambos. 
A técnica de terapia psicomotora também pode ser entendida como uma 
forma de objetivar e ampliar as possibilidades de maturação e interações dos 
alunos, sendo importante observar a experiência prática, em um contexto em 
que o professor poderá obter resultados referentes à experiência ativa de 
confrontação com o meio interno e externo durante a realização das aulas. 
Nicolino (2007) afirma que: 
 
25 
 
A reeducação postural deve estar sempre em busca do que realmente 
causa os desconfortos nos indivíduos, orientando o paciente a uma 
postura correta para a realização das suas tarefas de vida diária, lazer, 
e até mesmo no momento de repouso (NICOLINO, 2007, p. 18). 
 
Nessa perspectiva, De Meur e Staes (1984) defendem que: 
 
A reeducação psicomotora é entendida como uma ação que é 
desenvolvida em indivíduos que sofrem com perturbações ou 
distúrbios psicomotores, e tem por objetivo retomar as vivências 
anteriores e/ ou fases de educação ultrapassadas inadequadamente; 
ou seja, educar o que o indivíduo não assimilou adequadamente em 
etapas anteriores (DE MEUR e STAES, 1984, p. 33). 
 
Para compreender melhor, o profissional de Educação Física deve 
observar e identificar durante as aulas as melhores maneiras de ajudar seus 
alunos e, consequentemente, orientar para um encaminhamento profissional de 
alunos que apresentem algum distúrbio ou síndrome a serem tratados por 
profissionais especializados. 
Após conhecer um pouco mais sobre a psicomotricidade e seus 
benefícios para os alunos, é importante reforçar que as atividades da Educação 
Física desenvolvidas pelos profissionais que estão à frente dela podem e devem 
ser consideradas ações a serviço da educação, por se tratarem de atividades 
que vão auxiliar, identificar, corrigir e avaliar as temáticas referentes ao 
movimento, e, ao mesmo tempo, põem em jogo as funções intelectivas, afetivas 
e sociais. 
 
Resumo da aula 2 
 
Toda forma de conhecimento gera, no início, uma desconfiança e 
insegurança. Neste quesito, os profissionais de ensino devem ter muita clareza 
ao abordarem seus conteúdos no dia a dia escolar. Trazer informações 
relevantes sobre como a psicomotricidade pode ser uma grande aliada no 
quesito desenvolvimento motor, como as questões reflexivas em torno da 
reeducação postural influenciam todo grupo docente, e de que maneiras 
podemos obter mais informações por meio da terapia psicomotora. Engrandecer 
o currículo e mudar as metodologias de ensino para atender a todos os alunos, 
conforme o reconhecimento de direitos e de oportunidades de acessibilidade a 
 
26 
 
todos os ambientes sem distinção, se faz necessário, visando sempre o ensino-
aprendizagem dos alunos. 
Atividade de Aprendizagem 
Utilizando exemplos, discorra a respeito da importância da 
psicomotricidade para o processo de ensino-aprendizagem de 
alunos com deficiência física, intelectual e cognitiva. 
 
 
 
Aula 3 – Atividades práticas para Educação Física Adaptada 
 
Apresentação da aula 3 
 
Nesta aula serão abordadas as relações de práticas de ensino e exemplos 
de propostas que promoveram inovações nas aulas de Educação Física. 
Entender também que o professor esteja à vontade e preparado para enfrentar 
e resolver possíveis dificuldades, preconceitos ou ainda tipos de bullying, 
viabilizando uma aula em que todos respeitem as individualidades e aprendam 
coletivamente. Para tanto, é importante ressignificar as práticas de ensino 
ministradas durante as aulas, pois da diversidade de conteúdos e metodologias 
é que se poderá chegar a uma educação integral e acolhedora. Para isso, os 
conteúdos e as metodologias devem ser adaptáveis e flexíveis, criando novas 
possibilidades de inovar, criar e atender a todos os alunos. 
 
3.1 Atividades adaptadas para cadeirantes 
 
Uma das dificuldades a ser vencida por parte de todos professores de 
Educação Física é o receio de atender e instruir um aluno com deficiência, ou 
seja, adequar-se a novas realidades, como: dificuldades físicas, preconceitos 
e/ou bullying. Assim, para compreender melhor a Educação Física Adaptada 
(EFA), Alves (2018) destaca que: 
 
 
27 
 
Surge com o intuito de auxiliar no desenvolvimento de novas 
habilidades, trazendo aos PNE’s (Portadores de Necessidades 
Especiais) uma nova maneira de aquisição de aptidões motoras para 
suas funções diárias, modificando suas atuais realidades e 
proporcionando novos desafios. Tais habilidades motoras podem ser 
desenvolvidas em forma de potencialidades, testar limites, prevenir 
enfermidades secundárias à deficiência do PNE e promover a 
integração social do mesmo (ALVES, 2018, p.03). 
 
Essa situação se dá devido ao fato de que muitos alunos de escolas 
especiais estão sendo introduzidos na rede regular por questões adversas, 
dentre elas, a falta de incentivos fiscais para poder subsidiar todas as escolas 
especiais. Contudo, os alunos cadeirantes, deficientes visuais, amputados ou 
com leves síndromes estão chegando às escolas e, infelizmente, nem todos os 
profissionais estão capacitados para lhes atender de forma adequada. 
Nesse sentido, Freitas (1997) explica sobre as aulas de Educação Física: 
 
A educação física é constituídaem uma ampla área de adaptação, ao 
permitir a participação de pessoas em atividades físicas adequadas às 
suas capacidades, propiciando a estes tal experiência, além da 
valorização e a integração na sociedade. Quando a educação física é 
adaptada ao aluno que possui alguma deficiência, possibilita ao 
mesmo a compreensão de suas limitações e capacidades, dando 
suporte na busca de uma melhor adaptação (FREITAS, 1997, p. 12). 
 
Para complementar, afirma Lehnhard et al (2009) sobre a Educação 
Física: 
 
A Educação Física tem o potencial de oferecer diferentes experiências 
de movimento e de comunicação entre os alunos, por ter seus 
conteúdos mais flexíveis e facilmente adaptados às necessidades da 
turma se comparada às demais disciplinas curriculares e, a partir desta 
característica, torna-se facilitadora da inclusão escolar (LEHNHARD, 
et al, 2009 p. 28). 
 
É notório que grande parte da população com deficiência física, ao que se 
inclui os cadeirantes, está desamparada e desprovida no ambiente escolar, com 
relação a circular livremente e ter acesso aos espaços esportivos, de educação 
e lazer, pelo simples fato de não haver, na totalidade, uma infraestrutura física 
adequada. 
Sassaki (1997, p. 08) acredita que inserir as pessoas com deficiências na 
sociedade é dá-las o direito e a oportunidade de acessibilidade em todos os 
ambientes, sem distinção para aqueles demais que não têm deficiência. 
 
28 
 
Assim, é imprescindível elaborar e desenvolver estratégias diversificadas 
a serem experimentadas nas aulas, em que o foco seja poder verificar como o 
processo de ensino-aprendizagem dos alunos está sendo realmente significativo 
e se os profissionais de ensino, por meio de seus planejamentos, estão 
conseguindo atribuir valores e objetivos às aulas. 
Para Refletir 
Em que medida você, profissional de ensino de Educação 
Física, costuma planejar aulas adaptadas sem a presença de 
alunos com necessidades especiais? 
 
 
Verifica-se, por meio da bibliografia disponível, que muitas das 
perspectivas de vida dos alunos com deficiência são ruins no ambiente escolar 
e fora dele, uma vez que o acesso à educação, ao trabalho, à cidadania, às 
atividades físicas, ao esporte e ao lazer teriam de ocorrer em ambientes sociais 
mais acessíveis e diversificados, podendo-se perceber que todos alunos têm 
potencial para dar sua contribuição para com uma integração, inclusão e 
qualidade de vida. 
 
A prática da inclusão social repousa em princípios até então 
considerados incomuns, tais como: aceitação a diferenças individuais, 
a valorização de cada pessoa, à convivência dentro da diversidade 
humana, a aprendizagem através da cooperação” (SASSAKI, 1997, p. 
41). 
 
Aime (2014), em suas pesquisas, ressalta um estudo de caso referente a 
cadeirantes realizado pelos autores Lehnhard, Palma e Antunes (2009), 
descrevendo que: 
 
Lehnhard, Palma, Antunes (2009), em suas pesquisas de campo em 
aulas de Educação Física de uma turma do 1º ano do ensino regular 
de uma escola pública estadual Santa Maria – RS [...] constataram que 
o aluno deficiente pode sim participar das atividades, desde que o 
professor de Educação Física inclua-o nas atividades. Eles afirmam 
que os professores podem e devem adaptar suas aulas para que os 
alunos participem e sejam inseridos junto aos demais alunos do grupo 
(AIME, 2014, p. 3-4). 
 
 
29 
 
Dessa forma, é imprescindível observar que o professor de Educação 
Física tem um papel muito importante, pois cabe a ele integrar os alunos do 
regular ao aluno que está chegando e demonstrar, por meio de atividades 
adaptadas, que as limitações são para todos. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
No livro Diário de Bordo de um Cadeirante, 
o autor Almir Souza aborda a temática das 
dificuldades de um deficiente físico em sua 
luta diária para a inclusão social e contra o 
preconceito. Assim, o autor apresenta, de 
forma bem-humorada, uma visão privilegiada 
a respeito das mais variadas situações vividas 
sobre cadeira de rodas, trazendo histórias 
reais do cotidiano de um portador de 
necessidades especiais e 20 poemas. 
 
3.2 Atividades assistidas para Educação Física 
 
De acordo com Vasconcelos e Pagliuca et al. (2006, p. 06), portadores de 
deficiência apresentam limitações físicas, mentais ou sensoriais, responsáveis 
por dificultar e impedir ações que para as outras pessoas são comuns. 
Na perspectiva de que o aluno cadeirante tem uma limitação física que o 
impediria de se locomover e desenvolver algumas manobras, conteúdos e 
deslocamentos durante as aulas de Educação Física, tem-se que abordar o fato 
de que muito se pode adaptar nas aulas, para integrar todos os alunos, fazendo 
delas um momento de conhecimento e diversidade. 
Segundo destaca Muster (2017) sobre a formação dos professores, 
 
Muitos professores, em sua formação, não obtiveram conteúdos 
propícios à Educação Física Adaptada e inclusiva. Visto que a 
Educação Física Adaptada se manifestou oficialmente nos cursos de 
graduação da resolução 3/87 do Conselho Federal de Educação, 
pressupondo que o professor de Educação Física venha a intervir junto 
à pessoa com deficiência (CIDADE, FREITAS, 1997, et al. apud 
MUNSTER, 2017, p. 17). 
 
 
30 
 
Nessa perspectiva, os profissionais de Educação Física, em suas 
graduações, não puderam ou não tiveram acesso a disciplinas específicas para 
todas as deficiências físicas, síndromes e patologias existentes, sendo que os 
estágios obrigatórios não contemplam todas estas variantes. Assim, é preciso 
capacitar e aprofundar os estudos profissionais dos professores de Educação 
Física relacionados à inclusão de alunos com necessidades especiais. 
Segundo Winnick (2004), para a inclusão de alunos cadeirantes e com 
outras deficiências: 
 
Uma boa opção para esse público cadeirante é o esporte adaptado e 
seus benefícios físicos, além da interação social e conscientização 
positiva no aspecto psicológico. O esporte adaptado é caracterizado “o 
esporte modificado ou criado para suprir as necessidades especiais 
dos portadores de deficiência”. O autor declara que ele pode ser 
praticado em ambientes integrados, ou seja pessoas com deficiência 
interagem com pessoas sem deficiência, ou ambiente segregados, 
onde há participação esportiva somente com deficientes físicos 
(WINNICK, 2004, p. 33). 
 
Durante as aulas de Educação Física, o professor não pode apenas 
trabalhar com jogos e brincadeiras e introduzir os esportes que fazem parte das 
diretrizes curriculares, então, uma boa estratégia é trabalhar o mesmo conteúdo 
com os alunos de forma regular e, posteriormente, adaptá-lo, fazendo novas 
regras de aplicação e postura na sua execução, tornando, assim, a aula 
desafiadora e agregadora para todos. 
Vı́deo 
Produzido pela Unicef, o vídeo Portas abertas para a inclusão 
– Educação física inclusiva apresenta uma seleção de 
projetos pedagógicos satisfatórios de inclusão nas aulas de 
Educação Física em 15 capitais do Brasil. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=-yn3CtFbA8g 
 
A escola, em sua missão de atender a sociedade e desenvolver bons 
cidadãos, precisa rever alguns conceitos não só de infraestrutura, mas também 
de profissionais mais engajados e capacitados, levando os alunos a se 
integrarem de forma global e integral. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=-yn3CtFbA8g
 
31 
 
3.3 Atividades físicas assistidas 
 
No decorrer da história da humanidade, diversas foram as atitudes 
colocadas e impostas nas sociedades por certos órgãos e institutos, a fim de 
promover a inclusão de pessoas com deficiência. Essas atitudes foram sendo 
modificadas e garantidas com as legislações vigentes e entendidas como 
necessárias para estas pessoas, para que fossem respeitadas e incluídas nos 
aspectos econômicos, culturais, filosóficos e científicos. 
Nesse sentido, apresentam-se formas de inclusão e aprendizagem por 
meio das atividades físicas assistidas com animais,com o apoio de cães, cavalos 
e pássaros. Assim, é necessário observar que, além dos muros da escola, é 
possível perceber meios que auxiliem os alunos com alguma síndrome ou 
deficiências a aprender. 
 
 
Terapia com animais 
Fonte: https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/wp-
content/uploads/sites/2/2013/08/20130823_dderevecki_equoterapia_002.jpg 
 
Paixão (2012) ressalta e refere-se a autores que defendem a inclusão de 
alunos e da aprendizagem por meio de aulas assistidas com animais: 
 
Becker (2002) e Arcow (2010) referem que crianças que lidam e 
mantêm uma boa relação com animais conseguem criar maior empatia 
com os outros, existindo uma correlação positiva com a prevenção de 
atos futuros de violência ou de abuso, também contribuindo para que 
estas crianças no ambiente escolar desenvolvam melhor suas 
habilidades cognitivas de aprendizagem (PAIXÃO, 2012, p.151). 
https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/wp-content/uploads/sites/2/2013/08/20130823_dderevecki_equoterapia_002.jpg
https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/wp-content/uploads/sites/2/2013/08/20130823_dderevecki_equoterapia_002.jpg
 
32 
 
As práticas em contexto educativo com alunos com Necessidades 
Educativas Especiais (NEE) devem privilegiar, por meio de diferentes 
metodologias, estratégias, materiais e recursos, atividades que se façam 
compreender e adequar às reais características de cada aluno. 
Vı́deo 
O vídeo Instinto Terapeuta – Os Benefícios da Terapia 
Assistida por Animais retrata terapias assistidas com 
diferentes animais, acompanhando o desenvolvimento desta 
prática em três instituições distintas, mostrando que diversas 
espécies podem ser utilizadas para tal fim, como cavalos, cães 
e répteis. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=rZeQ_rWutnU 
 
Durante todo o processo de ensino-aprendizagem, os professores, assim 
também como qualquer terapeuta, passam por situações de dilema, ao tentar 
reconhecer e avaliar as reais dimensões das necessidades individuais que 
também se alternam com as necessidades do grupo como um todo. 
Na perspectiva da terapia assistida por cães, Paixão (2012) destaca: 
 
Pelas suas características de socialização, treino e obediência, o cão 
é o animal que mais contribuiu para a ajuda social (como os cães de 
utilidade e de assistência). Surgem cada vez em maior número as 
situações em que estes são utilizados em Terapias Assistidas por 
Animais (TAA) e em Atividades Assistidas por Animais (AAA). Estas 
últimas dizem respeito à utilização de animais em atividades que não 
tenham fins terapêuticos, embora estes possam ser atingidos (Delta 
Society, n.d.). Nas AAA não estão previamente estabelecidas a 
durabilidade e intensidade das sessões e estas mantêm um caráter 
informal, quer no que respeita ao registo de dados, quer ao 
encaminhamento por profissionais de saúde ou educação (PAIXÃO, 
2012, p. 151). 
 
As terapias assistidas não estão no ambiente escolar e, portanto, podem 
ser alternativas de apoio extraescolar e devem ser explicadas às famílias dos 
alunos que, muitas vezes, desconhecem tais alternativas. 
 
 
 
 
 
33 
 
3.3.1 Terapia assistida com cavalos 
 
Segundo a bibliografia disponível, são notórios os aproveitamentos e a 
melhora em alunos/pacientes que desenvolvem e se tratam com terapias 
assistidas diversas, entre elas, a com cavalos, assim, Cangelosi e Embrey (2006) 
afirmam que: 
 
Uma atividade com um animal torna as pessoas mais ativas e 
sociáveis. Para quem beneficia das mesmas, as interações traduzem-
se em alterações da rotina, em motivos para se movimentarem e se 
exprimirem (CANGELOSI E EMBREY, 2006, p. 16). 
 
A palavra equoterapia foi criada pela Associação Nacional de 
Equoterapia (ANDE-BRASIL), no ano de 2004. 
Vocabulário 
A equoterapia é uma das modalidades de tratamento para 
crianças portadoras de necessidades especiais de diferentes 
síndromes e patologias, acompanhadas por fisioterapeutas 
ou terapeutas ocupacionais, a partir do momento em que a 
criança se encontra sentada sobre o cavalo. 
 
Nesse sentido, os profissionais utilizam dos diferentes movimentos 
realizados pelos animais, para que a criança tenha possibilidade de aprender e 
sentir todos os movimentos adquiridos do animal e seja estimulada a sentir em 
si mesma a musculatura sendo trabalhada e contraída, atingindo, assim, os 
objetivos terapêuticos. 
O médico ortopedista pediátrico, Dr. Mauricio Rangel (2014), ressalta, na 
entrevista para a revista digital Criança e Saúde, alguns dos benefícios da 
equoterapia: 
 
Melhora da postura, pois, permite o alinhamento, controle e equilíbrio 
do tronco; – Melhora a coordenação motora e a integração sensorial; – 
Melhora o tônus muscular; – Estimula as reações de ajuste corporal; – 
Melhora a autoestima da criança; – Durante o tratamento, os 
fisioterapeutas estimulam a linguagem da criança, o tato, memória e 
concentração, orientação no espaço, percepção visual e auditiva; – 
Diminui agressividade e torna a criança mais sociável (RANGEL, 2014, 
p. 01). 
 
34 
 
Nessas características citadas pode-se observar que todas as valências 
físicas são desenvolvidas pela criança no processo terapêutico assistido, pois as 
questões referentes à musculatura e tônus muscular, lateralidade e força estão 
retratadas e desenvolvidas em virtude dos benefícios citados. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
No livro Psicomotricidade na Equoterapia, 
a autora Tatiana Lermontov mostra como a 
equoterapia se torna um instrumento prático 
muito útil para quem trabalha com a 
psicomotricidade. Adentrando em um terreno 
ainda pouco explorado, apresenta exercícios 
psicomotores realizados na equoterapia, a 
partir do detalhamento de um caso clínico. 
 
3.3.2 A dança no contexto das aulas assistidas 
 
O conteúdo de dança é cada vez mais utilizado nas aulas, adotado como 
uma forma de integração dos alunos com a cultura corporal. Nesse sentido, é 
importante para o aluno se conhecer e conhecer o meio ao seu redor. 
 
 
A dança no contexto das aulas assistidas 
Fonte: https://rbj.net/files/2017/09/AshfordDanceCompany.jpg 
 
35 
 
Segundo consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o 
conteúdo de dança tende a levar os alunos a despertar e desenvolver seu lado 
crítico e artístico por meio de movimentos combinados e ritmados, conforme 
consta no documento dos PCNs: 
 
Apontam como um desenvolvimento do pensamento artístico, da 
percepção estética, da sensibilidade, da imaginação, tanto para 
realizar outras formas artísticas quanto para apreciar sua produção e a 
dos colegas (BRASIL, 1997, p. 45). 
 
Ainda segundo os PCNs de Arte, é correto dizer: 
 
O aluno poderá desenvolver sua competência estética e artística nas 
diversas modalidades da área de Arte (Artes visuais, Dança, Teatro), 
tanto para produzir trabalhos pessoais e grupais quanto para que 
possa, progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e julgar os bens 
artísticos de distintos povos e culturas produzidos ao longo da história 
e na contemporaneidade (BRASIL, 1997, p. 53). 
 
Para Silva (2010, p. 09), a dança propicia o aprofundamento ou a 
ampliação do contexto cultural e histórico dos alunos, ao trazer para dentro da 
escola diferentes povos ou momentos históricos dos países. 
Vivenciar as oportunidades que a dança pode proporcionar na educação 
adaptada fica evidente, pois nem todos os alunos têm facilidade em se expressar 
por meio de movimentos da dança, desta maneira, a inclusão se torna possível. 
Medina et al. (2008) faz um recorte de análise sociológica, histórica e 
crítica, em que auxilia a visão da dança no contexto escolar e pode ser um 
instrumento de mudança nas escolas. Dessa forma, 
 
As formas de manifestação das suas crenças, suas religiosidades e 
tradições. O homem, como ser social, utiliza-se dessa forma de 
expressão para representar uma cultura, porém, esse processo não 
necessariamente inclui, em sua reflexão, mecanismos integrantesnecessários para a formação das instituições sociais nas quais está 
inserido (MEDINA, 2010, p. 100). 
 
Para conseguir introduzir e expressar com clareza nas aulas os conteúdos 
pertinentes à dança, o professor deve levar em consideração os ritmos, as 
individualidades dos alunos, a proposta de abordagem e a metodologia a ser 
usada para a integração deste conteúdo, auxiliando, assim, todos os meios 
possíveis de aprendizagem. 
 
36 
 
Por meio da dança, os alunos com necessidades especiais têm a 
oportunidade de desenvolver a própria expressão e a interação com outros 
alunos, diminuindo, assim, uma lacuna no quesito preconceito, além de repensar 
todas as práticas pedagógicas e propostas no planejamento dos profissionais de 
ensino para o bom andamento das escolas, com o intuito de criar novas 
possibilidades, valores e pontos positivos para os envolvidos no processo de 
ensino-aprendizagem. 
 
3.4 O goalball como proposta nas aulas adaptadas 
 
É importante entender o papel da educação inclusiva, o qual pressupõe 
que escola deve ser aberta para todos e receber a todos. Assim, deve-se formar 
um ambiente em que os alunos devem aprendem juntos, observando os 
eventuais empecilhos e dificuldades que possam surgir. Dentre as metodologias 
inovadoras e conteúdos diferenciados, é possível destacar o goalball, para ser 
trabalhado como esporte de inclusão, apresentando peculiaridades, por 
trabalhar com alunos de baixa visão ou com deficiência visual total. 
 
 
Goalball 
Fonte: https://www.raredr.com/news/goalball-101 
 
O goalball foi criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão 
Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar veteranos da Segunda Guerra 
 
37 
 
Mundial que perderam a visão. Nos Jogos de Toronto (1976), sete equipes 
masculinas apresentaram a modalidade aos presentes. 
Vı́deo 
A reportagem da TV NBR indicada a seguir apresenta a 
realidade do esporte Goalball, evidenciando seus contextos de 
uso e suas principais regras. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=A0EZ8e1pkz8 
 
Pesquise 
Na matéria a seguir estão disponíveis, de forma gratuita, 
alguns meios norteadores para apresentação do goalball. 
Disponível em: 
http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo
/conteudo.php?conteudo=126 
 
As dificuldades de se aprender o goalball quase inexistem, uma vez que 
não é considerado um esporte adaptado, sendo praticado desta forma desde sua 
criação. Aos professores, cabe implementar e demonstrar com os alunos as 
formas de aplicabilidade e adaptação aos espaços da escola para a prática deste 
esporte paralímpico. 
As aulas de goalball podem ter um cunho recreativo, pois pode-se, com a 
ajuda dos alunos, confeccionar alguns materiais e determinar regras, fazendo, 
assim, toda a parte teórica do esporte que tem categorias distintas, classes de 
atletas, materiais a serem utilizados (vendas, bolas adaptadas, pisos da quadra, 
gols etc.). 
Como a grande maioria dos esportes paralímpicos, a implementação do 
goalball nas aulas de Educação Física pode gerar estranhamento, dada a sua 
complexidade inicial para o entendimento e para se jogar sentado no chão e sem 
muitos barulhos externos, tornando-se, assim, uma modalidade de concentração 
e de trabalho de grupo durante as aulas. 
É importante ressaltar que, dentre todos os conteúdos disponíveis da 
Educação Física, todos, desde os esportes coletivos, individuais, jogos, 
 
38 
 
brincadeiras, lutas etc., podem ser adaptados ou readaptados, uma vez que 
permitem uma boa aplicabilidade e utilização nas aulas. Nesse sentido, o 
trabalho de adaptação, junto à questão das terapias assistidas, é de grande valia, 
uma vez que estimulam os alunos com síndromes e/ou deficiências a se 
desenvolverem em uma outra projeção, que não seja apenas no ambiente 
escolar. 
 
Resumo da aula 3 
 
Nesta aula foram evidenciadas formas de trabalhar com a Educação 
Física Adaptada, buscando esclarecer alguns pontos referentes às metodologias 
de ensino aplicadas, bem como estimular a capacitação dos profissionais de 
ensino em relação a suas práticas, a fim de inserirem os alunos no dia a dia 
escolar, segundo uma perspectiva inclusiva. Nesse sentido, estimular a relação 
das terapias assistidas com cães, cavalos, pássaros e repteis é uma forma de 
demonstrar que o trabalho coletivo muitas vezes vai além dos muros da escola 
e a participação das famílias neste processo e etapa de vida dos alunos se faz 
muito necessária. 
Atividade de Aprendizagem 
Em relação à EFA, pode-se afirmar que um dos seus maiores 
empecilhos é o receio dos professores quanto às novas 
situações a serem enfrentadas junto aos alunos, tais como: 
dificuldades físicas, preconceitos e bullying. Assim, discorra a 
respeito de soluções para reverter tal perspectiva, citando 
exemplos de situações de trabalho com a EFA no contexto 
escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Aula 4 – A avaliação na Educação Física Adaptada 
 
Apresentação da aula 4 
 
Ao falar na terminologia “inclusão”, muito ainda se deve aprimorar nos 
espaços escolares e na sociedade, para uma boa interação e respeito às 
pessoas com deficiências físicas, intelectuais e adquiridas, de modo que uma 
das maneiras de se observar o quanto estas barreiras podem ser menos dolosas 
está na avaliação. Esta aula irá trazer subsídios que podem fazer um diferencial 
ao longo da vida escolar dos alunos, em que o profissional de ensino tem papel 
fundamental no encaminhamento e escolha de como avaliar, se utilizando de 
atividades, tipos diferentes e estratégias de avaliação, a fim de delimitar os 
objetivos de uma boa avaliação. 
 
4.1 Planejamento e indicadores de avaliação 
 
O planejamento é uma necessidade em todos os âmbitos das atividades 
humanas, uma vez que necessita prever ao que se espera chegar, atingir ou 
alcançar. O ato de planejar, no âmbito educacional, se faz necessário e 
importante, uma vez que os profissionais de ensino precisam ter bem claros os 
passos que terão de seguir por meio do planejamento para trabalhar o ano 
corrente. Nesse sentido, o ato de planejar dará os subsídios dos objetivos a 
serem alcançados e como serão avaliados os alunos nesta perspectiva. 
Aliada a um bom planejamento, a avaliação compõe este documento dos 
profissionais de ensino, devendo-se configurar como um instrumento não 
apenas mensurável, para determinar e averiguar o quanto os alunos 
conseguiram obter de conhecimento com aquilo que lhes foi ensinado e 
apresentado durante as aulas. Dessa maneira, a avaliação não pode ser 
observada como uma forma de punição, diferenciação e separação entre bons 
e ruins, mas um mecanismo e instrumento de melhoria na qualidade das aulas 
de uma forma geral. 
 
40 
 
 
Planejamento 
Fonte: https://teltecsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/07/2015-07-07_14-12-
53.png 
 
Conforme afirma Saussure (2003, p. 15), “bem longe de dizer que o objeto 
precede o ponto de vista, diríamos que é o ponto de vista que cria o objeto”, ou 
seja, nossas concepções de linguagem e de ensino-aprendizagem vão delimitar 
o que entendemos por planejamento e avaliação e como os realizamos. 
Nessa perspectiva, Antunes (2003) afirma sobre a ação de planejar: 
 
O planejamento é uma atividade que projeta, organiza e sistematiza o 
trabalho docente no que diz respeito aos seus fins, meios, formas e 
conteúdo, considerando as características do docente, do alunado e 
do contexto social. Planejamento tem as funções de refletir e prever 
ações e condições, definir objetivos educacionais adequados, 
racionalizar tempo e meio, fugir do improviso, assegurar coerência, 
continuidade e sentido à nossa prática docente. Planejar é uma ação 
reflexiva, viva, contínua, permeada por um processo de avaliação e 
revisão. Quando planejamos, fazemos escolhas teóricas e 
metodológicas que norteiam a execução e avaliação, assim, planejar é 
também uma ação política e ideológica, longe de serneutra 
(ANTUNES, 2003, p. 39). 
 
No pensar em relação à inserção de alunos com deficiência no ensino 
regular, entende-se, segundo a Constituição Federal, que deve-se garantir o 
direito de todos à educação. Assim, o planejamento e a avaliação devem sempre 
ter bem claros em seus objetivos como estes alunos serão avaliados de forma 
integra e diferenciada, para atender às necessidades esperadas e não 
desmerecer ou lhes tirar o direito de se expressarem numa forma avaliativa 
diferenciada, prevista em planejamento. 
 
41 
 
Conforme afirma Fusari (1990, p. 22), o planejamento deve ser concebido, 
assumido e vivenciado no dia a dia da prática social docente, como um processo 
de reflexão, articulado, crítico e rigoroso. 
Nessa reflexão, o autor ressalta a importância do profissional em sempre 
rever as suas práticas de ensino, sua didática, metodologia e objetivos, 
percebendo que seu planejamento não é um documento intocável e inalterável, 
mas, sim, uma oportunidade nova de mudar e ajustar escolhas antes não 
assertivas e que não trazem ao aluno o ensino-aprendizagem. 
Muitos profissionais de ensino, ao pensarem seus planejamentos quando 
o fazem, detalham, de forma anual, já no início do ano letivo, prevendo ações 
das quais muitas vezes não se pode ter certeza se serão as melhores para 
aplicabilidade em sala de aula. Muitos profissionais se utilizam de planejamentos 
de anos anteriores também não repensando a prática pedagógica, fatores esses 
que corroboram para um ensino fragmentado e também dificultado para ambos, 
docente e discentes. 
Nesse sentido, Farias (2009) afirma que o ato de planejar tem de ser 
realizado de forma contínua e paralela em relação à avaliação dos alunos com 
necessidades especiais, destacando que: 
 
O planejamento não se inicia e nem se esgota na tarefa de elaboração 
de planos. Por não possuir um fim em si mesmo (ser arquivado), toma 
a avaliação de experiências anteriores como ponto de partida para 
outras. A avaliação, logo, permeia os momentos de planejamento. Na 
fase anterior à sistematização dos planos (avaliação diagnóstica), 
durante sua execução (avaliação formativa) e ao término do trabalho 
realizado (avaliação do resultado) (FARIAS, 2009, p. 04). 
 
Assim, ficam evidentes as questões mais importantes a serem levadas em 
consideração pelo profissional de ensino ao montar seus estudos para o ano 
letivo com os alunos, “planejar, executar e avaliar”, e sempre ter claro que tudo 
deve ser pensado de um ponto de vista a atender todos os alunos, garantindo e 
efetivando o ensino-aprendizagem. 
 
 
 
 
42 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
No livro Planejamento e Avaliação 
Educacional, a autora Rejane de Medeiros 
Cervi propõe novas óticas para as atividades 
educacionais nas escolas. Ao retratar a 
importância do planejamento e da avaliação 
continuada, analisa a realidade brasileira sob 
o ponto de vista da educação, demonstrando 
soluções para superar obstáculos e melhorar 
a qualidade do ensino no país. 
 
O livro Avaliação da Aprendizagem 
Escolar: Estudos e Proposições, do 
educador Cipriano Carlos Luckesi, reúne nove 
artigos que abordam a questão da avaliação 
da aprendizagem escolar de forma crítica. 
Para tanto, Luckesi utiliza como ferramentas 
de análise diferentes áreas do conhecimento, 
cruzando referências da Filosofia, da 
Sociologia, da Política e da Psicologia. 
 
 
Com objetivos e metas bem traçados, as aulas e sua sequência 
pedagógica podem auxiliar os professores a desenvolver e avaliar de forma mais 
completa os seus alunos. Nessa perspectiva, as aulas de Educação Física 
também precisam de um enfoque diferenciado na questão da adaptação e 
ressignificação das aulas. 
 
4.2 Avaliação motora na Educação Física Adaptada 
 
Com o passar das últimas três décadas, a Educação Física ganhou muita 
visibilidade e diferenciação no meio escolar, sendo observada como uma 
disciplina que garantia ao aluno a sua cultura corporal e, consequentemente, seu 
objeto de estudo. Uma vez que estudiosos foram aprimorando os estudos 
referentes a todos os segmentos da Educação Física escolar e dados foram 
sendo apresentados, ficaram claros os objetivos traçados junto à LDB e aos 
PCNs, que trazem as metas e meios a serem alcançados com os conteúdos 
aplicados nas aulas. 
 
43 
 
A partir da Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, p.1), o conceito 
de necessidades educacionais especiais passou a ser mundialmente 
disseminado. Este documento garante e estabelece que todas as crianças e 
jovens têm direito a frequentar as escolas regulares e que as escolas têm de 
garantir uma pedagogia diferenciada, que vai ao encontro das reais 
necessidades destes alunos. 
Dessa maneira, esse documento foi um norteador em relação às pessoas 
com Necessidades Educativas Especiais (NEE), que passam a ser vistas como 
diferentes por algumas limitações genéticas ou por acometimentos pós-
nascimento, de modo que o planejamento e a avaliação passam a ser 
organizados e revistos. 
Nessa perspectiva, pensar em uma avaliação apenas para alunos ditos 
“normais”, sem respeitar aqueles com necessidades especiais é um desrespeito, 
conforme Gimenez e Manoel (2005): 
 
Vale ainda citar que a construção de testes para avaliar indivíduos 
portadores de deficiência enfrenta o problema de encontrar medidas 
válidas no contexto da deficiência. Isso é difícil quando os testes são 
elaborados tendo o indivíduo normal em mente” (GIMENEZ E 
MANOEL, 2005, p. 19). 
 
Por mais que seja ainda muito contestado por parte de alguns membros 
docentes e pelo eminente caráter ameaçador que causa perante toda mudança 
de rotina no meio educacional, o movimento inclusivo se manifesta cada vez 
mais de modo inerente a todos os envolvidos no ensino aprendizagem, pela sua 
importância, ética e posicionamento em relação aos alunos e futuros cidadãos. 
Calegari (2009) ressalta que: 
 
O interesse em investigar a coordenação motora em pessoas com 
deficiência física e intelectual deve-se à necessidade de melhor 
compreender o desenvolvimento desta população. A identificação das 
variáveis da coordenação em que se encontra o indivíduo poderá 
determinar a necessidade de haver intervenção em termos de ensino 
(CALEGARI, 2009, p. 02). 
 
Assim, conhecer o aluno ao qual irá se trabalhar na Educação Física 
Adaptada é importante para poder desenvolver um planejamento adequado e, 
consequentemente, uma avaliação. 
Duarte e Werner (1995) destacam que: 
 
44 
 
A Educação Física Adaptada é uma área da Educação Física que tem 
como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com 
necessidades educacionais especiais, adequando metodologias de 
ensino para o atendimento às características de cada aluno com 
deficiência, respeitando suas diferenças individuais (DUARTE E 
WERNER, 1995, p. 27). 
 
Existem inúmeros instrumentos avaliativos para determinar o 
desenvolvimento motor e intelectual de alunos adaptados, de modo que os níveis 
de exigência e aprendizado podem ser mensurados para obter melhor 
desempenho dos alunos adaptados e de inclusão. 
Sobre os instrumentos e testes para avaliação, Calegaria (2009) afirma 
que: 
 
Existem muitos instrumentos de avaliação propostos para mensurar 
habilidades motoras. Os testes formais, tanto publicados quanto não 
publicados, são projetados com a mensuração de várias 
características de comportamento motor. Existem, também, métodos 
de avaliação que representam uma abordagem menos formal e mais 
autêntica para a avaliação das características motoras de um indivíduo. 
O desafio para o avaliador é identificar os procedimentos de avaliação 
mais apropriados e os instrumentos para o indivíduo ou grupo que 
serão avaliados (CALEGARI, 2009, p. 02). 
 
As especificidades de cada deficiência ou síndrome são características 
únicas, dessa maneira, o profissional de Educação Física terá de optar por um 
teste motor mais adequado para qualificar e observar

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