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1 Disciplina: Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada Autores: Esp. Julio Cesar Bastos Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Julio Cesar Bastos Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada 1ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chantagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Revisão de Conteúdos Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica Juliano de Paula Neitzki Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA BASTOS, Julio Cesar. Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada / Julio Cesar Bastos. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 58 p. ISBN: 978-85-5475-340-5 1.Diagnóstico. 2. Inclusão. 3. Aprendizagem. Material didático da disciplina de Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada – Faculdade São Braz (FSB), 2019. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Sumário Prefácio ................................................................................................................. 06 Aula 1 – Educação Física Adaptada ...................................................................... 07 Apresentação da Aula 1 ......................................................................................... 07 1.1 – Educação Física Adaptada e o desenvolvimento motor ......................... 07 1.2 – A Legislação e a Educação Adaptada .................................................... 13 Resumo da Aula 1 ................................................................................................. 15 Aula 2 – Aspectos motores e alterações psicomotoras .......................................... 16 Apresentação da Aula 2 ......................................................................................... 16 2.1 Psicomotricidade ...................................................................................... 16 2.2 Reeducação postural ................................................................................ 21 2.2.1 Reeducação e terapia psicomotora ....................................................... 23 Resumo da Aula 2 ................................................................................................. 25 Aula 3 – Atividades práticas para Educação Física Adaptada ................................ 26 Apresentação da Aula 3 ......................................................................................... 26 3.1 Atividades adaptadas para cadeirantes .................................................... 26 3.2 Atividades assistidas para Educação Física ............................................. 29 3.3 Atividades físicas assistidas ..................................................................... 31 3.3.1 Terapia assistida com cavalos ............................................................... 33 3.3.2 A dança no contexto das aulas assistidas .............................................. 34 3.4 O goalball como proposta nas aulas adaptadas ........................................ 36 Resumo da Aula 3 ................................................................................................. 38 Aula 4 – A avaliação na Educação Física Adaptada .............................................. 39 Apresentação da Aula 4 ......................................................................................... 39 4.1 Planejamento e indicadores de avaliação ................................................. 39 4.2 Avaliação motora na Educação Física Adaptada ...................................... 42 4.3 Diagnósticos, testes e avaliação motriz .................................................... 46 Resumo da Aula 4 ................................................................................................. 50 Índice Remissivo ................................................................................................... 52 Referências ........................................................................................................... 54 6 Prefácio Nesta disciplina de Diagnóstico, avaliação e práticas de Educação Física Adaptada (EFA) serão abordados conteúdos e temas relevantes à prática e avaliação desenvolvidas durante as aulas de Educação Física para alunos com necessidades especiais. Nesse sentido, serão evidenciados os diagnósticos de ensino-aprendizagem, bem como a forma como são desenvolvidos os conteúdos para os alunos na prática da EFA. Também será contemplado um recorte histórico referente aos avanços dos testes para a aplicabilidade e diagnóstico das reais necessidades de cada aluno em sua condição adaptada. É necessário ter em mente que as realidades de cada profissional, nos mais diferentes meios educacionais, são únicas, por isso, serão apresentados exemplos de possibilidades e estratégias de ensino fundamentadas, passíveis de adoção em sala de aula. 7 Aula 1 – Educação Física Adaptada Apresentação da aula 1 Ao abordar a temática da Educação Física Adaptada, faz-se indispensável utilizar como base a terminologia da inclusão, pois, em um contexto educacional, é garantido por lei o acesso e a inclusão de alunos com necessidades especiais, embora, efetivamente, se possa constatar que ainda existem diversos obstáculos a serem superados. Assim, deve-se considerar como tópicos fundamentais os meios avaliativos empregados e os testes que podem auxiliar os profissionais de ensino na perspectiva da EFA. 1.1 Educação Física Adaptada e o desenvolvimento motor Atualmente, nos sistemas educacionais, nos deparamos com propostas de ensino-aprendizagem enfatizando o tema da inclusão, em um contexto em que os profissionais de ensino devem incluir esta temática em suas aulas ao ministrar os conteúdos. Ao mesmo tempo, evidencia-se a necessidade da reflexão acerca de como os alunos com necessidades especiais serão avaliados. Para Refletir É comum encontrar, nas escolas regulares, pessoas com necessidades especiais,contudo, até que ponto os alunos, professores e funcionários das escolas estão aptos e preparados para trabalhar e ensinar de forma direta e condizente, sem prejuízo cognitivo, motor e afetivo aos alunos? Nesse novo modelo de agregação de alunos das escolas especiais junto às escolas regulares, o sistema educacional requer conhecimentos, ideias novas e metodologias diferenciadas, que tenham como objetivo principal incluir a todos, independentemente da sua condição física. Segundo Brandão (1995): A educação é a organização dos recursos biológicos do indivíduo, de todas as capacidades de comportamento que fazem adaptável ao meio físico e mental. Se indivíduos são seres adaptáveis, as formas de 8 integração de qualquer meio e situação, com certeza podem ser adaptadas. Sendo assim, defende-se que a Educação Física é uma ferramenta educacional de interação e cooperação, deve ser trabalhada a fim de atender a todos os alunos; desenvolvendo atividades físicas, recreativas e psicomotoras que desenvolvam as habilidades, que socializem as potencialidades individuais (BRANDÃO, 1995, p. 20). É importante ressaltar que o autor defende que a Educação Física atenda aos alunos de forma igualitária, conjunta e sem distinções, assim, o planejamento do profissional de ensino deve prever aulas com metodologias diferenciadas, que possam ter uma avaliação específica e deixem o aluno com necessidades especiais em igualdade de critérios em relação aos demais, respeitando sempre a individualidade de cada um. Educação Física Adaptada Fonte: https://www.perkins.org/sites/default/files/Adapt-PE2_0.jpg Historicamente, apresentam-se relatos testemunhando que as primeiras aulas de Educação Adaptada surgem na Idade Média, uma vez que a Igreja Católica afirmava que algumas deficiências eram obras do sobrenatural, em um contexto em que as pessoas eram taxadas de “possuídas” ou “loucas”, orientando o surgimento dos primeiros manicômios. Melo (2009) ressalta em seu trabalho de pesquisa sobre Educação Física Adaptada que: 9 Na idade média, após o surgimento dos primeiros manicômios, aparecem experiências em relação ao ensino de pessoas com deficiência, dentre estes se destacam: Frade Ponce de León (1509 – 1584) educou 12 crianças surdas com surpreendente êxito, e escreveu o livro Doctrina para los mudos-sordo e criou o método oral; Juan Pablo Bonet (1579 – 1633) publicou Reducción de las letrasy arte de enseñar a hablar a los mudos; Charles Michel de I’Epée (1712 – 1789) criou a primeira escola para surdos que, posteriormente, converteu-se no intuito Nacional Sordo-mudos; Valentín Haiiy (1806-1852) criou em Paris um Instituto para Crianças Cegas; Louis Braille (1806-1852) é ex- aluno de Valentin Haiiy e criador do Sistema Braille (MELO, 2009, p. 03). A Educação Física Adaptada tem um objetivo importante de investigar e implementar a coordenação motora para todos os alunos com necessidades especiais e/ou com algum tipo de deficiência intelectual, observando se há necessidade de melhor desenvolver e integrar os alunos nas atividades propostas em aula com o restante da turma. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) (BRASIL, 1997), o ensino da Educação Física precisa respeitar o que a criança traz em si mesma, promovendo, assim, o autodomínio, a autoconfiança e a autonomia, ou seja, a própria individualidade do aluno. O profissional de ensino tem um papel importante, ao fazer a identificação das variáveis da coordenação motora global em que o indivíduo poderá determinar a necessidade de haver intervenção em termos de ensino. Para desenvolver um programa de inclusão utilizando como meio a Educação Física Adaptada, Freitas (1997) afirma que: É de extrema importância que o professor de Educação Física tenha conhecimentos básicos relativos ao seu aluno, como: tipo de deficiência que o aluno apresenta, idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão prejudicadas. O educador deve também se atentar a diferentes aspectos do desenvolvimento humano biológico (físico, sensorial e neurológico), levando em conta interação social e afetivo-emocional (FREITAS, 1997, p. 18). O profissional de Educação Física que atua desde os anos iniciais do Ensino Fundamental precisa ter muito claros os objetivos e saber que estará rodeado de desafios na postura em relação às suas turmas. Nesse sentido, após observado o PCN de Educação Física, fica evidenciada a importância de uma intervenção objetiva de um profissional capacitado, consciente e responsável, 10 para que os alunos que possuem qualquer necessidade especial sejam atendidos prontamente. Correia (2003) ressalta que, em se tratando de inclusão no processo escolar, deve-se ir muito além de identificar os alunos, afirmando que: A inserção do aluno com necessidades educativas especiais na classe regular onde, sempre que possível, deve receber todos os serviços educativos adequados, contando-se, para esse fim, com o apoio apropriado (de docentes especializados, de outros profissionais, de pais, as suas características e necessidades (CORREIA, 2003, p. 21). Observa-se que as escolas públicas precisam de profissionais de ensino com capacitação para atender os alunos que apresentam algum tipo de necessidade especial, visando a aprendizagem que se espera. Para Mantoan (2006), em relação ao profissional de ensino de Educação Física, espera-se que: Na vida profissional de um professor ele recebe vários alunos especiais, formam a classe com alunos chamados de normais, apesar dessa circunstância, se não forem oferecidas condições de ensino, cursos de capacitação e materiais alternativos e/ou adaptados para que possa exercer melhores condições de ensino a situação dos professores fica fragilizada. Se o investimento na qualidade de ensino não se tornar uma ação constante, pode intensificar a rejeição já existente nas escolas e resultar em maiores dificuldades desses educandos de estudarem juntos aos outros alunos. (MANTOAN, 2006, p. 34). Dependendo da opção que se faz, assim é o tipo de organização do trabalho educacional dentro de cada escola e, consequentemente, também o tipo de prática pedagógica utilizada/desenvolvida/aplicada. Conforme destacam Silva e Volpini (2014), o processo de inclusão ainda é caracterizado como recente: Fazendo com que sua efetividade no âmbito escolar perpasse por barreiras, como, por exemplo, a falta de material adequado para os professores, bem como de cursos para os mesmos se inteirarem mais ao assunto. O imperativo social ao qual se tornou o tema inclusão é urgente, porém, dificuldades como as citadas são apenas um lado da moeda que tende a deixar obscura a outra face, sobretudo pelo fato das escolas, especialmente as públicas, serem “forçadas” a aceitar a inclusão dos indivíduos com deficiência mesmo sem as condições básicas para tal (SILVA E VOLPINI, 2014, p. 52). 11 É possível observar que, apesar do tema inclusão ter respaldo legal, ainda não se pode considerar como efetiva a atuação, capacitação e desenvolvimento nas escolas por parte de todos os profissionais. Os profissionais de Educação Física, em especial, precisam observar os alunos e também ter, de forma clara, quais instrumentos avaliativos podem ser levados em consideração para qualificar e situar o aluno até onde se pode avançar em determinados conteúdos. Importante Um termo recorrente na literatura para se referir aos alunos com necessidades especiais era o de “diferente”, o que se relaciona ao fato de que, mesmo com o passar dos anos, esses alunos ainda são alvo de perseguições e indiferença por parte de outros alunos e até mesmo profissionais de ensino. Conforme destacam Marques, Castro e Silva (2001): A evolução do posicionamento do ser humano peranteos indivíduos “diferentes” foi ocorrendo com o passar dos anos, perpassando por quatro períodos: separação; proteção; emancipação e integração. Pode-se citar como quinto período a inclusão, porém, a mesma só se efetiva após a consolidação da integração (MARQUES; CASTRO; SILVA, 2001, p. 44). Dessa maneira, a terminologia “inclusão” se torna recorrente, devendo ser discutida e implementada nos ambientes escolares, especificamente nas aulas de Educação Física, voltando-se para o rompimento de barreiras. A aula de Educação Física pode favorecer a construção de uma atitude digna e de respeito próprio por parte do deficiente e a convivência com ele pode possibilitar a construção de atitudes de solidariedade, respeito e aceitação, sem preconceitos (BRASIL, 1997, p. 31). Segundo Le Boulch (1987, p. 22), é de grande importância a educação pelo movimento no processo escolar, uma vez que o seu objetivo central é contribuir para o desenvolvimento motor da criança em formação, o qual auxiliará na evolução de sua personalidade e no seu sucesso escolar. 12 Pesquise Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes elaboradas para orientar os educadores por meio da normatização de alguns aspectos fundamentais concernentes a cada disciplina. A fim de aprofundar os seus estudos, recomenda-se a leitura dos PCNs do Ensino fundamental (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf) e Ensino Médio (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf). Observar o desenvolvimento do aluno nas aulas de Educação Física é de suma importância para o processo de ensino-aprendizagem, mas isto tem de ser de forma contínua e paralela em relação aos alunos com necessidades especiais, em um processo igualitário, que não permita a discriminação. No contexto geral, a sociedade recebeu o termo “adaptado”, que logo após se torna “inclusão”. Sob esse ponto de vista, a sociedade como um todo teve de desenvolver um olhar diferenciado, e não seria diferente no ambiente escolar, que começou a receber alunos com necessidades especiais, incluindo estes cidadãos com direitos garantidos a frequentarem o ensino regular tradicional em escolas públicas e privadas. Dessa maneira, percebe-se que há um relativo consenso entre os envolvidos quando a questão é o favorecimento da inclusão, porém, estes podem confundi-la com interação (FALKENBACH et al., 2007, p. 34). Essa similaridade pode até ser confundida e/ou associada a uma falta de informações claras e específicas, conforme relata e afirma Alves Duarte (2014, p. 12) que o desconhecimento gera determinados preconceitos, deixando o indivíduo com deficiência à margem ou isolado das situações, reduzindo as suas possibilidades de participação ativa. Ao observar relatos de publicações referentes à inclusão, o que se nota é um grande esforço para melhorar os espaços físicos dos ambientes de ensino, mas muito pouco ainda se investe em capacitação profissional para trabalhar com estes alunos, não sendo seguida adequadamente a legislação vigente. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf 13 1.2 A Legislação e a Educação Adaptada No Brasil, diversas leis, resoluções e decretos deram subsídios e garantiam o acesso de pessoas com necessidades especiais ao ensino básico em escolas públicas. Dentre elas, pode-se citar: a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), entre outros. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) trata, em seu Capitulo V, da Educação Especial, especificamente nos artigos 58, 59 e 60, discorrendo a respeito da necessidade da igualdade de condições quanto ao acesso e à permanência na escola, a inclusão de indivíduos com deficiência em aulas de EF escolar e também dos deveres do Estado em manter e subsidiar os custos referentes a este processo de inclusão. Assim, o artigo 59 da LDB (BRASIL, 1996) dispõe sobre o que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais, conforme: II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; (BRASIL, 1996, p. 59). Neste sentido, Falkenbach et al (2007) relembra e chama a atenção para a prática pedagógica, afirmando que: A prática pedagógica desenvolvida nas escolas ainda apresenta notáveis dificuldades na busca pela inclusão. No que diz respeito à EF, a mesma se caracterizou, no decorrer de seu percurso histórico, como uma área de prática seletiva, técnica e segregadora, fazendo dela talvez a disciplina escolar com menor aproximação às finalidades inclusivas (FALKENBACH et al., 2007). Mesmo com locais adaptados e materiais, a capacitação profissional ainda não é suficiente para atender às demandas da Educação Física Adaptada e os alunos que dela participam. 14 Saiba Mais Abaixo estão elencadas algumas das legislações que fundamentaram e possibilitaram o desenvolvimento da Educação Inclusiva: Constituição de 1988 (consultar o artigo 208); Lei 7.853, de 1989 – Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social; Declaração Mundial de Educação para Todos, de 1990; Estatuto da Criança e do adolescente, de 1990; Lei nº 10.098/94 – Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências; Declaração de Salamanca, de 1994, sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educacionais especiais; Capítulo V da LDB sobre a Educação Especial, de 1996; Portaria nº 319/99 – Institui no Ministério da Educação, vinculada à Secretaria de Educação Especial/SEESP a Comissão Brasileira do Braille, de caráter permanente. Disponível em: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/192/como-a- legislacao-assegura-a-inclusao-dos-alunos-com-deficiencia No caminho percorrido pela educação inclusiva até no presente momento, não é mais aceitável que o aluno com deficiência busque se integrar por si mesmo. Nesse contexto, o profissional de Educação Física e todo corpo docente devem fazer um trabalho conjunto, para inserir e integrar o aluno no dia a dia da escola. A Constituição Federal (BRASIL, 1988) prevê que: 15 No Capítulo III, Seção I, Artigo 206, inciso I – “Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”. Já o Artigo 208 apontava, no inciso III – “Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente, na Rede Regular de Ensino” (BRASIL, 1988, p. 42). Dentre os adendos, decretos e portarias consolidadas para dar subsídio à Constituição Federal do Brasil, os mais normativos estão presentes nos artigos aos quais se fazem necessários para que as instâncias municipais, estaduais e federais possam tramitar projetos e consolidar nas escolas os melhores meios de acesso aos alunos ao ensino-aprendizagem. O Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA (BRASIL, 1990), em seu capítulo IV, ressalta o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer. Composto de seis artigos, faz referência “aos portadores de deficiência”. Alves e Duarte (2014) afirma sobre os incisos do ECA: O inciso III refere “atendimento especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Esse documento afirma a educação de sujeitos considerados portadores de deficiência como responsabilidade do Estado, embora o atendimento prestadoa esta parcela da população seja executado principalmente por instituições privado-assistenciais (ALVES e DUARTE, 2014, p. 39). Muito se avançou em relação à legislação referente à Educação Adaptada e à inclusão, de modo que os mecanismos e formatos adotados pelas escolas estão caminhando de forma constante. Contudo, a inserção dos alunos por parte dos profissionais de ensino ainda é um grande desafio. Ao tratar de um tema referente a aulas de Educação Física para portadores de necessidades especiais, não se pode deixar de observar e tratar de questões legais que regulamentam as práticas nas escolas, garantido, assim, o acesso e permanência dos alunos. Resumo da aula 1 Nesta aula foram abordadas temáticas relacionadas à Educação Física Adaptada, suas complexidades no ambiente escolar e a maneira como o profissional de Educação Física deve atuar, buscando a capacitação para inserir os alunos nas rotinas das aulas e adaptando os conteúdos quando necessário. Nesse contexto, foram abordados temas referentes à legislação em vigor e como 16 as leis foram e são importantes para todos as pessoas com deficiência física, proporcionando a acessibilidade de forma coerente e direcionada. Atividade de Aprendizagem A inclusão foi estabelecida como lei em dezembro de 1996, assim, a partir do ano de 1997, escolas públicas e particulares deveriam adaptar-se para o trabalho com crianças especiais. Nesse contexto, discorra a respeito dos avanços obtidos e daqueles que ainda precisam ser implementados para a realização de práticas inclusivas satisfatórias. Aula 2 – Aspectos motores e alterações psicomotoras Apresentação da aula 2 Nesta aula serão abordadas temáticas referentes às disfunções, limitações, postura e ritmo relacionados aos portadores de necessidades especiais (PNE), que, no contexto escolar, são os alunos que estão em um processo de inclusão e enfrentam muitos obstáculos, limitações e dificuldades de aprendizagem. Desse modo, procurar-se-á observar e entender as diferentes maneiras de trabalho e os conteúdos a serem trabalhados, para o melhor desenvolvimento do ensino-aprendizagem. 2.1 Psicomotricidade A psicomotricidade é um excelente aliado e instrumento no processo de ensino-aprendizagem para alunos com deficiência física, intelectual e cognitiva, por tornar a aprendizagem com representação significativa e proporcionando desenvolvimento integrado entre corpo, mente e relação interpessoal. Historicamente, quem realizou o primeiro relato sobre psicomotricidade foi o médico francês Ernest Dupré, em 1870. Pode-se definir a psicomotricidade como a capacidade psíquica de realizar movimentos com ressignificação e aprendizagem, conforme Mendonça (2007): 17 A psicomotricidade, por exemplo, nasceu na França há cerca de um século e teve nas suas origens um contato muito próximo com a neurologia e a psicologia; dialogando também com a Educação Física (MENDONÇA, 2007, p. 18). Desse modo, a psicomotricidade não pode ser entendida apenas como aquela que pode ser ministrada pelos profissionais de Educação Física, uma vez que existem cursos específicos para psicomotricistas, sendo que, no ambiente escolar, o profissional de Educação Física será aquele que irá, por meio das aulas práticas, auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo e principalmente no motor, dando subsídios às aulas com o foco no desenvolvimento psicomotor. Saiba Mais Ferdinand Pierre Louis Ernest Dupré (1862 – 1921) foi um psiquiatra e pesquisador francês de fundamental importância para o desenvolvimento da psicomotricidade, defendendo, em seus estudos, a independência da debilidade motora (antecedente do sistema psicomotor) de um possível correlato neurológico, assim como a associação estreita entre o desenvolvimento da psicomotricidade, da inteligência e da afetividade. Cabe, ao profissional de Educação Física, avaliar os seus alunos e, em especial, os que advém de uma síndrome e/ou deficiência, o que se inicia por um olhar cuidadoso em relação ao movimento e à desenvoltura dos alunos em relação à prática nas aulas. Nesse sentido, Levin (1995) define: O corpo é muito mais que um organismo, ele representa a imagem que a pessoa tem de si mesmo e está para se formar precisa do olhar do outro que seja importante para ele, que por ele se interesse que fará uma inscrição, um dito, que o levará a ter uma imagem deste corpo agora com um toque significante (LEVIN, 1995). Notoriamente, é por meio do corpo que muitas expressões e sensações são advindas de todos os seres humanos. Por meio de gestos, expressões faciais, movimentos e a falta de movimentos, tem-se um olhar do que o indivíduo quer transmitir. 18 É por meio do corpo que cada pessoa transmite sua individualidade e percebe o mundo ao seu redor. Nesse contexto, Fonseca (2010) cita a definição de psicomotricidade relatada por Ajuriaguerra (1983), do seguinte modo: O corpo é uma totalidade e uma estrutura interna fundamental ao desenvolvimento mental, afetivo e motor da criança. São experiências e vivências corporais que organizam a personalidade da criança. A vivência corporal não é senão o fator gerador das respostas adquiridas, onde se inscrevem todas as tensões e as emoções que caracterizam a evolução psicoafetiva da criança (FONSECA, 2010, p.50). Toda criança em desenvolvimento tem em si uma imagem corporal diferente e distorcida do que é, pois não compreende as dimensões do esquema corporal, não racionalizando, na totalidade, as sensações, a imaginação e a percepção. Assim, o seu esquema corporal pode e deve ser estimulado nas aulas de Educação Física, respeitando sempre a individualidade de cada aluno. Vı́deo No vídeo Psicomotricidade: o que é?, o professor Lino Azevedo apresenta uma explicação resumida sobre a importância da psicomotricidade e em que sentido ela contribui para a formação do aluno. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SFHdePvxCfo Schilder (1999, p.11) explica que a criança está imersa em um mundo de figurações e representações mentais envolvidas no processo de ensino- aprendizagem, que não é uma mera representação, e sim a vivência. A deficiência é um fator que pode ser advindo de diferentes síndromes ou sequelas adquiridas e, uma vez que a criança com deficiência está na escola, é dever de todos integrá-la. Para esta relação, Vieira e Pereira (2003, p. 21) explicam que a deficiência deve ser considerada fator natural e possível a qualquer pessoa, em um contexto em que a pessoa portadora de deficiência necessita de contínua estimulação e isto desafia o educador a ser criativo. 19 Assim, todos os alunos com qualquer tipo de deficiência precisam ser assistidos nas escolas, de forma humana e igualitária. Nesse contexto, um dos conteúdos e formas de se trabalhar é por meio da psicomotricidade – capacidade psíquica de realizar movimentos, não somente na execução, mas nas atividades de transformar a imagem em ação de estímulos que, consequentemente, realizam os procedimentos musculares necessários. O corpo é a nossa única ligação com o mundo, todos os conhecimentos são obtidos pelos sentidos; “o cérebro estimula a experiência real a fim de dar sentido ao mundo”. (ARYAN, 2014, p. 13). Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA No livro Psicomotricidade: Educação e reeducação num enfoque psicopedagógico, a autora Gisleine de Campos Oliveira apresenta o resultado de pesquisas e estudos voltados para a compreensão e análise das principais dificuldades de aprendizagem encontradas em sala de aula, configurando uma ferramenta útil para profissionais que atuam com crianças em idade escolar. Em Como Aplicar a Psicomotricidade, Fátima Alves demonstra a importância da prática psicomotora, que pode auxiliar profissionais de todas as áreas, pois, em todas as atividades, é necessário estarem contato com o corpo humano. Ao longo do livro, a autora defende que ao trabalharmos melhor o corpo, teremos um melhor desempenho em nossas vidas. Na escola, é comum que os profissionais de ensino, ao se depararem com um aluno da educação especial, apresentem dúvidas de como proceder e como trabalhar. Dessa forma, é importante saber que inicialmente deve-se considerar o ritmo próprio de cada um em seu processo de crescimento e desenvolvimento humano, interagir e descobrir o que cada aluno traz de bagagem e vivências fora da escola, ou seja, uma anamnese para observar e constatar os resultados 20 escolares que, ao se mostrarem insuficientes, devem levar à montagem de um plano de atendimento da escola para sanar as carências do processo pedagógico. Vocabulário A anamnese é um procedimento utilizado para estabelecer o diagnóstico preciso e instituir as condutas terapêuticas mais adequadas às condições clínicas de um paciente. Para Fonseca (2008), os fatores que levam o aluno com deficiência a não aprender são: As características de uma desarmonia evolutiva, acompanhada de imaturidade psicomotora, atrapalhando os processos simbólicos da aprendizagem, impedindo a integração dos elementos constituintes da linguagem e as formas concretas de expressão que as simbolizam (FONSECA, 2008, p. 26). É importante ter bem claro aos profissionais de ensino e, em especial aos de Educação Física, que a psicomotricidade é um instrumento de trabalho que ajuda no quesito socialização e pode ser uma aliada no processo de ensino- aprendizagem. A psicomotricidade, por meio de seus conteúdos e metodologias de aplicação de trabalho, permite aos educandos se expressarem de forma espontânea e criativa, ajudando a desenvolver a sua capacidade de socialização. Oliveira (2002) define esta questão assim: O esquema corporal é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos. Podemos chamá-la de imagem corporal. Esse termo indica que não estamos tratando de uma mera sensação ou imaginação. Existe uma apercepção do corpo. Indica também que, embora nos tenha chegado através dos sentidos, não se trata de uma mera percepção. A imagem corporal não é da ordem do evolutivo, pois é inconsciente e vai se construindo a partir das vivências da pessoa ao longo da vida, da história de cada um e pertence ao sujeito desejante (OLIVEIRA, 2002, p. 43). Para se conhecer e entender o ambiente em que se está inserido e que o cerca, o aluno deve, antes de tudo, conhecer a si mesmo e ver suas 21 potencialidades e limites, para, dessa maneira, conseguir evoluir e aprender com os conteúdos e atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física. 2.2 Reeducação postural Para que se possa compreender a importância da educação postural em alunos, se faz necessário entender alguns conceitos da postura corporal e a má influência de hábitos posturais adotados na rotina, o comprometimento da capacidade de movimento e os efeitos cumulativos, que podem causar sérios problemas posturais. Conforme destaca Lapierre (1982, p. 41), uma vez que os indivíduos não são “construídos” com elementos anatômicos idênticos, não podem ter uma postura “normal” morfologicamente idêntica. Isso corrobora com a fala que cada um tem suas limitações e também suas potencialidades, uma vez que somos todos diferentes morfologicamente. Para tanto, a questão da postura deve ser subentendida como algo a ser corrigido, explicado e praticado nas aulas de educação física, uma vez que os alunos passam boa parte do tempo em sala de aula e podem, dessa forma, por meio das valências físicas, desenvolver melhor seus físicos. Vocabulário Valências físicas, também chamadas de qualidades físicas, designam as aptidões potenciais físicas de uma pessoa, definindo os pressupostos dos movimentos, desde os mais simples aos mais complexos. Conceituam, assim, todo atributo físico treinável em um organismo humano. Assim, um exemplo para se observar a reeducação postural está nos alunos que carregam suas mochilas escolares com peso muito significativo e tendem a forçar e lesionar suas costas. Segundo cita Carpeggiani (1997, p. 12), a criança, ao carregar uma mochila com excesso de peso, já provoca uma alteração postural, consequentemente, a dor nas costas significa que está cuidando muito mal da coluna, o que é decorrente de uma postura errada. 22 Vı́deo O vídeo Educação Física para Todos apresenta exemplos e recortes históricos a respeito de como a Educação Física representa uma gama de diferentes conteúdos e formas de aplicação, sendo capaz de atribuir significado a práticas do cotidiano. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UvZA_Mo9HXc Existem também os exemplos de alunos que desviam o foco de visão, ao observarem telas de aparelhos celulares e tablets, em que a pressão feita na região cervical para olhar para baixo se torna, com o tempo, um grande problema postural, pois estas crianças podem desenvolver desvios sérios na coluna vertebral. Gardiner (1995, p.262) afirma: “Diz-se que a postura é boa quando cumpre a finalidade para a qual é usada com eficiência máxima e esforço mínimo”, e, considerando que duas pessoas nunca são idênticas, o padrão exato de boa postura tem que variar para cada indivíduo. Ao desenvolver um planejamento para as aulas de Educação Física, o profissional deve levar em consideração também que a prática e a execução de forma errada também podem afetar o problema postural dos alunos e, em especial, os alunos com deficiência precisam ter um olhar mais crítico e consciente, para não enaltecer e piorar as suas limitações. As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCES) dispõem sobre a questão da reeducação postural da seguinte forma: Não podemos abordar a saúde como caráter individual e como algo que pode ser conseguido por qualquer um desde que o mesmo queira, mas, sim, como construção que supõe uma dimensão histórico-social. Nesta perspectiva, um dos elementos citados como constitutivos da saúde são os aspectos anátomo fisiológicos da prática corporal, onde o aluno deve conhecer o funcionamento do seu corpo identificando seus limites e que, para isto, o professor pode se valer da avaliação física e seus protocolos, considerando a má postura e a reeducação postural como meios de intervir junto aos alunos (PARANÁ, 2007, p. 28). Nahas (2003, p. 151) reafirma e reforça: “os objetivos específicos da Educação Física representam passos na direção de objetivos educacionais mais 23 amplos, visando propiciar aos indivíduos uma vida com qualidade e uma participação ativa na sociedade”. É importante ressaltar que, para a manutenção da boa postura, com o passar da idade, é preciso ter especial atenção em relação à coluna, enquanto ainda estamos em processo de formação e em fase de desenvolvimento. No ambiente escolar, o profissional de Educação Física tem um papel importante, mas cabe a toda equipe docente um olhar e correção de más posturas em sala de aula, em relação à readequação, que inclui desde um sentar de forma errada até rever má postura em relação ao uso de tecnologia e ao peso excessivo nas mochilas. Todos esses fatores colaborarão para que, na fase adulta, possamos evitar dor e disfunção postural. 2.2.1 Reeducação e terapia psicomotora Para entender melhor como a postura do aluno pode fazer diferença no ensino-aprendizagem, se faz necessário observar que no coletivo da escola todos têm um papel fundamental no auxílio para interagir e ajudar a informar aos alunos sobre métodos saudáveis, de forma menos imposta. Conforme consta nas DCES/PR, “a Educação Física tem a função social de contribuir para que os alunos se tornem sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo, ter autonomia sobre ele e adquirir uma expressividade corporal consciente (PARANÁ, 2006, p.35) ”. Neste quesito, osalunos têm de se reconhecer como membros presentes e atuantes daquele espaço e, ainda, entender que os conteúdos ministrados têm uma função de agregar e fazê-los crescer. Assim, a adaptação e a ressignificação para os alunos com necessidades especiais são importantes, pois propõem aos outros alunos uma reflexão a respeito de suas potencialidades, gerando um significado de inclusão. Hábitos posturais inadequados são motivos de preocupação também pelo fato de que a criança e o adolescente em formação estão cercados de maus exemplos e ainda não têm a consciência bem definida para uma boa postura, estando mais suscetíveis a alterações posturais. No decorrer de nossa vida, a postura que assumimos envolve, além de capacidades biológicas, os segmentos corporais e diversos fatores externos 24 (ambientais, sociais, psicológicos ou profissionais) e precisa ser levada em consideração também no ambiente escolar, assim, se faz necessário observar que: O corpo não existe desvinculado das nossas vivências, crenças, experiências, não flutua imaculado na eternidade, mas é forjado na história humana que transcorre sempre num ambiente povoado de outros seres e entidades, com os que estamos profundamente entrelaçados (NAJMANOVICH, 2002, apud GARCIA, p.99). Para Hurtado (1991, p. 14), a Educação Física representa um conjunto de atividades físicas, metódicas e racionais que se integram ao processo de educação global, visando o pleno desenvolvimento do aparelho locomotor. Dessa forma, observar e entender que o foco e o direcionamento do profissional levarão, em grande potencial, ao desempenho normal das grandes funções vitais de um indivíduo e ao seu melhor relacionamento social. Para os autores Vayer e Toulouse (1982), é importante saber como funciona o entendimento da criança em relação a conteúdos explicados em aula, assim, explicam que: O Sistema Psicomotor Humano (SPMH), baseia-se em estruturas simétricas do sistema nervoso, compreendendo o tronco cerebral, o cerebelo, o mesencéfalo e o diencéfalo, que constituí a integração e a organização psicomotora da tonicidade, da equilibração e parte da lateralização e também de estruturas assimétricas, compreendendo os dois hemisférios cerebrais, que asseguram a organização psicomotora da noção do corpo, da estruturação espaço-temporal e da praxia global e fina, exclusivas de espécie humana devido à sua complexidade organizativa e sistemática (VAYER e TOULOUSE, 1982, p. 36). A terapia psicomotora deve ser entendida como um meio de auxílio nas aulas de Educação Física para o profissional avaliar e passar o conteúdo aos alunos com deficiência física, sem causar quaisquer tipos de constrangimentos ou limitações para ambos. A técnica de terapia psicomotora também pode ser entendida como uma forma de objetivar e ampliar as possibilidades de maturação e interações dos alunos, sendo importante observar a experiência prática, em um contexto em que o professor poderá obter resultados referentes à experiência ativa de confrontação com o meio interno e externo durante a realização das aulas. Nicolino (2007) afirma que: 25 A reeducação postural deve estar sempre em busca do que realmente causa os desconfortos nos indivíduos, orientando o paciente a uma postura correta para a realização das suas tarefas de vida diária, lazer, e até mesmo no momento de repouso (NICOLINO, 2007, p. 18). Nessa perspectiva, De Meur e Staes (1984) defendem que: A reeducação psicomotora é entendida como uma ação que é desenvolvida em indivíduos que sofrem com perturbações ou distúrbios psicomotores, e tem por objetivo retomar as vivências anteriores e/ ou fases de educação ultrapassadas inadequadamente; ou seja, educar o que o indivíduo não assimilou adequadamente em etapas anteriores (DE MEUR e STAES, 1984, p. 33). Para compreender melhor, o profissional de Educação Física deve observar e identificar durante as aulas as melhores maneiras de ajudar seus alunos e, consequentemente, orientar para um encaminhamento profissional de alunos que apresentem algum distúrbio ou síndrome a serem tratados por profissionais especializados. Após conhecer um pouco mais sobre a psicomotricidade e seus benefícios para os alunos, é importante reforçar que as atividades da Educação Física desenvolvidas pelos profissionais que estão à frente dela podem e devem ser consideradas ações a serviço da educação, por se tratarem de atividades que vão auxiliar, identificar, corrigir e avaliar as temáticas referentes ao movimento, e, ao mesmo tempo, põem em jogo as funções intelectivas, afetivas e sociais. Resumo da aula 2 Toda forma de conhecimento gera, no início, uma desconfiança e insegurança. Neste quesito, os profissionais de ensino devem ter muita clareza ao abordarem seus conteúdos no dia a dia escolar. Trazer informações relevantes sobre como a psicomotricidade pode ser uma grande aliada no quesito desenvolvimento motor, como as questões reflexivas em torno da reeducação postural influenciam todo grupo docente, e de que maneiras podemos obter mais informações por meio da terapia psicomotora. Engrandecer o currículo e mudar as metodologias de ensino para atender a todos os alunos, conforme o reconhecimento de direitos e de oportunidades de acessibilidade a 26 todos os ambientes sem distinção, se faz necessário, visando sempre o ensino- aprendizagem dos alunos. Atividade de Aprendizagem Utilizando exemplos, discorra a respeito da importância da psicomotricidade para o processo de ensino-aprendizagem de alunos com deficiência física, intelectual e cognitiva. Aula 3 – Atividades práticas para Educação Física Adaptada Apresentação da aula 3 Nesta aula serão abordadas as relações de práticas de ensino e exemplos de propostas que promoveram inovações nas aulas de Educação Física. Entender também que o professor esteja à vontade e preparado para enfrentar e resolver possíveis dificuldades, preconceitos ou ainda tipos de bullying, viabilizando uma aula em que todos respeitem as individualidades e aprendam coletivamente. Para tanto, é importante ressignificar as práticas de ensino ministradas durante as aulas, pois da diversidade de conteúdos e metodologias é que se poderá chegar a uma educação integral e acolhedora. Para isso, os conteúdos e as metodologias devem ser adaptáveis e flexíveis, criando novas possibilidades de inovar, criar e atender a todos os alunos. 3.1 Atividades adaptadas para cadeirantes Uma das dificuldades a ser vencida por parte de todos professores de Educação Física é o receio de atender e instruir um aluno com deficiência, ou seja, adequar-se a novas realidades, como: dificuldades físicas, preconceitos e/ou bullying. Assim, para compreender melhor a Educação Física Adaptada (EFA), Alves (2018) destaca que: 27 Surge com o intuito de auxiliar no desenvolvimento de novas habilidades, trazendo aos PNE’s (Portadores de Necessidades Especiais) uma nova maneira de aquisição de aptidões motoras para suas funções diárias, modificando suas atuais realidades e proporcionando novos desafios. Tais habilidades motoras podem ser desenvolvidas em forma de potencialidades, testar limites, prevenir enfermidades secundárias à deficiência do PNE e promover a integração social do mesmo (ALVES, 2018, p.03). Essa situação se dá devido ao fato de que muitos alunos de escolas especiais estão sendo introduzidos na rede regular por questões adversas, dentre elas, a falta de incentivos fiscais para poder subsidiar todas as escolas especiais. Contudo, os alunos cadeirantes, deficientes visuais, amputados ou com leves síndromes estão chegando às escolas e, infelizmente, nem todos os profissionais estão capacitados para lhes atender de forma adequada. Nesse sentido, Freitas (1997) explica sobre as aulas de Educação Física: A educação física é constituídaem uma ampla área de adaptação, ao permitir a participação de pessoas em atividades físicas adequadas às suas capacidades, propiciando a estes tal experiência, além da valorização e a integração na sociedade. Quando a educação física é adaptada ao aluno que possui alguma deficiência, possibilita ao mesmo a compreensão de suas limitações e capacidades, dando suporte na busca de uma melhor adaptação (FREITAS, 1997, p. 12). Para complementar, afirma Lehnhard et al (2009) sobre a Educação Física: A Educação Física tem o potencial de oferecer diferentes experiências de movimento e de comunicação entre os alunos, por ter seus conteúdos mais flexíveis e facilmente adaptados às necessidades da turma se comparada às demais disciplinas curriculares e, a partir desta característica, torna-se facilitadora da inclusão escolar (LEHNHARD, et al, 2009 p. 28). É notório que grande parte da população com deficiência física, ao que se inclui os cadeirantes, está desamparada e desprovida no ambiente escolar, com relação a circular livremente e ter acesso aos espaços esportivos, de educação e lazer, pelo simples fato de não haver, na totalidade, uma infraestrutura física adequada. Sassaki (1997, p. 08) acredita que inserir as pessoas com deficiências na sociedade é dá-las o direito e a oportunidade de acessibilidade em todos os ambientes, sem distinção para aqueles demais que não têm deficiência. 28 Assim, é imprescindível elaborar e desenvolver estratégias diversificadas a serem experimentadas nas aulas, em que o foco seja poder verificar como o processo de ensino-aprendizagem dos alunos está sendo realmente significativo e se os profissionais de ensino, por meio de seus planejamentos, estão conseguindo atribuir valores e objetivos às aulas. Para Refletir Em que medida você, profissional de ensino de Educação Física, costuma planejar aulas adaptadas sem a presença de alunos com necessidades especiais? Verifica-se, por meio da bibliografia disponível, que muitas das perspectivas de vida dos alunos com deficiência são ruins no ambiente escolar e fora dele, uma vez que o acesso à educação, ao trabalho, à cidadania, às atividades físicas, ao esporte e ao lazer teriam de ocorrer em ambientes sociais mais acessíveis e diversificados, podendo-se perceber que todos alunos têm potencial para dar sua contribuição para com uma integração, inclusão e qualidade de vida. A prática da inclusão social repousa em princípios até então considerados incomuns, tais como: aceitação a diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, à convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação” (SASSAKI, 1997, p. 41). Aime (2014), em suas pesquisas, ressalta um estudo de caso referente a cadeirantes realizado pelos autores Lehnhard, Palma e Antunes (2009), descrevendo que: Lehnhard, Palma, Antunes (2009), em suas pesquisas de campo em aulas de Educação Física de uma turma do 1º ano do ensino regular de uma escola pública estadual Santa Maria – RS [...] constataram que o aluno deficiente pode sim participar das atividades, desde que o professor de Educação Física inclua-o nas atividades. Eles afirmam que os professores podem e devem adaptar suas aulas para que os alunos participem e sejam inseridos junto aos demais alunos do grupo (AIME, 2014, p. 3-4). 29 Dessa forma, é imprescindível observar que o professor de Educação Física tem um papel muito importante, pois cabe a ele integrar os alunos do regular ao aluno que está chegando e demonstrar, por meio de atividades adaptadas, que as limitações são para todos. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA No livro Diário de Bordo de um Cadeirante, o autor Almir Souza aborda a temática das dificuldades de um deficiente físico em sua luta diária para a inclusão social e contra o preconceito. Assim, o autor apresenta, de forma bem-humorada, uma visão privilegiada a respeito das mais variadas situações vividas sobre cadeira de rodas, trazendo histórias reais do cotidiano de um portador de necessidades especiais e 20 poemas. 3.2 Atividades assistidas para Educação Física De acordo com Vasconcelos e Pagliuca et al. (2006, p. 06), portadores de deficiência apresentam limitações físicas, mentais ou sensoriais, responsáveis por dificultar e impedir ações que para as outras pessoas são comuns. Na perspectiva de que o aluno cadeirante tem uma limitação física que o impediria de se locomover e desenvolver algumas manobras, conteúdos e deslocamentos durante as aulas de Educação Física, tem-se que abordar o fato de que muito se pode adaptar nas aulas, para integrar todos os alunos, fazendo delas um momento de conhecimento e diversidade. Segundo destaca Muster (2017) sobre a formação dos professores, Muitos professores, em sua formação, não obtiveram conteúdos propícios à Educação Física Adaptada e inclusiva. Visto que a Educação Física Adaptada se manifestou oficialmente nos cursos de graduação da resolução 3/87 do Conselho Federal de Educação, pressupondo que o professor de Educação Física venha a intervir junto à pessoa com deficiência (CIDADE, FREITAS, 1997, et al. apud MUNSTER, 2017, p. 17). 30 Nessa perspectiva, os profissionais de Educação Física, em suas graduações, não puderam ou não tiveram acesso a disciplinas específicas para todas as deficiências físicas, síndromes e patologias existentes, sendo que os estágios obrigatórios não contemplam todas estas variantes. Assim, é preciso capacitar e aprofundar os estudos profissionais dos professores de Educação Física relacionados à inclusão de alunos com necessidades especiais. Segundo Winnick (2004), para a inclusão de alunos cadeirantes e com outras deficiências: Uma boa opção para esse público cadeirante é o esporte adaptado e seus benefícios físicos, além da interação social e conscientização positiva no aspecto psicológico. O esporte adaptado é caracterizado “o esporte modificado ou criado para suprir as necessidades especiais dos portadores de deficiência”. O autor declara que ele pode ser praticado em ambientes integrados, ou seja pessoas com deficiência interagem com pessoas sem deficiência, ou ambiente segregados, onde há participação esportiva somente com deficientes físicos (WINNICK, 2004, p. 33). Durante as aulas de Educação Física, o professor não pode apenas trabalhar com jogos e brincadeiras e introduzir os esportes que fazem parte das diretrizes curriculares, então, uma boa estratégia é trabalhar o mesmo conteúdo com os alunos de forma regular e, posteriormente, adaptá-lo, fazendo novas regras de aplicação e postura na sua execução, tornando, assim, a aula desafiadora e agregadora para todos. Vı́deo Produzido pela Unicef, o vídeo Portas abertas para a inclusão – Educação física inclusiva apresenta uma seleção de projetos pedagógicos satisfatórios de inclusão nas aulas de Educação Física em 15 capitais do Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-yn3CtFbA8g A escola, em sua missão de atender a sociedade e desenvolver bons cidadãos, precisa rever alguns conceitos não só de infraestrutura, mas também de profissionais mais engajados e capacitados, levando os alunos a se integrarem de forma global e integral. https://www.youtube.com/watch?v=-yn3CtFbA8g 31 3.3 Atividades físicas assistidas No decorrer da história da humanidade, diversas foram as atitudes colocadas e impostas nas sociedades por certos órgãos e institutos, a fim de promover a inclusão de pessoas com deficiência. Essas atitudes foram sendo modificadas e garantidas com as legislações vigentes e entendidas como necessárias para estas pessoas, para que fossem respeitadas e incluídas nos aspectos econômicos, culturais, filosóficos e científicos. Nesse sentido, apresentam-se formas de inclusão e aprendizagem por meio das atividades físicas assistidas com animais,com o apoio de cães, cavalos e pássaros. Assim, é necessário observar que, além dos muros da escola, é possível perceber meios que auxiliem os alunos com alguma síndrome ou deficiências a aprender. Terapia com animais Fonte: https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/wp- content/uploads/sites/2/2013/08/20130823_dderevecki_equoterapia_002.jpg Paixão (2012) ressalta e refere-se a autores que defendem a inclusão de alunos e da aprendizagem por meio de aulas assistidas com animais: Becker (2002) e Arcow (2010) referem que crianças que lidam e mantêm uma boa relação com animais conseguem criar maior empatia com os outros, existindo uma correlação positiva com a prevenção de atos futuros de violência ou de abuso, também contribuindo para que estas crianças no ambiente escolar desenvolvam melhor suas habilidades cognitivas de aprendizagem (PAIXÃO, 2012, p.151). https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/wp-content/uploads/sites/2/2013/08/20130823_dderevecki_equoterapia_002.jpg https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/wp-content/uploads/sites/2/2013/08/20130823_dderevecki_equoterapia_002.jpg 32 As práticas em contexto educativo com alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) devem privilegiar, por meio de diferentes metodologias, estratégias, materiais e recursos, atividades que se façam compreender e adequar às reais características de cada aluno. Vı́deo O vídeo Instinto Terapeuta – Os Benefícios da Terapia Assistida por Animais retrata terapias assistidas com diferentes animais, acompanhando o desenvolvimento desta prática em três instituições distintas, mostrando que diversas espécies podem ser utilizadas para tal fim, como cavalos, cães e répteis. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rZeQ_rWutnU Durante todo o processo de ensino-aprendizagem, os professores, assim também como qualquer terapeuta, passam por situações de dilema, ao tentar reconhecer e avaliar as reais dimensões das necessidades individuais que também se alternam com as necessidades do grupo como um todo. Na perspectiva da terapia assistida por cães, Paixão (2012) destaca: Pelas suas características de socialização, treino e obediência, o cão é o animal que mais contribuiu para a ajuda social (como os cães de utilidade e de assistência). Surgem cada vez em maior número as situações em que estes são utilizados em Terapias Assistidas por Animais (TAA) e em Atividades Assistidas por Animais (AAA). Estas últimas dizem respeito à utilização de animais em atividades que não tenham fins terapêuticos, embora estes possam ser atingidos (Delta Society, n.d.). Nas AAA não estão previamente estabelecidas a durabilidade e intensidade das sessões e estas mantêm um caráter informal, quer no que respeita ao registo de dados, quer ao encaminhamento por profissionais de saúde ou educação (PAIXÃO, 2012, p. 151). As terapias assistidas não estão no ambiente escolar e, portanto, podem ser alternativas de apoio extraescolar e devem ser explicadas às famílias dos alunos que, muitas vezes, desconhecem tais alternativas. 33 3.3.1 Terapia assistida com cavalos Segundo a bibliografia disponível, são notórios os aproveitamentos e a melhora em alunos/pacientes que desenvolvem e se tratam com terapias assistidas diversas, entre elas, a com cavalos, assim, Cangelosi e Embrey (2006) afirmam que: Uma atividade com um animal torna as pessoas mais ativas e sociáveis. Para quem beneficia das mesmas, as interações traduzem- se em alterações da rotina, em motivos para se movimentarem e se exprimirem (CANGELOSI E EMBREY, 2006, p. 16). A palavra equoterapia foi criada pela Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL), no ano de 2004. Vocabulário A equoterapia é uma das modalidades de tratamento para crianças portadoras de necessidades especiais de diferentes síndromes e patologias, acompanhadas por fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais, a partir do momento em que a criança se encontra sentada sobre o cavalo. Nesse sentido, os profissionais utilizam dos diferentes movimentos realizados pelos animais, para que a criança tenha possibilidade de aprender e sentir todos os movimentos adquiridos do animal e seja estimulada a sentir em si mesma a musculatura sendo trabalhada e contraída, atingindo, assim, os objetivos terapêuticos. O médico ortopedista pediátrico, Dr. Mauricio Rangel (2014), ressalta, na entrevista para a revista digital Criança e Saúde, alguns dos benefícios da equoterapia: Melhora da postura, pois, permite o alinhamento, controle e equilíbrio do tronco; – Melhora a coordenação motora e a integração sensorial; – Melhora o tônus muscular; – Estimula as reações de ajuste corporal; – Melhora a autoestima da criança; – Durante o tratamento, os fisioterapeutas estimulam a linguagem da criança, o tato, memória e concentração, orientação no espaço, percepção visual e auditiva; – Diminui agressividade e torna a criança mais sociável (RANGEL, 2014, p. 01). 34 Nessas características citadas pode-se observar que todas as valências físicas são desenvolvidas pela criança no processo terapêutico assistido, pois as questões referentes à musculatura e tônus muscular, lateralidade e força estão retratadas e desenvolvidas em virtude dos benefícios citados. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA No livro Psicomotricidade na Equoterapia, a autora Tatiana Lermontov mostra como a equoterapia se torna um instrumento prático muito útil para quem trabalha com a psicomotricidade. Adentrando em um terreno ainda pouco explorado, apresenta exercícios psicomotores realizados na equoterapia, a partir do detalhamento de um caso clínico. 3.3.2 A dança no contexto das aulas assistidas O conteúdo de dança é cada vez mais utilizado nas aulas, adotado como uma forma de integração dos alunos com a cultura corporal. Nesse sentido, é importante para o aluno se conhecer e conhecer o meio ao seu redor. A dança no contexto das aulas assistidas Fonte: https://rbj.net/files/2017/09/AshfordDanceCompany.jpg 35 Segundo consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o conteúdo de dança tende a levar os alunos a despertar e desenvolver seu lado crítico e artístico por meio de movimentos combinados e ritmados, conforme consta no documento dos PCNs: Apontam como um desenvolvimento do pensamento artístico, da percepção estética, da sensibilidade, da imaginação, tanto para realizar outras formas artísticas quanto para apreciar sua produção e a dos colegas (BRASIL, 1997, p. 45). Ainda segundo os PCNs de Arte, é correto dizer: O aluno poderá desenvolver sua competência estética e artística nas diversas modalidades da área de Arte (Artes visuais, Dança, Teatro), tanto para produzir trabalhos pessoais e grupais quanto para que possa, progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e julgar os bens artísticos de distintos povos e culturas produzidos ao longo da história e na contemporaneidade (BRASIL, 1997, p. 53). Para Silva (2010, p. 09), a dança propicia o aprofundamento ou a ampliação do contexto cultural e histórico dos alunos, ao trazer para dentro da escola diferentes povos ou momentos históricos dos países. Vivenciar as oportunidades que a dança pode proporcionar na educação adaptada fica evidente, pois nem todos os alunos têm facilidade em se expressar por meio de movimentos da dança, desta maneira, a inclusão se torna possível. Medina et al. (2008) faz um recorte de análise sociológica, histórica e crítica, em que auxilia a visão da dança no contexto escolar e pode ser um instrumento de mudança nas escolas. Dessa forma, As formas de manifestação das suas crenças, suas religiosidades e tradições. O homem, como ser social, utiliza-se dessa forma de expressão para representar uma cultura, porém, esse processo não necessariamente inclui, em sua reflexão, mecanismos integrantesnecessários para a formação das instituições sociais nas quais está inserido (MEDINA, 2010, p. 100). Para conseguir introduzir e expressar com clareza nas aulas os conteúdos pertinentes à dança, o professor deve levar em consideração os ritmos, as individualidades dos alunos, a proposta de abordagem e a metodologia a ser usada para a integração deste conteúdo, auxiliando, assim, todos os meios possíveis de aprendizagem. 36 Por meio da dança, os alunos com necessidades especiais têm a oportunidade de desenvolver a própria expressão e a interação com outros alunos, diminuindo, assim, uma lacuna no quesito preconceito, além de repensar todas as práticas pedagógicas e propostas no planejamento dos profissionais de ensino para o bom andamento das escolas, com o intuito de criar novas possibilidades, valores e pontos positivos para os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. 3.4 O goalball como proposta nas aulas adaptadas É importante entender o papel da educação inclusiva, o qual pressupõe que escola deve ser aberta para todos e receber a todos. Assim, deve-se formar um ambiente em que os alunos devem aprendem juntos, observando os eventuais empecilhos e dificuldades que possam surgir. Dentre as metodologias inovadoras e conteúdos diferenciados, é possível destacar o goalball, para ser trabalhado como esporte de inclusão, apresentando peculiaridades, por trabalhar com alunos de baixa visão ou com deficiência visual total. Goalball Fonte: https://www.raredr.com/news/goalball-101 O goalball foi criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, que tinham como objetivo reabilitar veteranos da Segunda Guerra 37 Mundial que perderam a visão. Nos Jogos de Toronto (1976), sete equipes masculinas apresentaram a modalidade aos presentes. Vı́deo A reportagem da TV NBR indicada a seguir apresenta a realidade do esporte Goalball, evidenciando seus contextos de uso e suas principais regras. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A0EZ8e1pkz8 Pesquise Na matéria a seguir estão disponíveis, de forma gratuita, alguns meios norteadores para apresentação do goalball. Disponível em: http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo /conteudo.php?conteudo=126 As dificuldades de se aprender o goalball quase inexistem, uma vez que não é considerado um esporte adaptado, sendo praticado desta forma desde sua criação. Aos professores, cabe implementar e demonstrar com os alunos as formas de aplicabilidade e adaptação aos espaços da escola para a prática deste esporte paralímpico. As aulas de goalball podem ter um cunho recreativo, pois pode-se, com a ajuda dos alunos, confeccionar alguns materiais e determinar regras, fazendo, assim, toda a parte teórica do esporte que tem categorias distintas, classes de atletas, materiais a serem utilizados (vendas, bolas adaptadas, pisos da quadra, gols etc.). Como a grande maioria dos esportes paralímpicos, a implementação do goalball nas aulas de Educação Física pode gerar estranhamento, dada a sua complexidade inicial para o entendimento e para se jogar sentado no chão e sem muitos barulhos externos, tornando-se, assim, uma modalidade de concentração e de trabalho de grupo durante as aulas. É importante ressaltar que, dentre todos os conteúdos disponíveis da Educação Física, todos, desde os esportes coletivos, individuais, jogos, 38 brincadeiras, lutas etc., podem ser adaptados ou readaptados, uma vez que permitem uma boa aplicabilidade e utilização nas aulas. Nesse sentido, o trabalho de adaptação, junto à questão das terapias assistidas, é de grande valia, uma vez que estimulam os alunos com síndromes e/ou deficiências a se desenvolverem em uma outra projeção, que não seja apenas no ambiente escolar. Resumo da aula 3 Nesta aula foram evidenciadas formas de trabalhar com a Educação Física Adaptada, buscando esclarecer alguns pontos referentes às metodologias de ensino aplicadas, bem como estimular a capacitação dos profissionais de ensino em relação a suas práticas, a fim de inserirem os alunos no dia a dia escolar, segundo uma perspectiva inclusiva. Nesse sentido, estimular a relação das terapias assistidas com cães, cavalos, pássaros e repteis é uma forma de demonstrar que o trabalho coletivo muitas vezes vai além dos muros da escola e a participação das famílias neste processo e etapa de vida dos alunos se faz muito necessária. Atividade de Aprendizagem Em relação à EFA, pode-se afirmar que um dos seus maiores empecilhos é o receio dos professores quanto às novas situações a serem enfrentadas junto aos alunos, tais como: dificuldades físicas, preconceitos e bullying. Assim, discorra a respeito de soluções para reverter tal perspectiva, citando exemplos de situações de trabalho com a EFA no contexto escolar. 39 Aula 4 – A avaliação na Educação Física Adaptada Apresentação da aula 4 Ao falar na terminologia “inclusão”, muito ainda se deve aprimorar nos espaços escolares e na sociedade, para uma boa interação e respeito às pessoas com deficiências físicas, intelectuais e adquiridas, de modo que uma das maneiras de se observar o quanto estas barreiras podem ser menos dolosas está na avaliação. Esta aula irá trazer subsídios que podem fazer um diferencial ao longo da vida escolar dos alunos, em que o profissional de ensino tem papel fundamental no encaminhamento e escolha de como avaliar, se utilizando de atividades, tipos diferentes e estratégias de avaliação, a fim de delimitar os objetivos de uma boa avaliação. 4.1 Planejamento e indicadores de avaliação O planejamento é uma necessidade em todos os âmbitos das atividades humanas, uma vez que necessita prever ao que se espera chegar, atingir ou alcançar. O ato de planejar, no âmbito educacional, se faz necessário e importante, uma vez que os profissionais de ensino precisam ter bem claros os passos que terão de seguir por meio do planejamento para trabalhar o ano corrente. Nesse sentido, o ato de planejar dará os subsídios dos objetivos a serem alcançados e como serão avaliados os alunos nesta perspectiva. Aliada a um bom planejamento, a avaliação compõe este documento dos profissionais de ensino, devendo-se configurar como um instrumento não apenas mensurável, para determinar e averiguar o quanto os alunos conseguiram obter de conhecimento com aquilo que lhes foi ensinado e apresentado durante as aulas. Dessa maneira, a avaliação não pode ser observada como uma forma de punição, diferenciação e separação entre bons e ruins, mas um mecanismo e instrumento de melhoria na qualidade das aulas de uma forma geral. 40 Planejamento Fonte: https://teltecsolutions.com.br/wp-content/uploads/2015/07/2015-07-07_14-12- 53.png Conforme afirma Saussure (2003, p. 15), “bem longe de dizer que o objeto precede o ponto de vista, diríamos que é o ponto de vista que cria o objeto”, ou seja, nossas concepções de linguagem e de ensino-aprendizagem vão delimitar o que entendemos por planejamento e avaliação e como os realizamos. Nessa perspectiva, Antunes (2003) afirma sobre a ação de planejar: O planejamento é uma atividade que projeta, organiza e sistematiza o trabalho docente no que diz respeito aos seus fins, meios, formas e conteúdo, considerando as características do docente, do alunado e do contexto social. Planejamento tem as funções de refletir e prever ações e condições, definir objetivos educacionais adequados, racionalizar tempo e meio, fugir do improviso, assegurar coerência, continuidade e sentido à nossa prática docente. Planejar é uma ação reflexiva, viva, contínua, permeada por um processo de avaliação e revisão. Quando planejamos, fazemos escolhas teóricas e metodológicas que norteiam a execução e avaliação, assim, planejar é também uma ação política e ideológica, longe de serneutra (ANTUNES, 2003, p. 39). No pensar em relação à inserção de alunos com deficiência no ensino regular, entende-se, segundo a Constituição Federal, que deve-se garantir o direito de todos à educação. Assim, o planejamento e a avaliação devem sempre ter bem claros em seus objetivos como estes alunos serão avaliados de forma integra e diferenciada, para atender às necessidades esperadas e não desmerecer ou lhes tirar o direito de se expressarem numa forma avaliativa diferenciada, prevista em planejamento. 41 Conforme afirma Fusari (1990, p. 22), o planejamento deve ser concebido, assumido e vivenciado no dia a dia da prática social docente, como um processo de reflexão, articulado, crítico e rigoroso. Nessa reflexão, o autor ressalta a importância do profissional em sempre rever as suas práticas de ensino, sua didática, metodologia e objetivos, percebendo que seu planejamento não é um documento intocável e inalterável, mas, sim, uma oportunidade nova de mudar e ajustar escolhas antes não assertivas e que não trazem ao aluno o ensino-aprendizagem. Muitos profissionais de ensino, ao pensarem seus planejamentos quando o fazem, detalham, de forma anual, já no início do ano letivo, prevendo ações das quais muitas vezes não se pode ter certeza se serão as melhores para aplicabilidade em sala de aula. Muitos profissionais se utilizam de planejamentos de anos anteriores também não repensando a prática pedagógica, fatores esses que corroboram para um ensino fragmentado e também dificultado para ambos, docente e discentes. Nesse sentido, Farias (2009) afirma que o ato de planejar tem de ser realizado de forma contínua e paralela em relação à avaliação dos alunos com necessidades especiais, destacando que: O planejamento não se inicia e nem se esgota na tarefa de elaboração de planos. Por não possuir um fim em si mesmo (ser arquivado), toma a avaliação de experiências anteriores como ponto de partida para outras. A avaliação, logo, permeia os momentos de planejamento. Na fase anterior à sistematização dos planos (avaliação diagnóstica), durante sua execução (avaliação formativa) e ao término do trabalho realizado (avaliação do resultado) (FARIAS, 2009, p. 04). Assim, ficam evidentes as questões mais importantes a serem levadas em consideração pelo profissional de ensino ao montar seus estudos para o ano letivo com os alunos, “planejar, executar e avaliar”, e sempre ter claro que tudo deve ser pensado de um ponto de vista a atender todos os alunos, garantindo e efetivando o ensino-aprendizagem. 42 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA No livro Planejamento e Avaliação Educacional, a autora Rejane de Medeiros Cervi propõe novas óticas para as atividades educacionais nas escolas. Ao retratar a importância do planejamento e da avaliação continuada, analisa a realidade brasileira sob o ponto de vista da educação, demonstrando soluções para superar obstáculos e melhorar a qualidade do ensino no país. O livro Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e Proposições, do educador Cipriano Carlos Luckesi, reúne nove artigos que abordam a questão da avaliação da aprendizagem escolar de forma crítica. Para tanto, Luckesi utiliza como ferramentas de análise diferentes áreas do conhecimento, cruzando referências da Filosofia, da Sociologia, da Política e da Psicologia. Com objetivos e metas bem traçados, as aulas e sua sequência pedagógica podem auxiliar os professores a desenvolver e avaliar de forma mais completa os seus alunos. Nessa perspectiva, as aulas de Educação Física também precisam de um enfoque diferenciado na questão da adaptação e ressignificação das aulas. 4.2 Avaliação motora na Educação Física Adaptada Com o passar das últimas três décadas, a Educação Física ganhou muita visibilidade e diferenciação no meio escolar, sendo observada como uma disciplina que garantia ao aluno a sua cultura corporal e, consequentemente, seu objeto de estudo. Uma vez que estudiosos foram aprimorando os estudos referentes a todos os segmentos da Educação Física escolar e dados foram sendo apresentados, ficaram claros os objetivos traçados junto à LDB e aos PCNs, que trazem as metas e meios a serem alcançados com os conteúdos aplicados nas aulas. 43 A partir da Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, p.1), o conceito de necessidades educacionais especiais passou a ser mundialmente disseminado. Este documento garante e estabelece que todas as crianças e jovens têm direito a frequentar as escolas regulares e que as escolas têm de garantir uma pedagogia diferenciada, que vai ao encontro das reais necessidades destes alunos. Dessa maneira, esse documento foi um norteador em relação às pessoas com Necessidades Educativas Especiais (NEE), que passam a ser vistas como diferentes por algumas limitações genéticas ou por acometimentos pós- nascimento, de modo que o planejamento e a avaliação passam a ser organizados e revistos. Nessa perspectiva, pensar em uma avaliação apenas para alunos ditos “normais”, sem respeitar aqueles com necessidades especiais é um desrespeito, conforme Gimenez e Manoel (2005): Vale ainda citar que a construção de testes para avaliar indivíduos portadores de deficiência enfrenta o problema de encontrar medidas válidas no contexto da deficiência. Isso é difícil quando os testes são elaborados tendo o indivíduo normal em mente” (GIMENEZ E MANOEL, 2005, p. 19). Por mais que seja ainda muito contestado por parte de alguns membros docentes e pelo eminente caráter ameaçador que causa perante toda mudança de rotina no meio educacional, o movimento inclusivo se manifesta cada vez mais de modo inerente a todos os envolvidos no ensino aprendizagem, pela sua importância, ética e posicionamento em relação aos alunos e futuros cidadãos. Calegari (2009) ressalta que: O interesse em investigar a coordenação motora em pessoas com deficiência física e intelectual deve-se à necessidade de melhor compreender o desenvolvimento desta população. A identificação das variáveis da coordenação em que se encontra o indivíduo poderá determinar a necessidade de haver intervenção em termos de ensino (CALEGARI, 2009, p. 02). Assim, conhecer o aluno ao qual irá se trabalhar na Educação Física Adaptada é importante para poder desenvolver um planejamento adequado e, consequentemente, uma avaliação. Duarte e Werner (1995) destacam que: 44 A Educação Física Adaptada é uma área da Educação Física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades educacionais especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada aluno com deficiência, respeitando suas diferenças individuais (DUARTE E WERNER, 1995, p. 27). Existem inúmeros instrumentos avaliativos para determinar o desenvolvimento motor e intelectual de alunos adaptados, de modo que os níveis de exigência e aprendizado podem ser mensurados para obter melhor desempenho dos alunos adaptados e de inclusão. Sobre os instrumentos e testes para avaliação, Calegaria (2009) afirma que: Existem muitos instrumentos de avaliação propostos para mensurar habilidades motoras. Os testes formais, tanto publicados quanto não publicados, são projetados com a mensuração de várias características de comportamento motor. Existem, também, métodos de avaliação que representam uma abordagem menos formal e mais autêntica para a avaliação das características motoras de um indivíduo. O desafio para o avaliador é identificar os procedimentos de avaliação mais apropriados e os instrumentos para o indivíduo ou grupo que serão avaliados (CALEGARI, 2009, p. 02). As especificidades de cada deficiência ou síndrome são características únicas, dessa maneira, o profissional de Educação Física terá de optar por um teste motor mais adequado para qualificar e observar
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