Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Metodologia da Pesquisa ANA MARIA RODRIGUES DOS SANTOS CELY DOS SANTOS ARAUJO 1ª Edição Brasília/DF - 2021 Autores Ana Maria Rodrigues dos Santos Cely dos Santos Araujo Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático........................................................................................................................................5 Introdução ..............................................................................................................................................................................7 Capítulo 1 Introdução ao estudo científico ................................................................................................................................9 1. Importância da metodologia científica na prática acadêmica ............................................................... 11 2. Saberes da Humanidade ...................................................................................................................................... 14 Capítulo 2 Ciência e conhecimento científico ........................................................................................................................ 16 1. Mas o que é conhecimento científico? .......................................................................................................... 16 2. Tipos de trabalhos científicos ............................................................................................................................ 17 4. O método científico ............................................................................................................................................... 19 5. Plágio e direitos autorais .................................................................................................................................... 20 Capítulo 3 Como desenvolver uma pesquisa científica ...................................................................................................... 24 1. O conceito e as categorias de pesquisa ......................................................................................................... 24 2. Tipos de pesquisa ................................................................................................................................................... 26 3. Quanto à natureza ................................................................................................................................................. 26 4. Quanto aos objetivos da pesquisa ................................................................................................................... 28 5. Quanto à abordagem ............................................................................................................................................ 31 6. Quanto à escolha do objeto de estudo........................................................................................................... 31 7. Quanto à técnica de coleta de dados .............................................................................................................. 34 8. Quanto à análise de dados ................................................................................................................................. 37 9. Tipos de artigos ...................................................................................................................................................... 42 10. Análise e escolha do tema ................................................................................................................................ 44 11. Delimitação do tema/assunto ......................................................................................................................... 44 Capítulo 4 Métodos de Pesquisa ................................................................................................................................................. 46 1. Qualitativa ................................................................................................................................................................ 46 2. Quantitativa ............................................................................................................................................................. 47 3. Mista .......................................................................................................................................................................... 49 Capítulo 5 Descrição das partes de um anteprojeto ........................................................................................................... 50 1. Desenvolvendo o anteprojeto ........................................................................................................................... 50 2. Estrutura do anteprojeto ..................................................................................................................................... 51 Capítulo 6 Finalização do anteprojeto de pesquisa ............................................................................................................. 59 2. Organização das referências .............................................................................................................................. 60 3. Elaboração do cronograma ................................................................................................................................. 63 4. Organização final do anteprojeto ................................................................................................................... 66 Referências .......................................................................................................................................................................... 67 5 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 6 OrganIzaçãO DO LIvrO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Gotas de Conhecimento Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento, cápsulas de conhecimento etc. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamentodo estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 7 Introdução O Livro Didático da Disciplina Metodologia da Pesquisa foi concebido de forma a tornar mais atrativo o estudo dessa área de conhecimento. Foi elaborado levando em conta a contextualização dos temas relevantes tratados considerando a realidade dos cursos de graduação. Espera-se que os conteúdos selecionados sejam relevantes para ajudar na prática científica. É desejável que o corpo discente tenha um comportamento proativo visando ao desenvolvimento da capacidade de ler, analisar, criticar e interpretar conteúdos, fatos e eventos. Vocês terão a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos por intermédio de atividades práticas de elaboração de um anteprojeto. Bons estudos! Objetivos » Definir o que é ciência. » Identificar a importância da metodologia científica na prática acadêmica. » Identificar as diferentes categorias e tipos de pesquisa. » Aplicar os conhecimentos acerca de pesquisa. » Discriminar e reconhecer os procedimentos metodológicos para a elaboração de um anteprojeto. 8 9 Introdução Neste capítulo serão abordados o conceito e as características de um estudo científico, diferenciando ciência de senso comum. Esta abordagem inicial contribuirá para a compreensão dos objetivos e da importância de estudar metodologia científica. São listadas, também, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que contribuem para organização de um trabalho científico. Por último, é apresentada a classificação dos tipos de conhecimento científico que compõem os saberes da humanidade. Objetivos » Definir o que é ciência. » Identificar a importância da metodologia científica na prática acadêmica. O estudo científico é aquele baseado em pesquisas realizadas a partir de análise de textos elaborados por acadêmicos e pesquisadores ou para comprovar ou refutar hipóteses elaboradas a partir de um problema. É baseado em um fundamento científico e é com esse tipo de estudo que temos contato em uma instituição de ensino. Barros e Lehfeld (2007, p.52), no livro “Fundamentos de Metodologia Científica”, apresentam uma série de características da ciência, que nos ajudam a compreender melhor o conceito. “Assim, assume-se que a ciência é: racional; coerente; representação do real; questionamento sistemático; analítica; exigência de investigação e utilização de métodos; agrupamento de objetos da mesma espécie para o estudo; e comunicável.” A ciência parte do desejo de compreender o que é interessante para o pesquisador, da curiosidade, podendo estar pautada, inicialmente, em um conhecimento do senso comum. Assim nasce a ciência, de uma observação curiosa. 1CAPÍTULOInTrODUçãO aO ESTUDO CIEnTÍFICO 10 CAPÍTULO 1 • InTrODUçãO aO ESTUDO CIEnTÍFICO Senso comum é uma forma específica de conhecimento e que varia de acordo com o momento histórico que se vive. Segundo Barros e Lehfeld (2007), no livro “Fundamentos de Metodologia Científica”, disponível na Biblioteca Virtual Universitária, o senso comum, também denominado conhecimento vulgar, possui várias características sendo, uma delas, ser impregnado de projeções psicológicas (conhecimento impregnado de ilusões e paixões). “Neste caso, as concepções projetam os sentimentos e as disposições adquiridas através das tradições sociais e culturais.” (BARROS; LEHFELD, 2007, p.40) Conheça alguns exemplos da cultura popular em que o senso comum se manifesta: 1. Cortar o cabelo na lua crescente faz com que cresça mais rápido. 2. Chá de boldo ajuda a curar problemas no fígado. 3. Tomar suco de maracujá faz a pessoa ficar mais calma. Para fazer ciência ninguém precisa ter um grande laboratório. O questionamento é sistemático, conforme Barros e Lehfeld (2007, p.53) afirmam, sendo que “[...]a ciência não pode ser considerada um fim em si própria; ela é instrumental para compreensão e ação sobre os fenômenos. Busca sempre discutir, justificar, demonstrar e criticar argumentos e razões fundamentais”. A ciência é obtida a partir da observação e do estudo das coisas e dos fatos, devendo ser testada de maneira neutra. Para que um estudo seja considerado científico, precisa ser testado, ou seja, submetido a algum tipo de experimentação que confirme a hipótese lançada, estabelecendo a relação de causa e efeito do estudo efetuado. Assim, o mais interessante quando se estuda e pensa em ciência é que nada é infalível ou programado para durar para sempre. Prova disso é a teoria da Terra Plana. Independentemente de o questionamento ser correto, ou não, há espaço para novas descobertas – bastando que se façam estudos e testes que produzam outra explicação em substituição da antiga: Provocação O que é o senso comum? Provavelmente você já ouviu falar sobre a expressão senso comum. Mas por que será que o senso comum é comum? Certamente não é porque é banal, mas sim porque é um conhecimento compartilhado entre as pessoas, cercado de opiniões, valores etc. 11 InTrODUçãO aO ESTUDO CIEnTÍFICO • CAPÍTULO 1 “A ciência precisa estar constantemente em um processo de questionamento de si própria. Deve fazer um movimento contínuo de construção e reconstrução, inovando-se.” (BARROS; LEHFELD, 2007, p.52) Agora que já sabemos o que é ciência e conseguimos diferenciá-la do senso comum, vamos compreender a importância de estudarmos metodologia científica na nossa formação universitária. 1. Importância da metodologia científica na prática acadêmica A disciplina Metodologia da Pesquisa está presente nos cursos como uma ferramenta de auxílio à elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso ( TCC). Para compreender o objetivo de estudar metodologia científica, é preciso entender o que é metodologia. Metodologia, de acordo com Demo (2001, p. 11), é o “estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer ciência”. E é isso que faremos a partir de agora: seguir os procedimentos necessários para o desenvolvimento de um texto científico, que se transformará no seu TCC. atenção A ciência sempre está em intenso questionamento e mutação. Lembre-se de que a ciência é VIVA! Provocação Mas, por que precisamos estudar metodologia científica? Você já fez essa pergunta para si mesmo quando soube que participaria desta disciplina. Caso tenha feito essa pergunta, isto é positivo, pois a partir de agora você compreenderá a importância desse estudo. Temos que nos questionar mesmo! E não aceitar tudo de forma passiva, buscando respostas para entender a relevância de cada disciplina que estudamos. Afinal, os cursos de graduação e pós-graduação são desenvolvidos com o objetivo de formar profissionais capazes de atender ao que o mercado de trabalho precisa, além de formar cidadãos críticos, proativos, criativos, colaborativos e reflexivos. 12 CAPÍTULO 1 • InTrODUçãO aO ESTUDO CIEnTÍFICO Dessa forma, o estudo da metodologia científica apoia os estudantes na redação de um documento científico, isto é, com a observância de etapas sistemáticas para sua elaboração. O estudo da metodologia científica possibilita que o estudante construa o conhecimento de forma sistemática com vistas a conhecer as principais regras para a produção de estudos científicos, tendo a compreensão acerca da natureza e dos objetivos, que irão auxiliá-lo na qualidade da sua produção textual. Essa trajetória nos estimulará e nos orientará na organização do nosso pensamento, a partir da problematização da realidade, do levantamento e da análise de dados e da interpretação e produção de textos. Figura 1. Pesquisa científica. Fonte: https://pngimage.net/pesquisa-cientifica-png-2/. Durante o processo de elaboração de um documento científico, nossa curiosidade é despertada e incentivada para que sejam detectados problemasa serem investigados, para que saibamos as origens e as dimensões do tema de interesse, possibilitando uma boa organização e exercício intelectual. Esse exercício é feito a partir da conexão de tudo o que foi estudado durante o curso, resgatando os conhecimentos que foram abordados, podendo integrá-los a problemas contextualizados. A organização conceitual está relacionada às normas e técnicas disponíveis e necessárias para a elaboração de um documento científico, quer seja um relatório, uma monografia, um relato de experiência ou um artigo. No Brasil, essas normas são definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A ABNT é um órgão privado e sem fins lucrativos que se destina a padronizar as técnicas de produção feitas no país. 13 InTrODUçãO aO ESTUDO CIEnTÍFICO • CAPÍTULO 1 Figura 2. Logo da aBnT. Fonte: http://www.abnt.org.br/. No que diz respeito à elaboração de trabalhos científicos, existem regras relacionadas à formatação, também, à indicação da maneira como redigir as referências, que deve ser feita de forma padronizada. Essas regras não são utilizadas apenas em TCC. Elas devem ser utilizadas em todos os trabalhos acadêmicos realizados, também, nos artigos a serem enviados para eventos, como congressos, seminários, semana científica e outros. De acordo com Santos (2019, p.18), essas normas: [...] compreendem um conjunto de especificações técnicas que definem as linhas de orientação, regras ou características essenciais de um serviço ou produto [...] a Associação Brasileira de Normas Técnicas estabelece padrões normativos para a sociedade brasileira nas diversas áreas do conhecimento, incluindo-se a produção científico-acadêmica. Mais adiante estudaremos tais normas com mais detalhes. A elaboração do TCC, mesmo sendo necessário o respeito a várias normas, não pode ser vista apenas com uma etapa burocrática para a sua diplomação, e sim como a oportunidade de registrar o resultado de todo o conhecimento adquirido, que poderá ser compartilhado com outras pessoas e, até mesmo, publicado. Importante As normas que estão relacionadas às nossas atividades são: » NBR 6022/2018 – Formatação de artigos científicos. » NBR 6023/2018 – Formatação de referências. » NBR 10520/2002 – Formatação de citações. » NBR 6027/2018 – Formatação de sumário. » NBR 6028/ 2003 – Formatação de resumo. Para a realização do seu anteprojeto, é imprescindível observar essas normas! Obs.: NBR significa Norma Brasileira Regulamentadora. 14 CAPÍTULO 1 • InTrODUçãO aO ESTUDO CIEnTÍFICO Comunicar suas descobertas à comunidade acadêmica é uma forma de contribuir para a expansão do conhecimento no seu campo de atuação. Ao publicar um texto acadêmico com suas reflexões e seus estudos, você contribui para o seu crescimento intelectual e profissional e dos seus pares. Ao final do curso, você terá que elaborar o seu TCC, mas com certeza, já elaborou outros trabalhos acadêmicos/científicos. E ainda poderá elaborar outros trabalhos! 2. Saberes da Humanidade A humanidade ao longo de seu desenvolvimento foi acumulando saberes, que foram se transformando em conhecimentos, com o objetivo de entender os diversos acontecimentos e fenômenos da realidade circundante. Adotamos a seguinte classificação dos tipos de conhecimento: Figura 3. Tipos de conhecimento. EMPÍRICO Surge a partir da interação e observação do ser humano com o ambiente ao redor. RELIGIOSO Baseado na fé religiosa, acreditando que esta é a verdade absoluta. FILOSÓFICO Baseado nas reflexões que o homem faz sobre todas as questões imateriais e subjetivas. CIENTÍFICO Usa a lógica e o pensamento crítico. Engloba fatos comprovados. Fonte: Diana, s.d. Conheça as características de cada tipo de conhecimento. 15 InTrODUçãO aO ESTUDO CIEnTÍFICO • CAPÍTULO 1 Tabela 1. Características dos tipos de conhecimento científico. Empírico / Popular Científico Filosófico Religioso/Teológico O que é Conhecimento que surge a partir da interação do ser humano com o ambiente circundante. Não reflete acerca da observação, se baseia em experiências, que muitas das vezes não são comprovadas. Conhecimento que envolve informações, fatos e acontecimentos que foram comprovados cientificamente. Está relacionado à lógica e ao pensamento crítico, baseando-se em análise comprovada cientificamente. Conhecimento que surge de reflexões sobre questões imateriais e subjetivas. Baseia-se em teorias que não podem ser testadas. Conhecimento que surge da fé religiosa, apresentando explicações para justificar a crença. Trata de verdade sobrenatural. Verificação É verificável, porém é falível e inexato. É verificável, falível e aproximadamente exato. Não é verificável, é infalível e exato. Não é verificável, é infalível e exato. Sistema assistemático, baseado em experiências individuais. Sistemático, com ordenação lógica. Sistemático, buscando coerência com a realidade. Sistemático e organizado de forma global. Fonte: adaptado de Diana, s.d. Sintetizando Neste capítulo, aprendemos o que é um estudo científico, bem como a importância da metodologia científica para registrarmos os resultados desse estudo. Conhecemos os tipos de conhecimento: empírico, científico, filosófico e religioso e as características de cada um deles. 16 Introdução O capítulo inicia com a conceituação de conhecimento científico. Em seguida, são apresentados os tipos de trabalhos científicos. É conceituado, também, método científico. Por fim, são abordados dois conceitos relevantes para o desenvolvimento de um trabalho científico: plágio e direitos autorais. Objetivos » Conceituar conhecimento científico. » Identificar os tipos de trabalhos científicos. » Conceituar método científico. » Conceituar plágio e direitos autorais. Você sabe quando foram os seus primeiros contatos com a ciência? Muitas pessoas falam em ciência, até porque é devido a ela que o homem, por exemplo, foi à lua, inventou vacinas e salvou vidas, além de tantas outras situações. 1. Mas o que é conhecimento científico? Precisamos compreender esse conceito para que possamos caminhar no nosso estudo sobre ciência. Conhecimento científico é o conhecimento construído por meio de atividades científicas, englobando experimentação e coleta de dados, a fim de apresentar, de acordo com a fundamentação teórica, uma resposta para o problema em questão, envolvendo dados e fatos comprovados por meio da ciência. 2 CAPÍTULO CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO 17 CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO • CAPÍTULO 2 2. Tipos de trabalhos científicos Os trabalhos científicos são elaborados com intuito de apresentar resultados, reflexões, descobertas e ideias, à comunidade acadêmica, em eventos, congressos, revistas especializadas, periódicos, livros etc. Existem vários tipos de trabalhos científicos. A seguir descrevemos alguns deles. Tabela 2. Tipos de trabalhos científicos. Tipo de trabalho Descrição Artigo científico Divulgação do resultado de um estudo realizado em observância aos parâmetros do método científico, indicando resultados de pesquisa empírica, ideias, métodos, técnicas e processos. Muitas vezes os artigos têm como destino a publicação em periódicos ou revistas científicas, que estabelecem suas próprias normas e formatação. Pesquisa bibliográfica Baseia-se em referências teóricas ou práticas publicadas em livros, artigos, dissertações e teses, e tem por objetivo identificar e analisar as contribuições de um determinado assunto, área ou problema. (CErvO, 2001) A revisão bibliográfica é um passo importante para desenvolvimento de uma pesquisa, assim deve ser conduzida de forma metódica e com rigor para que possa contribuir na obtenção de uma base sólida do conhecimento (CONFORTO; AMARAL E SILVA, 2011) relato de caso Registro de situação ocorrida a partir de práticas profissionais, de preferência incluindo aspectos inovadores e pouco explorados na literatura. Projetode pesquisa Primeira etapa de uma pesquisa, realizada a partir de um roteiro previamente estabelecido. Apresenta as ideias de forma organizada, indicando objetivos, justificativa e métodos a serem utilizados no estudo. relatório de pesquisa Texto elaborado por pesquisador, que pode, inclusive ser um aluno em estágio de iniciação científica, que participa de um projeto de pesquisa com intuito de apresentar os resultados parciais ou finais de um projeto. A organização do relatório depende muito do tema e do perfil dos possíveis leitores do material. Portanto, um relatório de uma pesquisa na área de Saúde será bem diferente de um relatório na área de Educação, por exemplo. Todo relatório deve ser preciso, claro e conciso em sua escrita. Resenha crítica Documento que apresenta não apenas um resumo de uma obra como um artigo ou livro, mas, também, a opinião crítica do autor da resenha. Sua escrita deve ser clara, direta e objetiva. resumo ou sinopse Síntese das ideias registradas em um texto, indicando o que foi entendido pelo autor do resumo. não é a cópia do que já está escrito no texto. Monografia Trabalho desenvolvido por um estudante. A partir de uma busca bibliográfica sobre o tema a ser estudado é registrada a consolidação do aprendizado realizado durante a formação acadêmica. não tem compromisso com originalidade e nem precisa ser elaborada a partir de um experimento. Dissertação Exposição de um trabalho relevante para a área científica, abordando um tema ou assunto. Não precisa ser original. Tese Trabalho inédito desenvolvido e defendido em público, que expõe ideias acerca de um assunto, com argumentos próprios apoiados em dados e fatos que os comprovem. Fonte: adaptado de Mattar et al. , 1996. 18 CAPÍTULO 2 • CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO Em todos os tipos de trabalhos científicos, o autor pesquisa em várias fontes e deve citá-las adequadamente. Cópias literais ou comentários a partir de ideias de outros autores sem a devida diferenciação é plágio. Vamos conhecer um pouco mais sobre plágio no item 2.3. do nosso Livro Didático. atenção Você sabia que a Faculdade Unyleya é editora de uma revista científica? O nome da revista é Educação sem distância. E você poderá fazer parte do rol de autores que publicam nesse material eletrônico. A revista está dividida em três seções: 1. Artigos de pesquisa, resultantes de pesquisa científica e revisão de literatura, relacionados à temática central da revista. 2. Práticas profissionais nas áreas de Gestão, Direito, Saúde, Educação e Tecnologia. 3. Resumos de monografias, dissertações e teses. Saiba mais sobre a revista em: https://unyleya.edu.br/educacao-sem-distancia Figura 4. Capa da revista Educação sem Distância. Fonte: https://unyleya.edu.br/educacao-sem-distancia. 19 CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO • CAPÍTULO 2 Chamamos de fonte, os textos que pesquisamos para elaboração do nosso trabalho acadêmico/científico. Ou seja, ao elaborarmos um texto, utilizamos diversas fontes, ou seja, consultamos autores que discorreram sobre o tema do nosso estudo. Isto é a revisão de literatura. As fontes podem ser primárias ou secundárias. Fontes primárias são obras ou textos originais sobre um tema, dando origem a outras obras que formam uma literatura ampla sobre um determinado assunto. As fontes secundárias são formadas pela literatura originada de fontes primárias e constituem-se em fontes das pesquisas bibliográficas. E o conjunto de fontes compõe as referências de um trabalho. Por isso, é essencial que você registre de forma completa todos os textos consultados ao longo de sua pesquisa. 4. O método científico Para Marconi e Lakatos (2016), não existe ciência sem a adoção de métodos científicos, que consiste em um grupo de atividades sistemáticas e racionais, que objetivam alcançar uma meta, com economia e segurança. O método científico sempre busca a investigação de algo. O método científico deve cumprir as etapas apresentadas na tabela a seguir. Tabela 3. Etapas do método científico. Etapas do método científico Orientações 1. Definição do problema Deve ser escrito de forma objetiva e clara. 2. Delimitação e apresentação do problema Devem ser utilizados novos conhecimentos, obtidos a partir de pesquisa bibliográfica. 3. Busca de conhecimentos relevantes ao problema Devem ser examinados os recursos para trabalhar o problema. 4. Tentativa de solução do Problema Devem ser utilizados meios necessários ao alcance do pesquisador. 5. Produção de novas ideias Devem ser testadas hipóteses, utilizando teorias e técnicas. Importante Na sua busca pelas fontes que tratam do assunto que está pesquisando, fique atento para acessar fontes confiáveis, como livros e e-books, sites de instituições de ensino, bases de dados como Google Acadêmico, Scielo, Portal de Periódicos Capes, Banco de Teses e Dissertações da Capes e outros. A confiabilidade da fonte é um fator essencial para o sucesso de sua pesquisa! 20 CAPÍTULO 2 • CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO Etapas do método científico Orientações 6. Solução do problema Deve partir da consolidação do que já foi utilizado e descoberto para chegar ao resultado planejado. 7. Consideração das consequências Devem ser considerados prognósticos para analisar as consequências da solução obtida para o problema. 8. Comprovação da solução a solução deve ser confrontada com as teorias. 9. Correção das hipóteses Um novo ciclo de investigação é recomeçado. Fonte: adaptado de Marconi e Lakatos, 2016. 5. Plágio e direitos autorais Podemos escrever um texto de diversas maneiras. Uma delas é contar uma história a partir de nossas experiências e da nossa imaginação mesmo. Escrevemos, dessa forma, poesias, contos, romances, crônicas, dentre outros. Registramos no papel ou no computador nossas ideias, reflexões e sínteses. Nos textos acadêmicos, é diferente. Escrevemos tomando como base outros textos, outros autores. Sendo assim, devemos ter cuidado para não plagiar. Em todos os tipos de trabalho acadêmico/científico, pesquisamos em várias fontes, porém temos que saber como citá-las, pois podemos incorrer em cópias literais sem a devida referenciação, que é um dos tipos de plágio. Vamos conhecer um pouco mais sobre plágio. E o que é plagiar? De acordo com o Dicionário Michaelis Online (2019), plagiar é “apresentar como de autoria própria uma ideia ou obra literária, científica ou artística de outrem”. Podemos acrescentar que plagiar não é somente copiar um trecho de um texto sem citar o autor. Saiba mais Saiba a origem da palavra (etimologia) plágio. “Plágio do grego plágos, oblíquo, atravessado, pelo latim plagium (roubo). Está na origem do vocábulo o significado de desvio, donde o sentido de atravessador para aquele que, não produzindo, nem comprando a mercadoria, apenas intermedia o negócio. No latim plagium significava: ação de roubar uma pessoa, sequestrar, vender homens livres como escravos, relacionada ao verbo plágio, com significado análogo, de modo que a etimologia implica um ato criminoso.” Fonte: https://hridiomas.com.br/origem-da-palavra-plagio/ Acesso em: 10 nov. 2019. 21 CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO • CAPÍTULO 2 Plágio é toda apropriação indevida e não referenciada de informação, ideia, conceito, teoria produzida por outra pessoa. Figura 5. apropriação indevida – Plágio. Fonte: https://blog.contentools.com.br/marketing-de-conteudo/a-traducao-de-um-conteudo-e-considerada-plagio/. Não importa se a apropriação foi apenas de uma pequena ideia ou de várias páginas de texto, nem tampouco, se houve uma reedição. Nas duas situações, o plágio existe. Ou seja, mesmo com uma nova organização de partes de outros textos, é necessário referenciar o autor, para que não seja plágio. O que está em questão é a autoria das ideias e das palavras utilizadas. Quem é o autor? Quem teve a ideia? Quem escreveu aquele texto? É um aspecto relacionado à atitude ética! Não podemos nos apropriar de ideias de outros. Além domais, plágio é crime! Agora que já sabemos o que é plágio, temos que aprender a verificar quando há plágio em um texto. Como detectar plágio Atualmente existem várias maneiras de descobrir quando trechos de textos são copiados de artigos e sites disponíveis na Internet. Isso é feito por meio de softwares chamados de “detectores de plágio”. Temos vár ios softwares d isponíveis na Inter net . É interessante que procure por “detectores de plágio” em uma ferramenta de busca. Aparecerão inúmeros softwares – freeware (ou seja, gratuitos) que você poderá escolher. Esses softwares 22 CAPÍTULO 2 • CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO estão em constante atualização de suas versões, então é necessário estar sempre acompanhando as versões pela internet. Eles verificam no arquivo inserido a existência de cópias de outros textos disponíveis na Internet de forma rápida e eficaz, indicando o percentual e o número de termos comuns. Analise o relatório disponível e verifique se todos os trechos detectados pelo software estão com a respectiva referência. Mais uma vez, frisamos a relevância de não copiarmos de outros autores conteúdo sem a devida referenciação. Importante Antes de inserir o arquivo no software para detecção, salve o arquivo em pdf. Assim o resultado será mais amplo e preciso. Para refletir Analise a charge a seguir. Figura 6. Plágio. Fonte: https://blogdopedlowski.com/2015/06/11/ufrgs-disponibiliza-ferramentas-para-detectar-plagio-em-trabalhos- academicos/. Nos dias atuais, são muito utilizados os recursos de copiar (CTRL C) e colar (CTRL V), possibilitando cópia de qualquer assunto. Podemos ser originais, mesmo estando em um mundo em que tudo pode ser copiado! Sim, pois acreditamos no potencial criativo de cada estudante! 23 CIÊnCIa E COnHECIMEnTO CIEnTÍFICO • CAPÍTULO 2 Sintetizando Neste capítulo, aprendemos o que é conhecimento científico, conhecemos os tipos de trabalho científico. Conhecemos, também, método científico, suas etapas, a definição de plágio e como podemos fazer para detectá-lo. 24 Introdução Ao desenvolver uma pesquisa científica é necessário, inicialmente, definir o tipo de pesquisa que será realizado. As pesquisas são categorizadas quanto à natureza, aos objetivos, à abordagem, ao objeto de estudo, à técnica de coleta de dados e à técnica de análise de dados. Para cada uma dessas categorias, há tipos de pesquisa que são apresentados neste capítulo. Também são citados os tipos de instrumentos de coleta de dados e os diferentes tipos de artigos. Objetivos » Identificar as diferentes categorias e tipos de pesquisa. » Reconhecer os tipos de instrumentos de pesquisa. » Diferenciar os tipos de artigos. Para que seja realizada uma pesquisa científica, é necessário saber conceituar pesquisa e conhecer suas categorias. Vamos lá! 1. O conceito e as categorias de pesquisa Não há dúvidas da presença da pesquisa em nossas vidas. Pesquisamos para fazer uma compra, para escolhermos um filme para assistirmos no final de semana, para definir o local onde passar o feriado e em tantas outras situações. Mas ela se torna fundamental no meio científico. É por meio da pesquisa científica que se inova, que se produzem conhecimentos, que se evolui em grandes descobertas tão importantes para a sociedade. 3 CAPÍTULO COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa 25 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 A pesquisa científica é planejada e executada a partir de um método científico. E é este método que ajuda a garantir que os resultados não sejam tratados como senso comum. De acordo com Barros e Lehfeld (2007. p.81): [...] pesquisar significa realizar empreendimentos para descobrir, para conhecer algo. A pesquisa constitui um ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento […] É a busca de uma resposta significativa a uma dúvida ou problema… Pesquisar é um fato natural e necessário a todos os indivíduos. Trata-se, portanto, de um processo de construção do conhecimento. A pesquisa é a atividade nuclear da ciência. Entretanto, para ser chamada de científica, a pesquisa precisa seguir o método científico, além de ser sistematizada e respeitar critérios rigorosos. Para os iniciantes em pesquisa científica, o mais importante deve ser a preocupação na aplicação dos métodos científicos em vez de propriamente a ênfase nos resultados obtidos […] À medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos científicos, torna- se mais hábil e capaz de realizar pesquisas científicas […] Não existem receitas mágicas para a realização de pesquisas. O principiante precisa ter em mente que toda investigação pode originar resultados falíveis. Não se deve desencorajar ante as dificuldades surgidas no processo de pesquisa.” (BARROS; LEHFELD, 2007, p. 82) Além disso, a pesquisa científica abrange a “...observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta dos dados e no registro de variáveis presumivelmente relevantes para análises posteriores”. (BARROS; LEHFELD, 2007, pp.82-83) Para cada modalidade de pesquisa há um método, uma técnica específica para o seu desenvolvimento. O pesquisador delimita o seu campo de investigação e procura aplicar instrumentos que auxiliarão na coleta e interpretação dos dados. Quanto às escolhas metodológicas a serem utilizadas na pesquisa, podem-se utilizar as seguintes categorias: 26 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa Tabela 4. Categorias e tipos de pesquisa. Quanto Tipos À natureza Pura ou aplicada. aos objetivos da pesquisa Descritiva, exploratória, explicativa ou exploratório-descritiva. À abordagem Qualitativa, quantitativa ou qualitativa-quantitativa. À escolha do objeto de estudo Estudo de caso, amostragens ou estudo de censos. À técnica de coleta de dados Pesquisa documental, pesquisa bibliográfica, pesquisa empírica, pesquisa-ação ou experimento. á técnica de análise de dados análise de conteúdo ou estatística descritiva. Fonte: adaptado de Oliveira, 2011. Vamos conhecer agora alguns tipos de pesquisa a partir de cada categoria. 2. Tipos de pesquisa As pesquisas estão classificadas a partir de categorias apresentadas anteriormente. 3. Quanto à natureza A pesquisa pode ser pura ou aplicada. Pura Podendo ser chamada de pesquisa teórica, básica ou fundamental, a pesquisa pura tem como objetivo incrementar a base do conhecimento científico. Nela o pesquisador busca atualizar seus conhecimentos ou obter respostas a uma curiosidade científica. A partir dela, é possível melhorar a compreensão de alguns fenômenos ou de um comportamento em particular. Segundo Barros e Lehfeld (2007, p. 93), “esse tipo de pesquisa não implica, em um primeiro momento, ação interventiva nem transformação da realidade social”. A teoria da relatividade de Einstein é produto de uma pesquisa básica, que serviu de base para pesquisas aplicadas. 27 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 Figura 7. Einstein e a teoria da relatividade. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/october-6-2018-portrait-albert-einstein-1196597746. aplicada Nela o pesquisador deseja conhecer algo para aplicar, contribuindo “para fins práticos, visando à solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade.” (BARROS; LEHFELD; 2007, p.93) Este tipo de pesquisa visa encontrar soluções para problemas cotidianos do mundo real, por exemplo, tendo um foco prático. Como exemplo de pesquisa aplicada, temos a investigação de tratamentos adequados para diversos tipos de doenças, como a produção da vacina contra o coronavírus. Figura 8. Exemplo de pesquisa aplicada: vacina contra o coronavírus. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vaccine-research-against-covid-19-scientists-1789011950. 28 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa 4. Quanto aos objetivos da pesquisa Os objetivos determinam o caráter da pesquisa, indicando o que se pretendeatingir com a investigação. Pesquisa descritiva A pesquisa descritiva é uma pesquisa não experimental. Nela, os fatores e as variáveis não são manipulados e estão relacionados ao fenômeno observado. Devem ser consideradas as relações entre duas ou mais variáveis de um dado fenômeno sem que haja manipulação dessas variáveis. O pesquisador registra informações e dados coletados que são transformados em indicadores, que serão úteis para descrição de fenômenos. Seu objetivo é aprofundar, observar e registrar fenômenos e fatos, geralmente, sobre um tema que já estuda para que possa descobrir a frequência que ocorre um fenômeno e/ou avaliar a estruturação de um sistema, método ou processo operacional. Neste tipo de estudo, é definido um objeto de estudo a ser analisado que pode ser uma empresa, uma situação-problema, uma determinada região, dentre outros. São coletados dados qualitativos sem que tenha interferência na análise desses dados. Experiências e situações são descritas de maneira totalmente imparcial, sendo utilizadas técnicas padronizadas de coleta de dados. O pesquisador deve considerar e elencar variáveis que podem interferir no estudo e estas podem estar ligadas a aspectos econômicos e sociais, além de outras questões. No site denominado Projeto Acadêmico (2018) é apresentado o seguinte projeto de pesquisa descritiva: Uma pesquisa descritiva foi realizada em uma empresa comprometida e interessada em encantar e fidelizar seus colaboradores a fim de identificar as ações de endomarketing e comunicação interna realizadas. Foram analisadas edições do jornal interno distribuído para o público em geral, com a divulgação de notícias diversas, além de atividades e ações realizadas pela empresa. A análise revelou ações que fortaleceram o sentimento de pertencimento dos funcionários em relação à empresa, como concursos culturais, criação de colônia de férias, dentre outros. 29 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 Pesquisa exploratória Este tipo de pesquisa é muito utilizado nas áreas sociais. Tem como objetivo realizar levantamento da presença de variáveis e de sua caracterização quantitativa ou qualitativa. Na pesquisa exploratória, o pesquisador investiga determinado problema cujo tema não tem muito conhecimento. São apresentadas hipóteses que são o ponto de partida para a pesquisa bibliográfica que facilita a compreensão do tema. A intenção é validar ou não as hipóteses, a partir de um processo flexível, que não pressupõe uma estruturação prévia, com uma abordagem mais qualitativa. O tema pesquisado geralmente não é familiar para o pesquisador, o que a diferencia da pesquisa descritiva. Um dos exemplos de pesquisa exploratória é a análise de fenômenos desconhecidos ou novos, como: » uma epidemia ocorrida recentemente; » um fenômeno da natureza ocorrido em um local em que nunca havia acontecido algum desastre. Figura 9. Pesquisando um fenômeno ocorrido no meio ambiente. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/environmentalist-suit-gas-mask-sterile-gloves-1728072922. 30 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa Explicativa A pesquisa explicativa tem como objetivo listar e explicar o que contribuiu para a ocorrência de fenômenos. Ocorre um aprofundamento do conhecimento da realidade, explicando o porquê do tema pesquisado, das situações, dos fenômenos, a partir da utilização de métodos para exploração do assunto. O tema é analisado mais detalhadamente com grau de complexidade maior. Dessa forma, as chances de erros também são maiores. É uma ótima forma de melhorar o trabalho. São conectadas ideias, a fim de entender as causas e os efeitos de determinado fenômeno, bem como as variáveis que atuam como causa e as que atuam como efeito. A ideia é explicar o que está acontecendo, e a natureza da relação entre as variáveis e o efeito previsto. Na maioria dos casos é realizada com o objetivo de dar continuidade a pesquisas exploratórias ou descritivas. Exploratório-Descritiva Um estudo exploratório-descritivo une as caraterísticas dos dois tipos de pesquisa, ou seja, aprimora as ideias, quando há pouco conhecimento de um determinado assunto, como estudos exploratórios e tem como objetivo descrever um determinado fenômeno, como todo estudo descritivo. Conheça o exemplo apresentado por Raymundo (2017): Ao fazer um levantamento do público de um supermercado, podemos encontrar três tipos de pesquisa: » Exploratória: para identificar o percentual de consumidores solteiros. » Descritiva: para descrever o dia da semana e o horário em que os clientes solteiros vão à loja. » Explicativa: para compreender o porquê de os consumidores solteiros frequentarem a loja determinado número de vezes por semana (Os preços são menores. O estabelecimento fica próximo a uma instituição de ensino com aulas noturnas. Os produtos são vendidos em porções menores, ideais para pessoas solteiras ou que moram sozinhas, sem filhos. Esses dados podem contribuir para a contextualização e explicação do quadro). 31 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 Figura 10. Pesquisando o comportamento do consumidor. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/people-doing-survey-on-street-flat-1615762033. 5. Quanto à abordagem No que diz respeito à abordagem, as pesquisas podem ser quantitativas, qualitativas ou mistas. Veremos isso mais detalhadamente sobre cada um desses métodos no capítulo 4. 6. Quanto à escolha do objeto de estudo De acordo com Oliveira (2011), quanto à escolha do objeto de estudo, as pesquisas podem ser classificadas em: estudo de caso, estudo por amostragem ou estudo censitário. Vamos conhecer cada um deles. Estudo de caso Este tipo de pesquisa é utilizado nas ciências biomédicas e sociais. O estudo de caso tem como característica a realização de um estudo aprofundado dos fatos e situações que atuam como objetos de investigação, possibilitando o conhecimento da realidade e do fenômeno pesquisado. 32 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa O estudo pode ser de um caso único ou podem ser múltiplos casos. Em um estudo de caso único, um indivíduo (como um professor específico), um pequeno grupo (como um grupo de pacientes acometidos por determinada enfermidade), uma instituição (como uma escola ou um hospital), um programa (como o Minha Casa Minha Vida) ou um evento (a adoção do ensino remoto nas escolas). Nos estudos de casos múltiplos, há a participação de vários indivíduos (por exemplo, profissionais da área de saúde que atuam em um hospital), várias instituições (por exemplo, diferentes hospitais de referência para o combate de um vírus, como a Covid-19). Estudo por amostragem Em algumas vezes, a população a ser pesquisada é muito extensa ou os indivíduos estão muito dispersos geograficamente, podendo o estudo estatístico ser realizado com a coleta de parte da população, que é denominada amostra. Este estudo é conhecido como amostragem. De acordo com Oliveira (2011, p. 30) amostra, portanto, é um subgrupo de uma população, constituído de algumas ou muitas unidades de observação e que deve ter as mesmas características da população, selecionadas para participação no estudo. O tamanho da amostra a ser retirada da população é aquele que minimiza os custos de amostragem e pode ser com ou sem reposição. A amostragem é uma pesquisa de levantamento utilizada em estudos exploratórios e descritivos. Como exemplo de amostragem podem ser citadas as pesquisas de opinião e atitudes. Figura 11. Escolha de amostra. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/crowd-behaviors-measuring-social-sampling-statistics-689023369. 33 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 Estudo de censos Os censos estão focados em uma população específica enumerando os elementos desta população. Os parâmetros populacionais podem ser obtidos a partir de um censo ou extraindo uma amostra, e são registrados como números. Da mesmaforma, o registro dos consumidores que utilizam determinada marca de carro, por exemplo. A contagem de todos os elementos de uma população, determinando ou não suas características, é feita por meio de um censo. Como exemplo, no Brasil temos o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. De acordo com o site do IBGE, os resultados obt idos pela real ização do Censo Demográf ico per mitem traçar um retrato abrangente e fiel do País. O Censo Demográfico produz informações atualizadas e precisas, que são fundamentais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos, tanto do governo quanto da iniciativa privada. As informações obtidas no censo permitem o planejamento com segurança de ações futuras. São vis i tados todos os domicí l ios do país. Os recenseadores, por meio de entrevista direta, coletam as informações, l istadas sob a forma de questionário sendo possível, também, responder ao questionário via inter net . São uti l izados dois questionár ios: o da amostra, a ser apl icado em uma fração dos domicí l ios ocupados, e o questionár io s impli f icado, nos restantes. Figura 12. Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/july-11-2019-brazil-this-photo-1448311310. 34 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa 7. Quanto à técnica de coleta de dados Existem inúmeras técnicas de coleta de dados, mas as mais utilizadas são: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica, pesquisa-ação e experimento. Vamos conhecê-las! Pesquisa documental A pesquisa documental é realizada utilizando materiais que não foram analisados. Um exemplo de pesquisa documental é o que ocorre na elaboração de um texto jornalístico que é realizado a partir de materiais sem tratamento analítico, como cartas. A pesquisa documental é caracterizada pela coleta de dados em fontes primárias, como documentos escritos e arquivados em instituições públicos; ou organizações particulares e até mesmo em residências, além de fontes estatísticas. Deve-se ter cuidado ao selecionar as fontes utilizadas para não incorrer na utilização de dados falsos que tem por consequência produzir erros. A pesquisa documental é bastante utilizada em pesquisas puramente teóricas e em estudos de caso, em que há coleta de documentos para análise. Figura 13. análise de documentos. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businesswoman-hands-working-on-stacks-documents-1007203651. Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica é semelhante à pesquisa documental. A principal diferença está na natureza das fontes: na pesquisa bibliográfica são utilizadas fontes de diversos autores, já publicadas, e na pesquisa documental são 35 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 utilizados documentos que podem não ter sido analisados, como cartas, certidões, prontuários, dentre outros. Para Marconi e Lakatos (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos etc. [...] e sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]. Figura 14. Pesquisa bibliográfica. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/young-female-student-study- school-library-1118353274. Pesquisa-ação Segundo Vergara (2000, p. 12): [...] a pesquisa-ação pode ser definida como um tipo de pesquisa social concebida e realizada para a resolução de um problema, onde o pesquisador Importante Algumas bases de busca de fontes para a elaboração de uma pesquisa bibliográfica são: » Biblioteca Virtual Pearson. » Google acadêmico – https://scholar.google.com.br/. » Base de dados Scielo - https://scielo.org/. » Base de teses e dissertações da CAPES - http://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogo-teses/#!/. » Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações - https://bdtd.ibict.br/vufind/. » Periódicos CAPES/MEC - https://www.periodicos.capes.gov.br/. » Base de dados Scopus - https://www.elsevier.com/pt-br/solutions/scopus. 36 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa é envolvido no problema trabalha de modo cooperativo ou participativo. No entanto, a participação isoladamente não pode ser vista como a característica principal da pesquisa-ação e sim a solução de um problema não-trivial envolvendo a participação dos diversos atores do processo. A teoria e a ação são associadas. Os pesquisadores e participantes da situação ou problema de estudo estão envolvidos de forma participativa ou cooperativa podendo intervir na situação em questão. De acordo com Oliveira (2011, p.43), em virtude de existir o envolvimento ativo do pesquisador e ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista, em certos meios, como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos. Experimento O experimento ou pesquisa experimental pode ser considerado o melhor exemplo de pesquisa científica. Nele é determinado um objeto de estudo, sendo listadas as variáveis que podem influenciá-lo. Ao realizar um experimento é necessário estabelecer procedimentos para controlar e observar os efeitos que a variável poderá produzir no objeto. São obtidas evidências das relações de causa e efeito a partir da manipulação da realidade. Interessante notar que os resultados da experimentação geralmente não são considerados definitivos e, muitas vezes, é aumentado o tempo de observação a fim de analisar a qualidade das conclusões obtidas. Figura 15. Experimento de laboratório. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/biochemical-research-scientist-team-working- microscope-1726134715. 37 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 8. Quanto à análise de dados A análise de dados é um passo importante para a conclusão de uma pesquisa. Os resultados apresentados podem ser finais ou parciais, possibilitando novas pesquisas. As técnicas de análise de dados variam de acordo com a natureza pesquisa: qualitativa ou quantitativa. Vamos conhecer duas técnicas: análise de conteúdo e estatística descritiva. análise de conteúdo A análise de conteúdo é um “[...] conjunto de técnicas de análise das comunicações [...]” (BARDIN, 1977, p. 30) a fim de extrair conteúdos para além da mensagem analisada. Uma análise de conteúdo é: » objetiva, baseada em regras e diretrizes que conduzem o pesquisador; » sistemática, com a ordenação e a integração do conteúdo em categorias estabelecidas, em função do objetivo traçado; » quantitativa, por meio da evidenciação de elementos significativos. No entanto, na análise de conteúdo a utilização de uma sequência fixa de etapas não garante a obtenção dos resultados desejados. Dessa forma, não é um método rígido. Estatística descritiva Estatística é a ciência que utiliza procedimentos específicos para coleta, apresentação e interpretação adequada de conjuntos de dados numéricos ou não. Objetiva apresentar e analisar dados para que os fatos, aos quais eles se referem, sejam compreendidos. A estatística descritiva sintetiza uma série de dados de mesma natureza, possibilitando que se tenha uma percepção ampla dos valores e sua variação, constituindo e apresentando os dados em tabelas, gráficos ou medidas descritivas. Uma tabela, tão utilizada em trabalhos acadêmicos e científicos, é um quadro que possibilita a síntese de um conjunto de observações, enquanto os gráficos possibilitam a apresentação de dados, possibilitando uma análise mais rápida e visual do fenômeno que está sendo estudado. 38 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa Os dados podem ser obser vados em uma tabela ou em mais de uma tabela, comparando-os.E isso é feito por meio de números ou estatísticas. A estatística descritiva sintetiza os dados de maneira direta, não tendo como foco as variações e os intervalos de confiança dos dados. Média, desvio padrão e mediana são exemplos de estatística descritiva. Figura 16. Gráficos provenientes de análise estatística. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/laptop-computer-displaying-statistics-analytics-data-1548020756. Além dos tipos de pesquisa apresentados, é importante conhecer técnicas utilizadas na pesquisa para coleta de dados: observação, entrevista e questionário. Vamos apresentar cada uma delas. Observação A observação pode ser utilizada em diferentes tipos de pesquisa, sendo que suas características são variáveis de acordo com o objeto de estudo, o número de pesquisadores envolvidos, como será a coleta das informações e outras. Uma observação científica deve ser planejada seguindo o método estabelecido pelos pesquisadores. É a partir dela que é possível apresentar os resultados de um estudo. Isso geralmente é feito em uma observação simples, como aquela em que se deseja verificar parâmetros de comportamento do consumidor em relação a um produto. 39 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 Há, também, a observação sistemática ou estruturada, em que é exigida uma estruturação mais específica, com indicação dos aspectos a serem coletados e que serão categorizados. Quando o pesquisador está totalmente envolvido com o objeto de estudo, a observação é chamada de participante, permitindo coletar elementos objetivos e subjetivos. Isso acontece, por exemplo, quando o pesquisador é um professor de determinada escola que é o cenário da pesquisa. É muito utilizada na pesquisa-ação. A observação pode ser individual ou em grupo. Entrevista A entrevista é uma técnica muito utilizada para coletar dados. De acordo com Oliveira (2011, p.35), pode ser definida como “conversa realizada face a face pelo pesquisador junto ao entrevistado, seguindo um método para se obter informações sobre determinado assunto”. Figura 17. Entrevista. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/job-search-interviews-unemployment-flat-style-1690057255. É muita usada para se obterem informações acerca de crenças, desejos, expectativas e conhecimentos das pessoas, podendo também registrar o motivo para cada resposta. Além das respostas obtidas, o pesquisador durante uma entrevista também percebe aspectos relacionados à comunicação não verbal. 40 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa As desvantagens citadas por Oliveira (2011) para aplicação de entrevista como coleta de dados são: » falta de motivação e de compreensão do entrevistado; » apresentação de respostas falsas; » incapacidade ou, mesmo, inabilidade em responder às perguntas; » influência do entrevistador no entrevistado; » influência das opiniões pessoais do entrevistador; » custo com treinamento de pessoal para aplicação das entrevistas. Mas essas desvantagens podem ser contornadas para que a qualidade da entrevista não seja prejudicada, com um bom planejamento envolvendo a preparação do entrevistador para atuar na entrevista. As entrevistas podem ser classificadas em estruturadas ou semiestruturadas. Em uma entrevista semiestruturada, um roteiro de entrevista é utilizado como base para a entrevista, mas não é seguido de forma rígida. É organizada uma lista de itens com o que se quer saber de cada entrevistado. A estruturação das perguntas e a ordem das questões podem ser mudadas a partir do desenrolar da entrevista e das respostas do entrevistado. Geralmente o roteiro é composto por questões abertas. Nas entrevistas estruturadas, as questões e a sua ordenação são exatamente feitas da mesma forma para todos os respondentes. O entrevistador deve ser um bom ouvinte em qualquer tipo de entrevista, deixando o entrevistado se expressar de forma livre e confortável, sem que haja julgamentos e interpretações inadequadas. atenção As entrevistas podem ser realizadas presencialmente, por telefone, por e-mail, por formulários eletrônicos ou impressos em papel, dentre outras opções. Atualmente, com a difusão das plataformas de videoconferência, as entrevistas podem ser feitas online, e essa prática tem sido muito utilizada. 41 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 Figura 18. Entrevista online. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/view-over-shoulder-employer-listen-applicant-1678229824. Questionário O questionário é uma forma de se obterem respostas às questões propostas com o preenchimento do informante. As perguntas podem ser abertas ou fechadas. As abertas propõem respostas discursivas e variadas e nas fechadas o respondente assinala a opção que considera mais adequada, não se expressando de forma escrita. A tabulação das perguntas fechadas é mais fácil, facilitando a análise dos dados. Nos questionários digitais, disponibilizados via computador, tablet ou celular, a tabulação dos resultados é imediata, apresentando gráficos e formas de comparação entre os dados obtidos. Atualmente, há alguns aplicativos que facilitam a construção de questionários, como o Survey Monkey e o Google Forms. Dentre as vantagens do questionário, destacam-se as seguintes: » resposta de um maior número de pessoas; » economia; » padronização das questões; » interpretação dos dados de forma mais uniforme; » facilidade em compilação e comparação das respostas; » anonimato do respondente. 42 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa O questionário, também, possui algumas desvantagens, como: » falta de sinceridade nas respostas, já que estas são anônimas; » interferência da qualidade dos respondentes na qualidade dos resultados obtidos, pois pode depender da competência, franqueza e boa vontade de quem está respondendo; » interpretação equivocada das perguntas pelos respondentes; » incômodo em responder alguns temas; » imposição das respostas, já que estas são predeterminadas e o respondente não pode expressar que não quer responder; » na maioria das vezes, baixo retorno de respostas. Figura 19. Questionário. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/disaster-crisis-management-covid19-coronavirus- business-1711550767. 9. Tipos de artigos Os artigos podem ser de três tipos: originais, de revisão ou de relato de caso. artigos originais Os artigos originais são elaborados a partir de uma pesquisa empírica ou uma pesquisa de campo. Nesse tipo de pesquisa, há o intuito de comprovação de alguma situação ou de alguma hipótese, por meio de experimentos, observações e/ou coleta de dados. As conclusões são tiradas a partir de evidências concretas e verificáveis. 43 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 Existem diversas estratégias metodológicas que podem ser utilizados nesse tipo de pesquisa, como pesquisa experimental, estudo longitudinal, pesquisa comparativa, observação, grupo focal, dentre outros. De acordo com o desenho da pesquisa, a análise será quantitativa, ou seja, baseada em dados numéricos, ou qualitativa, baseada em significados, opiniões, percepções ou razões dos participantes da pesquisa. Algumas pesquisas são qualitativas e quantitativas, pois se utilizam dos dois tipos de dados. Para realização de um artigo original, geralmente é necessário mais tempo do que o disponível para a elaboração de um TCC, por isso, os dois outros tipos são mais comuns de serem realizados ao final de um curso de graduação. Artigos provenientes de uma revisão bibliográfica Neste tipo de artigo, a metodologia está baseada na seleção de leituras e dados que serão analisados, sob uma perspectiva analítica, crítica e seletiva. A revisão de literatura, também assim chamada, visa responder às perguntas propostas no estudo, pesquisando em diversas fontes, como: artigos, livros, monografias, dissertações, revistas, periódicos, textos disponibilizadosem sites (confiáveis) etc. Nessas pesquisas se procura o que já foi dito acerca do assunto ou problemática, a fim de traçar um histórico acerca do objeto de estudo, contribuindo para as identificações de contradições e respostas anteriormente descritas sobre as perguntas formuladas. Devem-se utilizar leituras em fontes primárias (original, mais próxima da origem da informação direta sobre o estudo) e secundárias (informações elaboradas a partir da análise de fontes originais) para aprofundar no assunto. artigo de relato de caso Em um relato de caso, a metodologia permite a realização de pesquisas aplicadas a casos concretos, problemas sociais, políticas públicas, examina fenômenos contemporâneos baseados no seu contexto real, utilizando-se de diversas fontes de evidências. De acordo com Gil (2008, pp.57 e 58), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados. 44 CAPÍTULO 3 • COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa É uma importante fonte de informações, podendo propiciar subsídios para descrição ou melhorias de diferentes situações ou algum fenômeno da atualidade, explorar situações da vida real. Tem como objetivo compreender a razão e o motivo que determinado fato ocorre. Na descrição ou investigação do estudo de caso, se faz necessário indicar as técnicas que serão utilizadas: questionário, análise documental, entrevistas (estruturadas ou semiestruturadas) ou observação. 10. Análise e escolha do tema O passo inicial para a realização de uma pesquisa é a definição do tema, ou seja, o assunto que se deseja pesquisar, se aprofundar e registrar ideias e resultados, para que sejam apontados caminhos relevantes para a ciência. Figura 20. Escolha do caminho a seguir. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/abstract-directions-human-choices-risk- management-1673560330. É importante que este seja do interesse do pesquisador e que esteja relacionado ao seu mundo acadêmico ou profissional. 11. Delimitação do tema/assunto Após o tema escolhido e analisado, é chegado o momento de delimitar o seu estudo. Mas o que será isso? 45 COMO DESEnvOLvEr UMa PESQUISa CIEnTÍFICa • CAPÍTULO 3 O tema, geralmente, é definido de forma geral para que depois possa ser detalhado de forma mais específica. Isso acontece, pois fica difícil desenvolver uma pesquisa muito abrangente. Por exemplo: se um pesquisador tem interesse em estudar como a tecnologia é utilizada na educação, ele deve responder a questões que tornarão sua pesquisa mais específica. Que tipo de tecnologia? Em que nível de ensino? Em que tipo de instituição de ensino? Essas questões são o caminho para que o pesquisador delimite o seu tema, analisando se o estudo será possível no que diz respeito ao tempo definido para a realização da pesquisa. Quando há um número significativo de questões respondidas, é minimizada a necessidade de ter que fazer uma revisão ou ajuste no objeto de estudo. Sintetizando Neste capítulo aprendemos mais sobre pesquisa: conceito, categorias, tipos e instrumentos. Os tipos de pesquisa foram descritos de forma mais detalhada, com exemplos, explicações relacionadas à metodologia e quando cada um deles pode ser utilizado. Conhecemos, também, os três tipos de artigo: originais, pesquisa bibliográfica e relato de caso, bem como os tópicos que compõem cada um deles. Iniciamos, ainda, a explicação sobre o anteprojeto a partir da escolha e delimitação do tema. 46 Introdução As pesquisas quanto à abordagem podem ser qualitativas, quantitativas ou mistas. Neste capítulo, cada uma delas é apresentada. Objetivo » Diferenciar os tipos de pesquisa qualitativa, quantitativa e mista. » Discriminar as características dos tipos de pesquisa qualitativa, quantitativa e mista. Conforme indicamos no capítulo 3, vamos agora abordar os tipos de pesquisa relacionados à sua abordagem. No que diz respeito à abordagem, as pesquisas podem ser quantitativas, qualitativas ou mistas. A pesquisa qualitativa apresenta objetivos diferentes da pesquisa quantitativa e os resultados obtidos também são bem distintos. Vamos conhecê-las. 1. Qualitativa Na pesquisa qualitativa, as informações são exploradas de forma subjetiva, considerando o contexto, as particularidades e outros elementos não mensuráveis que estão presentes no cenário da pesquisa e nos entrevistados. O pesquisador tem papel direto na conclusão da pesquisa, não sendo um observador apenas. Ele é responsável pela análise dos dados e pela interpretação do fenômeno estudado. 4CAPÍTULOMÉTODOS DE PESQUISa 47 MÉTODOS DE PESQUISa • CAPÍTULO 4 Em uma entrevista, não é preciso simplesmente seguir um questionário estruturado, assinalando as respostas para serem quantificadas depois. Deve-se motivar os entrevistados a detalharem suas respostas sobre determinado assunto, falando mais sobre um tema. Devem ser buscados traços comportamentais dos entrevistados a fim de entender os motivos e traços subjetivos que se encontram nas respostas. Um exemplo de pesquisa qualitativa é a análise porque a violência doméstica muitas vezes não é motivo para que mulheres denunciem seus companheiros, mantendo o casamento, a vida de sofrimento e angústia pelas agressões sofridas. 2. Quantitativa Neste tipo de pesquisa é realizada a coleta de informações estatísticas por meio de instrumentos como questionários. A análise de dados é feita por software – pacotes estatísticos com base nos dados coletados pelo pesquisador. Por meio de aplicação de um questionário estruturado, por exemplo, é possível medir, quantificar e mensurar as respostas dos entrevistados e obter dados que contribuirão para que o pesquisador resolva o seu problema de pesquisa. Por exemplo, em uma abordagem quantitativa pode ser feita a pergunta. “Em uma escala de 0 a 10, o quanto você indicaria esse produto para um amigo?”. Para que uma pesquisa quantitativa seja considerada válida é necessário entrevistar uma amostra significativa e representativa da população. Importante Segundo Bogdan e Bikelen (2003), os pesquisadores qualitativos devem estar atentos ao contexto, estando presentes nos locais de estudos. Dessa forma, podem saber como e em que circunstâncias os dados foram elaborados. Para eles, os fatos históricos, os atos, as palavras e os gestos fazem parte do contexto e não podem ficar à parte dele, pois se estiverem divorciados, o pesquisador perderá de vista o seu significado. Importante O levantamento amostral é o tipo mais comum de pesquisa quantitativa, de acordo com Moreira (2004), em que variáveis são medidas por meio de questionários ou escalas que são respondidos pelos sujeitos, os quais são escolhidos previamente de acordo com características de interesse para a pesquisa. 48 CAPÍTULO 4 • MÉTODOS DE PESQUISa Os resultados são compostos por números, dados, tabelas e gráficos, sob a forma quantitativa, sem dar tanta importância para as motivações que levaram a sua obtenção. Como já foi explorado, atualmente os formulários disponíveis em aplicativos são muito utilizados, como o Google Forms e o Survey Monkey. Eles possibilitam a inserção de questões e o envio do link aos respondentes, além de tabularem as respostas, disponibilizando-as em tabelas e gráficos. Figura 21. Gráficos. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businessman-investment-consultant-analyzing-company- financial-1413392699. Como exemplo, podemos citar o censo populacional do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ou as pesquisas que medem a intenção de voto do eleitor sobre uma eleição. Verifique agora algumas características dos dois tipos de métodos: Tabela 5. Pesquisa quantitativa e qualitativa. Característica Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa Foco Explicar o “porquê”, ficando atento às causas Compreender o“como”, entendendo os fenômenos a partir dos símbolos ou significados atribuídos a eles Objeto de estudo Fatos naturais descritos Significados humanos dados aos fenômenos Envolvimento do pesquisador Tentativa de se manter distante do fato pesquisado Envolvimento com o fenômeno estudado Objetivos da pesquisa Testagem de hipóteses Descrição e estabelecimento de correlações estatísticas e causais entre fatos Compreensão e explanação dos fenômenos Amostra escolhida Randômica e estatisticamente definida Proposital e intencional normalmente de pequena grandeza Instrumentos Experimentos Surveys Observação dirigida Questionários fechados Escalas Observação (participante ou não) Entrevistas individuais ou coletivas, fechadas ou abertas Testes psicológicos eventuais 49 MÉTODOS DE PESQUISa • CAPÍTULO 4 Característica Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa análise dos dados Uso de técnicas estatísticas análise de conteúdo análise de discurso Discussão dos resultados e conclusões Confirmação ou refutação das hipóteses previamente definidas generalização dos resultados e conclusões Interpretação simultânea à apresentação dos resultados Revisão das hipóteses, conceitos ou pressupostos Fonte: adaptado de Gerhrardt; Silveira, 2009. 3. Mista A pesquisa mista é uma pesquisa qualitativa-quantitativa, também conhecida como quali-quanti. Esta pesquisa tem como passo inicial o estudo por meio de dados estatísticos. O próximo passo é a análise do objeto de estudo de forma qualitativa, tentando explicar o porquê de o fato ter ocorrido. Exemplo: Em uma pesquisa com 500 alunos de uma instituição de ensino médio, constatou-se que durante determinado período, 40 alunos evadiram e que 40% destes alunos abandonaram os estudos em determinado ano. Esta foi uma pesquisa quantitativa. O pesquisador entrevistou os alunos evadidos e verificou que a maioria trabalha para ajudar a família. Dessa forma, o motivo principal para a elevação do índice de evasão escolar foi o fato de os alunos estudarem e trabalharem concomitantemente. Nesta parte da pesquisa foi realizado um estudo qualitativo. Sintetizando Neste capítulo apresentamos três métodos de pesquisa: qualitativo, quantitativo e misto, explicando cada um deles. Apresentamos, também, um quadro comparativo das características dos três métodos. 50 Introdução A primeira etapa para elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso é o desenvolvimento do anteprojeto. Neste capítulo, são apresentados todos os passos a serem seguidos ao elaborar um anteprojeto, descrevendo sua estrutura. Objetivos » Aplicar os conhecimentos acerca de pesquisa. » Discriminar e reconhecer os procedimentos metodológicos para a elaboração de um anteprojeto. Antes de começarmos a detalhar um anteprojeto, vamos recordar ou aprender o que é um anteprojeto. Anteprojeto é um documento com a indicação e descrição de todas as etapas que acontecerão para o desenvolvimento de uma pesquisa. Pode ser considerado um rascunho organizado a ser melhorado e aperfeiçoado e que no futuro se transformará no artigo para o seu TCC. 1. Desenvolvendo o anteprojeto Após escolher um tema de estudo, você irá detalhá-lo no seu anteprojeto! O primeiro passo é a definição do título do seu anteprojeto. Título do anteprojeto O título do seu anteprojeto deve ser conciso, objetivo, preciso e específico, já fornecendo a ideia do que será o estudo proposto. É importante que em poucas p a l a v ra s v o c ê s e j a c a p a z d e s i n t e t i z a r t o d o o e s c o p o d o e s t u d o p re t e n d i d o, 5 CAPÍTULO DESCrIçãO DaS ParTES DE UM anTEPrOJETO 51 DESCrIçãO DaS ParTES DE UM anTEPrOJETO • CAPÍTULO 5 i s t o é , especificar a finalidade! Lembre-se de que o título é um cartão de visitas para o seu trabalho. Você também pode colocar um subtítulo, precedido de dois pontos (:). Busque ler títulos e subtítulos em trabalhos ou artigos de eventos acadêmicos, pode ajudar na sua inspiração! 2. Estrutura do anteprojeto A estrutura do anteprojeto, quer seja artigo original (pesquisa empírica); pesquisa bibliográfica (revisão) ou estudo de caso (relato de caso), deverá ser composta, de uma forma geral, por: » introdução; » justificativa; » objetivos; » metodologia; » cronograma; » referências. Neste capítulo abordaremos as seguintes partes integrantes: introdução, justificativa, objetivos e metodologia. Introdução Nessa parte o autor apresenta o assunto sem emitir a sua posição acerca do tema, descrevendo seu propósito de estudo e abordando os aspectos relacionados à realidade do estudo. É uma sucinta apresentação do temário, como encontrou esse assunto e por que estudá-lo. atenção O título do seu trabalho poderá sofrer ajustes após iniciar a elaboração do seu TCC. 52 CAPÍTULO 5 • DESCrIçãO DaS ParTES DE UM anTEPrOJETO As ideias expostas devem ter sentido lógico, isto é, estarem ligadas entre si, em um contexto que tenha sentido. É necessário apresentar argumentos que indiquem a relevância do estudo proposto. Figura 22. vários recursos. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/11/06/08/43/accounting-3797761__340.jpg. Você deve iniciá-la elaborando uma pequena análise histórica ligada ao tema, seus antecedentes, informações e fatos pertinentes. Deve, também, indicar como o assunto evoluiu no tempo, visando despertar o interesse no estudo! Pode questionar o assunto, realizando indagações que sirvam para fundamentar o porquê da realização do estudo, indicando possíveis respostas. Justificativa Nessa parte deve-se escrever acerca de alguns “porquês”, destacando a relevância do tema no âmbito do seu campo de conhecimentos, bem como contextualizá-lo, inserindo-o em uma realidade atual, fazendo um pequeno histórico, justificando a necessidade do estudo, pertinência, impactos, relevância social e possíveis contribuições acadêmicas. Vale ressaltar, nessa escrita, a conexão do tema abordado com o estudo de alguns autores e descobertas recentes na área, para que seu texto tenha amparo e não pareça vazio. 53 DESCrIçãO DaS ParTES DE UM anTEPrOJETO • CAPÍTULO 5 Figura 23. Pesquisa em vários materiais. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/03/15/10/25/table-3227735_1280.jpg. Para que seu tema tenha l igação com o mundo externo, é conveniente fazer uma concisa revisão de literatura, citando apenas alguns autores e linhas que proporcionarão a base para o estudo, indicando algumas abordagens acerca do âmbito do tema. Dessa forma, é possível o enriquecimento do seu estudo, demonstrando ser significativo, importante, atual, pertinente e relevante. Objetivos Os objetivos nos mostram o para quê do estudo, ou seja, o que se quer atingir a partir do que está sendo estudado, investigado. atenção É bom não se esquecer de escrever um pouco sobre o vínculo existente do autor com o tema. Assim, demonstra seu interesse, além de motivar o leitor a ler o seu estudo. É a habilidade para convencer os outros sobre a importância de ler o desenvolvimento do seu estudo, demonstrando a singularidade de seu trabalho! Importante Em síntese, na justificativa deve constar: Por que o trabalho é importante? Que autores já escreveram sobre o assunto? Que impactos o tema tem na educação, na sociedade, nas tecnologias etc.? 54 CAPÍTULO 5 • DESCrIçãO DaS ParTES DE UM anTEPrOJETO A elaboração dos objetivos é a etapa norteadora do anteprojeto, pois visa esclarecer aonde se pretende chegar com o estudo, apresentando as metas a serem alcançadas ao final do trabalho. Devem ser definidos de forma clara, condensada e sucinta, para que sirvam de norteador para a organização do seu estudo, orientando-o de forma eficaz. Um objetivo pode ser: geral ou específico. Vamos conhecer cada um deles. » Objetivo geral: dimensão mais abrangente sobre o que se quer alcançar com o estudo, o resultado máximo que se pretende alcançar, apresentando a ideia central do trabalho. Delimita o
Compartilhar