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FACULDADE DE FARMÁCIA,ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM CURSO DE ENFERMAGEM DISCIPLINA: PRINCÍPIOS DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Docente: Celina Amalia Ramalho Galvão Lima Discentes: Carolina Chaves de Alexandrino Felipe Hugo Mesquita de Paula Giovanna de Oliveira Gildo Lara Thays Araújo Sousa Torres Lívia Mota Sousa Ludmilla Silva dos Santos Monalisa Dutra Barbosa Rafaelle Bezerra Colares Sara Araújo Bezerra EMPODERAMENTO DA ENFERMAGEM SOB UMA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA Fortaleza 2021 Origem do cuidado e história da enfermagem cristã e sua implicação nos dias de hoje - Nietzsche; A origem do cuidado teve como primeira forma de manifestação a proteção materna instintiva. A atividade de cuidar ou tomar conta de pessoas se confunde no tempo com o trabalho da mãe no cuidado e na nutrição dos filhos e de outras pessoas dependentes , como os idosos, os feridos ou doentes. Dessa forma, práticas de saúde, associadas ao trabalho feminino estariam a serviço da sobrevivência, pois os saberes relacionados ao ato de cuidar eram passados de mãe para filha, de geração para geração, de comunidade para comunidade. Com o advento do cristianismo, houve forte influência da igreja nas práticas de saúde, o cuidado dos enfermos, embora não fosse a única forma de caridade prestada, elevou-se a um plano superior, isto é, se converteu em uma vocação sagrada e passou a ser integrado por homens e mulheres cristãos e, assim, a enfermagem era reconhecida como um trabalho de Deus. Ademais, o cuidado ao enfermo era prestado por diáconos e diaconisas, que eram servos e tinham a enfermagem como uma forma de salvar sua alma, Havia grande preocupação com as virtudes morais, disciplina, caridade e com espírito de sacrifício, era necessário que seguisse a moral cristã, pois o cuidado prestado era considerado como o amor a Deus em ação, propiciando para aqueles que o praticavam o fortalecimento de caráter, a purificação da alma e um lugar garantido no céu, baseando no cumprimento do dever, no servir, no ceder, no cuidar e no amor ao próximo. As práticas em saúde tinham um caráter mais religioso do que assistencial ou curativo. Nessa perspectiva, o cuidado dos enfermos foi uma das muitas formas de caridade adotadas pela igreja e que se conjuga à história da enfermagem. Os ensinamentos de amar e de fraternidade transformaram não somente a sociedade, mas também o desenvolvimento da enfermagem, marcando, ideologicamente, a prática de cuidar do outro e modelando comportamentos que atendessem a esses ensinamentos. Nesse contexto, a enfermagem profissional sofreria influência direta destes ensinamentos, porém, com o passar do tempo, o que era só um cuidado começou a ganhar corpo, príncipios e a se tornar realmente uma profissão. Por volta do século XVI, a atividade era vista, na Europa, como uma profissão que já começava a se institucionalizar, principalmente a partir da Revolução Industrial, que é marcada pelo êxodo rural, com muitas pessoas migrando do campo para cidade, houve um crescimento urbano descontrolado que, por sua vez, aumentou o número de doenças contagiosas e acelerou as suas propagações. Urgia a necessidade de mais atenção à saúde pública. Então, o governo começou a assumir o controle dessa pasta, passando a criar órgãos específicos responsáveis para dar assistência médica à população. A profissão de enfermeiro começa a ganhar força com a atuação. O trabalho consistia em dar suporte durante as grandes guerras do período. Outro fator importante é que foi nesse período também que as primeiras escolas de Enfermagem foram inauguradas. E a enfermagem, por sua vez, se desvincula um pouco da religião. Passado o período de Guerras, se inicia a Era Moderna da Enfermagem e com ela o desenvolvimento da educação em Enfermagem no Brasil. Mais escolas são abertas, especialização criadas, conselhos, associações e sindicatos de classe organizados, entre outras https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial https://upis.br/blog/agronegocio/ https://upis.br/blog/enfermeiro/ medidas, e a própria profissão de enfermeiro é regulamentada. Outrossim, mudanças importantes na saúde, de um modo geral, também foram implementadas, dentre elas, a criação do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Sistema Único de Saúde (SUS). Por fim, vale salientar que temos Florence Nightingale, a qual fundou a enfermagem moderna, ressalta-se que a enfermagem profissional no mundo foi erigida a partir das bases científicas propostas por ela, que foi influenciada diretamente pela sua passagem nos locais onde se executava o cuidado de enfermagem leigo e fundamentado nos conceitos religiosos de caridade, amor ao próximo, doação, humildade, e também pelos preceitos de valorização do ambiente adequado para o cuidado. Florence desenvolveu o projeto da Escola de Enfermagem do Hospital de St. Thomas, em Londres. Alguns fundamentos da escola criada por Florence focam no atendimento aos pobres, ligação de escolas aos hospitais para treinamento e no ensino por equipe formada na área. Com isso, conclui-se que nessa era moderna da enfermagem, foi ela quem exerceu maior influência sobre a reforma da enfermagem no mundo, desenvolvendo com que profissionais saibam exercer a enfermagem ligando o saber científico ao cuidado humanizado. Inspirado por Schopenhauer, Nietzsche se insere como um dos filósofos mais importantes da Idade Contemporânea, vivendo de 1844 a 1900. Ele é conhecido por criticar a moral cristã, e também por analisar o pensamento religioso, o dualismo de bem e mal de sua época. A filosofia dele tenta responder uma pergunta: “Como podemos viver em um mundo sem algo (um Deus) que garanta que a vida tenha sentido?”. Nietzsche tenta, portanto, buscar um significado à vida, uma resposta não religiosa para o sentido das coisas, uma condição que ele chamou de niilismo – a crença de que nada tem sentido. Ele também é conhecido por influenciar os filósofos do século XX, como a psicanálise de Freud, o existencialismo de Sartre, a filosofia da linguagem de Wittgenstein e a fenomenologia de Husserl. Pode-se dizer que Nietzsche era materialista e que também afirmava a vida e observava as questões de moral e da verdade, buscando esses contrapontos em suas análises. Posto isso, tais reflexões sobre a moral cristã trazem à tona a origem e a história da Enfermagem, pois ela foi vista, por muito tempo, como puramente religiosa, uma profissão de caridade, o que se pode afirmar que não se aplica aos dias hodiernos, porém se pode associar aos valores que regem a profissão, os quais são relacionados à benevolência e a não-maleficência, por exemplo. No entanto, essa concepção, como dito, não condiz com a realidade, pois a assistência, enquanto ciência, configura-se como uma das profissões mais antigas do mundo, porém agora sistematizada, com autogestão e realidade multidisciplinar visando o bem estar do paciente. Além disso, a profissão de Enfermagem também requer condições de trabalho adequadas, bem como um salário digno, que reflita não só a complexidade dos processos profissionais, mas a profunda arte de cuidar da vida humana. Infelizmente, ao passo que a Enfermagem se consolida como ciência, as heranças religiosas ainda são fatores que influenciam na visão da sociedade sobre a profissão e muitas vezes, seja por desconhecimento ou senso comum, as pessoas indiretamente ou diretamente, qualificam-na como menos científica frente à outras profissões da área de saúde e mais caridosa, mais religiosa, o que se afirma que não se aplica, pelo menos não mais. Então, trouxe-se a visão de Nietzsche como forma de salientar uma postura crítica frente a esses pré-conceitos tão enraizados na sociedade em relação à profissão, de maneira a frisar o seu pensamento quando ele afirma que, para o cristianismo, há uma grande aposta em uma outra vida, em outro mundo, que desvaloriza, de certa forma, esta vida e o mundo presente, ressaltando características como o desprendimento e a própria caridade. A problemática se insere quandoessa situação está associada a uma profissão, a um ofício, o que, em uma sociedade em que se depende de salário, de boas condições e da própria sobrevivência, em uma realidade cada vez mais complicada, as conjunturas não são as mais favoráveis. No entanto, quando se trata de valores, de bondade, as concepções cristãs se tornam muito bem-vindas, mas elas não podem reger uma ocupação e também não podem colocar um piso salarial nesta. Relação do trabalho, interdependência e divisão do trabalho - Durkheim; David Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) foi um sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo francês. É citado como o homem que tornou a sociologia uma ciência e, junto com Karl Marx e Max Weber, é frequentemente citado como o principal criador da ciência social moderna e pai da sociologia. Em seus trabalhos ele estava dando notória atenção a forma como as sociedades poderiam manter sua integridade e coerência na modernidade, uma era em que os tradicionais laços sociais e religiosos não são mais assumidos e que novas instituições sociais têm surgido. Seu primeiro trabalho sociológico importante foi Da Divisão do Trabalho Social, livro publicado em 1893. Também teve um importante trabalho publicado em 1897, sua monografia seminal O Suicídio, um estudo sobre as taxas de suicídio em populações católicas e protestantes, uma investigação social moderna que serviu para distinguir a ciência social em relação à psicologia e à filosofia política. ❏ Da Divisão do Trabalho - Solidariedade Durkheim interpretou o vínculo social através dos conceitos de solidariedade orgânica e mecânica. A solidariedade segundo Durkheim é oriunda de dois tipos de consciência: a consciência coletiva (ou comum) e a consciência individual. Cada indivíduo possui uma consciência individual que sofre influência da consciência coletiva, que nada mais é que a combinação das consciências individuais de todos os homens ao mesmo tempo. A consciência coletiva seria responsável pela formação de nossos valores morais, e exerce uma pressão externa aos indivíduos no momento de suas escolhas. A soma da consciência individual com a consciência coletiva forma o ser social. Em seu livro Da Divisão do Trabalho Social, Durkheim define a evolução da solidariedade: as sociedades tradicionais passadas foram baseados na solidariedade mecânica, correspondendo às sociedades tradicionais, pré-capitalistas, marcadas por uma https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89pinal https://pt.wikipedia.org/wiki/15_de_abril https://pt.wikipedia.org/wiki/1858 https://pt.wikipedia.org/wiki/Paris https://pt.wikipedia.org/wiki/15_de_novembro https://pt.wikipedia.org/wiki/1917 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Antrop%C3%B3logo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cientista_pol%C3%ADtico https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_social https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia https://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_sociais homogeneidade social muito grande. Nelas, os indivíduos se parecem. As culturas tradicionais partilham de crenças e valores comuns, cujos controles e padrões morais são fornecidos pela religião, sendo fundadas no consenso, havendo pouco espaço para a divergência. Nessas culturas, vê-se uma baixa divisão de trabalho, diferente nas sociedades que começam a se industrializar e urbanizar. A harmonia é possível graças à semelhança de valores entre os indivíduos. O processo de transição para a industrialização e urbanização trouxe o colapso da solidariedade mecânica e, à medida que crescia a especialização das tarefas e a diferenciação social, uma nova solidariedade, nomeada de orgânica, se estabelece. A solidariedade orgânica, portanto, é própria da sociedade capitalista. Supõe uma complexidade social maior, em que os indivíduos são diferentes. Logo, chegamos na conclusão que dentro da Enfermagem, vivemos uma solidariedade orgânica, pois cada parte da equipe multiprofissional é muito importante para uma Unidade de Saúde e para que o cuidado seja efetivo, cada profissional exerce uma função que não pode ser substituída por outra, assim, fica evidente que deve haver trabalho em equipe e respeito. ❏ A divisão Social do Trabalho e a Superespecialização: Como mencionado, cada indivíduo possui uma função na estrutura social, essa divisão tem como um de seus produtos principais a capacidade de aumentar a produtividade, que está diretamente relacionada com a especialização que tem como produto final um aumento tanto da qualidade, quanto da produtividade. Inicialmente o trabalho é dividido com a função de promover atividades cotidianas, contudo outras divisões surgem como a divisão sexual do trabalho, a divisão capitalista do trabalho, a divisão internacional do trabalho, bem como a divisão social do trabalho. Traçando uma linha do tempo sobre essas divisões do trabalho, observa-se que no início o trabalho configurava-se com divisões sexuais e por idade, com o passar do tempo, a agricultura surge, causando o aprofundamento dessas divisões sexuais e uma secção entre o homem do gado e do agro, posteriormente, o comércio surge a partir da troca de produtos manufaturados por produtos agrícolas. Por fim, surge o capitalismo com suas diversas adaptações, especializações e segmentações do trabalhador A superespecialização é uma questão bastante discutida, principalmente pelos seus efeitos maléficos na área da saúde, que tem relação direta com a não criação de vínculos com o paciente, até um olhar segmentar do paciente, que, por um lado, pode ser interessante ao olhar sob um prisma de focar em um único problema, porém, países como EUA e Reino Unido, sinalizam que profissionais generalistas e com foco na atenção primária, são o futuro da saúde mundial. Alienação e questões salariais - Karl Marx ❏ Desafios trabalhistas da Enfermagem. A enfermagem possui uma grande atuação e importância sociológica, pois está inserida nos cuidados e na assistência em todos os âmbitos, estabelecimentos de saúde e ao longo de toda a vida de um indivíduo, desde o nascimento até o pós-morte. Portanto, a enfermagem é parte essencial para a prestação de uma assistência de qualidade em todo o país.Contudo, esta profissão ainda enfrenta muitos desafios, seja no campo da formação, do mercado de trabalho, como diante da sociedade, que necessitam de enfrentamento, buscando a valorização desses profissionais, os quais desempenham um papel fundamental à frente da saúde brasileira. Desse modo, os desafios enfrentados pela enfermagem na formação à serem enfrentados são, tanto o combate de cursos de baixa qualidade, que reduzem o nível de competência da profissão, como os muitos cursos sem a infraestrutura necessária, em modalidade de ensino à distância (EAD), além do descompasso entre oferta de cursos e a ausência de políticas públicas para a inclusão dos egressos no mercado de trabalho. Todos esses fatores levam à muitos outros problemas para a profissão, como a subestimação, a desvalorização, tanto salarial como em relação à própria ciência da profissão. Além disso, vemos na Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, de Machado (2017), que existem outros problemas na formação da enfermagem no Brasil, com a baixa taxa de qualificação, em que entre os enfermeiros, 4,7% são doutores, 14,5% são mestres e 72,8% têm Especialização; já entre os auxiliares e técnicos apenas 23% têm Especialização e 45,8% fizeram alguma atualização no decorrer de sua vida profissional. Além disso, 60% informaram que não fizeram nenhuma qualificação nos últimos 12 meses. Contudo, o desejo de se qualificar é um anseio do profissional de Enfermagem brasileiro, que busca melhorar sua posição no mercado de trabalho, demonstrado pelos dados da pesquisa de Machado (2017), em que 80,1% dos enfermeiros reportam ter feito cursos de pós-graduação, sendo a maioria (72,8%) na modalidade de Especialização, segundo dadosda Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil. A maioria, os quais são 78,1% dos trabalhadores de nível médio (técnicos e auxiliares), deseja cursar graduação e muitos já apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, com 22,8% reportando nível superior incompleto e 11,5% tendo concluído curso de graduação. Estes problemas e outros levam à outros desafios enfrentados pela enfermagem, desta vez no contexto do mercado de trabalho. Segundo Silva & Machado (2020), estes desafios são: situação de precarização do trabalho, em que 62,5% possuem salários de até 3 mil reais e 14,4% estão na condição de sub salários (igual ou inferior a mil reais), dados do setor público; além da ausência do piso salarial, que se apresenta como uma luta antiga e ainda não ganha pela categoria; jornada incompatível com o trabalho, sendo que 40,8% dos profissionais atuam mais de 40 horas no setor público, enquanto no setor privado, 38,5% se localizam nessa faixa, culminando em até 80 horas semanais, levando À sobrecarga desses profissionais e consequentemente à redução da qualidade da assistência; outra problemática é o desemprego aberto e estrutural, justificado pelo boom de escolas de enfermagem, causando um desequilíbrio entre oferta e demanda; há também a composição desigual dos profissionais da enfermagem no país, que possuem concentração urbana e regional, além de que 77% são técnicos e auxiliares, enquanto somente 23% são enfermeiros, o que gera desproporcionalidade na equipe de enfermagem e sobrecarga dos enfermeiros, em que, segundo Silva & Machado (2020), 65,9% declaram desgaste profissional; há ainda baixa qualidade de vida, justificada pelo aumento crescente de depressão, sedentarismo, obesidade, extremo cansaço, sentimento de desvalorização nesta classe de profissionais; a falta de infraestrutura de descanso, presente em menos de 50% dos estabelecimentos de saúde; e por final a alarmante violência , o qual na pesquisa de Machado (2017) uma parte significativa (52,8%) declara ser maltratada e desrespeitada pela população usuária, especialmente pelos familiares dos pacientes e 19,7% já sofreram violência física, psicológica ou institucional. Desse modo, destaca-se a necessidade do enfrentamento e resolução desses desafios, tanto por meio do envolvimento com os movimentos e órgãos de sindicalização, como por meio da parceria com os órgãos representativos da enfermagem, como os Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN), como com o órgão que promove o avanço científico da classe, a Associação Nacional de Enfermagem (ABEn). Todas essas iniciativas visam lutar pelos direitos sociais e trabalhistas da enfermagem, crescimento e progresso da categoria como ciência, visibilidade da profissão e respeito, mais que merecido, perante a sociedade, para que assim não haja só a melhora no trabalho e na vida desses profissionais, mas também para a otimização da assistência em saúde. ❏ Marx, Luta de classes, Mais-Valia e Alienação Karl Marx (1818-1883) Foi um prussiano muito importante para a sociologia, filosofia, economia e para outras áreas. Ele trouxe os conceitos de Mais-Valia, Alienação, Luta de classes. Foi o principal influenciador do comunismo com sua teoria marxista. Marx cria os conceitos de proletariado e burguesia, que movem outro maior, chamado de luta de classes. Na luta de classes há um constante movimento entre essas duas peças, que são o proletariado e a burguesia, as quais estão sempre tentando superar uma à outra. Na verdade, o proletariado é que tenta essa superação, visto que a burguesia está sempre no topo dessa pirâmide e é quem explora o proletariado através dos meios de produção. Na mais valia, o valor pago pela produção de mercadorias e o valor que essa mercadoria vale no mercado são diferentes, ou seja, quando usa a força de trabalho do proletariado, a burguesia gera mais valor que o necessário para remunerar por esse trabalho. Assim, a burguesia fica cada vez mais rica através da exploração do proletariado. E isso gera uma desigualdade social enorme. Assim, o proletariado busca constantemente superar essa desigualdade, fazendo com que haja sempre essa luta de classes, como afirma Marx Para Marx, ao invés de realizar o homem, o trabalho o escraviza, ao invés de o humanizar, o trabalho o desumaniza. Sua vida passa a se medir pelo que ele possui e não pelo que ele é. Marx cita a alienação religiosa e estatal, nas quais o homem, ao invés de tornar-se livre, cada vez mais se aprisiona. Mas a alienação básica na sua concepção é a econômica, que faz com que haja a separação do trabalho em todas as suas instâncias, alienando o trabalhador, que não se reconhece mais em uma atividade e que desenvolve apenas uma de suas habilidades, visto que é encarregado de fazer apenas uma parte do produto final. Além disso, o trabalhador gera o acúmulo de riqueza apenas a uma minoria, seus chefes, a burguesia. Dessa forma, o trabalhador não reconhece mais seu trabalho e não se dá conta da exploração a qual é submetido. Assim, a divisão de trabalho e a acumulação de capital formam a base da sociedade capitalista e são as fontes de alienação moderna e é por meio dessas que se constitui um sistema de dominação. ❏ Marx e a Enfermagem É importante ressaltar que os conceitos de Alienação e Mais-valia infelizmente estão presentes na atual situação trabalhista da Enfermagem, que muitas vezes trabalha em uma jornada de trabalho desgastante e exagerada, com um salário incompatível, com insalubridade e desrespeito, literalmente sendo explorada. A Enfermagem tem um histórico de lutas por reconhecimento trabalhista, bem como por qualificação profissional. O enfermeiro é muitas vezes menosprezado pela sociedade, que ainda o trata como inferior ao médico. No entanto, é justamente através da união da classe, por meio dos seus órgãos, que esse reconhecimento e essas melhorias são efetivados. As acusações de Marx ao sistema capitalista instiga à reflexão sobre a situação da enfermagem nesse sistema e como é possível lutar para a mudança. ❏ Importância das lutas sindicais e da atuação dos órgãos representativos Em primeiro plano, Segundo Souza, Mendes & Chaves (2020) Marx disserta sobre os diferentes tipos de trabalho e exploração, no qual a enfermagem se enquadra na terceira categoria, o qual nas palavras do sociólogo “A terceira categoria da superpopulação relativa, a estagnada, constitui parte do exército ativo de trabalhadores, mas com ocupação completamente irregular. Ela proporciona, assim, ao capital, um reservatório inesgotável de força de trabalho disponível. Sua condição de vida cai abaixo do nível normal médio da classe trabalhadora, é exatamente isso faz dela uma base ampla para certos ramos de exploração do capital ”, ou seja, a enfermagem se mostra como profissão explorada, em que muito serviço é oferecido, contudo com um retorno desproporcional ao trabalhador, que passa a ter sua qualidade de vida reduzida. Visto isso, a enfermagem necessita de representatividade perante a sociedade e órgãos que preocupam-se com suas lutas e melhorias trabalhistas, além do aumento da sua qualidade de vida. Contudo, existem barreiras que dificultam esse processo, como a valorização do assalariamento como “privilégio” do que a realidade do trabalho em si, que superestimação do assalariamento, apesar de desproporcional, justificado no perfil de profissionais com raízes na precarização do trabalho, negação dos direitos e informalidade, além da inexperiência em ações de resistência ou representação sindical, associado à valorização do emprego como ascensão social, e ainda a falsa consciência de que o fato do setor ser composto majoritariamente por mulheres significa que a categoria é submissa e dócil, que se trata apenas de uma visão machista da profissão, não esquecendo ainda da desinformação sobre seus direitos e como alcançá-los, que ainda se perpetua na profissão (SOUZA; MENDES & CHAVES, 2020). Desse modo, os sindicatos, COREN’s e a ABEn, devem agir em conjunto no intuito de: ● Regulamentar a profissão;● Lutar pelos direitos da categoria; ● Instruir os profissionais sobre seus direitos e de como lutar por eles; ● Proteção dos profissionais da enfermagem; ● Modificar a visão de que a enfermagem é caridade, mas sim ciência; ● Aumentar as oportunidades de qualificação profissional e crescimento da categoria no âmbito universitário; ● Dar visibilidade à categoria profissional. Cultura de massa e estigma da enfermagem - Guy Debord; Guy Debord, filósofo e cineasta francês, nasceu em 28 de dezembro de 1931 e ficou conhecido principalmente por sua obra A Sociedade do Espetáculo, publicada em 1967. Nessa obra, Debord desenvolveu a teoria contemporânea que dá nome ao livro para explicar o mundo após a Revolução Industrial, isto é, o mundo globalizado ligado à questão da imagem. Com essa globalização, sobretudo devido ao advento da Indústria Cultural, há o desenvolvimento de uma dominação ideológica das pessoas por meio do controle da imagem. Esse controle pela Indústria Cultural, conceito criado por Theodor Adorno e Max Horkheimer, compreende a produção cultural e artística como um produto do capitalismo que é feito em escala industrial e distribuída através de técnicas específicas de reprodutibilidade, tal qual um produto, fazendo com que se perca a autenticidade da obra. A Sociedade do Espetáculo tem suas origens no próprio capitalismo industrial, o qual é composto pela dominação midiática intensificada com os produtos da globalização: os meios de comunicação. Esses veículos de transmissão de informação e de conhecimento, a exemplo da televisão e do telefone, utilizou-se (e ainda utiliza-se) da propaganda repleta de diversas técnicas midiáticas, a chamada Era de dominação das imagens. Para Guy Debord, as imagens exercem um controle nas pessoas, uma vez que são dotadas de recursos audiovisuais e imagéticos, características responsáveis por tornar os indivíduos cada vez mais vulneráveis a todas e quaisquer informações. No entanto, por mais que a imagem seja a validação da realidade, segundo ele, em muitas situações não cabe apenas a imagem como “pagamento” e, em muitas situações a reprodução midiática não cabe de jeito nenhum. Isso causa, na sociedade, uma confusão entre a ficção e a realidade. Como exemplo disso a gente pode citar algumas notícias, como a que diz que profissionais de saúde do Distrito Federal fazem “gambiarra” para garantir o suprimento de oxigênio dos pacientes. Enquanto isso, pessoas da mídia se engajam em movimentos que não dão o devido reconhecimento à enfermagem, como o apresentador Luciano Huck, entre outras celebridades, que fez um vídeo aplaudindo os profissionais da saúde. O problema não se encontra no fato de a população se sentir à vontade com essa ação, mas que a prática da cidadania se encontre apenas nesse ato que demonstra, sim, empatia pelos enfermeiros e enfermeiras, mas não dá a eles e elas a devida importância. Aplaudir os profissionais de casa não é o mesmo que abraçar a luta da classe por condições dignas de trabalho. A exemplo disso, a gente tem outro caso, como o de servidores da maternidade Dona Regina que dizem estar cansados de improvisar por causa da falta de equipamentos de proteção individual. A sociedade precisa atuar mais ativamente ao invés de romantizar a situação chamando os profissionais de “guerreiros”. Acontece que eles não são guerreiros. Nós não estamos nos formando para sermos guerreiros. A profissão precisa da devida atenção por parte da sociedade civil e isso deve ser seguido pela mídia. Há muito tempo, o ambiente de trabalho da enfermagem é marcado por condições precárias e recursos insuficientes. Em situações como essas, o retorno midiático não chega aos pés do merecido. A pandemia potencializou os problemas enfrentados pela profissão, mas não se muda isso com panelaços, aplausos ou apenas amor. A enfermagem precisa de piso salarial digno, respeito e valorização, além de condições apropriadas de trabalho e isso não é fornecido por meio de postagens que reafirmam a crítica de Debord. O reconhecimento da profissão se faz necessário por meios legais, não apenas pela espetacularização da profissão. Questionamento de como aumentar esse empoderamento e pesquisa; O que é empoderar-se no âmbito da Enfermagem? É apropriar-se daquilo que é seu por direito, é ter a autonomia sobre suas atribuições exclusivas, é valorização de si como indivíduo, da equipe de enfermagem e da profissão num contexto mais geral. É, também, apropriar-se dos princípios éticos da Enfermagem: ❏ Beneficência/Benevolência ❏ Justiça ❏ Não-maleficência ❏ Fidelidade ❏ Veracidade ❏ Confidencialidade ❏ Autonomia É, além disso, ser fiel e cumprir o CEPE (Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem) - compreendendo a Resolução COFEN Nº 5642017 -, praticar os valores da profissão e entender a necessidade dos órgãos reguladores (conselhos, associações e sindicatos). Enfim, é válido ressaltar, também, duas formas de empoderamento, de acordo com o Artigo Empoderamento estrutural dos enfermeiros no ambiente hospitalar1. Na perspectiva do empoderamento estrutural: ❏ Planejar e buscar atingir metas organizacionais preestabelecidas; ❏ Buscar recursos e apoio para realizar esse planejamento; ❏ Sempre se atualizar dentro da sua área, por meio de capacitações, cursos, congressos e etc; ❏ Troca de “feedbacks” entre colegas de trabalho e superiores em relação a, incessante, busca pela aprendizagem. Já sob o olhar do empoderamento psicológico: ❏ Buscar aplicar táticas de motivação para que a equipe se sinta valorizada; ❏ Demonstrar e reconhecer quando os profissionais estiverem se saindo bem no seu ofício; ❏ Autocuidado. Combater relações destrutivas no ambiente de trabalho se faz necessário para que o ambiente esteja favorável para as boas relações, assim, viabilizando, o empoderamento de se instaurar. Ademais, com o objetivo de elucidar com mais propriedade, foi feita uma breve pesquisa no Google Forms. Os resultados serão apresentados durante a apresentação oral do seminário. Referências Bibliográficas: 1. Allan, Kenneth; Allan, Kenneth D. (2005). Explorations in Classical Sociological Theory: Seeing the Social World. Thousand Oaks: Pine Forge Press. p. 104. ISBN 978-1-4129-0572-5. 2. Calhoun, Craig J. (2002). Classical sociological theory (em inglês). [S.l.]: Wiley-Blackwell. p. 107. ISBN 978-0-631-21348-2. https://pt.wikipedia.org/wiki/International_Standard_Book_Number https://pt.wikipedia.org/wiki/Especial:Fontes_de_livros/978-1-4129-0572-5 http://books.google.com/books?id=6mq-H3EcUx8C&pg=PA103 https://pt.wikipedia.org/wiki/International_Standard_Book_Number https://pt.wikipedia.org/wiki/Especial:Fontes_de_livros/978-0-631-21348-2 3. CELEPAR. Contribuições de Émile Durkheim - Disciplina - Sociologia. Pr.gov.br. Disponível em: <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=16 7#solidariedade_social>. Acesso em: 24 Mar. 2021. 4. DURKHEIM, Émile. De la division del trabajo social. Uruguay: Shapire Editor, 1967. TIRYAKIAN, Edward A. O trabalho em Èmile Durkheim. In: MERCURE, D.; SPURK, J. (Orgs.). O trabalho na história do pensamento ocidental. Petrópolis (RJ): Vozes, 2005, p. 215-234. 5. Kim, Sung Ho (2007). "Max Weber". 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