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História da Ciência e da Técnica

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Prévia do material em texto

História da Ciência e 
da Técnica
Patrícia Albano Maia
Revisada por Fabio Fetz de Almeida (setembro/2012)
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de História da Ciência e 
da Técnica, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmi-
co e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) 
alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 hISTóRIA E cIêNcIA - hISTóRIA DA cIêNcIA: DEFINIÇõES .............................. 7
1.1 A Crise da História da Ciência .....................................................................................................................................8
1.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................11
1.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................12
2 NOVA hISTóRIA cULTURAL: hISTóRIA DA cIêNcIA ................................................. 13
2.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................15
2.2 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................16
3 cIêNcIA E TÉcNIcA ............................................................................................................................ 17
3.1 A Técnica Faz Progredir a Ciência ...........................................................................................................................18
3.2 A Ciência Faz Progredir a Técnica ...........................................................................................................................20
3.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................22
3.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................22
4 INTERcÂMBIOS cIENTÍFIcOS ..................................................................................................... 23
4.1 A Ciência na Antiguidade ..........................................................................................................................................23
4.2 A Ciência na Idade Média ..........................................................................................................................................26
4.3 A Ciência na Idade Moderna ....................................................................................................................................27
4.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................31
4.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................32
5 cONSIDERAÇõES FINAIS ............................................................................................................... 33
RESPOSTAS cOMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 35
REFERêNcIAS ............................................................................................................................................. 37
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
O texto a seguir faz parte do elenco de disciplinas oferecidas no 9º módulo do curso de licenciatura 
plena em História.
Este material é o texto básico elaborado para a disciplina História da Ciência e da Técnica e nele 
você encontrará todo o conteúdo que será discutido ao longo do curso.
Esta disciplina pretende familiarizar o(a) aluno(a) com a multiplicidade de interpretações históricas, 
a partir de uma historiografia multifacetada e pluridisciplinar, recorrendo-se à historiografia clássica e às 
novas tendências das pesquisas de cunho histórico, privilegiando a análise reflexiva e crítica.
Visa ainda a romper com as interpretações tradicionalistas de cunho puramente factível e de me-
morização.
Buscaremos chegar a um conceito de História da Ciência. Faremos a relação entre história cultural 
e História da Ciência. Discutiremos a relação entre conhecimento científico e técnica. Por fim, veremos os 
intercâmbios científicos que ocorreram desde a Antiguidade até os dias de hoje.
Iniciaremos nosso curso discutindo os conceitos de Ciência, História e História da Ciência. Depois, 
faremos um breve histórico da História da Ciência, desde seu nascimento até os dias de hoje. Apresenta-
remos a relação entre ciência e técnica. Finalizaremos o curso vendo os intercâmbios científicos desde a 
Antiguidade até a época moderna.
Ao final da apostila, você encontrará a seção “Para saber mais”; nela, estão indicados filmes, peças 
de teatro, literatura e fontes iconográficas que tratam do tema “ciência”. Essas indicações podem se tornar 
fonte de pesquisa para os que se interessarem pelo tema ou informações complementares para os que 
quiserem ampliar seus conhecimentos sobre o tema “ciência” no desenrolar da história da humanidade.
Creio que, ao finalizar a leitura desta apostila, você terá um panorama do que é a História da Ciência 
e da técnica e poderá escolher qual modelo mais lhe agrada.
Finalmente, desejo que você faça um ótimo módulo, que estude e aprofunde seu conhecimento.
Eu e toda a equipe da Unisa Digital estamos à disposição para o que se fizer necessário.
Com os melhores cumprimentos,
Patrícia Albano Maia
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7
hISTóRIA E cIêNcIA - hISTóRIA
DA cIêNcIA: DEFINIÇõES1 
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, você ficará sabendo que, 
para chegar ao conceito de História da Ciência, 
não basta juntar os conceitos de História e Ciên-
cia. Estudará as mudanças pelas quais passou a 
História da Ciência desde a sua criação até nossos 
dias.
Qualquer pessoa que tenha cursado a edu-
cação básica imagina que tenha condição de sa-
ber o que estuda a História da Ciência. Por intui-
ção, essa pessoa entende ou tem um conceito de 
ciência. Segundo Alfonso-Goldfarb (2004), se a 
pessoa escuta a frase: a cura para tal doença está 
sendo cientificamente estudada, ela intui que 
estão tentando chegar à cura dessa doença por 
meio de estudos sérios e objetivos.
O mesmo acontece com o vocábulo “histó-
ria”; por intuição, essa pessoa sabe que se trata 
de algo que aconteceu no passado. Para Alfonso-
-Goldfarb (2004), mesmo que a pessoa confunda 
Alexandre Magno com Carlos Magno, ela sabe 
que são personagens que existiram deverdade e 
que, portanto, não são personagens de ficção.
O problema é que, por meio da intuição do 
que é ciência e do que é história, não se chega ao 
que seria o mais óbvio: à definição de História da 
Ciência. Segundo Alfonso-Goldfarb (2004), não é 
suficiente juntar conceitos de História e Ciência 
para chegar à definição de História da Ciência. E 
isso ocorre apenas porque a união ou a combi-
nação de duas coisas diferentes quase sempre 
faz surgir uma terceira coisa, com características 
próprias, mesmo assemelhando-se com as que 
lhe deram origem. Isso vale, por exemplo, para o 
caso de você, sua mãe e seu pai e, também, para 
a união de teorias. Porém, no caso da História da 
Ciência, isso é um pouco mais complicado, pois 
a História da Ciência nasceu no interior da Ciên-
cia e tinha como objetivo responder a problemas 
relacionados à epistemologia. Sendo assim, no 
momento em que a História da Ciência foi criada, 
ela era essa união de História + Ciência; hoje em 
dia, não é mais desse modo. Vejamos, a seguir, o 
que outros estudiosos da História da Ciência têm 
a nos dizer a respeito dessa expressão.
Para Acot (2001, p. 9), 
a expressão ‘história das ciências’ pode 
ser entendida de duas maneiras: num pri-
meiro sentido, significa o desenvolvimen-
to de determinadas ciências na história. 
Esta história das ciências trata do desen-
volvimento, no passado da matemática, 
da física, da biologia, etc. [...] Num se-
gundo sentido, a expressão ‘história das 
ciências’ remete para a própria disciplina 
e para os problemas filosóficos e episte-
mológicos que se levantam, quando ten-
tamos realizar estas histórias sectoriais. 
Se você analisar bem, verá que os dois con-
ceitos não são estranhos um ao outro. Conforme 
nos ensina Acot (2001), a função da História da 
Ciência é auxiliar pesquisadores modernos a ul-
trapassarem dificuldades semelhantes às que fo-
ram vividas por pesquisadores do passado.
Já Dominique Pestre (1996) diz que, a partir 
do final do século XX, ciência passou a ter várias 
definições e que o objeto da História da Ciência 
modifica-se conforme o conceito de ciência que 
se utiliza. Ainda para esse autor, hoje, a visão mais 
aceita de História da Ciência é a que promove um 
tratamento histórico das ciências. Os estudos que 
seguem essa vertente buscam realizar uma aná-
lise crítica da produção de saberes científicos, ou 
Patrícia Albano Maia
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8
seja, as produções científicas são tratadas como 
sistemas de proposições e ações, como explica-
ções do mundo construídas em determinadas so-
ciedades e em determinadas épocas pelos seres 
humanos. O papel do historiador seria, portanto, 
o de decodificar e descrever cosmologias, colocar 
em evidência as condições culturais, políticas e 
sociais que permitiram a criação das cosmologias.
Repare que as visões de Acot (2001) e Pestre 
(1996) são bem distintas. A concepção do segun-
do é a mais aceita por historiadores de um modo 
geral. A visão de Acot (2001) é mais aceita apenas 
entre aqueles que fazem histórias das disciplinas, 
mas que não são historiadores de formação, ou 
seja, são físicos, químicos, matemáticos, médicos 
etc., que escrevem histórias edificantes de suas 
áreas de atuação e formação.
Você deve estar se perguntando: mas, afinal, 
o que é dar um tratamento histórico às ciências? 
É entender a ciência e o conhecimento científico 
como produções humanas inseridas nas socieda-
des, ou seja, Einstein desenvolveu a Teoria da Re-
latividade porque ele vivia em um ambiente que 
possibilitava o estudo e a pesquisa. Se ele vivesse 
na mesma época, mas na região do Pantanal bra-
sileiro, ele não teria desenvolvido tal teoria. Essa 
forma de interpretar a produção científica enten-
de que, para compreender a criação ou desen-
volvimento da ciência, é mais importante o meio 
em que esta foi produzida do que o próprio gênio 
criador.
Ainda para Pestre (1996, p. 9), a explicação 
dada por um historiador da ciência deveria ser
uma explicação histórica cuja função se-
ria harmonizar o cosmológico e o social, 
o científico e o contextual, dar conta do 
conteúdo das ciências pelo seu continen-
te, sendo que seu enfoque trataria das 
produções científicas igualmente a todas 
as outras produções culturais geradas pe-
los humanos.
Até chegar a essa proposta de Pestre (1996), 
a História da Ciência teve que percorrer um longo 
caminho. Vejamos, a seguir, qual foi essa trajetó-
ria.
AtençãoAtenção
A visão mais aceita de História da Ciência é a que 
promove um tratamento histórico das ciências.
1.1 A Crise da História da Ciência
A partir de meados dos anos 1970, a História 
da Ciência aproximou-se da História, incorporan-
do métodos e procedimentos do historiador, mas, 
quando isso aconteceu, a área de conhecimento 
“História da Ciência” já estava bem consolidada 
como algo distinto da História. Quem produzia, 
até então, História da Ciência fazia sem se valer 
dos métodos do historiador.
Vejamos o que aconteceu com a História da 
Ciência depois que ela se chegou à História, no 
último quartel do século XX. A partir desse mo-
mento, surgiu um novo modo de se produzir His-
tória da Ciência; eu chamo essa aproximação da 
História da Ciência com a História, ou esse novo 
modo de produzir História da Ciência, de a crise 
da História da Ciência, pois tal encontro só ocor-
reu porque o modo como se produzia História da 
Ciência precisou ser repensado, assim como ocor-
reu com a História um pouco antes; aliás, quase 
todas as ciências humanas passaram por uma cri-
se, que redefiniu seus métodos e conceitos, em 
algum momento do século XX.
A História da Ciência ficou muito tempo 
como uma estranha no ninho do fazer histórico, 
pois, apesar de esse ramo do conhecimento se 
chamar História, ele não partilhava dos mesmos 
métodos e procedimentos do historiador. Depois 
que foi assimilando e adaptando os elementos 
da História aos seus objetivos, também passou a 
combinar ao seu novo modo de proceder concei-
História da Ciência e da Técnica
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
9
tos e métodos da Antropologia, da Filosofia, da 
Sociologia e de outras ciências humanas. A entra-
da desses novos modos de produzir conhecimen-
to deu uma nova cor à História da Ciência.
O resultado desses encontros é que, hoje, 
temos uma História da Ciência complexa e mul-
tifacetada. Criou-se, assim, um novo campo de 
pesquisa, que está em constante diálogo com as 
demais áreas de conhecimento, que empresta-
ram seus conceitos, métodos e procedimentos à 
História da Ciência.
Já foi dito anteriormente que a História da 
Ciência precisou criar um novo modo de produzir 
seu discurso; mas por que isso ocorreu? Para che-
garmos a uma resposta, será necessário contar a 
história da própria disciplina.
Ciência e conhecimento científico sempre 
existiram, desde a Pré-história até os dias de hoje. 
Porém, antes da chamada Revolução Científica, 
o conhecimento científico não era produzido se-
guindo os mesmos critérios de hoje; aliás, nem 
as áreas de conhecimento eram divididas como 
atualmente, ou seja, não existiam a Física, a Geo-
grafia, a História, a Astronomia, a Química etc. 
Todos esses ramos do conhecimento existiam e 
eram estudados por homens que se dedicavam 
a explicar o mundo no qual estavam inseridos, 
mas não estavam separados entre si como faze-
mos hoje. A partir do momento que costumamos 
chamar de Revolução Científica, entre os sécu-
los XVI e XVII, o conhecimento científico recebeu 
vários nomes: filosofia natural, magia universal, 
nova ciência, filosofia experimental. Nesse mo-
mento, a ciência moderna estava nascendo e ha-
via um debate muito grande sobre o que ou quais 
seriam seus pontos de apoio, seus temas princi-
pais. Foi exatamente nesse momento que nasceu 
o ramo do conhecimento “História da Ciência”; as-
sim como a Ciência, a História da Ciência também 
estava criando o caminho que iria seguir.
Alguns cientistas achavam que o conheci-
mento científico deveria voltar-separa o conhe-
cimento clássico. Outros achavam que os conhe-
cimentos do passado deveriam ser deixados de 
lado e que os cientistas deveriam partir da estaca 
zero e ouvir da própria natureza o que ela queria 
contar.
Por exemplo, alguns achavam que a Ciên-
cia deveria retomar os conhecimentos 
clássicos. Aqueles que surgiram na Grécia 
Clássica – por pensadores que vão de Ta-
les de Mileto e Aristóteles – e passaram 
para a civilização helenística e o mundo 
romano (daí que alguns estudiosos cha-
mem esse período de clássico Greco-ro-
mano). Já outros pensavam que o melhor 
seria acabar com os conhecimentos clás-
sicos, começar da estaca zero e ouvir da 
própria natureza o que ela teria a contar. 
(ALFONSO-GOLDFARB, 2004, p. 10).
Essas duas posições representam os dois ex-
tremos de visões sobre o caminho a ser seguido 
pela produção do conhecimento científico. Entre 
elas, houve uma série de opiniões intermediárias. 
Isso mostra que o nascimento da Ciência moder-
na não foi tranquilo; existiram vários debates, 
nos quais cada visão ou corrente de pensamento 
queria se impor sobre as demais e fazer valer sua 
visão de Ciência.
A História da Ciência nasceu durante esse 
período de indefinições e intenso debate sobre 
o que é conhecimento científico. Ela surgiu como 
uma justificativa utilizada pelas várias correntes 
durante os debates sobre os caminhos a serem 
seguidos pela Ciência que estava se constituin-
do; sendo assim, a História da Ciência apresenta 
em sua formação as características do debate da 
época.
Como se pode notar, a História da Ciência 
nasceu ligada à própria ideia de ciência que es-
tava se formando durante os séculos XVI e XVII. 
Ela nasceu como uma justificativa da ciência, que 
também estava nascendo, e tem, desse modo, 
um perfil cada vez mais próximo da ciência pro-
priamente dita do que da História.
DicionárioDicionário
Revolução Científica: é o período que se dá a partir 
de quando Galileu, Kepler, entre outros pensado-
res do século XVII, iniciam suas descobertas.
Patrícia Albano Maia
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
10
Entre os séculos XVIII e XIX, o debate sobre 
o que é ciência vai chegando ao final e vai ficando 
cada vez mais nítido o que é ciência, pelo menos 
o que o século XX chama de Ciência.
No século XIX, o termo “ciência” passa a ter 
o sentido moderno, principalmente após o Posi-
tivismo. A partir dessa época, a palavra “cientista” 
passa a designar aqueles que se dedicam a um 
tipo específico de estudo. Não se confunde mais 
filósofo com cientista. A ciência, nesse momen-
to, já tinha um objetivo na sociedade; ela ditava 
mudanças nos currículos escolares e determinava 
o desenvolvimento dos países. Ela não precisava 
mais ser justificada e significava o futuro. Quem 
dominava a ciência tinha mais poder do que os 
que não produziam conhecimento científico; isso 
valia tanto para pessoas quanto para nações.
Do século XIX em diante, a História da Ciên-
cia tornou-se uma espécie de crônica interna da 
ciência. Essa forma de produção do discurso ser-
via de exemplo a ser seguido por aqueles que se 
dedicavam à ciência. A História da Ciência servia 
de exemplo edificante aos estudantes e de orgu-
lho para os mestres. Mas, como a ciência era o fu-
turo, esse passado edificante foi ficando cada vez 
mais para trás, tornando-se uma espécie de enfei-
te da ciência; sendo assim, a História da Ciência 
foi perdendo o interesse daqueles que se dedica-
vam à ciência.
A História da Ciência, sempre ligada à 
Ciência, passa também por transforma-
ção. Novamente ela não será uma forma 
de História, mas uma crônica interna a 
Ciência. Essa espécie de crônica serviria 
para ajudar os mestres que ensinavam 
Ciência, tanto por meio de livros quanto 
ao vivo, a dar exemplos edificantes do 
que fora certo e do que fora errado no 
desenvolvimento da Ciência. E certo era 
tudo aquilo que se transformara na Ciên-
cia daquele momento; errado, tudo aqui-
lo que atrapalhou a Ciência para chegar 
àquele estágio e, portanto, deveria ser 
evitado, ou no mínimo esquecido. (AL-
FONSO-GOLBFARB, 2004, p. 12).
A História da Ciência foi um exemplo edifi-
cante para os aprendizes e causa de altivez para 
os cientistas. Através dela, foi possível conhecer 
e difundir como a Ciência foi vitoriosa em muitas 
disputas contra a ignorância, o misticismo e a re-
ligião. Lembre-se de que, nesse período, a Ciência 
era vista como o futuro; esse passado prestigioso 
foi ficando cada vez mais para trás. Como se fosse 
um adorno que glorificava o passado, a História 
da Ciência foi se transformando em algo com pe-
quena importância para quem quisesse aprender 
e produzir ciência de verdade.
No século XX, a ciência passou por mais 
uma modificação; se, no século XIX, ela era vista 
como o futuro do planeta, no século XX, ela pas-
sou a ser a responsável pelas mazelas pelas quais 
a sociedade estava passando, como, por exemplo, 
guerras mais destrutivas e poluição. Sendo assim, 
era necessário fazer uma crítica, uma revisão do 
conhecimento científico. Apesar do lado negativo 
da Ciência que passou a ser mostrado à comuni-
dade não científica, a ciência não deixou de ter 
um papel importante na melhora da qualidade de 
vida da população; veja, por exemplo, as pesqui-
sas feitas na área da saúde e da agricultura. O que 
se mostrou sobre a Ciência nesse período é que 
ela tinha dois lados, ou seja, a mesma Ciência que 
produzia melhoras na qualidade de vida também 
podia destruir a vida. A partir dessa perspectiva, 
a ciência deixou de ser vista como um deus que 
nunca erra, para ser vista como algo que, no de-
correr de seu percurso, pode errar; errar aqui deve 
ser entendido como algo que não leva à melhora 
na qualidade de vida da humanidade. Essa nova 
visão que se passou a ter da Ciência fez com que 
fosse necessária uma crítica, uma revisão dos mé-
todos, procedimentos e critérios da Ciência.
Criticar é empregado aqui como analisar os 
critérios (normas, regras, princípios) de alguma 
coisa. Se esses critérios tiverem problemas, incluir 
Assista ao filme Madame Curie. Direção de 
MervynLeRoy. EUA, 1943 (DVD 1999). 124 min.
MultimídiaMultimídia
História da Ciência e da Técnica
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
11
sugestões para modificar. Criticar não é pichar 
algo com o qual não se concorda. Desse modo, a 
área de estudo mais instrumentalizada para fazer 
essa crítica era a História da Ciência, pois, tendo 
nascido e convivido durante todo o tempo no in-
terior da própria Ciência, sabia, como nenhuma 
outra área de conhecimento, os processos inter-
nos dela.
Para que a História da Ciência assumisse 
o papel que estavam lhe atribuindo, era preciso 
que ela incorporasse os métodos e procedimen-
tos da História, assumindo, desse modo, sua di-
mensão histórica, e pudesse fazer sua crítica ao 
processo percorrido pela Ciência. Por meio da 
análise feita pela História da Ciência, foi possí-
vel compreender problemas, falhas e avanços 
da Ciência que haviam ficados esquecidos “pela 
aparente continuidade do progresso científico” 
(ALFONSO-GOLDFARB, 2004, p. 13), ou seja, aqui-
lo que não era contado pela História da Ciência 
edificante, pois não era nem um grande feito, que 
deveria ser enaltecido, nem um erro, que deve-
ria ser apagado. Isso, que faz parte do cotidiano 
da pesquisa científica, foi recuperado e ajudou 
a explicar os caminhos que foram escolhidos no 
desenvolvimento da ciência, ou seja, esse resgate 
transformou o desenvolvimento científico em um 
processo, deu inteligibilidade ao percurso científi-
co. A História da Ciência deixou de apenas contar 
os grandes feitos e passou a tentar entender por 
que a Ciência era tal e qual se apresentava.
Essa nova abordagem da História da Ciência 
recuperou para a Ciência seu papel de conheci-
mento cultural, ou seja, mostrou que o conheci-
mento científico foi, é e será sempre construído 
pelo homem. Desse modo, a Ciência passou a ser 
vista como algo humano e não sobrenatural; que 
os avanços que ocorreram,ocorrem e ocorrerão 
na melhora da qualidade de vida da população 
dependem de um trabalho contínuo e coletivo 
de cientistas de todos os países e não dependem 
apenas de gênios, que do nada criam suas des-
cobertas. O trabalho científico sempre parte do 
trabalho que foi realizado por outro cientista.
A História da Ciência que surgiu por volta 
de meados dos anos 1970 ajudou a apagar a ima-
gem da Ciência como um processo de grandes 
descobertas de grandes gênios que pairam acima 
da capacidade dos pobres mortais.
Para finalizar este capítulo, gostaria de en-
fatizar que a História da Ciência resgatou para a 
Ciência seu papel de conhecimento produzido 
pela cultura humana, ou seja, transformou a Ciên-
cia em algo cultural e não em um saber absoluto. 
No próximo capítulo, ver-se-á em mais detalhes o 
lado cultural da História da Ciência.
1.2 Resumo do Capítulo
Neste capítulo, você pôde acompanhar que a História da Ciência surgiu em um período de debates 
e de profundas indefinições sobre o que era o conhecimento científico durante os séculos XVI e XVII. Do 
século XIX em diante, a História da Ciência tornou-se uma espécie de crônica interna da ciência e, no 
século XX, ela assumiu uma dimensão histórica, possibilitando a realização de críticas ao processo per-
corrido pela ciência.
A partir dessa transformação, a História da Ciência procurou compreender qual o papel ocupado 
pela Ciência em cada contexto histórico e o reconhecimento de que ela é resultado da ação humana e, 
portanto, é cultural, e não um saber absoluto.
Patrícia Albano Maia
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
12
1.3 Atividades Propostas
Prezado(a) aluno(a), agora vamos verificar o seu aprendizado. 
Responda às questões a seguir:
1. A partir de 1970, houve alguma mudança no modo de se produzir a História da Ciência? Que 
modificação foi essa?
2. O que é a Revolução Científica?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
13
NOVA hISTóRIA cULTURAL:
hISTóRIA DA cIêNcIA2 
Caro(a) aluno(a),
No capítulo anterior, você ficou sabendo 
que a História da Ciência passou a ver a Ciência 
como algo cultural; neste capítulo, você estudará 
o processo que transformou a História da Ciência 
edificante em História Cultural.
Já foi visto que as transformações na ma-
neira de a sociedade se relacionar com a ciência 
fizeram com que esta repensasse sua forma de 
atuação na sociedade na qual está inserida. Nes-
se momento, a História da Ciência foi chamada 
para participar desse repensar da prática cientí-
fica. Para que pudesse cumprir esse objetivo, foi 
necessário que ela passasse a utilizar os métodos 
e procedimentos do historiador, ou seja, ao invés 
de ficar narrando crônicas sobre as diversas áreas 
do conhecimento, era preciso que ela passasse a 
questionar o papel desempenhado pela ciência 
na sociedade. A partir desse momento, a Histó-
ria da Ciência passou a perceber a ciência como 
uma criação humana, que produzia coisas boas e 
coisas más, que a ciência não era um deus todo-
-poderoso que não podia ser questionado.
Como se disse anteriormente, a partir de 
meados dos anos 1970 e início dos anos 1980, a 
História da Ciência conheceu um grande modifi-
cação. Segundo alguns historiadores, como Do-
minique Pestre (1996), ela teria passado por uma 
profunda renovação; mais precisamente, conhe-
ceu uma inflexão que encontra suas origens nas 
abordagens contestatórias desenvolvidas a partir 
dos anos 1970 e que visa a redefinir a natureza 
das práticas científicas. Tais abordagens foram o 
resultado do trabalho de um grupo que atuou de 
maneira bastante coordenada até a metade dos 
anos 1980, grupo esse formado por jovens so-
ciólogos, antropólogos, filósofos e historiadores, 
cujo núcleo foi principalmente inglês. Um grande 
grupo norte-americano a ele se juntou nos anos 
1990 e Michel Callon, Bruno Latour, Karin Knorr-
-Cetina, entre outros, contribuíram para lhe con-
ferir um sabor continental. Durante um período, 
a revista Social Studies of Science foi o ponto de 
união do grupo.
Para Pestre (1996), nos últimos anos, a de-
finição de Ciência que esse grupo oferecera, ou 
melhor, o conjunto de proposições que ele arti-
culara a respeito do que seriam as práticas cientí-
ficas, formou um quadro de referência novo para 
numerosos historiadores. Tendo sido o objeto da 
investigação (a Ciência) radicalmente definido, 
novas maneiras de abordá-lo surgiram, objetos 
diferentemente recortados apareceram, novas 
questões legítimas apareceram. Num certo sen-
tido, guardadas as devidas proporções para uma 
disciplina de menor amplitude, a História da Ciên-
cia se encontra hoje numa posição similar àquela 
que prevaleceu nos anos 1930 para a História em 
seu conjunto.
Seja porque Marc Bloch, Lucien Fèbvre e 
outros redefiniram o que eram os objetos 
legítimos da disciplina, seja porque pro-
punham submeter a seu domínio uma 
gama de atividades até então mantidas 
fora de sua jurisdição, seja ainda porque 
anexavam outras práticas disciplinares, 
eles abriram espaço novo a conquistar, 
ofereciam á sagacidade do historiador a 
possibilidade de historicizar práticas até 
então não consideradas por ele. (PESTRE, 
1996, p. 5).
DicionárioDicionário
Social Studies of Science: Estudos Sociais da Ciência.
Patrícia Albano Maia
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14
As transformações que esse período da Es-
cola dos Annales tem para a disciplina História, 
por analogia, podem ser comparadas com as mo-
dificações propostas pelo grupo da Revista Social 
Studies of Science para a História da Ciência.
O novo quadro de referências proposto pe-
los estudiosos da Social Studies of Science entrou 
amplamente no meio dos historiadores da ciên-
cia dos Estados Unidos e, sobretudo, da Ingla-
terra, os dois principais focos dinamizadores da 
História da Ciência. Novas revistas, como a Scien-
ce in Context, foram criadas com o objetivo de di-
fundir e aumentar ainda mais o debate que vinha 
sendo feito pela Revista Social Studies of Science. 
No caso inglês, o debate provocado pelo grupo 
de pesquisadores ligado tanto à Social Studies of 
Science quanto à Science in Context promoveu 
um encontro com grandes nomes da historio-
grafia, como Christopher Hill, Eric Hobsbawn, E. P. 
Thompson e outros, conduzindo ao surgimento 
de novos laços intelectuais e institucionais com o 
meio dos historiadores.
Enquanto isso acontecia na Inglaterra, na 
França, os historiadores da ciência pouco partici-
pavam do debate que girava ao redor das propos-
tas feitas pelas revistas Social Studies of Science e 
Science in Context e continuaram a produzir uma 
História da Ciência edificante. A historiografia 
francesa de História da Ciência quase não se en-
controu com os historiadores, que se mostravam 
muito pouco curiosos com as transformações 
propostas pelos ingleses e norte-americanos.
Os encontros entre os historiadores da ciên-
cia ingleses e norte-americanos com os historia-
dores sociais e culturais das mesmas regiões fize-
ram aumentar o interesse pelo tema “ciência”, que 
deixou de ser tratado apenas pelos especialistas e 
passou a incorporar trabalhos de história social e 
cultura. Um bom exemplo disso é os trabalhos de 
Christopher Hill, que passaram a ter ao menos um 
capítulo discutindo e relacionando ciência com as 
revoluções inglesas do século XVII.
Falou-se, até aqui, muito sobre as transfor-
mações ocorridas na História da Ciência depois 
que esta incorporou os métodos e procedimen-
tos da História. Foi dito também que essa incor-
poração transformou os estudos de História da 
Ciência e de história cultural. Mas o que é história 
cultual?
A historiografia contemporânea entende 
que a história cultural é, na verdade, a história da 
pluralidade cultural, pois não existe uma única 
cultura e sim várias culturas distintas, que não po-
dem ser hierarquizadas.
O que seria o objeto da história da cultura? 
Os produtos intelectuais apenas ou também a 
cultura material?
A história da cultura obriga o historiador a 
ter uma visãomais abrangente do período que 
estuda, pois relaciona a produção da sociedade 
com o momento no qual está inserida.
A história cultural é uma questão de abor-
dagem e não de objeto. Podemos dizer que o que 
unifica os historiadores culturais está centrado na 
preocupação com o simbólico e nas suas inter-
pretações. Símbolos podem ser encontrados em 
todos os lugares, da arte à vida cotidiana, mas a 
abordagem do passado em termos do simbolis-
mo é apenas uma entre tantas outras. Uma histó-
ria cultural das calças é diferente de uma história 
econômica do mesmo objeto. 
Partindo desses conceitos, podemos dizer 
que História da Ciência pode ser uma história cul-
tural se abordar o seu objeto como tal, ou seja, se 
considerar que a ciência, assim como a arte, é um 
objeto cultural. 
Já foi visto que, a partir do século XX, a 
ciência deixou de ser uma espécie de deus todo-
-poderoso, que não podia ter suas afirmações 
questionadas, para se tornar uma criação huma-
na passível de críticas, questionamentos e erros. 
Pense nesses erros ou males decorrentes do uso 
inadequado, por exemplo, da energia atômica, 
no desequilíbrio causado ao meio ambiente pela 
poluição e pela ocupação dos espaços de forma 
AtençãoAtenção
O que faz um trabalho ser considerado de Histó-
ria Cultural é uma questão de abordagem e não 
de objeto.
História da Ciência e da Técnica
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15
devastadora, sem falar nos problemas causados 
pela imposição da aceitação da ciência e da técni-
ca ocidentais em outros tipos de culturas.
A História da Ciência, depois de meados 
dos anos 1970, recuperou para a ciência seu pa-
pel de conhecimento cultural e mostrou como a 
ciência passou a ser utilizada como fonte de po-
der e dominação. Saber é poder. Segundo Pierre 
Bourdieu (1989), o espaço da produção científica 
– o campo científico – é um campo social como 
outro qualquer, cheio de relações de força, dispu-
tas e estratégias, que visam a beneficiar interesses 
específicos dos participantes desse campo.
A história da cultura deu à História da Ciên-
cia a possibilidade de apresentar o conhecimento 
científico em sua relação com a sociedade na qual 
está inserido, apagando a imagem da Ciência 
como grandes descobertas feitas por grandes gê-
nios, que pairam acima da capacidade dos pobres 
mortais. A história da cultura deu a possibilidade 
de a ciência ser vista como um processo contínuo 
de tentativas realizadas por homens comuns, que 
às vezes são bem-sucedidas.
O historiador da ciência deve decidir qual 
o seu objetivo ao produzir o seu discurso histó-
rico, pois há pelo menos 2 objetivos bem claros e 
distintos. Um que é produzir as histórias setoriais 
da ciência, pois seu conhecimento é importante 
para aqueles que estão iniciando seus estudos 
em uma determinada área científica; e outro que 
busca entender a ciência dentro de um contexto 
mais geral que o da sociedade que a criou. Ter um 
ou outro objetivo é uma questão de abordagem 
do objeto ciência. Eu posso achar que uma His-
tória da Ciência com uma abordagem cultural é 
mais interessante e útil, pois busca relacionar o 
objeto ciência com a sociedade que o produziu, 
dessa maneira contribui para que tenhamos uma 
visão mais abrangente do que foi uma determi-
nada sociedade. Para um químico, por exemplo, 
pode ser mais útil e interessante conhecer a his-
tória da sua própria disciplina; saber quem desco-
briu um determinado elemento e quando, saber 
de que modo essa descoberta fez progredir o co-
nhecimento químico.
Sugerimos que você assista ao filme O Ponto de 
Mutação. Direção de Bernt Capra e Floy Byars. 
EUA, 1990. 112 min.
MultimídiaMultimídia
2.1 Resumo do Capítulo
Neste capítulo, você viu que a História da Ciência ganhou espaço entre os historiadores a partir das 
pesquisas realizadas pelos historiadores ingleses e norte-americanos. Aos poucos, pesquisadores ligados 
à história social e da cultura lançaram o seu olhar sobre a História da Ciência. 
Você ficou sabendo que a área de conhecimento História da Ciência é multifacetada e que a produ-
ção de uma história com abordagem cultural não invalida a produção de histórias setoriais edificantes. 
As duas formas de produzir o discurso histórico são válidas e importantes. Quisemos apenas mostrar que, 
para o historiador, a abordagem cultural traz mais benefícios, pois ajuda a compreender melhor uma 
determinada sociedade.
Patrícia Albano Maia
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Caro(a) aluno(a),
Vamos, agora, avaliar sua aprendizagem. Responda às questões a seguir:
1. A História da Ciência pode ser um trabalho de história cultural?
2. Os trabalhos de História da Ciência edificante ainda são produzidos no século XXI? Dê um 
exemplo.
2.2 Atividades Propostas
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cIêNcIA E TÉcNIcA3 
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, você verá a relação entre 
ciência e técnica. Buscaremos conceituar esses 
dois termos, que muitos acham ser a mesma coi-
sa. Antes, devemos lembrar que a história da téc-
nica passou também por uma revisão nos seus 
modos de proceder, na mesma época que a His-
tória da Ciência.
Nas relações entre ciência e técnica, esta faz 
as vezes de prima pobre daquela. Como veremos, 
a diferenciação entre ciência e técnica é muito su-
til de ser feita e isso não é um problema que se 
apresenta apenas nos dias de hoje, frente às úl-
timas criações da tecnologia moderna. A história 
da técnica será tratada, neste capítulo, apenas nos 
aspectos teóricos das suas relações com a História 
da Ciência.
Deve-se lembrar de que a separação tradi-
cional entre ciência e técnica é que a ciência é um 
conhecimento discursivo, teórico, que estabelece 
relações universais e necessárias entre os objetos 
de uma linguagem, como, por exemplo, a mate-
mática, ou entre fenômenos físicos, como, por 
exemplo, as ciências físicas e naturais, ou entre 
fatos humanos, como, por exemplo, as ciências 
humanas (ACOT, 2001).
É bom lembrar que, quando se faz a escolha 
por uma definição, como foi feito anteriormente, 
sempre existe coisa nova a se dizer sobre deter-
minadas distinções conceituais demasiadamente 
acentuadas, ou seja, a definição que apresento 
aqui é apenas uma entre tantas outras. Depois 
que essa definição foi criada, provavelmente ou-
tra foi criada apresentando distinções em relação 
à que escolhi.
A técnica (do grego technikos, de techne, 
arte) é um saber prático, em oposição à ciência, 
que é um saber teórico (episteme). A técnica é um 
conjunto de operações visando a satisfazer ne-
cessidades (BARTHOLY; ACOT, 1976).
No início, na Antiguidade, a essência da 
técnica era transformar a natureza (agricultura, 
criação de gado, olaria etc.) ou o corpo (medici-
na, ginástica etc.). Atualmente, isso continua a ser 
verdade, mesmo se muitas técnicas surgem pri-
meiro como formas de acelerar processos com-
plexos; é o caso da informática.
Acot (2001) diz que, geralmente, as técnicas 
antecipam a ciência: criaram-se “raças” domésti-
cas por cruzamento e seleção artificial, muito an-
tes de Darwin ter apresentado sua teoria sobre 
a evolução das espécies e de Mendel ter criado 
as leis fundamentais da genética. Ainda segun-
do o autor, isso é também verdade para as ciên-
cias físicas; segundo afirma, já se sabia disparar 
um canhão com relativa precisão, muito antes de 
Galileu e Descartes terem formulado as leis da 
queda dos graves. Tal como escreve o historiador 
das técnicas Maurice Daumas (apud ACOT, 2001, 
p. 86),
as máquinas a vapor já funcionavam há 
cerca de 70 anos, quando se tentou ela-
borar sua teoria [...]. Da mesma forma, a 
construção das máquinas-ferramentas 
precedeu os trabalhos teóricos dos me-
cânicos do século XIX, o fabrico de ácidos 
minerais precedeu, de forma idêntica, o 
sistema químico de Lavoisier.
AtençãoAtenção
Ciência é um conhecimento discursivo, teórico. 
Técnica é um saber prático.
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Ao que tudo indica,a distância entre as 
ciências e as técnicas contemporâneas tende a 
reduzir-se, como mostra a utilização de vocábu-
los que aproximam as duas áreas de conheci-
mento, por exemplo, designando-as por ciências 
teóricas, para dizer ciência propriamente dita, 
e ciências aplicadas, referindo-se à técnica; ou o 
uso da palavra ‘tecnologia’ para técnicas conside-
radas muito complicadas, como, por exemplo, a 
miniaturização dos computadores. No Brasil, tem 
se difundido o uso do termo high tech para desig-
nar determinadas tecnologias anglo-nipo-taiwa-
nesas. Uma central nuclear, um Concorde e um 
Trem-Bala não são high tech; um computador que 
se torna ultrapassado num espaço de 6 meses e 
um programa de computador vendido no mundo 
inteiro com 600 erros de programação são high 
tech. Como se pode perceber, é difícil separar 
ciência teórica de ciência aplicada de tecnologia. 
Seja como for, a história ensina que as relações 
entre ciência e técnica nunca foram unilaterais: as 
técnicas fizeram progredir a ciência, assim como a 
ciência fez progredir a técnica. Em vários casos, os 
dois movimentos reforçam-se mutuamente.
3.1 A Técnica Faz Progredir a Ciência
O melhor exemplo da influência da técnica 
sobre o desenvolvimento do pensamento cientí-
fico é o da luneta de Galileu. No século XVI, Jac-
ques Baudourère falou a Galileu sobre uma lune-
ta inventada na região dos Países Baixos, no final 
do século XVI. A respeito da tal luneta, Galileu 
possuía apenas algumas informações fornecidas 
por Baudourère; sabia que tratava de associar 2 
lentes, uma convergente e outra divergente, em 
dois tubos corrediços. Galileu aperfeiçoou a lune-
ta dos artesãos holandeses e com seu instrumen-
to observou o céu. Sabemos que, a partir dessa 
observação, ele fez descobertas que mudaram a 
astronomia. Descobriu as montanhas lunares, as 
fases de Vênus, satélites de Júpiter. Na constela-
ção de Órion, mais especificamente na bainha da 
espada, descobriu 80 estrelas, enquanto a olho 
nu apenas podem-se contar 7. Essas descobertas 
feitas por Galileu em alguns meses foram mais 
numerosas e importantes do que durante os dois 
milênios precedentes, pois modificaram o olhar 
que nessa época se lançava sobre o mundo, as-
sim como havia ocorrido cem anos antes, com a 
descoberta da América.
Hoje em dia, o objetivo da História da téc-
nica e da ciência é entender as dificuldades de 
aceitação das descobertas de Galileu por parte de 
seus contemporâneos. De nada adianta ficar fri-
sando e refrisando que a concepção da astrono-
mia anterior aos homens do Renascimento estava 
equivocada, o que importa é conseguir explicar a 
resistência em aceitar as novas ideias.
Sugerimos que você assista ao filme Quase Deu-
ses. Direção de Joseph Sargent. EUA, 2004.
MultimídiaMultimídia
História da Ciência e da Técnica
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Figura 1 – Instrumento (técnica) aperfeiçoado por Galileu (conhecimento científico).
Fonte: Wikipédia (2011).
Você já ouviu e sabe que Galileu foi um dos 
responsáveis pelas mudanças que ocorreram em 
sua época. Podemos não localizar em sua obra 
uma filosofia sistemática, mas sua biografia, suas 
obras na área das ciências e seu método de pes-
quisa formam um quadro de referências impor-
tante na passagem da ciência medieval para a 
ciência moderna.
Galileu nasceu na cidade italiana de Pisa, 
em uma família que tinha condições financeiras 
e intelectuais para bancar seus estudos. Desde 
o início de sua vida escolar, esteve presente em 
instituições de renome e excelente qualidade. Es-
tudou no colégio dos jesuítas em Florença; quan-
do foi para a universidade, frequentou o curso de 
medicina na Universidade de Pisa. Durante esse 
curso, buscou conhecer melhor os textos clássi-
cos, como, por exemplo, os de Arquimedes (sécu-
lo III a.C.). Foi durante essa época que descobriu 
que um pêndulo oscila com frequência constante 
(lei do isocronismo). Abandona o curso de medi-
cina e volta para casa, mas continua a estudar os 
textos clássicos e matemática. É nesse momento 
que cria a balança hidrostática.
Seu grande conhecimento matemático pos-
sibilitou que, em 1589, se tornasse professor des-
sa disciplina na Universidade de Pisa, transferin-
do-se depois para a Universidade de Pádua. Nesta 
universidade, passou a estudar o movimento dos 
corpos em queda, utilizando planos inclinados. 
Desenvolveu as primeiras ideias sobre o princípio 
da inércia. Muda-se para a cidade de Veneza e, em 
1609, desenvolveu a luneta e fez várias descober-
tas, como já vimos.
A partir de 1610, o Duque de Florença 
torna-se mecenas de Galileu; este trabalhava no 
Palácio do duque, mas também estudava e fazia 
suas pesquisas. Foi nessa época que confirmou a 
hipótese heliocêntrica de Copérnico.
Você deve estar se perguntando: por que a 
autora resolveu falar da vida de Galileu? Resolvi 
abrir esse parêntese para corroborar a ideia de 
Pestre (1996) de que o meio é o grande respon-
sável pelas criações científicas. Como você viu, 
Galileu esteve em várias universidades, lugares 
onde pôde estudar e discutir com outros homens 
de ciências como ele. Como sabemos, Galileu foi 
um homem inteligente, mas só isso não basta 
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para explicar toda a contribuição que ele fez para 
a ciência moderna. É preciso ver onde ele fez suas 
descobertas e com quem dialogava. Como vimos, 
ele esteve em várias universidades, locais privile-
giados para produção e troca de conhecimento, 
ou seja, Galileu não estava sozinho pensando e 
pesquisado. Repare que, enquanto Galileu este-
ve a serviço do Duque de Florença, ele confirmou 
a hipótese heliocêntrica de Copérnico. Para que 
isso acontecesse, era necessário que as ideais cir-
culassem, colocando, desse modo, os homens em 
contato com os estudos de outros. Os estudos e 
pesquisas não partiam do zero e sim de etapas 
já dadas por outros pesquisadores. Note que as 
transformações ocorridas com relação à Astro-
nomia, mais especificamente sobre a Teoria Geo-
cêntrica, só foram confirmadas após o desenvol-
vimento da luneta de Galileu; exemplo da técnica 
fazendo progredir a ciência. A teoria já existia, 
porém não tinha técnica para comprová-la empi-
ricamente; após a invenção da luneta de Galileu, 
isso foi possível. Mais adiante, você voltará a ler a 
respeito das teorias Heliocêntrica e Geocêntrica.
Por hora, voltemos a tratar da relação ciên-
cia e técnica. As Histórias da ciência e da técnica 
estão repletas de exemplos semelhantes aos da-
dos anteriormente. Podemos lembrar-nos de ou-
tros, como, por exemplo, o nascimento e, depois, 
o desenvolvimento da microbiologia no século 
XIX estiveram relacionados com o aperfeiçoa-
mento do microscópio. Do mesmo modo, a viro-
logia atual ficou a dever muito ao aperfeiçoamen-
to do microscópio eletrônico. 
Exemplos mostrando que a técnica ajudou 
no desenvolvimento da ciência não faltam. Vários 
estudos já foram feitos sobre esse tema, como já 
dissemos antes. Hoje, o que mais interessa para o 
historiador de ciência e da técnica é compreen-
der o contexto em que surgiram as técnicas e de 
que modo foram assimiladas, tanto pelo mundo 
científico quanto pelos homens que não fazem 
ciência, mas se beneficiaram dela.
3.2 A Ciência Faz Progredir a Técnica
Pascoal Acot (2001) afirma que o papel 
motor da atividade científica no desenvolvimen-
to das técnicas é intuitivamente mais evidente. 
Embora insistam sempre na anterioridade das 
técnicas, desde logo captadas como práticas 
empíricas, os historiadores não negam de forma 
alguma o papel motor da ciência. Todavia, Mau-
rice Daumas (apud ACOT, 2001), historiador das 
técnicas, observou que a contribuição da ciência 
para a técnica não começa a se manifestar de 
maneira nitidamente perceptível antes do final 
do século XVI. 
Um bom exemplo da ciência fazendo pro-
gredir a técnica é novamente capitaneado por 
Galileu e diz respeito ao isocronismo das oscila-
ções pendulares. Você já leu sobre issono mo-
mento em que estávamos falando da vida de Ga-
lileu. Quando, em 1595, Galileu Galilei, ao assistir 
a uma cerimônia na catedral de Pisa, observava 
a oscilação de um lustre, formalizou a sua famo-
sa teoria sobre os pêndulos, concluindo que, se 
estes tivessem o mesmo comprimento e massa, 
demoravam sempre o mesmo período de tempo 
a realizar a sua oscilação total ou completa (iso-
cronismo). No século XIX, essa teoria de Galileu foi 
utilizada por Huygens para a regulação dos reló-
gios. Talvez uma boa pergunta que os historiado-
res da ciência e da técnica possam fazer à história 
narrada nesse exemplo seja: por que houve um 
espaço de tempo tão grande entre a descoberta 
científica e a sua aplicação a uma técnica ou a um 
instrumento?
História da Ciência e da Técnica
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Figura 2 – Relógio a pêndulo criado após a explicação (isocronismo) de Galileu.
Fonte: Wikipédia (2011).
Segundo Acot (2001), desde finais do sé-
culo XIX, as relações entre técnica e ciência, em 
numerosas áreas de conhecimento, parecem ter 
se invertido. Assim, todas as tecnologias liga-
das à eletrônica, incluindo a dos lasers e da óti-
ca eletrônica, tornaram-se possíveis graças ao 
nascimento e aos progressos da física quântica, 
cujos fundamentos foram lançados pelo físico 
alemão Max Planck (1858-1947), em 1900. Como 
princípio, o microscópio eletrônico utiliza as pro-
priedades ondulatórias dos elétrons acelerados; 
a retaguarda teórica dessa utilização é formada 
pelos trabalhos de Max Planck e de Louis de Bro-
glie (1892-1987).
De maneira comparável, não há hoje ne-
nhuma área da indústria nuclear, seja ela civil 
ou militar, que não tenha derivado, e isso sem o 
intermédio de uma técnica que a tivesse ante-
cedido, da teoria atômica, desenvolvida desde o 
início do século. Esta foi, inicialmente, marcada 
pelos trabalhos de Ernest Rutherford (1871-1937) 
sobre a estrutura do núcleo atômico. A física atô-
mica encontra-se intimamente ligada à mecâni-
ca quântica desenvolvida por Niels Bohr (1855-
1962), Werner Heisenber, Paul Dirac (1902-1984), 
Erwin Schrödinger (1887-1961), Max Born (1882-
1970) e Louis de Broglie. A identidade tecnológica 
do século XX – eletrônica e nuclear – está ligada 
aos progressos estritamente teóricos na sua ori-
gem (ACOT, 2001).
No entanto, a separação entre as ciências e 
as técnicas parece diminuir. Existem já áreas de 
conhecimento em que se torna difícil traçar uma 
fronteira; por exemplo, como qualificar o aperfei-
çoamento das técnicas de recorte enzimático de 
sequência do DNA? As biotecnologias derivam da 
ciência ou da tecnologia? A construção da palavra 
sugere a segunda opção, mas não resultam elas 
diretamente da genética molecular?
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Se, no início, a técnica é que fez progredir a 
ciência, a partir da revolução científica da época 
moderna, os dois tipos de conhecimento passa-
ram a se ajudar mutuamente.
Exemplos como os que foram dados ante-
riormente existem muitos, mas o objetivo deste 
capítulo não foi fazer uma história edificante da 
técnica. Queremos aqui, além de enfatizar a dis-
tinção entre ciência e técnica, lembrar que uma 
história da técnica com abordagem cultural aju-
dará a entender melhor algumas sociedades do 
passado. Porém nosso interesse maior foi apre-
sentar, em termos teóricos, a relação entre a his-
tória da técnica e a da ciência.
3.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, você conheceu as diferenças entre a ciência e a técnica. A primeira 
é um saber prático, que compreende um conjunto de operações que satisfazem determinadas necessi-
dades. Já a ciência é um saber teórico.
Cabe ressaltar que, apesar das diferentes concepções, o limiar entre essas duas áreas é muito sutil, 
pois temos que considerar que a técnica colabora para o desenvolvimento da ciência. 
Qual seria, então, o papel do historiador da ciência e da técnica? Podemos destacar que um deles 
é compreender o contexto em que surgiram as técnicas e de que modo foram assimiladas, tanto pelo 
mundo científico quanto pelos homens que não fazem ciência, mas se beneficiam dela.
3.4 Atividades Propostas
Para finalizar este capítulo, vamos avaliar sua aprendizagem. 
Responda às questões a seguir:
1. Ciência e técnica são a mesma coisa? Defina cada um dos termos.
2. Qual é o objetivo comum da História da Ciência e da História da Técnica?
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INTERcÂMBIOS cIENTÍFIcOS4 
Caro(a) aluno(a),
O objetivo deste capítulo é apresentar al-
guns exemplos de conhecimentos científicos e 
de técnica produzidos desde a Antiguidade até a 
época moderna. Buscaremos mostrar o conheci-
mento científico como um processo contínuo e, 
também, desconstruiremos algumas imagens ou 
interpretações que são comumente difundidas 
na educação básica.
4.1 A Ciência na Antiguidade
Veremos, nesta parte, alguns casos de co-
nhecimento científico e alguns exemplos de téc-
nicas utilizadas durante a Antiguidade.
Para que ocorra a produção de um conheci-
mento científico, é necessário que quem o produz 
tenha uma imaginação criadora, misturada com 
uma grande disciplina, que seja observador para 
criar um corpo consistente de observações com-
provadas. O conhecimento científico não é ape-
nas coleta de fatos, embora isso seja importante. 
O saber científico é formado por um sistema de 
correlações lógicas dos fatos, que juntos consoli-
dam uma hipótese ou o corpo de uma teoria.
Difícil estudar a História da Ciência sem se 
defrontar com a magia. A magia foi um modo le-
gítimo de expressar uma síntese do mundo natu-
ral e da relação deste com o homem. Por exem-
plo, em uma sociedade primitiva, quando o mago 
se propõe a provocar chuva por meios artificiais, 
ele mostra sua compreensão da ligação da chuva 
e das plantas. Nessa relação que ele faz, existe a 
ideia de que, para a sobrevivência dos homens, é 
necessário controlar as forças da natureza e colo-
cá-las a seu dispor.
Nas sociedades primitivas, a magia expri-
miu, de modo geral, uma visão anímica da nature-
za. O mundo era povoado e controlado por espíri-
tos e forças espirituais ocultas, que habitavam os 
animais, as árvores, o mar, o vento etc. A função 
do mago era submeter essas forças ao seu obje-
tivo, ou seja, convencer os espíritos a colaborar 
com a sobrevivência dos humanos. O Mago fazia 
invocações, lançava feitiços e preparava poções, 
pois enxergava um mundo de afinidades e soli-
dariedade.
Segundo Colin A. Ronan (2001, p. 13),
quando se pensava que o mundo era 
construído de afinidades, dominado por 
espíritos e forças anímicas, o ponto de 
vista mágico era um meio apropriado de 
correlacionar os fenômenos do mundo 
natural. Mas com o desenvolvimento da 
sociedade no Antigo Oriente Médio, um 
interesse pelos detalhes dos fenômenos 
AtençãoAtenção
Magia não é ciência. A magia é uma das formas 
pela qual os homens se valem para tentar explicar 
a relação do mundo natural com o ser humano.
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naturais deu origem a uma forma de co-
nhecimento mais sólida. Enquanto isso, 
a magia foi sendo lentamente rebaixa-
da: suas qualidades místicas foram mal 
empregadas para fins particulares, dan-
do origem à feitiçaria, ou para interesse 
público, criando uma poderosa casta 
sacerdotal capaz de dominar os ignoran-
tes e crédulos. Essa degradação, por sua 
vez, levou os filósofos da antiga Grécia a 
adotarem uma orientação total contrária 
à magia. Assim, eles criaram a atitude de 
pensamento que permaneceu central na 
cultura científica ocidental.
Ainda segundo o autor, no Egito antigo, 
os sacerdotes obtinham poder por meio da sua 
função de guardiães do conhecimento científi-
co. Este estava fortemente ligado ao calendário 
e ao ano agrícola, sendo assim esse conhecimen-
to conferia poder sobre a população, através de 
regulamentos e controles. Desse modo, alguns 
ramos do conhecimento científico,como a astro-
nomia, eram considerados segredos de Estado, 
guardados a sete chaves. Possuir esse conheci-
mento dava distinção social.
Os egípcios antigos tinham pouco interesse 
pela filosofia e possuíam um gosto todo especial 
pelo aspecto prático, ou seja, pela técnica. Um 
bom exemplo desse interesse prático é a astrono-
mia. Para eles, a astronomia era a base necessária 
para a marcação do tempo, pois estavam muito 
preocupados com o cálculo do tempo. Talvez esse 
interesse se devesse à administração eficiente, 
preocupada com acontecimentos previstos ante-
cipadamente, ou com tributos devidos em tem-
pos específicos. Qualquer que fosse a razão, os 
astrônomos egípcios não estavam preocupados 
com teorias a respeito do Sol e da Lua, nem com 
qualquer ideia sobre o movimento dos planetas, 
embora soubessem que os planetas se movimen-
tavam entre as estrelas fixas.
Segundo Ronan (2001), para os astrônomos 
do antigo Egito, o céu servia para a determina-
ção do tempo. As constelações eram usadas para 
marcar o movimento do Sol no céu durante o 
ano. Eles organizaram um calendário satisfatório, 
embora astronomicamente não sofisticado; con-
tudo, era o calendário civil mais desenvolvido dos 
tempos antigos.
Figura 3 – Calendário egípcio.
Fonte: Wikipédia (2011).
Desde cedo, os sacerdotes astrônomos do 
Egito antigo perceberam que a inundação do Nilo 
coincidia com o aparecimento de Sirius no hori-
zonte oriental; passaram a chamar esse momento 
de “o iniciador do ano”. O calendário civil foi a ele 
associado e tinha 12 meses, com 29 ou 30 dias. 
Quando o país começou a ter um sistema admi-
nistrativo mais rigoroso, houve a necessidade de 
criar um calendário mais preciso, que passou a ser 
baseado nas estações do ano. Calcularam o ano 
como sendo o período entre um solstício de ve-
rão e o seguinte. 
Já na Mesopotâmia, os sumérios1 inven-
taram a escrita, de grande importância para o 
desenvolvimento da ciência abstrata e para a 
sua difusão. Os sumérios talvez tenham sido os 
DicionárioDicionário
Solstício de verão: o dia mais longo do ano.
1 Sumérios: povo de origem desconhecida que se fixou na região da Baixa Mesopotâmia, entre 3.200 e 2800 a. C.
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primeiros a divisar o desenvolvimento da lingua-
gem, criando sinais especiais. A escrita era feita 
em plaquetas de barro. O mais antigo desses re-
gistros parece ter sido iniciado por sacerdotes, an-
tes do ano 3.000 a.C., com a finalidade de preparar 
o registro do estoque de grãos e outros produtos 
armazenados nos templos. Provavelmente, fize-
ram alguma forma de representação pictográfica, 
como, por exemplo, uma espiga para representar 
o trigo, cabeças de bois para representar o gado.
Temos a seguir um exemplo da escrita su-
méria feita em uma plaqueta de barro.
Figura 4 – Lista de deuses feita pelos sumérios, a 
partir de escrita cuneiforme, do século 24 a.C.
Mais um exemplo de conhecimento cien-
tífico produzido durante a Antiguidade é do es-
tudo sobre as cônicas. Apolônio foi um dos inte-
grantes da escola de matemática de Alexandria. 
Ele é lembrado como autor do livro Sobre as cô-
nicas, um estudo das curvas obtidas quando se 
corta um cone para produzir a elipse, a parábola 
e a hipérbole. Na época moderna, vários outros 
estudos feitos pela escola de matemática de Ale-
xandria foram de fundamental importância para 
Kepler e Newton estudarem/teorizarem sobre as 
órbitas dos planetas. No século III a.C., o progres-
so de Apolônio foi ter gerado todas as curvas por 
meio do duplo cone circular oblíquo; esta era uma 
nova concepção, possibilitando à matemática ser 
um modo de conhecimento mais geral. Em suma, 
ele lançou os princípios de um tema que viria a 
ter grande importância para os matemáticos da 
Europa no século XVIII.
Os três exemplos citados mostram que o 
conhecimento científico era um trabalho coletivo 
não só no momento em que estava sendo gera-
do, mas também no tempo. Apolônio era um dos 
integrantes da escola de matemática da Alexan-
dria; isso quer dizer que, com ele, existiam outros 
estudiosos pesquisando, fazendo experiências e 
criando teorias que ajudassem a compreender 
melhor o mundo. Os sacerdotes sumérios que 
inventaram a escrita precisaram que todos os 
sacerdotes do templo ou um grupo deles se de-
dicassem a criar alguma forma de registro que 
ajudasse a controlar os produtos que estocavam. 
Dessa necessidade específica, a escrita espalhou-
-se para outros setores da sociedade suméria e 
desta para outras sociedades, que foram intro-
duzindo mudanças na forma dos registros até 
chegarmos à representação fonética usada hoje 
pelas sociedades ocidentais. A escrita foi se trans-
formando de sociedade para sociedade, de épo-
ca para época; ela não precisou ser inventada por 
todas as sociedades, ela simplesmente foi sendo 
adaptada conforme as necessidades. Isso mos-
tra como o conhecimento científico ultrapassa 
fronteiras e perpassa várias épocas. Sem dúvida 
nenhuma, este é um dos grandes exemplos de 
trabalho coletivo na produção do conhecimento 
científico. Não podemos nos esquecer de que a 
escrita é uma das grandes responsáveis pela difu-
são do conhecimento científico.
Patrícia Albano Maia
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4.2 A Ciência na Idade Média
Falaremos, neste item, a respeito da produ-
ção científica durante a Idade Média. Por meio 
dele, desmistificaremos a imagem que foi cons-
truída a respeito da Idade Média com sendo a 
idade das trevas, ou seja, que durante seus 1.000 
anos não teria se produzido conhecimento na Eu-
ropa, que durante todo esse período a população 
europeia teria se dedicado apenas à questão reli-
giosa.
Durante a Idade Média, ao menos duas cor-
rentes de intelectuais disputavam qual delas dita-
ria a atitude da nova religião em relação à ciência. 
Um grupo defendia que todos os estudos secu-
lares deveriam ser deixados de lado e que toda a 
atenção deveria ficar concentrada no tema da sal-
vação da alma. O outro grupo dizia que, se Deus 
fez o mundo e viu que estava bom, então estudar 
seu trabalho através da ciência só poderia provo-
car uma sensação de esplendor diante de tão di-
vina sabedoria. Estudar essa obra de Deus só po-
deria trazer aumento da consciência em relação à 
onipotência e à sabedoria de Deus.
Ao contrário do que normalmente se ensina 
na escola, a Idade Média foi uma época produtora 
de conhecimento científico. O debate sobre qual 
deveria ser o procedimento da religião católica 
frente à ciência foi muito intenso.
A maioria dos homens que se dedicou à 
produção do conhecimento científico durante a 
Idade Média pertencia à Igreja católica, provavel-
mente porque a população laica estava compro-
metida com a própria sobrevivência, não tendo 
tempo, portanto, nem para se dedicar ao estudo 
de maneira geral, nem para se dedicar à produção 
de ciência.
Durante essa época, o conhecimento cientí-
fico desenvolveu-se em todos os ramos de saber 
conhecidos, porém desenvolveram-se mais as 
ciências ligadas ao lado prático da vida cotidiana, 
como a medicina, a engenharia naval e a astrono-
mia.
O encontro de culturas proporcionado pe-
las Cruzadas propiciou ainda mais o desenvolvi-
mento da ciência, pois o encontro ocorrido entre 
o mundo árabe e o europeu colocou em conta-
to culturas distintas. Esse encontro provocará 
questionamentos por parte de filósofos e cientis-
tas, tanto a respeito de suas respectivas práticas 
quanto a respeito do que era feito pelo outro.
Além do encontro cultural provocado pelas 
Cruzadas, o surgimento das Universidades deu 
um grande impulso à pesquisa científica medie-
val. Essas instituições dedicavam-se ao ensino e à 
pesquisa, ou seja, produziam novos conhecimen-
tos e não eram apenas meras reprodutoras dos 
ensinamentos da Antiguidade clássica e da Bíblia. 
Vejamos, a seguir, alguns homens que se dedica-
ram ao conhecimento científico durante a Idade 
Média.
Um dos principais defensores de estudos 
quese dedicassem a conhecer melhor o mundo 
criado por Deus foi Santo Agostinho; ele acredita-
va que, quanto mais se conhecesse o mundo cria-
do por Deus, melhor se poderia servir a ele. Outro 
intelectual que defendia a mesma posição era 
Santo Tomás de Aquino. Além desses dois famo-
sos teólogos, encontramos também Alberto Mag-
no, Robert Grossetest, Roger Banco, Duns Scot, 
Jean Buridan, Willian de Occan, Nicole d’Oresme 
e outros. 
Você deve estar pensando que, para 1.000 
anos, a lista de cientistas até que é pequena. Di-
gamos que você pode até ter razão, mas ela serve 
para mostrar que, durante a Idade Média, hou-
ve sim produção de conhecimento científico. A 
Assista ao filme O nome da Rosa. Direção de Je-
an-Jacques Annaud. Alemanha, 1986. 130 min.
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maioria desses homens foi professor universitá-
rio; isso quer dizer que eles difundiram suas pes-
quisas e concepções de mundo. As universidades 
medievais foram grandes centros de debates e in-
tercâmbio de conhecimento científico. Era muito 
comum o professor de uma universidade passar 
algum tempo dando aula em uma universidade 
diferente da que ele fazia parte; isso deu uma di-
nâmica grande à circulação do saber científico, 
principalmente antes da invenção da imprensa 
com tipos móveis. Aliás, esta é também uma das 
grandes responsáveis pela divulgação do conhe-
cimento científico desde então.
4.3 A Ciência na Idade Moderna
Caro(a) aluno(a),
Neste item, você verá a produção científica 
do período compreendido entre o final da Idade 
Média (Renascimento) e a época moderna pro-
priamente dita.
Não há um consenso entre os historiadores 
sobre a data de início e fim do renascimento cul-
tural da época moderna. O recorte cronológico 
mais aceito é o que compreende o final do século 
XIII até meados do século XVII.
O renascimento cultural engloba modifica-
ções nas artes e na ciência. Durante esse período, 
foram criados vários instrumentos científicos, que 
provocaram novas descobertas científicas. Na 
pintura, descobriu-se a forma de pintar usando-
-se a técnica da perspectiva, o que conferiu um 
maior naturalismo às cenas retratadas.
O racionalismo característico do Renasci-
mento fez com que essa época conhecesse um 
fenomenal desenvolvimento científico. O grande 
artista Leonardo da Vinci descobriu como prova-
velmente deveriam funcionar máquinas como o 
helicóptero, o submarino, o moinho de vento, a 
roda d’água etc.
Por meio do racionalismo e do experimen-
talismo, o renascimento científico criou uma nova 
abordagem do conhecimento humano, provo-
cando uma série de questionamentos, entre eles, 
o geocentrismo.
Figura 5 – Modelo da teoria geocêntrica.
Ptolomeu (85-165) foi o último grande as-
trônomo da Antiguidade. Credita-se a ele a re-
presentação geométrica do sistema solar geo-
cêntrico. Ele aprofundou o modelo proposto por 
Aristóteles e criou a Teoria Geocêntrica, que afir-
mava em seu modelo que a Terra era o centro do 
Universo e que o Sol e os demais planetas orbita-
vam à sua volta, conforme você pode verificar na 
Figura 5.
Durante o Renascimento científico, época 
de grandes transformações, Copérnico retoma 
uma explicação de sistema planetário que era 
distinta da de Ptolomeu. Aristarco de Samos acre-
ditava que era o Sol e não a Terra que ocupava o 
centro do Universo. Como você sabe, passaram-
-se muitos anos até que a teoria de Aristarco fosse 
demonstrada. Copérnico, em seu livro Sobre a re-
volução das órbitas celestes, expôs a teoria de Aris-
tarco. Galileu tinha a mesma interpretação que 
Aristarco e Copérnico: o geocentrismo, e conse-
guiu provar que a Teoria Geocêntrica estava erra-
da valendo-se da sua invenção (a luneta de Gali-
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leu), mas sua equação matemática ainda estava 
errada. Foi Kepler quem conseguiu provar que a 
trajetória seguida pelos planetas ao girarem em 
torno do Sol era elíptica e não circular como afir-
mavam os outros astrônomos.
Figura 6 – Modelo heliocêntrico de Copérnico e Galileu.
A seguir, você verá o modelo correto da Teoria Heliocêntrica demonstrada por Kepler, que, assim 
como Galileu, também foi professor de matemática em universidade.
Figura 7 – Modelo da teoria heliocêntrica.
Fonte: http://www.dannybia.com/danny/pens/johannes_kepler.htm.
A medicina foi outra área do conhecimento 
que sofreu várias modificações em seus modelos 
explicativos a partir do Renascimento científico. 
Paracelso defendia que cada região do mundo ti-
nha suas próprias doenças e que a cura para elas 
estava na natureza, principalmente nas plantas 
dessas mesmas regiões. Andreas Vesálios, no sé-
culo XVI, escreveu o primeiro atlas da anatomia 
humana, o De Humani Corporis Fabrica (1563); fez 
seus estudos a partir de corpos de cadáveres. As-
sim como Kepler e Galileu, também foi professor 
universitário. A partir dos estudos de Vesálios que 
começaram a ter mais informações e pesquisas 
sobre o funcionamento do corpo humano. Em 
seu atlas do corpo humano, encontramos vários 
desenhos mostrando como é o corpo humano. 
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Vesálios conseguiu produzir essa obra porque fez 
várias dissecações de cadáveres, prática que não 
era usual na época.
Figura 8 – Desenhos de Vesálios.
Fonte: http://www.microsiervos.com/archivo/ciencia/dibujos-anatomicos-andres-vesalio.html.
Outro nome que merece destaque nos es-
tudos de Medicina na época moderna é Miguel 
de Servet, que descobriu a pequena circulação do 
sangue. É interessante conhecer o motivo de seu 
interesse pela circulação pulmonar. Segundo Roy 
Porter (2006), está escrito na Bíblia que “a alma da 
carne é o sangue” (Lev. 17.11) e que “o sangue é a 
vida” (Deut. 12.23). No livro dos Salmos (104.29), 
por sua vez, a importância da respiração para a 
manutenção da vida é ressaltada nas seguintes 
palavras: “se lhes tira a respiração, morrem, e vol-
tam para o seu pó”. Esses trechos bíblicos levaram 
Servet a estudar a circulação pulmonar, na qual o 
sangue e o ar se misturam, pois, no seu entender, 
o conhecimento da circulação pulmonar condu-
ziria a uma melhor compreensão da natureza da 
alma.
Sua descrição da circulação pulmonar está 
assim na sua obra Christianismi restitutio:
A força vital provém da mistura, nos pul-
mões, do ar aspirado e do sangue que flui 
do ventrículo direito ao esquerdo. Toda-
via, o fluxo do sangue não se dá, como 
geralmente se crê, através do septo inter-
ventricular. O sangue flui por um longo 
conduto através dos pulmões, onde a sua 
cor se torna mais clara, passando da veia 
que se parece a uma artéria, a uma artéria 
parecida com uma veia. (apud PORTO et 
al., 1991, p. 43).
Figura 9 – Desenho de circulação sanguínea segun-
do Miguel de Servet.
 
Fonte: http://www.xtimeline.com/evt/view.aspx?id=313596.
Outro nome muito lembrado quando se 
fala de ciência na época moderna é Leonardo da 
Vinci. Como você já sabe, ele foi um homem que 
se dedicou a várias áreas do saber. A seguir, vere-
mos algumas imagens de trabalhos científicos de 
Patrícia Albano Maia
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Da Vinci. Na primeira imagem, vemos um estudo 
que fez sobre os embriões. Ele acompanhou di-
versas dissecações de cadáveres e, a partir dessa 
sua experiência, fez vários desenhos que tenta-
vam explicar o funcionamento do corpo humano.
Nessa sequência de desenhos sobre a for-
mação do feto humano, você pode perceber que 
Leonardo da Vinci retrata com acerto a posição do 
embrião.
Figura 10 – Estudos de embriões (1510-1513).
Fonte: http://www.triada.com.br/cultura/historia/aq180-245-
1013 -1-os-varios-talentos-de-da-vinci.html.
A seguir, você vê desenhos de Da Vinci so-
bre o esqueleto humano. Repare na precisão e 
na riqueza de detalhes que ele colocou em sua 
ilustração. Até hoje, esses desenhos são muito 
respeitados por anatomistas. Alguns historiado-res da cultura acreditam que Da Vinci participava 
de dissecações de cadáveres e fazia desenhos do 
que via durante essa prática para que sua produ-
ção artística ficasse o mais próxima possível da 
realidade.
Figura 11 – Desenho de esqueleto humano feito por 
Leonardo da Vinci.
Fonte: http://www.triada.com.br/cultura/historia/aq180-245-
1013 -7-os-varios-talentos-de-da-vinci.html.
Entre as obras consideradas científicas de 
Leonardo da Vinci, temos aquelas que são ligadas 
às máquinas. Veja, a seguir, o desenho da precur-
sora da metralhadora. Repare que é uma máqui-
na móvel, que é alimentada pela culatra e dispara 
uma sequência de tiro de uma só vez. 
Figura 12 – Desenho de uma máquina que dá tiros.
Fonte: http://www.triada.com.br/cultura/historia/aq180-245-
1013 -8-os-varios-talentos-de-da-vinci.html.
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Nas duas últimas imagens, você vê outras 
invenções de Da Vinci. A primeira seria uma es-
pécie de helicóptero; essa máquina não chegou a 
ser construída na época de Da Vinci e é compos-
ta por uma hélice em espiral de linho engomado. 
A segunda é um protótipo de asa delta. Ao que 
tudo indica, ele se inspirou nas asas de um mor-
cego para criar essa máquina, que se movia por 
meio de alavancas e manivelas e podia ser susten-
tada no ar.
Figura 13 – Modelos de máquinas voadoras planeja-
dos por Leonardo.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci.
Todos os exemplos que citamos estão inse-
ridos no chamado renascimento científico ou re-
volução científica da época moderna e não foram 
aqui colocados com o propósito de se construir 
uma História da Ciência edificante, mas com o 
objetivo de mostrar que esses homens trocavam 
informações entre si, frequentavam o univer-
so universitário e tiveram acesso aos meios e às 
oportunidades para realizar suas obras científicas. 
Essas só se proliferaram tanto nessa época porque 
havia um grupo de pessoas interessadas em pro-
duzir e consumir esse tipo de conhecimento. Esse 
conhecimento não foi gerado apenas por gênios; 
foi gerado porque havia uma comunidade pro-
duzindo e discutindo matéria científica, seja por 
interesse prático, seja por interesse religioso, seja 
por curiosidade, seja para entender melhor a obra 
criada por Deus ao explicar a natureza. Não se es-
queça de que, durante a época moderna, ainda 
não havia a distinção entre ciência e religião que 
nós fazemos hoje.
Na História da Ciência, revolução científica 
é o período que se dá a partir de quando Galileu, 
Kepler, entre outros pensadores do século XVII, 
iniciaram suas descobertas. A partir desse perío-
do, a Ciência, que até então estava atrelada à Fi-
losofia, separa-se desta e passa a ser um conhe-
cimento mais estruturado e prático, misturando 
ainda o que é ciência e o que é técnica.
4.4 Resumo do Capítulo
Prezado(a) aluno(a), neste capítulo, você viu diferentes exemplos de conhecimentos científicos e 
de técnica produzidos desde a Antiguidade até a época moderna. A partir desses exemplos, demonstra-
mos que o conhecimento científico é resultado de um processo contínuo.
Ao longo do capítulo, destacamos que, ao contrário do que normalmente se ensina na escola, a 
Idade Média foi uma época produtora de conhecimento científico. Essa visão sobre esse período foi for-
temente influenciada pelo Iluminismo, que enfatizava que a Idade Média era uma época em que a popu-
lação vivia envolta nas trevas.
Por fim, cabe destacarmos que a produção científica é um processo coletivo e, portanto, são neces-
sárias condições para que exista diálogo entre os sujeitos que se dedicam a essa atividade. 
Patrícia Albano Maia
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4.5 Atividades Propostas
Caro(a) aluno(a), vamos, agora, avaliar seu aprendizado?
Responda às questões a seguir:
1. Por que foi difícil convencer os homens da Época Moderna de que suas concepções sobre a 
astronomia estavam equivocadas?
2. Você concorda com a afirmação que diz que o conhecimento científico é um processo contí-
nuo e coletivo? Justifique sua resposta.
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Prezado(a) aluno(a),
Com este material, pretendemos apresentar a História da Ciência, mostrando como hoje está pro-
duzindo um conhecimento muito distante daquele que produzia no momento da Revolução Científica, 
até os anos 1970. Os exemplos que demos visam a mostrar que o conhecimento científico é um trabalho 
contínuo e coletivo e não fruto único e exclusivo de gênios. Entendemos que a História da Ciência deve 
relacionar o conhecimento científico com o contexto que o produziu ou com o contexto de quem está 
enaltecendo ou fazendo crítica a um determinado saber científico. Não achamos que a História de Ciên-
cia deve contar apenas os exemplos bem-sucedidos dos trabalhos e experimentos científicos; acredita-
mos que todo o processo de produção científica deve ser analisado.
Esperamos ter colaborado com seu crescimento e lembramos que mais informações a respeito do 
assunto você poderá obter lendo as obras indicadas nas Referências.
cONSIDERAÇõES FINAIS5 
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Caro(a) aluno(a),
A seguir, você lerá as sugestões de respostas para as atividades propostas ao final de cada capítulo.
CAPÍTULO 1
1. Fique atento(a), pois foi a partir da década de 1970 que grande parte dos historiadores da 
História da Ciência incorporou os métodos do historiador para produzir o seu discurso. Isso 
fez com que a História da Ciência passasse a relacionar o seu objeto com a sociedade na qual 
ele estava inserido, tratando, desse modo, o seu objeto como uma produção sociocultural, 
ou seja, a ciência deixou de ser vista como algo produzido fora da sociedade, deixou de ser 
vista como algo realizado por gênios que ficam trancafiados em seus gabinetes e laboratórios 
e não se relacionam com a sociedade. A essa modificação no modo de se produzir damos o 
nome Crise da História da Ciência.
2. Observe com atenção: damos o nome Revolução Científica ao período compreendido a partir 
de quando Galileu, Kepler, entre outros pensadores do século XVII, iniciam suas descobertas. 
A partir desse período, a Ciência, que até então estava atrelada à Filosofia, separa-se desta e 
passa a ser um conhecimento mais estruturado e prático, misturando ainda o que é ciência e 
o que é técnica.
CAPÍTULO 2 
1. Sim, o que faz a História da Ciência ser um trabalho de História Cultural é a abordagem que 
o historiador dá ao seu objeto, ou seja, se o historiador considerar Ciência um conhecimento 
que só pode ser compreendido por meio da sociedade que o produziu, este será um trabalho 
de História Cultural.
2. Sim, principalmente com o objetivo de ensinar aos jovens pesquisadores das diversas áreas 
do conhecimento os caminhos trilhados por um determinado ramo do conhecimento, desde 
a sua criação até os dias de hoje.
RESPOSTAS cOMENTADAS DAS 
ATIVIDADES PROPOSTAS
Patrícia Albano Maia
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CAPÍTULO 3
1. Observe que, apesar de o senso comum entender que Ciência e Técnica têm o mesmo signifi-
cado, demonstramos durante a disciplina que não são a mesma coisa. Ciência é um conheci-
mento teórico, enquanto técnica é um conhecimento prático.
2. Hoje, o objetivo do historiador de ciência e do historiador da técnica é compreender o contex-
to em que surgiram as teorias científicas e as técnicas. A partir desse entendimento, eles bus-
cam compreender de que modo foram assimiladas as teorias científicas e as técnicas, tanto 
no âmbito do mundo científico quanto no universo dos homens que não fazem ciência nem 
produzem técnica, mas que se beneficiam delas.
CAPÍTULO 4 
1. Observe com atenção, porque se trata de uma questão cultural e não técnica. É muito difícil e 
leva muito tempo mudar a cultura de um indivíduo. Por mais que experimentos astronômicos 
e equações matemáticas provassem que era a Terra que girava em torno do Sol e não o con-
trário, era difícil que os

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