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7108-20827-1-PB Fibra Pet

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11º Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP - 2020 
 
ESTUDO DE DOSAGEM DE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO UTILIZANDO FIBRAS 
DE GARRAFA PET COMO AGREGADO. 
 
 
GABRIEL G. C. DOS SANTOS1, MURILO H. L. DE SOUZA 2, ADRIANA M. PEREIRA3, JOÃO 
V. FAZZAN4 
 
 
1 Aluno do Curso Técnico em Desenho de Construção Civil Integrado ao Ensino Médio, Bolsista PIBIFSP, IFSP, Câmpus 
Avançado Ilha Solteira, gabrielcabral004@gmail.com / cabral.gabriel@aluno.ifsp.edu.br. 
2 Aluno do Curso Técnico em Edificações Integrado ao Ensino Médio, Colaborador, IFSP, Câmpus Avançado Ilha Solteira, 
muriloedificacoesifsp@gmail.com. 
3 Professora da Área da Construção Civil, Colaboradora, IFSP, Câmpus Avançado Ilha Solteira, adrianapereiradu@ifsp.edu.br. 
4 Professor da Área da Construção Civil, Orientador, IFSP, Câmpus Avançado Ilha Solteira, jvfazzan@ifsp.edu.br. 
Área de conhecimento (Tabela CNPq): 3.01.01.01-8 Materiais e Componentes de Construção 
 
 
RESUMO: Nos últimos anos a comunidade da construção civil vem demonstrando grande preocupação 
em contribuir para o desenvolvimento sustentável global, sendo constante os estudos de 
reaproveitamento de materiais inservíveis. Estes materiais podem ser oriundos de processos da área da 
construção civil ou muitas vezes descartes de outros setores produtivos, promovendo a interação entre 
cadeias produtivas e colaborando para a sustentabilidade. Sabendo que o consumo de embalagens de 
PET (Politereftalato de Etileno) está atingindo percentuais altos de descarte em aterros sanitários, o 
objetivo deste projeto é avaliar a viabilidade da utilização deste polímero moído em substituição parcial 
da areia, para a produção de revestimentos argamassados. Foram produzidas argamassas de cal e 
cimento, com diferentes porcentagens de fibras, sendo realizados os ensaios para caracterizar a 
argamassa no estado fresco (índice de consistência) e no estado endurecido (absorção de água por 
imersão e por capilaridade). A inserção de fibras causou uma pequena redução da trabalhabilidade das 
misturas, além de levar ao incremento nos valores de absorção de água por imersão e capilaridade. 
Entretanto, os valores de absorção se mantiveram bem próximos para substituição de 5% de PET em 
relação à massa de areia. 
 
PALAVRAS-CHAVE: dosagem; fibras de garrafa PET; revestimentos argamassados; trabalhabilidade; 
absorção. 
 
 
STUDY OF MORTARS DOSAGE WITH USE OF PET PARTIALLY REPLACING FINE 
AGGREGATE 
 
ABSTRACT: In recent years, the civil construction community has shown great concern to contribute 
to global sustainable development, with studies on the reuse of waste materials being constant. These 
materials can come from processes in the area of civil construction or often discarded from other 
productive sectors, promoting an interaction between production chains and collaborating for 
sustainability. Knowing that the consumption of PET (Polyethylene Terephthalate) packaging is 
reaching high percentages of disposal in landfills, the objective of this project is to evaluate the 
feasibility of using this ground polymer in partial replacement of sand, for the production of mortars. 
Lime and cement mortars were produced, with different percentages of fibers, and tests were carried out 
to characterize the mortar in the fresh state (consistency index) and in the hardened state (water 
absorption by immersion and capillarity). The insertion of fibers caused a small reduction in the 
workability of the mixtures, in addition to leading to an increase in the values of water absorption by 
immersion and capillarity. However, the absorption values remained very close for the replacement of 
5% of PET in relation to the sand mass. 
 
 
KEYWORDS: dosage; PET bottle fibers; mortars; workability; absorption. 
INTRODUÇÃO 
O Politereftalato de etileno, mais conhecido como PET, é um termoplástico da família do 
poliéster, que são caracterizados como polímeros, tendo sua principal matéria-prima o petróleo, um 
combustível fóssil. Segundo ABIPET (2019), o mercado de PET no Brasil é relativamente recente, com 
cerca de 20 anos de idade. Mesmo que o país tenha um curto prazo, a indústria demonstra sua 
modernidade ao atender os mais exigentes padrões de desempenho ambiental. 
O principal objetivo de se criar novas formas sustentáveis é redução da exploração dos recursos 
naturais, como a areia retirada de mares, rios, lagos; segundo a Organização das Nações Unidas, “a areia 
é um dos recursos mais valiosos e explorados do mundo", prejudicando o meio ambiente com a extração 
desenfreada. 
Uma das formas ecológicas é a utilização da fibra da garrafa PET na utilização de uma parte do 
agregado para argamassas e concretos, assim melhorando algumas propriedades físicas e químicas da 
massa. De acordo com Oliveira Júnior et al. (2017) e Mehta e Monteiro (2008), a adição de fibras tem 
a finalidade de evitar a fissuração ou propagação de fissuras no concreto, levando ao aumento a 
tenacidade e resistência ao impacto. Oliveira Júnior et al. (2017) também afirmam que a quantidade de 
carga de um concreto ecológico produzido com fibras PET é maior do que a capacidade de carga de um 
concreto convencional. 
Por fim, este projeto tem como objetivo de análise a dosagem de fibras da garrafa PET na 
substituição de uma porcentagem da areia em argamassas para revestimento. Sua avaliação será feita 
através de ensaios de caracterização, considerando suas particularidades, segundo as normas que dirão 
se é possível ou não a sua utilização em construções. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
O agregado miúdo utilizado foi classificado como areia média natural, com diâmetro máximo de 
2,36 mm e massa específica absoluta de 2,62 g/cm³. 
O cimento escolhido foi o CP II Z 32 - Cimento Portland Composto, comercialmente vendido na 
região noroeste do Estado de São Paulo. O material apresenta massa específica absoluta de 3,12 g/cm³ 
e aparente de 1,09 g/cm³. A cal utilizada na composição da argamassa foi a CH-III, sendo que suas 
características físicas, químicas e mecânicas atendem aos seguintes requisitos especificados pela ABNT 
NBR 7175 (2003) - Massa específica absoluta. Este valor foi encontrado como 2,61 g/cm³. 
Os resíduos de PET foram fornecidos pelo Centro de Reciclagem Sarapet – Reciclagem de 
Resíduos Plásticos, localizada no município de Ribeirão Preto-SP. O material coletado foi estacado em 
ambiente fechado, evitando-se o contato com a umidade. 
A reciclagem mecânica é a mais empregada e a mais lucrativa. Nesse processo os materiais 
reciclados passam por um processo de alteração física. Neste caso, a reciclagem mecânica do plástico 
passou pelo processo de fragmentação (moagem), em que os resíduos são levados para um moinho que 
reduzem o seu tamanho. 
A Figura 1 abaixo mostra as fibras de garrafa PET utilizadas na pesquisa. 
 
FIGURA 1. Fibras de Garrafa PET. 
 
Nesta pesquisa pretende-se verificar a influência de diferentes granulometrias de fibras de garrafa 
PET distribuídas aleatoriamente no traço em massa 1:3 de cimento e areia, e no traço em massa 1:2:8 
de cimento, cal e areia. As Tabelas 1 e 2 abaixo mostram a composição dos traços para as misturas sem 
e com adição de cal, respectivamente. Os traços foram denominados M1 a M6, sendo que, para cada 
tipo de aglomerante, foram substituídos 5% e 10% de areia média natural por fibras de PET, em relação 
à massa do material. 
Para efeitos de comparação da trabalhabilidade das misturas, os traços 1:3 e 1:2:8 foram 
elaborados mantendo-se a relação água/cimento constante, de 0,65. 
 
TABELA 1. Composição das misturas de argamassa referentes aos traços 1:3 controle, com 5% e 10% de fibras 
de PET. 
TRAÇO 1:3 
Materiais Consumo de Materiais (Kg/m³) 
 Controle (M1) 5% de PET (M2) 10% de PET (M3) 
Cimento 466,03 466,03 466,03 
Água 307,58 307,58 307,58 
Areia 1398,08 1328,18 1258,27 
Fibras de PET --- 69,90 139,80 
Relação água/cimento 0,65 
 
TABELA 2. Composição das misturas de argamassa referentes aos traços 1:2:8 controle, com 5% e 10% de fibrasde PET. 
TRAÇO 1:2:8 
Materiais Consumo de Materiais (Kg/m³) 
 Controle (M4) 5% de PET (M5) 10% de PET (M6) 
Cimento 165,38 165,38 165,38 
Cal 330,76 330,76 330,76 
Água 327,45 327,45 327,45 
Areia 1319,74 1253,75 1187,77 
Fibras de PET ---- 65,99 131,97 
Relação água/aglomerantes 0,65 
 
Para avaliação da distribuição do tamanho dos grãos das fibras, utilizou-se um agitador mecânico 
de peneiras. Para isso, pesou-se aproximadamente 200g de fibras, que foi submetida ao processo de 
peneiramento durante 20 minutos. 
O processo de moldagem dos corpos de prova se deu através da norma NBR 7215 (ABNT, 2019), 
utilizando-se uma argamassadeira. 
O adensamento da argamassa, nas fôrmas de dimensões (5 x 10) cm foi executado de forma 
manual, para melhor compactação e retirada de vazios da argamassa. 
Uma mesa cadente foi utilizada para o ensaio de consistência (Flow Table) juntamente com uma 
fôrma tronco-cônica. A determinação do índice de consistência foi executada após a preparação da 
argamassa a partir da norma NBR 13276 (ABNT, 2016). 
Após os procedimentos de moldagem, os corpos de prova de argamassa foram mantidos em uma 
sala fechada em e condição de cura não saturada, conforme a NBR 5738 da ABNT (2016). 
Após os 28 dias de cura, 3 corpos de prova de cada dosagem de argamassa foram separados para 
o ensaio de absorção de água por imersão, conforme as prescrições da norma NBR 9778 (ABNT, 2009). 
O ensaio de absorção de água por ascensão capilar foi feito aos 28 dias de cura para as argamassas, 
utilizando-se a metodologia descrita na NBR 9779 (2012), após 10 min, 90 min e 180 min em contato 
com a água. A Figura 2 mostra o aparato para realização do ensaio. 
 
 
FIGURA 2. Ensaio de Absorção de Água por Ascensão Capilar. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
A finura das fibras de PET foi avaliada, pois o tamanho das partículas de um agregado influencia 
no processo de preenchimento dos poros no compósito. Para efeitos de comparação, foi acrescentada a 
distribuição granulométrica da areia média natural, bem como da brita 1, conforme ilustra a Figura 3. 
 
 
 
 
 
FIGURA 3. Distribuição Granulométrica da Areia Média Natural, Brita 1 e Fibras de Garrafa PET 
 
Os dados obtidos mostram que, para as Fibras de Garrafa PET, sua granulometria condiz de 
maneira mais próxima à faixa granulométrica definida pela areia média. Comparando-se o 
comportamento das curvas, pode-se concluir que a areia média natural apresenta uma distribuição 
granulométrica mais contínua e com crescimento graduado do tamanho de grãos. Por outro lado, ao 
caráter mais linear da curva granulométrica das Fibras de Garrafa PET evidencia um comportamento 
mais uniforme do tamanho de grãos. 
O efeito das fibras de PET nas argamassas no estado fresco foi avaliado por meio do ensaio de 
Mesa de Consistência (Flow Table). Os valores de abertura encontram-se na Tabela 3 abaixo. 
 
TABELA 3. Diâmetro de abertura de consistência de argamassas sem e com fibras de PET (mm). 
Diâmetro (mm) Traço M1 M2 M3 M4 M5 M6 
Média 232 218 188 228 208 171 
 
Os dados mostram que o incremento de fibras causa redução da trabalhabilidade das misturas de 
argamassa. Isso quer dizer que a fibra de PET pode requerer uma maior demanda de água para manter 
a trabalhabilidade constante. Apesar disso, verifica-se que a inserção de 5% de fibras causa uma menor 
redução da abertura, da ordem de 6% a 9% para as misturas sem e com adição de cal, respectivamente. 
Isso leva a uma possível conclusão que a morfologia e textura da fibra pode gerar a tendência 
observada. Associado ao formato irregular, textura superficial e granulometria descontínua das fibras, 
pode-se observar os menores diâmetros de abertura de consistência. 
O ensaio de absorção de água foi feito aos 28 dias de cura (Figura 4) para analisar os efeitos de 
porosidade influenciada pela inclusão das fibras de PET. 
 
FIGURA 4. Absorção de Água por Imersão para as Misturas M1 a M6. 
 
De modo geral, a inclusão de fibras de PET trouxe um incremento nos valores de absorção das 
argamassas. Pode-se verificar que sua granulometria é maior em relação à areia natural, o que pode ter 
gerado a formação de poros e o consequente aumento. 
Os dados mostram que os traços com 5% de fibras apresentam um menor incremento de 
absorção, da ordem de 9,5%. Entretanto, pode ser observado que a inclusão de 10% de fibras trouxe um 
aumento da ordem de 11% a 17% nos valores de absorção. 
Os resultados do ensaio de absorção de água por ascensão capilar estão representados na Figura 
5 abaixo. 
0,1 1 10 100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Po
rce
nta
ge
m 
Re
tid
a A
cu
mu
lad
a (
%
)
Abertura (mm)
 Areia
 Fibras PET
 B1
 
FIGURA 5. Absorção de Água por Capilaridade para as Misturas M1 a M6. 
 
Os dados puderam evidenciar que a taxa de absorção é, no geral, mais elevada para as misturas 
constituídas de fibras. Enquanto a taxa de absorção é crescente para as misturas com cimento, para as 
misturas com cal essa taxa é estabilizada após 90 min de ensaio. Apesar das misturas com cimento 
apresentarem taxa de absorção ligeiramente maior para as misturas com 5% de fibras em relação às 
misturas com 10%, para as argamassas de cal é evidente o melhor comportamento dos traços com 5% 
de PET. 
 
CONCLUSÕES 
O objetivo deste trabalho é avaliar a viabilidade da utilização das fibras de garrafa PET em 
argamassas, em relação à massa de areia média natural substituída. 
A granulometria do material estudado está compreendida na zona de utilização da areia média 
natural. Associado à granulometria uniforme das fibras, os dados mostram que o incremento dessas 
causa redução da trabalhabilidade das misturas de argamassa. 
De modo geral, a inclusão de fibras de PET trouxe um incremento nos valores de absorção de 
água por imersão e capilaridade das argamassas. Entretanto, é evidente que a inclusão de 5% de fibras 
em relação à massa de areia tende a produzir misturas com menor porcentagem de incremento de 
absorção. Isso pode ser um indicativo que o material pode ter viabilidade técnica com o intuito de 
garantir a impermeabilização de alicerces, piscinas, caixas d´água e revestimentos internos e externos 
de paredes. 
 
AGRADECIMENTOS 
Ao Centro de Reciclagem Sarapet – Reciclagem de Resíduos Plásticos, localizada no município 
de Ribeirão Preto-SP, bem como ao Aluno do Curso Técnico em Edificações, pela aquisição do material. 
À Bolsa de Iniciação Científica concedida pela Pró-Reitoria do IFSP para o Programa PIBIFSP – 
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP. 
 
REFERÊNCIAS 
ABIPET. Associação Brasileira da Indústria de PET. Site corporativo. Disponível em: 
http://www.abipet.org.br/index.html. Acesso em: 12 dez. 2019. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto – Procedimento para 
moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2016. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7175: Cal hidratada para argamassas - 
Requisitos. Rio de Janeiro, 2003. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9778: argamassa e concreto 
endurecidos – determinação da absorção de água por imersão, índice de vazios e massa específica. Rio de Janeiro, 
2009. 4 p. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9779: Argamassa e concreto 
endurecidos — Determinação da absorção de água por capilaridade. Rio de Janeiro, 2012. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 13276: Argamassa para 
assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2016. 3 
p. 
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. 3. ed. São Paulo: 
IBRACON, 2008. 674 p. 
OLIVEIRA JÚNIOR, André Luís de; FINEZA, Adonai Gomes; PEREIRA, Erlon Lopes. A APLICAÇÃO 
DE FIBRAS DE GARRAFA PET COMO AGREGADO ESTRUTURAL DO CONCRETO. Revista Científica 
Univiçosa, Viçosa, v. 9, n. 1, p.47-52, dez. 2017. 
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