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Avaliação Clínica e Psicossocial em Enfermagem Aula VI Professora Thaísy Schmidt O exame Neurológico • O exame neurológico faz parte da anamnese e do exame físico geral do paciente; • Durante a anamnese devem ser observadas as condições do meio ambiente do paciente, de seus comportamentos emocional, físico e cognitivo. • Em algumas situações é necessária a presença de algum membro da família ou amigo, que possa responder as perguntas. O exame Neurológico • A avaliação neurológica compreende 6 etapas: • Avaliação do nível de consciência • Avaliação pupilar • Avaliação da função motora • Avaliação da função sensitiva • Avaliação da função cerebelar • Avaliação dos nervos cranianos Avaliação do nível de Consciência • Avaliação da Consciência: • Percepção do indivíduo consigo mesmo e com o meio ambiente em que vive. • Significa que o mesmo responde às perguntas e/ou comandos de forma clara, objetiva e orientada. • O nível de consciência expressa o grau de alerta comportamental do indivíduo, o estado de alerta e vigília. • Avaliação do conteúdo da Consciência • Necessária capacidade cognitiva preservada para a maior parte do exame; • No conteúdo são realizadas as seguintes avaliações: atenção e concentração, memória, estado afetivo, linguagem, raciocínio e orientação. • Orientação: É a consciência de tempo, espaço e pessoa. Pode-se fazer algumas perguntas sobre identificação pessoal, nome, profissão, etc. • Na avaliação temporal: perguntar mês, dia da semana, dia do mês. • Na avaliação espacial: perguntar sobre o local onde o paciente se encontra, o endereço de sua casa, etc. Avaliação do nível de Consciência • Elementos básicos para a avaliação do nível de consciência: • Perceptividade: corresponde a respostas complexas, como gestos e palavras, ou mais simples, como piscamento à ameaça. • Reatividade: relacionada com mecanismos presentes desde o nascimento, como visão, audição, reação de despertar, reação de orientação e reações focais e gerais à dor. • Estímulos: • Auditivos: inicialmente tom de voz normal, se não houver resposta elevar tonalidade. Na presença de respostas, avaliar o grau de orientação do paciente. • Táteis: podem ser aplicados junto aos auditivos para despertar o paciente. Se não ocorrer resposta, estímulos dolorosos devem ser aplicados. • Dolorosos: método mais indicado é a aplicação de uma compressão perpendicularmente ao leito ungueal proximal (mãos ou pés), com a ajuda de instrumentos (caneta, lápis ou a própria unha). • Outras áreas: região supra orbital, músculo trapézio e esterno. • Estímulos intensos e repetidos podem causar lesões na pele, hematomas ou outros traumatismos locais e psicológicos. Avaliação do nível de Consciência • Alterações no Nível de Consciência • Rebaixamento do nível de consciência é o parâmetro mais sensível de insuficiência encefálica. • Pode ter início com pequena confusão mental, com dificuldade de elaboração de frases e armazenamento de informações, podendo chegar à sonolência até o coma. • Alterações mais comuns • Letargia ou sonolência: paciente acorda ao estímulo auditivo, está orientado no tempo, espaço e pessoa, responde lenta e vagarosamente ao estímulo verbal, à elaboração de processos mentais e à atividade motora. • Cessado o estímulo verbal, retorna ao estado de sonolência. • Estado confusional agudo ou delirium: sintomas de início agudo, de caráter flutuante e com intervalos de lucidez. • Pode apresentar um ou + sintomas: inatenção aos estímulos, diminuição da capacidade de concentração, desorganização e incoerência do pensamento, desorientação em relação ao lugar e ao tempo, distúrbios de memória, rebaixamento do nível de consciência (sonolência), entre outros. Avaliação do nível de Consciência • Obnubilação: paciente muito sonolento, ou seja, necessita ser estimulado intensamente, com associação de estímulo auditivo mais intenso e estímulo tátil. • Pode responder a comandos simples (p. ex.: quando solicitado para colocar a língua para fora da boca). • Responde apropriadamente ao estímulo doloroso. • Estupor ou torpor: mais sonolento, não responsivo, necessitando de estimulação dolorosa para responder. • Responde apropriadamente ao estímulo doloroso, apresenta resposta com sons incompreensíveis e/ou com abertura ocular. • Coma: estado em que o indivíduo não demonstra conhecimento de si próprio e do meio ambiente, com ausência do nível de alerta, ou seja, inconsciente, não interagindo com o meio e com os estímulos externos, permanecendo com os olhos fechados, como em um sono profundo. • Neste estado o paciente apresenta apenas respostas de reatividade. Avaliação Pupilar • Exame pupilar: Avaliar diâmetro, simetria, assimetria e reflexo fotomotor; • Comparar uma pupila à outra; • Diâmetro normal: em média 3,5mm; • O diâmetro pode ser medido com uma régua ou por pupilômetro. • Exame da movimentação ocular extrínseca • Realizado em pacientes em coma; • Avaliados os movimentos dos nervos cranianos (oculomotor, troclear e abducente); • Avaliação realizada em 5 etapas: • Movimentos oculares espontâneos; • Manobra dos olhos de boneca • Manobra vestíbulo-ocular; • Reflexo córneo palpebral; • Pálpebras. Avaliação da Função Motora • Sistema motor: Avaliar: • Posição corporal • Movimentos involuntários • Trofismo • Tônus muscular • Força • Coordenação • Equilíbrio • Marcha. Avaliação da Função Motora • Posição corporal: • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Exame: Inspeção. Inspecione a posição do corpo do paciente durante os movimentos e em repouso. • Movimentos involuntários: • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Exame: Inspeção. Inspecione a presença de movimentos involuntários, como tremores, tiques ou fasciculações. Observe a localização, qualidade, frequencia, ritmo e amplitude, sua relação com postura, atividade, fadiga e emoções. Ex: tremores em repouso, postural (em atividade), intencionais (em atividade). Avaliação da Função Motora • Trofismo: circunferência de segmentos do corpo • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Exame: Inspecione o tamanho e contorno dos músculos, medição comparativa com segmento homólogo. Aspecto achatado ou côncavo? Atrofia? Alterações (terminologias): arofia, hipotrofia, hipertrofia Avaliação da Função Motora • Tônus muscular: resistência muscular ao estiramento passivo • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Exame: Inspeção, palpação à movimentação passiva dos membros • Alterações (terminologias): atonia; flacidez muscular (hipotonia), espasticidade (hipertonia); rigidez (durante a amplitude de movimento) Avaliação da Função Motora • FORÇA: potência de segmentos musculares • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Entrevista: perguntas sobre fraqueza muscular • Exame: provas de contra-resistência e provas contra a força da gravidade, observando segmento homólogo Avaliação da Função Motora • Alterações (terminologia): • Paresia (diminuição de força): • hemiparesia à esquerda ou à direita; • paraparesia (membros inferiores); • tetraparesia (membros superiores e inferiores); • Plegia (ausência de movimento, paralisia completa); • hemiplegia à esquerda ou à direita; • paraplegia (membros inferiores); • tetraplegia (membros superiores e inferiores). Avaliação da Função Motora • Coordenação motora: organização do movimento para um determinado fim. • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Exame: deve ser verificado a harmonia do movimento, precisão do movimento e presença de tremor. • Prova index-nariz, calcanhar-joelho (realizar com olhos abertos e depois fechados). • Alterações (terminologias): incoordenação ou dismetria; tremores (repouso ou em movimento). Avaliação da Função Motora • Equilíbrio: • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Exame: deve ser testado o equilíbrio estático e dinâmico • Prova: Romberg, aproximação da ponta de um pé ao calcanhar do outro, andar em linha reta, andar em círculo. Avaliação da Função Motora • Marcha • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Exame: observar movimentosassociados ou compensatórios, andar nos calcanhares, na ponta dos pés, de olhos fechados. • Alterações mais freqüentes: marcha espástica (braço imobilizado e perto do corpo, flexão plantar do pé, paciente arrasta o pé) ou de tesoura (marcha rígida, passadas curtas, cada perna avança devagar e a coxa tende a cruzar na frente da outra), marcha atáxica (pés afastados, paciente olha o chão, não consegue ficar de pé com os pés juntos). Avaliação da Função Sensitiva • Sistema sensitivo: Muito complexo, e exige a colaboração do paciente. A avaliação envolve testes de sensibilidade tátil, dor superficial, sensibilidade vibratória e propriocepção. • Importante durante a avaliação que o indivíduo permaneça com os olhos fechados. • Reflexos: Permite que o examinador avalie arcos reflexos involuntários, que dependem da presença de receptores aferentes de estiramento. Os reflexos comuns que podem ser testados incluem o bíceps, o braquiradial, o tríceps, a região patelar e o calcanhar. Avaliação da Função Sensitiva • SENSIBILIDADE: nervos sensitivos • Tipos de sensibilidade: • Superficial: tátil, térmica, dolorosa (duas vias) • Proprioceptiva ou profunda: cinéticopostural (colunas posteriores) • Discriminativa: gnóstica (tratos espinotalámicos) Avaliação da Função Sensitiva • AVALIAÇÃO: Como obter dados? • Entrevista: perguntas: órgãos dos sentidos. • Exame físico: nos vários segmentos do corpo, solicitando ao paciente permanecer de olhos fechados e comparando a sensibilidade de uma área com sua homóloga. • Tátil: gaze, pedaço de papel ou pano, pena, etc; • Dor: objeto pontiagudo; • Térmica: tubos com água fria e outro com água quente; • Cinético-postural: com segmentos do próprio corpo do paciente; • Discriminativa: colocando objetos ou escrevendo letras na palma da mão do paciente. Avaliação da Função Sensitiva Alterações (terminologia): • Anestesia; • Hipoestesia; • Hiperestesia; • Parestesia (sensação sem estímulo) • Ex: hemiparestesia à esquerda ou à direita; paraparestesia (membros superiores); tetraparestesia (membros superiores e inferiores). Avaliação da Função Cerebelar • Cerebelo tem por incumbência trazer refinamento ao sistema motor; • Sem ele, os movimentos seriam grosseiros, não coordenados, desajeitados e trêmulos e movimentos precisos seriam impossíveis. Gordon Holmes: “ a rapidez, o limite e a força do movimento”. Avaliação da Função Cerebelar • Sistema cerebelar: Responsável pela movimentação automática, involuntária e por correções e modulações dos movimentos voluntários. • Proporciona um movimento mais preciso e coordenado; • A lesão no sistema cerebelar conduz a alterações na coordenação, na marcha, no equilíbrio, como também reduz o tônus muscular. • A avaliação motora é realizada para identificar o grau de incapacidade e/ou de dependência do paciente em realizar um movimento ou de movimentar-se. • Durante a avaliação da força muscular, observa-se: a postura, o tono muscular, os reflexos, os tipos de movimentos e a coordenação dos grupos musculares. Avaliação da Função Cerebelar • Para testar a coordenação, é comum que se peça ao paciente para tocar um dedo com o indicador e, em seguida, o nariz. Ele pode repetir esse movimento várias vezes, com os olhos abertos e fechados. Avaliação da Função Cerebelar • Teste de Romberg • Um dos principais exames da avaliação otoneurológica é o teste de Romberg. Ele checa possíveis alterações no equilíbrio estático (quando o corpo está em pé, em repouso), que possui ligação direta com a coluna dorsal da medula espinhal. Nele, o paciente é orientado a ficar em pé, com os braços juntos ao corpo. A princípio, os olhos devem ficar abertos, mas precisam ser fechados alguns segundos depois. Isso é feito para observar a diferença entre a oscilação com e sem o auxílio da visão. • São esperadas algumas oscilações, principalmente nas articulações e nos tornozelos e nos joelhos, mas quedas são preocupantes. Quando elas são laterais, há indícios de lesões labirínticas periféricas. Em outros tipos de quedas, como as para trás, há a possibilidade de lesões centrais. Avaliação dos Nervos Cranianos • Nervo olfativo(I): sensitivo, função olfativa. • Exame: Provas olfativas. • Alterações: Anosmia ou hipoanosmia. • Nervo óptico (II): sensitivo, acuidade visual. • Exame: Provas: acuidade visual (tabela de Snellen), campo visual. • Nervo Oculomotor (III), • Troclear (IV) e • Abducente (VII): • avaliação pupila (tamanho, reação à luz e acomodação); movimentação intrínseca e extrínseca dos olhos (posições cardinais). Avaliação dos Nervos Cranianos • Trigêmio (V): sensitivo (sensibilidade superficial da pele e mucosas) e motor, (masseter e temporal). • Exame: Provas sensibilidade tátil (testa, bochecha e queixo); Motora: mordedura (cerrar os dentes). • Nervo facial (VII): motor (mímica da face) e sensitivo (sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua. • Exame: Provas simetria facial, mímica facial (sorrir, franzir a testa, fechar os olhos firmemente, levantar as sobrancelhas, mostrar os dentes e inflar as bochechas); sensorial: capacidade gustativa. • Nervo Vestíbulo-coclear (VIII) sensitivo (acuidade auditiva) e equilíbrio. • Exame: conversação normal e teste da voz sussurada; equilíbrio. Avaliação dos Nervos Cranianos • Glossofaríngeo (IX) e Vago (X): deglutição, motricidade do palato mole e da úvula, inervação motora e sensitiva da faringe, sensibilidade gustativa. • Exame: Prova motora (movimento da faringe: simetria da úvula ao abrir a boca quando diz “ahhh”; prova de vômito (toque da parede posterior da faringe ou da úvula com uma espátula). • Acessório (XI): inervação das cordas vocais, e dos músculos trapézio e esternoclidomastoideo. • Exame: Provas dificuldade de elevação do ombro e rotação da cabeça contra uma resistência. • Nervo Hipoglosso (XII): motor, movimentação da língua, dentro e fora da boca. • Exame: Provas colocar a língua para fora da boca e observar a sua linha média, pedir para o paciente movimentar a língua.
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