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Book of Proceedings - 218 SIMPóSIO Moderador: Fátima Ferreira Bortoletti PSICOLOGIA OBStÉtRICA – ABORDAGEM PSICONEUROENDOCRINOIMUNOLóGICA. EVOLUÇãO HIStóRICA, FUNDAMENtOS tEóRICOS, FORMAÇãO DO PSICóLOGO OBStÉtRICO Magda S. Consul Silva Universidade Federal de São Paulo Fátima Ferreira Bortoletti Universidade Federal de São Paulo Esdras Guerreiro Vasconcellos Universidade de São Paulo RESUMO Evolução Histórica A Psicologia Obstétrica (PO) partiu da Psicoprofilaxia da Gestação, Parto e Puerpério, um Modelo Psicopedagógico denominado Método Psicoprofilático encontrando sua atual estrutura no Modelo Psicoterápico Psicodinâmico, que prioriza o transito psíquico. Iniciou no Hospital Ipiranga – SP – Brasil em 1983, desenvolvendo o Pré Natal Psicológico. Em 1990 migrou para a Universidade Federal de São Paulo, ampliando seu campo de atuação para atender a demanda assistencial. A interface com a Psiconeuroendocrinoimunologia (PNEI) ocorreu em 2012. Fundamentos teóricos A Psicologia Obstétrica é um conjunto de ações psicoprofiláticas e psicoterápicas que se utilizam da fundamentação teórica da Psicodinâmica do Ciclo gravídico Puerperal, para a elaboração do diagnóstico intrapsíquico/situacional do casal grávido, intervindo preventiva e terapeuticamente de acordo com protocolos psicológicos especificamente desenvolvidos para assistir essa clientela, em trajetória natural ou em circunstâncias singulares do processo reprodutivo. A interface com a Psiconeuroendocrinoimunlogia permitiu a compreensão do mecanismo de distress que pode se instalar durante o Ciclo Gravídico Puerperal(CGP), desencadeando processos de adoecimento materno ou fetal, os quais podem comprometer o transito natural do processo reprodutivo. A Psicologia Obstétrica elaborou protocolos assistenciais especialmente desenvolvidos para atender as diversas demandas obstétricas: Pré Natal Psicológico (padrão e específicos), Depressão Pós Parto, Prematuridade, Óbito Fetal, Aborto de Repetição, Hiperemese Gravídica, Medicina Fetal. Formação do Psicólogo Obstétrico Para atuar no CGP é necessária uma formação especializada que contemple uma abordagem interdisciplinar em Psicologia da Saúde, Psicologia Obstétrica, Psiconeuroendocrinoimunologia, Obstetrícia básica e Neonatologia básica. Palavras chave: Psicologia Obstétrica, Psiconeuroendocrinoimunologia, Distress, Protocolos Psicológicos, Pré Natal Psicológico. EVOLUÇãO HIStóRICA A visão embrionária da Psicologia Obstétrica (PO) teve início em 1978 no Posto de Assistência Médica Silva Jardim – São Paulo – Brasil. Nessa ocasião Bortoletti teve a oportunidade de participar dos Grupos de orientação à gestantes coordenadonado pela enfermagem local. Esse trabalho tinha uma abordagem pedagógica. Essa experiência foi fundamental para sinalizar que as gestantes demandavam por uma intervenção que trabalhasse os conteúdos emocionais envolvidos no processo reprodutivo, os quais emergiam na expressão das angústias e ansiedades. Bortoletti por ocasião da conclusão do curso de Psicologia em 1982, aceitou o desafio de implantar o Setor de Psicologia na Maternidade do Hospital Ipiranga - Brasil. Fez uma vasta pesquisa nos locais que ofereciam algum trabalho nesse sentido e todos convergiam para o modelo pedagógico, os quais nos foram úteis para confirmar a necessidade de uma abordagem dos conteúdos emocionais. Nessa ocasião buscou fundamentos teóricos no Curso de Aprimoramento em Psicoprofilaxia da Gestação, Parto e Puerpério no Instituto Sedes Sapientiae. Este curso era coordenado pela Professora Feiga Grunspun, que tinha formação em Enfermagem e Psicologia pela Universidade Federal de São Paulo – USP, e foi a primeira gestante a se submeter ao Método Psicoprofilático no Brasil em 1955. Este curso tinha uma abordagem psicopedagógica, interdisciplinar, contemplando conteúdos teóricos na área da Psicologia, Obstetrícia e Enfermagem. Teve como referencial teórico a Professora Maria Tereza Maldonado e o Professor Raul Briquet. A evolução histórica teve marcos bem definidos nas abordagens, iniciando pelo Método Psicoprofilático, passando pela Psicoprofilaxia da Gestação, Parto e Puerpério plantando um alicerce sólido para o desenvolvimento da Psicologia Obstétrica. O marco inicial desta última foi em 1983 no Hospital Ipiranga com a criação da Psicoprofilaxia da Gestação, Parto e Puerpério - o Pré Natal Psicológico (PNP), primeiro protocolo que deu origem à Psicologia Obstétrica. (Bortoletti, 2011). O termo Pré Natal Psicológico foi criado em 1985 por Roselys Campos de Almeida, após ter participado do processo. Bortoletti adotou o termo a partir de então, visto que foi fruto da vivência prática de uma gestante que definiu segundo o sentido que essa abordagem fez para seu processo reprodutivo. Em 1985 o Hospital Ipiranga recebeu a primeira estagiária de Psicologia Obstétrica, a então recém formada psicóloga Magda Spinello Consul Silva a qual, juntamente com Bortoletti, desenvolveu sua carreira na área permanecendo até os dias de hoje. Bortoletti realizou o primeiro Curso de Especialização Livre em Psicoprofilaxia da Gestação, Parto e Puerpério em 1988 no Hospital Nove de Julho – SP sendo que as atividades de Prática Assistencial eram realizadas no Centro de Saúde da Vila Gumercindo, ambos em Book of Proceedings - 219 SP – Brasil. Em 1990 a Prática Assistencial clamava por um campo mais amplo que contemplasse gestações de alto risco e migrou para o Departamento de Obstetrícia – Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Nessa ocasião a Prática Assistencial ampliou seu campo de atuação contemplando o atendimento às Patologias Obstétricas e Medicina Fetal, além da Obstetrícia Fisiológica. Essa ampliação registrou a elaboração de protocolos assistenciais especializados para atender a clientela das Patologias Obstétricas, além do Pré Natal Psicológico adaptado a cada uma delas: Perdas Gestacionais Recorrentes, Prematuridade, Diabetes Gestacional, Gestantes HIV+, Hiperemese Gravídica, Depressão Pré e Pós Parto, Psicose Puerperal. A Medicina Fetal demandou a elaboração de três protocolos distintos: Tomada de decisão, Interrupção Legal da Gestação, Pré Natal Psicológico. Após dez anos de efetiva Prática Assistencial na UNIFESP, em 2.000 Bortoletti e Silva implantam o Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Psicologia Obstétrica no Programa da Pró Reitoria de Extensão da UNIFESP. Nessa ocasião foi implantado também o Programa de Atualização Profissional, o qual recebeu alunos do Brasil de norte a sul. Diante desse panorama surge a necessidade de uma publicação que desse sustentação teórica a esse trabalho, uma literatura que pudesse ser absorvida pela Equipe de Saúde que labora no Ciclo Gravídico Puerperal (CGP). Bortoletti em 2007 lança o livro Psicologia na Prática Obstétrica – Abordagem Interdisciplinar, uma obra que contempla conhecimentos de Psicologia, Obstetrícia, Neonatologia, Enfermagem, Fisioterapia, Stress, especializados para assistir o CGP. O Programa de Residência em Saúde da Mulher foi implantado por Bortoletti em 2011, contemplando os Departamentos de Obstetrícia e Ginecologia, condição que desencadeou a implantação da assistência psicológica no Ambulatório de Endometriose. O leitor interessado sobre este trabalho poderá consultar o Artigo publicado nestes Anais intitulado: “Compreendendo a manifestação dos sintomas dolorosos e incapacitantes da Endometriose através da Psiconeuroendocrinoimunologia”. Testemunhar o sofrimento psíquico à que ficam expostos os membros da Equipe de Saúde que laboram assistindo os casais durante o Ciclo Gravídico Puerperal despertou a necessidade para a demanda de olhar para o Cuidador... Em 2012 Bortoletti defende a Dissertação de Mestrado no Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo intitulada “Análise dos fatores de risco de desencadeamento da Síndrome de Burnout em Obstetras”. O leitor interessado em detalhes poderá encontrar esse estudo no Artigo publicadonestes Anais intitulado: “Burnout em profissionais que laboram em Obstetrícia - Uma Visão Psiconeuroendocrinoimunológica”. FUNDAMENtAÇãO tEóRICA Bortoletti elabora a definição da PO em 2011: “Psicologia Obstétrica é um conjunto de ações psicoprofiláticas e psicoterápicas que se utilizam da fundamentação teórica da Psicodinâmica do Ciclo gravídico Puerperal, para a elaboração do diagnóstico intrapsíquico/situacional do casal grávido, intervindo preventiva e terapeuticamente de acordo com protocolos psicológicos especificamente desenvolvidos para assistir essa clientela, em trajetória natural ou em circunstâncias singulares do processo reprodutivo”. Em 2012 Bortoletti realizou uma releitura dos Protocolos Assistenciais da Psicologia Obstétrica elaborando a interface com a Psiconeuroendocrinoimunologia, modelo utilizado até hoje. Detalhes sobre este modelo assistencial o leitor poderá encontrar no Artigo intitulado “Pré Natal Psicológico – Uma abordagem Psiconeuroendocrinoimunológica”, primeiro Protocolo da Psicologia Obstétrica, publicado nestes Anais. A seguir uma breve apresentação dos Protocolos Assistenciais que intercorrências do processo reprodutivo. EMERGÊNCIAS EM PSICOLOGIA OBStÉtRICA A fundamentação teórica da Psicologia Obstétrica em interface com a Psiconeuroendocrinoimunologia propicia recursos técnicos adequados para uma leitura objetiva dos aspectos situacionais e intrapsíquicos, traçando condutas efetivas na intervenção psicológica emergencial, sendo esta indicada em quaisquer circunstancias que venham comprometer o desenvolvimento natural do processo reprodutivo, objetivando a integralidade e humanização da equipe envolvida nos cuidados de cada casal respeitando as individualidades. Para atender a demanda emergencial durante o CGP a PO desenvolveu Protocolos Assistenciais específicos para cada circunstância: Hiperemese gravídica, Risco de vida materno, Depressão Pré e Pós-parto, Perdas gestacionais recorrentes, Aborto espontâneo, Óbito fetal, Prematuridade, Anomalias fetais, entre outras, são emergências que fazem parte da rotina da Psicologia Obstétrica. (Bortoletti et all, 2011) Diante da grávida com Hiperemese gravídica é necessário desmistificamos o mito da rejeição da criança. O conteúdo emocional da angústia emergente nesse quadro é oriundo da regressão, a qual favorece a emergência de conflitos infantis não elaborados. A assistência deve ser diária e, além da psicoterapia, utilizam-se recursos de conscientização corporal. A Depressão pode ocorrer na gestação, principalmente quando a gestante não vive plenamente as alterações e limitações naturais da gravidez. A ausência de uma rede de apoio familiar, o excesso de atividades profissionais e sociais, sentimentos de incapacidade para realização da maternagem, ausência de uma figura provedora e protetora, são fatores stressores que favorecem a instalação da Depressão Pré Parto. No puerpério a ausência do pai da criança, da figura materna adequada, excesso de visitas hospitalares ou domiciliares, sentimentos de incapacidade de cuidar do recém-nascido bem como fracasso na amamentação e distanciamento físico do nascituro são fatores de stress que desencadeiam a Depressão Pós Parto. O tratamento preconiza uma atuação psicoterápica e psicopedagógica, observando a relação conjugal, a ressignificação da figura materna, facilitação e estimulação da maternagem e do aleitamento, desmistificação da “loucura”, reestruturação doméstica e contatos telefônicos diários. O Psicólogo Obstétrico deve estar atento ainda a Depressão Pós Parto masculina e a Síndrome de Couvade, estando esta última intrinsicamente ligada à forma de inserção do homem na gestação. O Óbito fetal, desencadeia um estado de choque emocional nos genitores. O binômio mãe feto é abalado, sendo necessário um tempo para elaboração do ocorrido. A atuação do profissional deve se pautar na estimulação da livre expressão dos sentimentos. O desligamento do feto é fundamental para a liberação deste, seja em condições espontâneas ou induzidas. A ritualização do processo de luto deve ser respeitada. Técnicas de relaxação psicológica autógena associada à dessensibilização, visualização de marcadores de prontidão para a realização do parto, são instrumentos que fazem parte deste protocolo assistencial. O Aborto espontâneo de repetição, independentemente do tempo de gestação, provoca reincidentes estados depressivos. O feto faz parte Book of Proceedings - 220 da imagem corporal feminina e este evento se assemelha a uma amputação. As reações emocionais são determinadas pela dinâmica intrapsíquica e dependem do significado daquela gestação. A atenção ao risco de suicídio se faz necessária porque a mulher acredita na fantasia mágica que se vier a óbito, poderá encontrar o filho. A psicoterapia focal abordará todos os emergentes emocionais vividos nesta ocasião. A experiência em gestar poderá ser interrompida diante da ocorrência da Prematuridade. A mulher não se sente pronta emocionalmente para estar com o recém nascido, o que frequentemente compromete a prontidão para a maternagem, deixando a puérpera vulnerável a Depressão Pós Parto. As Anomalias fetais diagnosticadas e tratadas pela Medicina Fetal demandam protocolos a serem utilizados em momentos distintos. Logo após o diagnóstico, a gestante entra no “estado de choque” demandando um processo de acolhimento. Nas circunstâncias em que a anomalia é incompatível com a vida extrauterina é necessária a utilização do protocolo de “Tomada de Decisão”. À partir do resultado deste serão utilizados os protocolos de “Interrupção legal da gestação” ou “Pré Natal Psicológico” especializado para esta realidade fetal. O Psicólogo Obstétrico deve sempre estar atento e cuidadoso com os frequentes desejos de interrupção da gestação, os quais muitas vezes não expressam o conteúdo latente legítimo. (Bortoletti et all, 2015) FORMAÇãO EM PSICOLOGIA OBStÉtRICA O psicólogo interessado em atuar com casais no Ciclo Gravídico Puerperal deve buscar a formação específica que contemple conteúdos de Psicologia da Saúde, Psicologia Hospitalar, Psicologia Obstétrica, Psiconeuroendocrinoimunologia, Obstetrícia, Neonatologia, Medicina Fetal e Medicina Integrativa. (Bortoletti & Silva, 2007) Os conhecimentos acerca da área da Obstetrícia são fundamentais para que o Psicólogo Obstétrico possa compreender de forma clara o processo que está ocorrendo, seja numa trajetória natural do Ciclo Gravídico Puerperal, seja numa gestação que registre intercorrências obstétricas. Porém, não podemos esquecer que o paciente é duplo/triplo: mãe – pai - feto/recém nascido, daí a necessidade dos conhecimentos em Medicina Fetal (Diagnóstico e Tratamento) e Neonatologia (Puericultura). (Bortoletti & Silva, 2007) A Psicologia da Saúde é um pilar fundamental para a atuação em PO, subsidiando ações que diferem da Clínica, disponibilizando instrumentos técnicos que atendem a demanda da intervenção. Segundo Grau (1997) a Psicologia da Saúde interage sobre todos os conteúdos físicos e psíquicos envolvidos no binômio saúde-doença. Ortega & Russell (1998) afirmam que a Psicologia da Saúde abrange todos os aspectos comprometidos no processo saúde-enfermidade, contemplando os sociais, familiares, profissionais, clínicos, políticas de saúde a nível de promoção – prevenção e tratamento, participando ativamente em todos os momentos do “viver”. A Psicologia Hospitalar nasce do reconhecimento de fatores psíquicos interferindo, determinando e até mesmo agravando quadros orgânicos. Diante dessa realidade o psicólogo passou a integrar as Equipes Interdisciplinares, necessitando desenvolver e utilizar recursos próprios ao ambiente hospitalar, com um olhar integral do indivíduo. (Sebastiani, 2007) A Psiconeuroendocrinoimunologia desenvolvida à partir do Modelo Psiconeuroendocrinológico do Stress contribui sobremaneira nesse panorama, subsidiando recursos teóricos e de intervenção na promoção, prevenção e tratamento da saúde nas diversas áreas,inclusive na Equipe de Saúde que fica exposta diuturnamente. Em todas as fases da vida existe uma ação-reação direta de todos os sistemas, sendo que o acionamento de um provoca imediatamente uma reação no outro. (Vasconcellos, 2017) Finalizando esse panorama o Psicólogo Obstétrico necessita conhecer a Medicina integrativa, representada aqui pela Meditação, instrumento valioso na promoção, prevenção e tratamento da Saúde na linha integração Mente - Corpo - Espiritualidade. (Cardoso, 2011) A formação em Psicologia Obstétrica deve contemplar atividades acadêmicas pois, além da assistência, o psicólogo será solicitado a ministrar palestras, participar de discussões junto à Equipe de Saúde, seminários, daí a importância em dominar técnicas de didática e oratória. Recomenda-se a participação em Congressos Científicos e Cursos Multidisciplinares das áreas afins, além da elaboração e apresentação de trabalhos científicos. (Bortoletti & Silva, 2007) REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS Bortoletti FF et all. Psicologia Obstétrica na Prática da Medicina Fetal – Abordagem Psiconeuroendocrinoimunológica. In: Cardoso RD Medicina Fetal. Atualidades e Perspectivas.Versalhes Comunicação, Go, 2015. p 611-619 Bortoletti FF, Silva MSC, Tirado MCBA. Aspectos emocionais á luz da Psicodinâmica do Ciclo Gravídico Puerperal.In: Moron AF, Kulay L, Camano L. Obstetrícia. Editora Manole, 2011, SP. p 177-194 Bortoletti FF, Silva MSC. Formação em Psicologia Obstétrica. In: Bortoletti et all. Psicologia na Prática Obstétrica – Abordagem Interdisciplinar. Editora Manole, 2007, 138-140. Cardoso, R. Medicina e Meditação: Um médico ensina a meditar. MG Editores, 2011 Grau JA . Psicologia de la salud: una perspectiva latinoamericana. Boletin Latinoamericano de Psicologia de la salud, p.6-19, Departamento de Psicologia, Universidad Nacional de Colombia, V.1,1997. Ortega GR, Russell MR. La Psicologia de la salud em América Latina. Facultad de Psicologia – Universidad Autónoma de México, México, 1998 Sebastiani RW. Psicologia da Saúde: Uma especialidade dedicada ao cuidado humano. In: Bortoletti FF et all. Psicologia na Prática Obstétrica – Abordagem Interdisciplinar. Editora Manole, São Paulo, 2007, 01-13. Vasconcellos EG. Stress, Coping, Burnout, Resiliência: Raízes do mesmo tronco. In: Silva Jr N, Zangari W. (organizadores) Psicologia Social e a questão do hífen . Editora Bluher, 2017; 20, 285-294. Book of Proceedings - 221 PRÉ NAtAL PSICOLóGICO – ABORDAGEM PSICONEUROENDOCRINOIMUNOLóGICA Fátima Ferreira Bortoletti Universidade Federal de São Paulo Magda S. Consul Silva Universidade Federal de São Paulo Esdras Guerreiro Vasconcellos Universidade de São Paulo RESUMO Pré Natal Psicológico (PNP) é uma assistência psicoprofilática e psicoterápica personalizada, indicada em toda e qualquer gestação, utiliza um protocolo padrão do curso natural do CgP, adapta-se às particularidades de cada realidade obstétrica/fetal e prioriza a abordagem do conteúdo psíquico sem detrimento da orientação psicopedagógica e conscientização corporal terapêutica. Desenvolvido à partir da Psicodinâmica do CGP atualmente contempla a interface Psicologia Obstétrica e Psiconeuroendocrinoimunologia. O objetivo geral é desenvolver atitudes de eucoping frente aos fatores stressores inerentes ao CGP, prevenindo a instalação de distress e adoecimentos físicos/psíquicos, evitando colocar em risco a saúde materna/fetal. Preconiza três focos de intervenção: 1. Angústia - identificar o distress e desenvolver um eucoping utilizando a abordagem Psicodinâmica Psiconeuroendocrinoimunológica ; 2. Ansiedade - substituir o distress desencadeado pelo medo do desconhecido, pelo eucoping utilizando recursos psicopedagógicos acerca do CGP; 3. Conscientização Corporal – Meditação Terapêutica, Relaxamento, Respiração, Exercícios Físicos, Massagens, Simulado de Parto e Dessensibilização de Cesárea. O PNP se mostrou efetivo no desenvolvimento de recursos de eucoping, prevenindo a instalação de patologias obstétricas e transtornos psíquicos específicos do CGP. O PNP de abordagem Psiconeuroendocrinoimunológica é um instrumento efetivo no tratamento e prevenção de processos de distress, os quais podem comprometer o trânsito natural do processo reprodutivo e a saúde física/mental do casal grávido. Palavras Chave: Pré Natal Psicológico, Psiconeuroendocrinoimunologia, Distress, Psicologia Obstétrica, Saúde Mental 1. INtRODUÇãO O Ciclo Gravídico Puerperal (CGP), compreendido entre o momento da concepção até o terceiro mês pós parto (podendo iniciar à partir do momento que o casal decide ter um filho) é considerado um período de crise previsível, marcado por alterações femininas e masculinas que envolvem aspectos sociais, conjugais, familiares, profissionais e espirituais, demandando uma atenção cuidadosa dos profissionais envolvidos nesse processo. É necessário estarmos sempre atentos às manifestações físicas e psíquicas, atuando de maneira a amenizar os sentimentos desconfortáveis que possam comprometer de alguma maneira o curso natural do processo reprodutivo. Por ser um período de crise exibe um enfraquecimento dos recursos egóicos, exibindo uma plasticidade psíquica, na qual os recursos de enfrentamento desenvolvidos ao longo da vida não estão disponíveis neste período. (Bortoletti 2007) A gestante vive um turbilhão de alterações emocionais que iniciam com a concepção e vão se intensificando ao longo do processo reprodutivo. Essas alterações causam estranheza e muitas vezes desconforto pois não fazem parte do repertório de reações habituais da mulher. As alterações não são exclusivas da mulher, sendo que o homem também apresenta comportamentos diversos daqueles já incorporados. (Bortoletti, 2007- 2011) A maneira como ambos enfrentam essas alterações pode favorecer o crescimento ou, ao contrário, se tornar um fator stressor que permanecerá durante todo o CGP. Intercorrências físicas ou psíquicas durante o processo reprodutivo podem desencadear transtornos psíquicos que merecem atenção para que não funcionem como gatilhos para adoecimentos que possam comprometer a saúde. (Bortoletti, 2011-2018) Segundo os princípios da Psicodinâmica do CGP as alterações consideradas naturais durante o processo reprodutivo são: a regressão marcada por um comportamento infantilizado em função do enfraquecimentos dos recursos egóicos, funcionando como um destravamento dos conflitos infantis reprimidos; a introversão; a hipersensibilidade; a labilidade emocional; a oscilação de sentimentos; a ambivalência afetiva que reflete a própria realidade da gravidez; os desejos e aversões os quais apresentam sempre um conteúdo emocional importante; as náuseas e vômitos; o aumento do apetite; a atividade onírica na manifestação da hipersonia e, quando comprometida, na insônia, além dos sonhos característicos da gestação; as alterações do esquema corporal refletindo na percepção da identidade; a dependência e passividade; os temores; os movimentos fetais; a sexualidade. (2007- 2011) Embora essas alterações façam parte da psicodinâmica natural do CGP, muitas vezes são percebidas pela gestante como perda da identidade e possível comprometimento psicótico. Esse panorama, associado aos riscos inerentes ao CGP e à história de vida da grávida, funciona como uma fonte geradora de angústias. O desconhecimento sobre o período reprodutivo, por sua vez, é um fator gerador de ansiedade. Os reflexos disso vão se manifestar corporalmente por uma pseudo percepção corporal, tanto quanto às limitações reais quanto aquelas fantasiadas pela gestante. Daí a importância do profissional especializado em Psicologia Obstétrica para realizar o diagnóstico situacional/intrapsíquico e desmistificar com segurança técnica os fatores stressores. (Bortoletti, 2011- 2018) Embora essas alterações ocorram naturalmente numa gestação sem intercorrências, podem funcionar como fatores stressores. As estratégias de coping que a grávida vai escolher para lidar com estas alterações vão determinarsua qualidade de vida nesse período. Se a estratégia utilizada for um eucoping ela encontrará formas eficientes para lidar com os fatores stressores não comprometendo o processo reprodutivo. Porém se a estratégia escolhida for um discoping, este se mostrará ineficiente para lidar com os agentes stressores, podendo comprometer a saúde física e psíquica da grávida e o curso natural do ciclo gravídico puerperal. (Bortoletti 2015, 2018) A incerteza inerente ao processo reprodutivo também é um fator stressor, gerador de angústia. O gestar e o parir é um processo que pode transcorrer naturalmente e com sucesso, porém sabemos que pode reservar muitas surpresas. A gestação naturalmente já gera sentimentos de ambivalência desconfortáveis que frequentemente funcionam como fatores stressores. (2011) Sabemos que a frequência e a intensidade dos fatores stressores podem desencadear reações de stress com consequentes adoecimentos e isso é válido para as grávidas também. Patologias clínicas podem se desenvolver na gestação como Diabetes Gestacional, Hipertensão, Book of Proceedings - 222 Hiper ou Hipotireoidismo, Obesidade, Lupus, Cardiopatias, entre outras. Por esse motivo consideramos fundamental que a gestante consiga estabelecer um eucoping efetivo diante dos fatores stressores naturais das alterações físicas e psíquicas da gestação. (2011, 2018) Quando temos alguma intercorrência obstétrica que possa comprometer o futuro fetal, naturalmente este será um fator stressor importante demandando uma assistência especializada. (Bortoletti, 2015) Diante desse panorama surge a Psicologia Obstétrica desenvolvida à partir das demandas específicas do processo reprodutivo. A Psicologia Obstétrica é um conjunto de ações psicoprofiláticas e psicoterápicas que se utilizam da fundamentação teórica da Psicodinâmica do Ciclo Gravídico Puerperal, para a elaboração do diagnóstico intrapsíquico/situacional do casal grávido, intervindo preventiva e terapeuticamente de acordo com protocolos psicológicos especificamente desenvolvidos para assistir essa clientela, em trajetória natural ou em circunstâncias singulares do processo reprodutivo. (Bortoletti, 2011) Trabalhar com pacientes durante o processo reprodutivo implica numa demanda de dedicação importante dos profissionais que aí laboram. O Psicólogo Obstétrico deve contemplar em seu campo de atuação os profissionais da Equipe de Saúde, pois estes apresentam um risco significativo de desencadear a Síndrome de Burnout. (Bortpletti, Vasconcellos, Sebastiani 2017) Sobre o Modelo Psiconeuroendocrinológico do Stress Nossa vida diária é permeada por fatores stressores que necessariamente não são vivenciados como stress. Na verdade, o que irá determinar a ocorrência de stress é a forma como cada indivíduo vivencia a situação. A reação de stress é singular à forma com que cada indivíduo enfrenta as situações. (Vasconcellos, 2002, 2018) O stress, portanto, pode ser positivo conhecido por Eustress ou, negativo denominado de Distress. A mesma situação pode ser eustressante para uma pessoa e distressante para outra, sendo que este panorama pode se alterar na mesma pessoa. A frequência e intensidade dos fatores stressores que irão propiciar o desencadeamento das reações de stress e o adoecimento. Podemos observar as Fases do Stress na Figura 1. (Vasconcellos, 2017) Figura 1 - Fases de Stress. Fonte: Vasconcellos (2017) a) Na fase adaptada pode haver prazer mesmo que estejamos respondendo às demandas com níveis orgânicos e psicológicos mais elevados (fase a-b); b) Extendendo a fase de distress para além da fase de resistência, (fase b-c-d) visto que o sofrimento vivenciado na fase de exaustão também é distressante; c) Que enquanto a dinâmica eustressante da fase de resistência mantiver o movimento de avanço e retorno (setas) o perigo de evolução para a exaustão será menor. Nessa fase os mecanismos de coping e de auto-controle produzirão fases refratárias de repouso; d) Demonstrando que em algum momento da fase de resistência eustressante ocorre uma ruptura que gere, então, o início do efeito deletério da adaptação às circunstâncias stressantes. Os agentes stressores desencadeiam reações e sintomas típicos da fase de alarme do stress. Esta reação se caracteriza pela liberação do CRH pelo hipotálamo, ativação da glândula hipófise de onde são liberados uma série de hormônios ativadores de diversos órgãos e sistemas (ACTH, FSH, STH, TSH, GH, ADH). A presença constante dos estímulos stressores provoca uma alteração dos níveis basais de secreção desses hormônios, causando um desgaste energético maior, uma alteração anatomo-fisiológica no sistema mais afetado e, por fim, o aparecimento de uma patologia. Essa pode ser de caráter fisiológico ou mental. (Vasconcellos, 2002) Figura 2 Book of Proceedings - 223 Figura 2 – Resposta neuroendocrinológica do stress. Fonte: Vasconcellos (2002) Para enfrentar os fatores stressores elegemos recursos de coping. Este é o processo de recrutamento de registros em várias áreas do aparelho cognitivo (identificação, memória, associação) no sentido de criar uma reposta adequada e eficiente aos fatores stressores de uma situação. Dele depende a constituição ou não do estado de distress. Se a resposta for eficiente teremos o eucoping, caso contrário, o discoping. A saúde física e psíquica do indivíduo depende essa dinâmica. Figura 3 (Vasconcellos, 2017) Figura 3 – Stress, Coping, Burnout, Resiliência (Vasconcellos, 2017) Sobre o Pré Natal Psicológico O Pré Natal Psicológico (PNP) é uma assistência psicoprofilática e psicoterápica personalizada. É indicado em toda e qualquer gestação, utiliza um protocolo padrão do curso natural do Ciclo Gravídico Puerperal, adapta-se às particularidades de cada realidade obstétrica/fetal e prioriza a abordagem do conteúdo psíquico sem detrimento da orientação psicopedagogia e da conscientização corporal terapêutica. (Bortoletti, 2011) O objetivo do PNP é desenvolver atitudes de eucoping frente aos fatores stressores frequentemente presentes no CGP, favorecer a evolução natural do processo reprodutivo, facilitar o desenvolvimento da maternagem e paternagem e prevenir transtornos psíquicos específicos da gravidez e puerpério. Book of Proceedings - 224 Segundo Bortoletti (2007) o Pré Natal Psicológico atua em três esferas que se manifestam concomitantemente: a angústia, a ansiedade e a percepção corporal. A angústia diz respeito acerca dos conteúdos emocionais latentes, a ansiedade acerca do medo do desconhecido e, a percepção corporal, acerca da perda temporária da conscientização corporal em função das alterações reais. O PNP prioriza a abordagem do conteúdo de angústia latente, pois somente após a expressão da angústia e elaboração do conteúdo emocional é possível acessar efetivamente as outras duas esferas. A abordagem da angústia é baseada na Psicodinâmica do CGP e na Psiconeuroendocrinoimunologia, estimulando-se a livre expressão do conteúdo latente e a elaboração deste. A ansiedade é trabalhada através da abordagem psicopedagógica acerca do processo reprodutivo, utilizando-se recursos visuais simples e neutros. Já a conscientização corporal é realizada através de técnicas corporais desenvolvidas especificamente para esse período. A divisão entre as abordagens ocorre no discurso teórico para nortear o psicólogo obstétrico, pois na sessão com a gestante/casal elas se alternam e se complementam. (Bortoletti 2007, 2011, 2018) As figuras parentais são contempladas no PNP pois estão inseridas naturalmente no processo reprodutivo, apresentando seus conteúdos emocionais que interferem positiva ou negativamente no casal grávido. (Bortoletti, 2007, 2011) O PNP pode ocorrer a qualquer tempo do CGP, porém a alta nunca deve ser anterior ao terceiro mês pós parto. Os primeiros meses de contato com o recém-nascido são permeados de muitos fatores stressantes razão pela qual demandam uma atenção cuidadosa do psicólogo obstétrico. (Bortoletti, 2007, 2011) 1. OBjEtIVO Oobjetivo deste trabalho é compreender e desenvolver um protocolo contemplando a interface entre a Psicologia Obstétrica e a Psiconeuroendocrinoimunologia, utilizando os pressupostos desta última para desenvolver atitudes de eucoping frente dos fatores stressores inerentes ao CGP, prevenindo a instalação do processo de distress e possíveis adoecimentos, propiciando um ambiente saudável ao curso natural do processo reprodutivo. 2. MEtODOLOGIA Marco Conceitual: Psicologia Obstétrica e Psiconeuroendocrinoimunologia Este é um trabalho explicativo sobre assistência psicológica especializada no Ciclo Gravídico Puerperal, que após trinta anos foi submetido a uma releitura e reestruturação que permitiu a interface de duas áreas da saúde: a Psicologia Obstétrica e a Psiconeuroendocrinoimunologia. A análise partiu dos dados observados na assistência a casais grávidos no Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo, no período de 2012 a 2018. Utilizamos o protocolo de PNP desenvolvido pela Psicologia Obstétrica norteando o raciocínio de investigação e análise sob a ótica da Psiconeuroendocrinoimunologia. (Bortoletti 2007, Vasconcellos 2002) Anamnese Psicológica: aprofundamos a investigação dos conteúdos emocionais da história de vida, propiciando a emergência de conteúdos reprimidos que possam favorecer a instalação de distress ou que possam comprometer a eleição eucoping.(Bortoletti 2007, 2011) Abordagem da Angústia: buscamos focos de distress reprimidos ou não, promovendo a elaboração e eleição de eucoping frente a esses conteúdos emocionais. Utilizamos técnicas de Visualização Ativa quando indicado. (Bortoletti 2007, 2011) Abordagem da Ansiedade: substituímos o distress desencadeado pelo medo do desconhecido, pelo eucoping utilizando recursos psicopedagógicos acerca do CGP (anatomia, alterações gravídicas, desenvolvimento fetal, parto, puerpério, aleitamento materno) Os recursos utilizados foram simples e neutros para não comprometer a livre expressão dos sentimentos ou reações emocionais genuínas. (Bortoletti 2007, 2011) Abordagem Corporal foi realizada através de várias técnicas: Meditação Terapêutica (Cardoso, 2011); Relaxamento Autógeno de Schultz (Schultz, 1967); Respiração Abdominal; Exercícios Físicos especializados para gestantes; Massagens; Simulado de Parto; Dessensibilização de Cesárea (Técnica desenvolvida à partir do Relaxamento Autógeno de Schultz associado à Visualização Ativa). (Bortoletti, 2007) 3. RESULtADOS O Pré Natal Psicológico se mostrou efetivo no desenvolvimento de atitudes de eucoping, prevenindo a instalação de patologias obstétricas e de transtornos específicos do CGP (Depressão Pré e Pós Parto, Psicose Puerperal, Depressão Pós Parto Masculina, Síndrome de Couvade). A Abordagem da Angústia se mostrou eficiente na elaboração dos conteúdos latentes reprimidos substituindo os fatores distressores por recursos de eucoping efetivo. O distress frente ao desconhecimento do processo reprodutivo cedeu lugar para atitudes de eucoping após a intervenção da ansiedade. Os casais desenvolveram recursos de eucoping para o parto onde o distress da ansiedade cedeu lugar a autonomia, segurança e felicidade. O trabalho corporal atuou na mesma sintonia, eliminando distress e desencadeando eucoping. A Meditação e o Relaxamento além de diluir o distress com evidente queda da angústia e ansiedade, criaram condições muito favoráveis para o Simulado de Parto e Dessensibilização da Cesárea. Após estas intervenções registramos ausência de agentes stressores relacionados com o parto, independentemente da via em que este ocorreria. A inserção do pai no processo foi fundamental para o desenvolvimento dos recursos de eucoping e no suporte dos momentos de manifestação do distress. A maternagem se instalou de maneira natural apesar das dificuldades inerentes à esse período. 4. CONCLUSãO O Pré Natal Psicológico contemplado pela interface entre a Psicologia Obstétrica e a Psiconeuroendocrinoimunologia se mostrou um instrumento efetivo de abordagem no Ciclo Gravídico Puerperal, facilitando e objetivando o trabalho do psicólogo obstétrico. O Pré Natal Psicológico de abordagem Psiconeuroendocrinoimunológica é um instrumento valioso no tratamento e prevenção Book of Proceedings - 225 de processos de distress, os quais podem comprometer o trânsito natural do processo reprodutivo e a saúde mental do casal grávido. Esta abordagem é de utilidade pública e deve ser disponibilizada na Rede Pública de assistência à população. Sugerimos a criação de programas de capacitação de psicólogos obstétricos para atuarem na rede pública a nível Nacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS Bortoletti FF, Vasconcellos EG, Araújo E. A Interface entre a Psicologia Obstétrica e a Psiconeuroendocrinoimunologia. In: Atualização Terapêutica 26ª edição. Editora Artes Médicas, SP, 2018. P 654-657 Bortoletti FF, Vasconcellos EG, Sebastiani RW. Síndrome de Burnout: quando o cuidador adoece. Uma abordagem psiconeuroendocrinoimunológica. In: Angerami WA et col. E a Psicologia entrou no hospital. Artesã Editora Ltda. BH, 2017. Bortoletti FF et all. Psicologia Obstétrica na Prática da Medicina Fetal – Abordagem Psiconeuroendocrinoimunológica. In: Cardoso RD Medicina Fetal. Atualidades e Perspectivas.Versalhes Comunicação, Go, 2015. p 611-619 Bortoletti FF, Silva MSC, Tirado MCBA. Aspectos emocionais á luz da Psicodinâmica do Ciclo Gravídico Puerperal.In: Moron AF, Kulay L, Camano L. Obstetrícia. Editora Manole, 2011, SP. p 177-194 Bortoletti FF. Assistência Psicológica no Ciclo Gravídico Puerperal. In: Briquet R. Obstetrícia Normal. Editora Manole, 2011, SP. p 261- 278 Bortoletti FF. Psicoprofilaxia no Ciclo Gravídico Puerperal. In: Bortoletti FF et al. Psicologia na Prática Obstétrica – Abordagem Interdisciplinar. Editora Manole, 2007. SP. p 37- 46 Bortoletti FF. Formação em Psicologia na prática Obstétrica. In: Bortoletti FF et al. Psicologia na Prática Obstétrica – Abordagem Interdisciplinar. Editora Manole, 2007. SP. p 138-140 Cardoso, R. Medicina e Meditação: Um médico ensina a meditar. MG Editores, 2011 Schultz JH. O treinamento Autógeno. Editora Mestre Jou, São Paulo, 1967. Vasconcellos EG. Stress, Coping, Burnout, Resiliência: Raízes do mesmo tronco. In: Silva Jr N, Zangari W. (organizadores) Psicologia Social e a questão do hífen . 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Os resultados indicaram que não há publicações indexadas na BVS sob o descritor “Psicologia Obstétrica”, entretanto, quando inserido “Psicologia and Obstétrica” é identificado 3 Teses, 1 Livro e 4 artigos científicos. Tal resultado indica que a Psicologia Obstétrica apesar de existir desde a década de 80 ainda é uma área muito recente, e com pouca publicação científica. Existe sim, alto número de publicações relacionadas à gestação, parto e puerpério que dão o embasamento teórico para a atuação do psicólogo obstétrico, que pode atuar em hospitais, Unidades Comunitárias de Saúde e na clínica, entretanto, ainda são escassas publicações a respeitoda Psicologia Obstétrica, que é uma subárea de vários campos da atuação do psicólogo como uma subárea da Psicologia da Saúde, Psicologia Hospitalar e Psicologia Clínica. Apesar de psicólogos publicarem estudos realizados com gestantes, parturientes e puérperas, estes não se denominam Psicólogos Obstétricos, o que pode ser um dos motivos pelo qual encontramos um baixo número de trabalhos indexados com a terminologia procurada. Produzir estudos voltados especificamente para atuação na área da Psicologia Obstétrica se faz necessário, permitindo que mais psicólogos possam se embasar melhor na sua prática com gestantes, parturientes e puérperas, desenvolver instrumentos psicológicos específicos para avaliação desta população e formando profissionais para esta área tão recente. Palavras-Chave: Psicologia Obstétrica. Psicologia da Saúde. Psicologia Hospitalar. Psicologia Clínica