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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ Autos de recurso especial nº e outros, já qualificados nos autos do Recurso proposto em face de, por sua advogada abaixo subscrita, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 1042 do Novo Código de Processo Civil, interpor o presente AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL em face de decisão denegatória quanto ao prosseguimento, do recurso pelos fundamentos de fato e de direito a seguir aduzidos, requerendo seja o mesmo encaminhado ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça para julgamento. Por fim, declaram os patronos dos Agravantes a autenticidade das cópias anexas a esta peça, sob sua responsabilidade pessoal, nos termos da lei. Nestes termos Pede deferimento. Curitiba, 26 de julho de 2020. Advogado OAB EXCELENTÍSSIMOS MINISTROS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Agravo Contra Decisão Denegatória de Recurso Especial Agravantes: Agravados: Origem: Tribunal de Justiça do Paraná Autos n.º: Eminentes Julgadores, Colenda câmara Trata-se de Agravo em face de decisão que negou seguimento ao Recurso Especial interposto perante acórdão proferido pelo Egrégio Tribunal de Justiça que embora tenha dado provimento ao pleito dos autores, majorou o valor dos danos morais pela morte da genitora em valor ínfimo, irresignados, os Agravantes interpuseram Recurso Especial cujo seguimento fora negado nos seguintes termos: “Das razões recursais denota-se que nos processos indenizatórios, a almejada revisão do valor do dano moral não pode ser dissociada das peculiaridades do caso concreto, cujo reexame não se mostra consentâneo com a natureza excepcional da via eleita, diante do contido na aludida Súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça. Ainda, a questão referente ao dano moral aplicável à espécie, deve ser analisada de forma casuística de acordo com o atual entendimento do STJ o que é inviável nesta sede recursal,”. E por conseguinte: “Com efeito, “2. A falta de indicação de qual o dispositivo legal teria sido violado ou objeto de interpretação jurisprudencial divergente implica em deficiência da fundamentação do recurso especial, incidindo o teor da Súmula 284 do STF, por analogia”. AgInt nos EDcl no REsp 1533743/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe 22/03/2019. Diante do exposto, inadmito o recurso especial interposto por.” Contudo, tal decisão não apresentou o costumeiro acerto, conforme restará demonstrado a seguir. i- PRELIMINARMENTE a) Tempestividade O presente recurso é tempestivo, eis que a intimação deu-se dia 23/07/2020, iniciando-se o prazo no primeiro dia útil subsequente, qual seja, 24/07/2020. Dessa forma, sendo de 15 (quinze) dias úteis o prazo para interposição de Agravo contra a decisão denegatória de Recurso Especial (art. 1.042, § 3º do CPC), tem-se como termo final para apresentação da insurgência o dia 13/08/2020. II- SÍNTESE FÁTICA Trata-se de demanda acerca da ocorrência de erro médico, cujo qual ocasionou o falecimento da genitora dos Agravantes. Insta salientar que a ocorrência do erro e dá má conduta profissional do Agravado não dependem mais de nenhuma prova, uma vez que em ambas as instâncias a decisão foi favorável aos Agravantes concedendo-lhes o direito a indenização por danos morais. É pacífico que o Réu, ora Agravado perfurou o intestino da genitora dos Agravantes repetidas vezes durante um exame de colonoscopia, fazendo com que fezes penetrassem em sua cavidade abdominal, causando uma grave infecção e, posteriormente, o óbito. Ocorre que os valores designados em primeiro e segundo graus foram excessivamente baixos, no caso R$ 10.000,00 (dez mil reais) em primeira instância e R$ 15.000,00 (quinze mil reais em segunda instância). Ora, não é preciso ir muito longe para aferir que tais valores são aviltantes quando está em jogo a vida de um ser humano. Como exemplo a seguir podemos observar uma jurisprudência na qual a morte de um cachorro de estimação obteve valor indenizatório de vinte salários mínimos. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CERCEAMENTO DE DEFESA E IMPOSSIBILIDADE DE VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO - PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA AFASTADA - TOSA EM CACHORRO DE ESTIMAÇÃO - NEGLIGÊNCIA DA CLÍNICA DEMONSTRADA - MORTE DO ANIMAL - CONDENAÇÃO EM RAZÃO DA EXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL - VALOR DE VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS QUE ATENDEM ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO - RECURSO IMPROVIDO.(TJ-MS - AC: 3265 MS 2002.003265-5, Relator: Des. Claudionor Miguel Abss Duarte, Data de Julgamento: 06/05/2002, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: 04/06/2002) Em outras demandas similares o valor atribuído a vida dos animais de estimação gira em torno de R$ 10.000,00 (dez mil reais) . Mesmo valor conferido pela morte da mãe dos Agravantes em primeira instância. Muito embora atualmente os animais possam ser considerados sujeitos de direito e, de fato mereçam, todo o nosso respeito e consideração, tem-se que conferir valor igual ou até menor a indenização pela perda da vida da genitora dos autores do que as que são designadas pela perda da vida de um cão de estimação é, no mínimo, infame. Em igual sentido, poderíamos comparar o valor que fora atribuído aos Agravantes com indenizações conferidas a pessoas que tem seu nome no SERASA. Estas sempre superiores a R$ 15.000,00 (quinze mil reais), como se observa: DIREITO CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA C/C DANOS MORAIS - RETIRADA DO NOME DA EMPRESA AUTORA DO SERASA - DETERMINAÇÃO ORIUNDA DE OUTRO PROCESSO - OFÍCIO RECEBIDO PELO SERASA - MANUTENÇÃO DE INSCRIÇÃO INDEVIDA ATÉ O INGRESSO DA PRESENTE AÇÃO - DESNECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO NAQUELA AÇÃO - DANO MORAL CONFIGURADO - INDENIZAÇÃO NO VALOR DE R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS) - PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE ATENDIDOS - CONDENAÇÃO EM ASTREINTES NEGADA - SERASA NÃO FOI PARTE NA PRIMEIRA AÇÃO QUE DETERMINOU A MULTA POR DESCUMPRIMENTO - ORDEM JUDICIAL CUMPRIDA SATISFATORIAMENTE NESTA AÇÃO - APELO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. São cabíveis danos morais pela manutenção indevida do nome da empresa nos cadastros de inadimplente ilegalmente e mesmo após ter sido o SERASA notificado para tanto. 2. Tendo em vista as circunstâncias que norteiam o caso em análise, afigura-se razoável e proporcional a indenização por danos morais no patamar de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), valor que atende aos objetivos da condenação, quais sejam, apenar o ofensor e compensar a vítima pelos abalos sofridos. 3. Negada a condenação em astreintes uma vez que a multa por descumprimento não poderá incidir em quem não foi parte do processo da qual esta se originou. 4. Apelo parcialmente provido. (TJ-PE - APL: 3837285 PE, Relator: Agenor Ferreira de Lima Filho, Data de Julgamento: 08/08/2018, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 21/08/2018) – grifo nosso. Portanto, impossível deixar de questionar uma decisão judicial quando esta confere a uma vida humana valor inferior ao da vida de um cão, ou pior, da situação de ter o nome inscrito no cadastro de inadimplentes. Diante destes argumentos e sendo patente a possibilidade de propositura de Recurso Especial quando o valor for exorbitante ou irrisório cabível a apreciação do recurso interposto pela corte superior. ii- DIREITO Ao contrário do que aduz o acórdão recorrido o prosseguimento do Recurso Especial no caso em apreço não configura afronta a Súmula 07, pois não seria necessária a análise de qualquer prova. O dano ocasionado pela má conduta do Agravado está mais do que comprovado, e é óbvio que em nenhuma hipótese a indenização por um erro médico com a consequente perda de uma vida humana, mãe de cinco filhos biológicos, guardiã de uma adolescente portadora de necessidades especiaise essencial para a composição de renda da família, poderia valer somente R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Nas palavras do Ministro Barros Monteiro: “A jurisprudência pacífica do STJ é no sentido de que a indenização por dano moral não escapa ao seu controle quando, de um lado, o montante apresentar-se manifestamente irrisório ou, de outro, visivelmente excessivo.” Da mesma maneira não há de se falar em afronta a súmula 284, uma vez que a compreensão da controvérsia está mais do que clarificada. Ademais foram apresentados diversos paradigmas de casos análogos, cuja indenização se deu nos termos do que fora pleiteado na peça inicial (R$ 100.000,00 cem mil reais). Para que não restem dúvidas acerca disto, a seguir serão colacionados os mesmos paradigmas inseridos no recurso especial, visando demonstrar que os casos são análogos. Neste sentido, cumpre dizer que as indenizações conferidas aos familiares de vítimas em casos similares são condizentes com o que foi pedido na inicial, no caso R$ 100.000,00 (cem mil reais) para cada autor. Como observamos através dos julgados do STJ colacionados a seguir: AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ERRO MÉDICO. INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. MORTE DA PACIENTE. QUANTUM COMPENSATÓRIO. DANOS MORAIS. VALOR ADEQUADO. PROVIMENTO NEGADO. 1. O valor estabelecido pelas instâncias ordinárias a título de indenização por danos morais pode ser revisto nas hipóteses em que a condenação se revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões de razoabilidade, o que não se evidencia no caso em tela. 2. No caso, o valor da indenização por danos morais, arbitrado em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), nem é exorbitante nem desproporcional aos danos sofridos pelo agravado (grifo nosso), tendo em vista a morte da paciente, sua esposa, em face da deficiência do tratamento que lhe foi dispensado. 3. Agravo interno ao qual se nega provimento. RELATOR MINISTRO LÁZARO GUIMARÃES AgInt no AREsp1056650SP AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2017/0033242-5 No caso supra, idêntico a demanda em apreço o montante indenizatório por morte decorrente de erro médico foi de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Sendo mantido pelos ministros da corte superior. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MORTE DE FILHO. DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO EM VALOR IRRISÓRIO. ADEQUAÇÃO. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. ENUNCIADOS 54 E 362 DA SÚMULA DO STJ. 1. O fato de a vítima, à época do acidente, não mais residir na casa dos pais, em virtude de ter constituído nova família, não faz presumir que os laços afetivos entre eles tenham se enfraquecido, pois a diminuição da afetividade entre genitores e filhos, por ser contrária ao senso comum, é que exige comprovação concreta para fins de redução do valor arbitrado a título de compensação dos danos morais. 2. A transação feita pela companheira e pelo filho da vítima com a ré no tocante à indenização por danos morais não limita o direito à indenização dos demais autores, pais da vítima, ao valor ali acordado, pois estes possuem direito autônomo, oriundo da relação afetiva e de parentesco. 3. O valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal de Justiça, desde que seja manifestamente exagerado ou irrisório, distanciando-se, assim, das finalidades da lei. Hipótese em que o valor estabelecido para indenizar o dano moral sofrido em decorrência da morte do filho é irrisório, mesmo levando em consideração a quantia despendida para indenizar a companheira e o filho da vítima. 4. Em se tratando de responsabilidade extracontratual, os juros moratórios incidem desde o evento danoso, inclusive sobre o valor dos danos morais. Enunciado 54 da Súmula do STJ. 5. A correção monetária deve incidir a partir da fixação de valor definitivo para a indenização do dano moral. Enunciado 362 da Súmula do STJ. 6. Recurso especial parcialmente provido.(STJ - REsp: 1139612 PR 2009/0089336-0, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 17/03/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/03/2011) No caso acima, no qual ocorreu falecimento por acidente de trânsito, a indenização aos ascendentes da vítima foi de R$ 100.000,00 (cem mil reais), porém o caso foi julgado há oito anos, estando o valor defasado. Porém ainda assim muito maior do que o que fora estabelecido pelo TJ-PR. Já o próximo paradigma colacionado também trata-se de erro médico no qual a indenização conferida foi de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para cada demandante, conforme observamos: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. MORTE POR ERRO MÉDICO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VALOR FIXADO EM R$ 100.000,00 FUNDADO EM PRECEDENTES DESTE STJ E DE OUTROS TRIBUNAL ESTADUAIS. RECONHECIMENTO EXPRESSO DE QUE A FALHA NO ATENDIMENTO MÉDICO E A NEGLIGÊNCIA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE FORAM DETERMINANTES PARA O ÓBITO DO FILHO DA PARTE AUTORA. ENTENDIMENTO DESTE STJ DE QUE SOMENTE SE PODE REANALISAR A CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS CASO O MONTANTE SEJA EXORBITANTE OU IRRISÓRIO, HIPÓTESES AUSENTES NO CASO PRESENTE. AGRAVO INTERNO DO ESTADO DO ACRE A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Ainda que existam precedentes cuja condenação foi inferior ao da presente demanda, como alega a parte agravante, há também inúmeros outros cuja condenação foi equivalente e ainda há aqueles com condenação superior. Tal ocorre dada as peculiaridades casuísticas e não ensejam, por si só, a revisão do julgado local. 2. Na espécie, verifica-se que houve no acórdão local o reconhecimento expresso de que a falha no atendimento médico e a negligência na prestação do serviço de saúde foram determinantes para o óbito do filho da parte autora, não havendo, portanto, plausibilidade jurídica a se revisar o montante indenizatório. 3. Agravo Interno do Estado do Acre a que se nega provimento. AgInt no AgRg no AREsp 686058 / AC AGRAVO INTERNO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2015/0067179-3 Portanto, de acordo com a jurisprudência, a lei, a doutrina, e o bom senso, não existem dúvidas de que o valor arbitrado demonstra-se irrisório, sendo o acórdão passível de reforma. iii- Pedidos ISTO POSTO, comprovado o equívoco presente na decisão que inadmitiu o Recurso Especial interposto rogam os Agravantes, pelo PROVIMENTO integral do presente Agravo, com a admissibilidade, seguimento e provimento do Recurso Especial, conforme os pleitos nele encartados. Nestes termos Pede deferimento Curitiba, 26 de Julho de 2020. advogado OAB/
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