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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FISIOTERAPIA HOSPITALAR Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE FISIOTERAPIA HOSPITALAR MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO 1.1 A FISIOTERAPIA NO ÂMBITO HOSPITALAR 2 FISIOLOGIA PULMONAR 2.1 ESTRUTURA E FUNÇÃO 2.2 VENTILAÇÃO 3 SEMIOLOGIA RESPIRATÓRIA 3.1 EXAME FÍSICO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 3.1.1 Inspeção 3.1.2 Palpação 3.1.3 Percussão 3.2 AUSCULTA PULMONAR. 3.2.1 Características dos Sons Normais e Relação com a Anatomia 3.2.2 Características dos Ruídos Adventícios 3.2.3 Procedimento de Ausculta 4 AVALIAÇÃO DE SINAIS E SINTOMAS 4.1 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA 4.2 PADRÃO RESPIRATÓRIO 4.3 RITMO RESPIRATÓRIO 5 RADIOGRAFIA DE TÓRAX 5.1 IMAGENS RADIOLÓGICAS PATOLÓGICAS MÓDULO II 6 TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS 7 TÉCNICAS DE HIGIENE BRÔNQUICA 7.1 VIBRAÇÃO 7.2 COMPRESSÃO TORÁCICA 7.3 TAPOTAGEM OU PERCUSSÃO AN02FREV001/REV 4.0 4 7.4 DRENAGEM POSTURAL 7.5 BAG SQUEEZING 7.6 ASPIRAÇÃO 7.7 TOSSE 8 TÉCNICAS DE HIGIENE BRÔNQUICA NÃO CONVENCIONAIS 8.1 ELTGOL (EXPIRAÇÃO LENTA TOTAL COM A GLOTE ABERTA EM DECÚBITO INFRALATERAL) 8.2 DRENAGEM AUTÓGENA (DA) 9 TÉCNICAS DE REEXPANSÃO PULMONAR 9.1 EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS 9.1.1 Inspiração Profunda (Deep Inspiration) 9.1.2 Inspiração Máxima Sustentada (Smi) 9.1.3 Inspiração em Tempos ou Fracionada 9.1.4 Soluços Inspiratórios (Sniff Inspiration) 9.1.5 Expiração Abreviada 9.1.6 Inspiração desde a CRF 9.1.7 Inspiração desde o Volume Residual 9.1.8 Espirometria de Incentivo 9.2 EXPANSÃO PULMONAR POR PRESSÃO POSITIVA 9.2.1 Respiração por Pressão Positiva Intermitente (RPPI) 9.2.2 Máscara de Pep ou Epap (Pressão Positiva ao Final da Expiração em Respiração Espontânea) 9.2.3 PEP Oscilatória (FLUTTER/ SHAKER) 9.2.4 Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) 9.2.5 Ventilação com Dois Níveis Pressóricos-Ventilação Não Invasiva (VNI) 9.3 EXPANSÃO PULMONAR COM TÉCNICA MANUAL NÃO CONVENCIONAL 9.3.1 EDIC (Exercício com Fluxo Inspiratório Controlado) 9.4 MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA UTILIZADOS PELO FISIOTERAPEUTA 9.4.1 Ventilometria 9.4.2 Medida da Força Muscular Respiratória (MANOVACUÔMETRO) 9.4.3 Treinamento Muscular Respiratório (TMR) AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO III 10 INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS PARA O FISIOTERAPEUTA 10.1 INTRODUÇÃO 10.2 HEMOGRAMA COMPLETO 10.3 GLICOSE 11 UREIA E CREATININA 11.1 SÓDIO E POTÁSSIO 11.2 ENZIMAS CARDÍACAS 11.3 GASOMETRIA ARTERIAL 12 FISIOTERAPIA NO PACIENTE CRÍTICO (UTI) 12.1 INTERVENÇÕES 12.2 POSICIONAMENTO 12.3 MOBILIZAÇÃO 12.4 CONDIÇÕES RESPIRATÓRIAS 13 GASOTERAPIA 13.1 OXIGENOTERAPIA 13.2 HELIOX 13.3 OXIDO NÍTRICO INALATÓRIO MÓDULO IV 14 FISIOTERAPIA APLICADA 14.1 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE QUEIMADO 14.2 COMPLICAÇÕES 15 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE COM DOENÇA NEUROMUSCULAR 16 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE NEUROLÓGICO 16.1 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 16.2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) 17 FISIOTERAPIA APLICADA AO PACIENTE PÓS-CIRÚRGICO 17.1 PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA AN02FREV001/REV 4.0 6 17.2 CIRURGIAS ABDOMINAIS 17.3 CIRURGIAS ORTOPÉDICAS 18 FISIOTERAPIA APLICADA A PACIENTES ONCOLÓGICOS MÓDULO V 19 PEDIATRIA 19.1 DIFERENÇAS ANATOMOFISIOLÓGICAS DAS CRIANÇAS EM RELAÇÃO AOS ADULTOS 20 SITUAÇÕES CLÍNICAS COMUNS EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS 21 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA EM PEDIATRIA 22 MANEJO DA VIA AÉREA NA CRIANÇA GRAVE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 7 MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO 1.1 A FISIOTERAPIA NO ÂMBITO HOSPITALAR O papel do fisioterapeuta é tratar a doença por intermédio de movimentos e agentes físicos, como calor, frio e eletricidade. Em um hospital, esse profissional é de fundamental importância, pois existem vários distúrbios que necessitam da fisioterapia para a recuperação do paciente. Trabalhando em sintonia com a equipe multidisciplinar, o fisioterapeuta é o responsável pela avaliação, elaboração e execução do tratamento dos mais diversos tipos de pacientes, como os pós- cirúrgicos, transplantados, ortopédicos, neurológicos, ou clínicos, nos quais se trabalha dois aspectos: respiratório que é uma das prováveis causas de complicação e o motor que se deteriora rapidamente ao longo de uma internação mais prolongada. Nas unidades de terapia intensiva, o fisioterapeuta é quem realiza toda a assistência respiratória, e em parceria com os demais profissionais como médicos e enfermeiros que decidem e executam diversas etapas do tratamento ao doente crítico da admissão até a alta. Na pediatria o trabalho é mais delicado, pois a criança possui uma grande fragilidade respiratória e motora e depende de estímulos para recuperar-se e assim sair mais rapidamente da UTI. Uma equipe de fisioterapeutas de pediatria/neonatologia precisa ser especializada para tratar desde prematuros de baixo peso até adolescentes e com todas as limitações impostas pela doença e pela sua imaturidade sistêmica. Atualmente, a presença desses profissionais em hospitais que realizam procedimentos de grande complexidade, como cirurgias cardíacas, neurológicas e transplantes de órgãos, é notória e necessária. AN02FREV001/REV 4.0 8 2 FISIOLOGIA PULMONAR 2.1 ESTRUTURA E FUNÇÃO O pulmão exerce várias funções, a principal é a troca gasosa. As demais funções são metabolizar alguns compostos, filtrar materiais indesejáveis da circulação e atuar como reservatório de sangue. O dióxido de carbono (CO2) e o oxigênio (O2) circulam pela barreira alvéolo capilar por diferença de pressão parcial, ou seja, do território de maior para de menor pressão, esse mecanismo é chamado de difusão. (Figura 1) FIGURA 1: REPRESENTAÇÃO DA REDE CAPILAR ENVOLVENDO OS ALVÉOLOS (ÁCINO) FONTE: Disponível em: <www. asmabronquica.com>. Acesso em: 06 Nov.2010. A difusão é diretamente proporcional à área de troca e inversamente proporcional à espessura (Lei de Fick). As vias aéreas são como tubos ramificados que se estreitam e se tornam mais numerosos à medida que se aprofundam no pulmão1. AN02FREV001/REV 4.0 9 A traqueia, os brônquios e os bronquíolos com suas respectivas subdivisões têm a função de conduzir o ar até os alvéolos onde é realizada a hematose. Toda essa via de condução recebe o nome de vias aéreas de condução, é nessa região que a resistência se faz presente no sistema respiratório1 (figura 2). FIGURA 2: VIAS AÉREAS SUPERIORES, VIAS AÉREAS CONDUTORAS E ALVÉOLOS FONTE: Disponível em: <www. colegiosaofrancisco.com.br>. Acesso em: : 06 Nov.2010. A região de troca gasosa é chamada de zona respiratória e se inicia nos ductos alveolares, essa é a maior região do sistema respiratório, é uma região de complacência e volume e pode chegar a acomodar de 2,5 a 3,0 litros de ar (Figura 3). 1 AN02FREV001/REV 4.0 10 FIGURA 3: HEMATOSE/ BARREIRA ALVEOLOCAPILAR FONTE: Disponível em: <www.infoescola.com>. Acesso em: : 06 Nov.2010. 2.2 VENTILAÇÃO Antes de abordar a forma comoo gás se movimenta no sistema respiratório, é de fundamental importância verificar os volumes estáticos do pulmão. A quantidade de ar que entra durante a fase inspiratória e sai durante a fase expiratória em uma respiração tranquila é chamada de volume corrente (VC). Se um indivíduo fizer uma inspiração máxima seguida por uma expiração também máxima, o volume expirado é chamado de capacidade vital (CV), o volume que ainda permanece nos pulmões após esta expiração máxima é chamado de volume residual (VR) e o volume de repouso, que é aquele que permanece nos pulmões após uma respiração tranquila é a capacidade residual funcional (CRF)1 (figura 4). As doenças respiratórias provocam uma alteração direta nos volumes dinâmicos e estáticos pulmonar prejudicando a mecânica respiratória. AN02FREV001/REV 4.0 11 FIGURA 4 - VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES. A CRF É O VRE + VR FONTE: Disponível em: <www.afh.bio.br>. Acesso em: : 06 Nov.2010. Para melhor entendimento e aprofundamento sobre este assunto, sugere-se a leitura do livro “Fisiologia Respiratória” – John B. West sexta edição. Editora Manole. 3 SEMIOLOGIA RESPIRATÓRIA É de fundamental importância para o fisioterapeuta saber avaliar as disfunções dos diversos sistemas para eleger o melhor tratamento. A semiologia do sistema respiratório é constituída de quatro etapas: 1- Exame Físico do Sistema Respiratório; 2- Ausculta Pulmonar; 3- Avaliação de Sinais e Sintomas; 4- Radiografia de Tórax. AN02FREV001/REV 4.0 12 O exame físico do sistema respiratório é dividido em três etapas: Inspeção, palpação e percussão. 3.1 EXAME FÍSICO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 3.1.1 Inspeção A inspeção é a visualização do tórax, o terapeuta não interfere no padrão respiratório. Devem-se observar os músculos respiratórios, presença de retrações, simetria, deformidades e aumento do diâmetro torácico. (figuras 5, 6,7). Outros aspectos importantes são observar se há presença de cianose (figuras 8-1 e 2) e baqueteamento/hipocratismo digital (figura 9), além de deformidades pouco comuns como pectus escavatum e carinatum (figuras 10 e 11). FIGURA 5 1 2 1- Durante a inspeção, observa-se um paciente emagrecido, com retração de intercostais e encurtamento de músculos acessórios, e tronco inclinado para frente. 2- tórax em tonel com aumento do diâmetro anteroposterior. FONTE: (Atlas Netter) AN02FREV001/REV 4.0 13 FIGURA 6: ASSIMETRIA ANTEROPOSTERIOR POR CIFOSE ACENTUADA FONTE: (Acta ortop. bras. v.15 n.2 São Paulo. 2007) Faz parte também da inspeção a avaliação da frequência respiratória (taquipneia, bradipneia) e ritmo respiratório (resp. de Cheyne-Stokes, Biot e Kusmaull) e detectar se há sinais de insuficiência respiratória (taquipneia com uso de mm acessória, tiragem e respiração paradoxal). Esses termos supracitados serão melhores elucidados nos respectivos capítulos de fisioterapia em pacientes neurológicos e insuficiência respiratória. FIGURA 7 - DEFORMIDADE TORÁCICA ESCOLIOSE, E EXPANSIBILIDADE PULMONAR DO LADO DA CONCAVIDADE FICA PREJUDICADA FONTE: Disponível em: <www.colunamg.com>. Acesso em: : 06 Nov.2010. AN02FREV001/REV 4.0 14 FIGURA 8 1 2 1- cianose labial e 2- de extremidades Atlas of Clinical Medicine de BRAMWELL E BYRON, Edinburgh: Constable, v. 3, pl. 90(91), p. 116, 1896. FONTE: History of Medicine Division. © National Library of Medicine FIGURA 9 baqueteamento digital, alteração das extremidades dos dedos decorrentes de hipóxia crônica seja por pneumopatias ou alterações cardíacas congênitas. A causa não é clara, acredita-se no acúmulo de plaquetas. FONTE: Disponível em: <www.geocitis.com e pt.wikipedia.org>. Acesso em: : 10 de Dezembro 2010 http://www.geocitis.com/ AN02FREV001/REV 4.0 15 FIGURA 10 - PECTUS ESCAVATUM FIGURA 11: PECTUS CARINATUM FONTE: Disponível em: <www.dovweissberg.com>. Acesso em: 10 de Dezembro 2012 FONTE: Disponível em: <bms.brown.edu>. Acesso em: 10 de Dezembro 2012 3.1.2 Palpação Essa etapa do exame físico consiste na avaliação palpatória das partes moles das regiões cervical e torácica com o objetivo de detectar a presença de contraturas dos músculos acessórios (mm. Esternocleidomastoídeo/escaleno), atrofias, enfisema subcutâneo e presença e/ou aumento de gânglios. A sensibilidade torácica, por exemplo, na pesquisa a fratura na costela tem o intuito saber se a dor é palpatória ou não. A elasticidade torácica é avaliada com uma das mãos nas costas e outra na face anterior do tórax, procurando aproximar as duas e observar a resistência. A Expansibilidade torácica é avaliada por regiões como, expansibilidade do lobo superior, médio e inferior para saber se há simetria entre os pulmões e ter ideia se o ar está distribuindo-se de forma homogênea para todas as regiões pulmonares. O frêmito é avaliado por meio da colocação das mãos na região torácica com intuito de perceber como o som se propaga pela parede torácica, passando pelo parênquima pulmonar, dessa forma, pode-se, com outras partes do exame físico, deduzir o tipo e local do distúrbio. (Figura 12) AN02FREV001/REV 4.0 16 Frêmitos: Frêmito toracovocal (aumentado/condensação/cavidades). Frêmito brônquico (secreções brônquicas). Frêmito pleural (atrito pleural). FIGURA 12 - POSICIONAMENTO DAS MÃOS PARA AVALIAR FRÊMITO FONTE: (arquivo pessoal) 3.1.3 Percussão A percussão tem como função avaliar de maneira rápida a presença de anormalidades por meio da propagação do som pelos tecidos. A percussão é classificada em quatro tipos: Normal: som claro pulmonar aparece em pulmões saudáveis e afecções brônquicas em que o parênquima pulmonar é preservado. Macicez: ocorre em condições extensas e superficiais como atelectasias, pneumonias extensas, condensações por infartos pulmonares, massa tumoral, AN02FREV001/REV 4.0 17 esclerose pulmonar ou por presença de líquido interposto como derrame pleural de grande volume. Submacicez: situações intermediárias, em que há presença de líquido/condensação e ar em uma proporção que há alteração do som, porém não o bastante para ser uma macicez. Timpânico: nos casos de Enfisema Pulmonar e Pneumotórax em que há pouco ou nenhum tecido pulmonar interposto. FIGURA 13 - POSICIONAMENTO DAS MÃOS PARA PERCUSSÃO FONTE: (arquivo pessoal) 3.2 AUSCULTA PULMONAR 3.2.1 Características dos Sons Normais e Relação com a Anatomia Traqueal: este som é caracteristicamente presente quando se ausculta a traqueia. É um som forte, duro e oco e é o de volume mais alto encontrado e tem a duração de todo ciclo respiratório (fase inspiratória e expiratória). Bronquial: é auscultado sobre o manúbrio do osso esterno. É forte, porém menos duro que o traqueal, oco e com alto volume. A duração é de todo ciclo respiratório. AN02FREV001/REV 4.0 18 Broncovesicular: Auscultado sobre os brônquios principais. É suave, de médio volume e presente em todo ciclo. Vesicular: auscultado na periferia pulmonar. É o mais suave de todos, é de baixo volume e está presente na fase inspiratória e no início da expiratória (figura 14). FIGURA 14 - LOCAIS DE AUSCULTA DOS SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS FONTE: Cortesia de F. Valdez. 3.2.2 Características dos Ruídos Adventícios Descontínuos: Crepitantes geralmente são altos e descontínuos.Os grossos são fortes, de baixo volume, audíveis tanto na inspiração como na expiração e é resultado da mobilização de qualquer conteúdo líquido presente na árvore brônquica, luz dos alvéolos ou em cavidades. AN02FREV001/REV 4.0 19 Os finos são suaves, de alto volume, predominantemente inspiratórios e ocorrem devido à presença de exsudato/transudato intra-alveolar e podem ser divididos como fisiológicos ou patológicos. Atrito pleural som de arranhar, ocorre devido à irregularidade (espessamento) da superfície pleural, e ao ocorrer o movimento respiratório origina o atrito (audível na inspiração/expiração e não se modifica pela tosse). Contínuos: Sibilosruído de tonalidade aguda, de alto volume e qualidade musical semelhante a um chiado ou “gatinhos” (diminuição luz brônquica). Roncos som com “gargarejo” é um ruído de tonalidade grave, predominantemente inspiratório e geralmente acompanhando a tosse (secreção espessa que adere às paredes brônquicas maiores). Estridor som inspiratório de origem extratorácica, como laringe ou glote. Comum em laringites ou edema glótico pós-extubação. 3.2.3 Procedimento de Ausculta O fisioterapeuta se posiciona ao lado do leito do paciente, se for possível o paciente deve sentar-se e deixar as costas livres. A orientação é que o paciente respire pausadamente com a boca entreaberta e sem fazer ruído, porém existem condições onde isso não é possível, como em casos de desconforto respiratório importante com um aumento de frequência respiratória, ou bebês. Deve-se realizar a ausculta em linhas horizontais comparando os hemitórax. Deve-se evitar colocar o estetoscópio sobre saliências ósseas e mamas. AN02FREV001/REV 4.0 20 4 AVALIAÇÃO DE SINAIS E SINTOMAS É de extrema importância a avaliação de sinais e sintomas respiratórios, pois são eles que determinam a conduta do fisioterapeuta respiratório. Os sinais e sintomas comumente observados são referentes: à frequência respiratória e padrão respiratório, uso de mm acessórios, presença de retrações, alteração de ritmo respiratório e do estado de consciência. 4.1 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA Frequência respiratória é definida como o número de incursões respiratórias realizadas por uma pessoa em um minuto. Este número de incursões tem variação com a idade. 3 Adultos: 12 a 20 respirações por minuto (rpm). Crianças menores de 2 meses: 35 a 60 rpm. Crianças maiores de 2 meses até 11 meses : 30 a 50 rpm. Crianças de 12 a 59 meses: 20 a 45 rpm. É considerado taquipneia quando a frequência respiratória ultrapassa a faixa ideal para cada idade, bradipneia quando fica abaixo e apneia é a ausência de movimentos respiratórios. As três situações chamam atenção e devem ser avaliadas quanto às suas causas. Situações que podem causar taquipneia são: febre, exercício físico ou esforço, acidose metabólica, pneumonias, doenças pulmonares diversas, anemia grave, etc. A bradipneia pode ocorrer na fase tardia de uma insuficiência respiratória antecedendo uma apneia por fadiga muscular respiratória, em situações de alcalose respiratória, após anestesia ou sedativos, lesões do sistema nervoso central, em pacientes hipotônicos, etc.4 AN02FREV001/REV 4.0 21 4.2 PADRÃO RESPIRATÓRIO O padrão respiratório é composto por três variáveis: Volume corrente (VC), volume minuto (VE) e Vc/ti que representa o controle neural da respiração. O padrão respiratório normal é toracoabdominal, ou seja, os compartimentos, torácico e abdominal devem ter um movimento sincrônico durante o ciclo respiratório, em casos de alteração em qualquer um desses componentes o padrão respiratório pode se tornar superficial, de predomínio torácico ou abdominal e paradoxal ou invertido que traduz um grau importante de desconforto respiratório (Figuras 15 e 16). FIGURA15 Padrão respiratório toracoabdominal, durante a descida do diafragma na fase inspiratória, o abdômen é projetado para fora e acompanha a expansão do tórax. FONTE: Respiratory Care (Dean Hess) Abdômen acompanha Tórax expande AN02FREV001/REV 4.0 22 FIGURA 16 - PADRÃO RESPIRATÓRIO PARADOXAL FONTE: (Dean Hess) 4.3 RITMO RESPIRATÓRIO Podem estar alterado em diversas situações como lesões neurológicas, por depressão do centro respiratório causado por drogas (opioides ou benzodiazepínicos), fadiga de músculos respiratórios, etc. Na fase inspiratória, quando há disfunção diafragmática, com a negativação da pressão intratorácica, o diafragma é “sugado” para o interior do tórax. As últimas costelas sofrem retração ao final da inspiração sinal de Hoover AN02FREV001/REV 4.0 23 Dispneia suspirosa Presença de inspirações profundas esporádicas em um ritmo respiratório normal pode ocorrer em pessoas com distúrbios psicológicos ou sob forte emoção. Ritmo de Cantani Caracteriza-se pelo aumento da amplitude do ciclo respiratório de forma regular; é o ritmo comum em situações de acidose metabólica como, por exemplo, na cetoacidose diabética ou insuficiência renal. Se essa situação se agravar, o ritmo pode se modificar para ritmo de Kussmaul que é a alternância sequencial de apneias inspiratórias e expiratórias. Ritmo de Biot Ritmo totalmente irregular tanto na frequência como na amplitude. Pode aparecer em casos de hipertensão intracraniana e lesões do sistema nervoso central. Ritmo de Cheyne Stokes Ritmo caracterizado por períodos de hiperpneia seguidos por períodos de apneia. Esse ritmo normalmente ocorre em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva grave, pacientes com lesão do sistema nervoso central e hipertensão intracraniana. 4 (Figura 17). AN02FREV001/REV 4.0 24 FIGURA 17 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RITMOS RESPIRATÓRIOS FONTE: (Martinez). 5 RADIOGRAFIA DE TÓRAX É um dos exames mais utilizados para avaliação clínica em razão ao baixo custo e a facilidade de execução5. Incidências utilizadas para RX de tórax: Posteroanterior (PA): Os feixes de RX entram posteriormente, pelas costas do paciente, e a parte anterior do tórax se encontra em contato com o filme radiológico. Essa posição possibilita que a escápula fique fora do campo visual e o coração fique com um tamanho mais próximo do tamanho real por ser anterior e estar em contato com o filme. 5(Figura 18). AN02FREV001/REV 4.0 25 FIGURA 18 - RX DE TÓRAX EM PA COM TÉCNICA ADEQUADA FONTE: (Meirelles). Anteroposterior (AP): Nessa incidência, o dorso do paciente se encontra em contato com o filme, e o feixe de radiação entram pela região anterior do tórax. Os problemas dessa incidência são de não ser possível analisar algumas estruturas como língula e lobo médio, além de “mascarar” um aumento da área cardíaca. Por isso, que esse tipo de incidência só é utilizado em pacientes acamados, ou que não assumem a posição ortostática, e em crianças pequenas5 (Figura 19). AN02FREV001/REV 4.0 26 FIGURA 19 - RX AP FONTE: (arquivo pessoal). Perfil: Essa incidência é usualmente solicitada com a incidência PA, e é bastante útil para avaliação. Normalmente é feito o perfil esquerdo pela mesma razão do PA, para que o coração não tenha seu tamanho aumentado na imagem. (Figura 20). AN02FREV001/REV 4.0 27 FIGURA 20 - RX PERFIL FONTE: (Meirelles) Decúbito lateral com raios horizontais: Incidência utilizada para avaliação de derrame pleural e espessamento. O paciente é posicionado sobre o lado a ser avaliado5.(Figura 21). AN02FREV001/REV 4.0 28 FIGURA21 1 2 A radiografia 1, mostra uma obliteração de seio costofrênico direito, que pode ser derrame pleural. Na figura 2, o derrame é confirmado pelo nível que é formado. FONTE: (Meirelles) Dose de radiação: É muito comum encontrar exames com dose de radiação alta ou baixa. Na dose ideal é possível visualizar a sombra das partes superiores da coluna vértebra (Figura 23). Exames em que se visualiza toda a coluna, inclusive sobreposta ao mediastino, estão muito penetrados5.(Figuras 22-1 e 2). AN02FREV001/REV 4.0 29 FIGURA 22 - RX POUCO PENETRADO (1) E MUITO PENETRADO (2) 1 2 FONTE: (Meirelles). FIGURA 23 - DOSE ADEQUADA DE RADIAÇÃO FONTE: (Meirelles). AN02FREV001/REV 4.0 30 Inspiração Ideal: O exame ideal deve ser realizado em máxima inspiração, e tem que ser possível visualizar de 9 a 11 costelas posteriores sobrepostas ao parênquima pulmonar5. (Figura 24). FIGURA 24 - RX PA EM INSPIRAÇÃO IDEAL FONTE: (Meirelles) Alinhamento: As bordas mediais das clavículas devem estar à mesma distância da coluna vertebral. 5 (Figuras 25 e 26). AN02FREV001/REV 4.0 31 FIGURA 25 - RX BEM ALINHADO FONTE: (Meirelles). FIGURA 26 - RX MAL ALINHADO FONTE: (Meirelles) 5.1 IMAGENS RADIOLÓGICAS PATOLÓGICAS Derrame Pleural extenso à direita: Observa-se na imagem pré uma hipotransparência de todo hemitórax direto (D). Sendo anormal (compare com RX normal da página 26- figura 24), a imagem pós ainda mantém uma hipotransparência no 1/3 inferior, mesmo após punção-toracocentese, mas já se visualiza ar (imagem escura nos 2/3 sup de hemitórax D). AN02FREV001/REV 4.0 32 FIGURAS 27 - PÓS E PRÉ-PUNÇÃO FONTE: (arquivo pessoal). Atelectasia: Hipotransparência (branco) de hemitórax esquerdo (E) com redução dos espaços intercostais também a E. FIGURA 28 - ATELECTASIA TOTAL DE PULMÃO E FONTE: (arquivo pessoal). D D pós pré E AN02FREV001/REV 4.0 33 Pneumotórax: Observe hipertransparência (imagem mais escura) em hemitórax D devido à entrada de ar no espaço pleural e colapso pulmonar. O mediastino está deslocado para a esquerda, mostrando a coluna vertebral por trás da imagem cardíaca. FIGURA 29 - PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO À D FONTE: (arquivo pessoal). FIM DO MÓDULO I D
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