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Gabryell G. Machado de Rezende - UFR Hiperparatireoidismo Introdução • Paratireóides produzem PTH (paratormônio) • PTH regula cálcio nos ossos, intestino e rins através de: ▪ Estimulam osteoblastos para formar ossos novos (poucos calcificados) e osteoclastos que destroem os ossos velhos (calcificados) gerando uma elevação de cálcio sérico. ▪ Estimula a reabsorção de cálcio nos rins em troca da liberação de fósforo. ▪ Age também nos rins através da ativação da vitamina D ▪ Estimulam a absorção intestinal do cálcio e modula vitamina D • Estímulos para secreção de PTH: ▪ Hipocalcemia (mais importante) ▪ Vitamina D Fisiologia da vit. D • Colecalciferol (vitamina D3) por passagem no fígado é hidroxilada em 25-hidroxicolecalciferol, e posteriormente é hidroxilada no rim, mediada por PTH, se tornando 1,25-Diidroxicolecalciferol. • 1,25-Diidroxicolecalciferol estimula a absorção de cálcio e fósforo renal e intestinal • PTH estimula absorção de cálcio e secreção de fósforo. Fisiopatologia Hipercalcemia • Se calcemia aumentada deve se solicitar exame de PTH e interpretar os resultados: ▪ PTH baixo – fisiologia está sendo respeitada e o motivo da hipercalcemia não são as paratireoides ▪ (hipercalcemia PTH independente). Investigar tumores malignos. ▪ PTH alta – hipercalcemia é devido ao PTH (hipercalcemia PTH dependente). ▪ PTH normal – normalmente uma hipercalcemia levaria a supressão do PTH, portanto, se ele está normal pode ser o motivo da hipercalcemia (hipercalcemia PTH dependente). Hiperparatireoidismo primário • Causa de hipercalcemia PTH dependente • É a secreção aumentada de PTH por hiperfunção autônoma das paratireóides podendo resultar em distúrbio osteometabólico • Calcio alto e PTH alto Etiologia Hiperparatireoidismo primário • Adenoma de paratireóide (85%) – geralmente únicos e glândula se apresenta aumentada (hipercalcemia hipercalciúria – apesar do PTH ser alto e promover a reabsorção de Ca2+ os níveis elevados do sangue fazem com que seja excretado em excesso) • Hiperplasia da paratireóide (15%) – parecido com adenoma, mas acometem 2-3-4 paratireóides • Carcinoma de paratireóide (1%) • Hipercalcemia hipocalciúria familiar – mutação inativadora no sensor de cálcio nas paratireóides e nos rins, como as paratireoides não percebem que já tem cálcio o suficiente, acabem elevando a secreção e nos rins há um aumento na reabsorção de cálcio. • Hipercalcemia induzida por lítio • Secreção ectópica de PTH (tumores secretores de PTH ou hormônios semelhantes – PTHrp) Hiperparatireoidismo terciário • Doença renal crônica – leva a uma diminuição do cálcio sérico que eleva o estímulo para secreção de PTH. Após um tempo de IRC, a secreção de PTH se torna autônoma mesmo com correção da doença renal (PTH e cálcio altos). Hiperparatireoidismo secundário Gabryell G. Machado de Rezende - UFR • Qualquer estímulo que reduza os níveis séricos de cálcio e levam ao aumento do PTH (ou cálcio normal por supressão por PTH) Ex: ▪ Doença renal crônica: Cl Cr: <60 ▪ Hipercalciúria renal ▪ Deficiência de vit. D ▪ Má absorção renal ▪ Inibidores da reabsorção óssea (ex: Alendronato) Epidemiologia do HP primário • Mulheres 3:1 • Entre 40-65 anos (frequentemente acima de 50 anos) • Causa mais comum de hipercalcemia Quadro Clínico • Assintomáticos/Oligossintomáticos– 80% • Sintomáticos – 20% Crise hipercalcêmica • Rebaixamento do nível de consciência, demência, confusão mental, ansiedade e depressão. • Hipertensão, encurtamento de QT, calcificação em valvas e hipersensibilidade à digitais. • Fraqueza ou dor muscular, pseudogota e candrocalcinose. • Oligúria, Nefrolitíase, Nefrocalcinose, Hipercalciúria, acidose tubular e IRC. • Epigastralgia, úlceras pépticas, náuseas, vômitos, anorexia, perda de peso, constipação intestinal, pancreatite. Manifestações ósseas ❖ Muito osso novo (com material osteóide) e pouco osso velho (calcificado) • Osteíte fibrosa cística – não são cistos verdadeiros, é material osteóide) • Predisposição a fraturas • Tumores benignos, mas que podem levar a compressão – devido a atividade de reabsorção com deposição de matriz osteóide (tumor marrom) Manifestações renais • Nefrolitíase sintomática – devido Hipercalciúria • Oligossintomático – fratura não diagnosticada, osteoporose/baixa massa óssea, Nefrolitíase assintomático e hipercalcemia leve Diagnóstico laboratorial • Cálcio aumentado • Fósforo diminuído – excreção renal pelo PTH • Albumina para calcular cálcio corrigido • PTH – aumentado ou normal • Fosfatase alcalina alta • Ureia e Creatinina Gabryell G. Machado de Rezende - UFR • Urina 24h: cálcio aumentado Diagnóstico por imagem • Inventário ósseo radiológico • Densitometria óssea – coluna, fêmur proximal e rádio • USG de rins e vias urinárias (litíase) • Achados radiológicos: ▪ Reabsorção ósseas subperiosteal ▪ Crânio em “Sal e Pimenta” ▪ Osteopenia generalizada (melhor evidenciada na densitometria óssea) ▪ Tumores marrons • Para a localização da paratireoide (pré-operatório): ▪ Cintilografia com sestamibi ▪ USG, TC e RNM Tratamento Tratamento Cirúrgico • Em pacientes sintomáticos • Se assintomáticos, avaliar o CINCO: ▪ Clearance de Creatinina <60 ▪ Idade <50anos ▪ Nefrolitíase, Nefrocalcinose ou hipercalciúria elevada (>400mg/dia) ▪ Cálcio total com mais de 1g acima do limite superior da normalidade ▪ Osteoporose ou fratura de fragilidade ✓ Paratireoidectomia minimamente invasiva e retirada apenas da glândula alterada – Adenoma único e localizado em exame de imagem ✓ Paratireoidectomia convencional – Se não localizado da glândula acometida, retirada de uma glândula e dosagem do PTH no intraoperatório e se queda de >50% foi a glândula correta, se não, continuar a retirada ✓ Paratireoidectomia total com reimplante em antebraço ou Paratireoidectomia subtotal com Gabryell G. Machado de Rezende - UFR preservação de ½ a 1/3 de uma das glândulas – hiperplasia (em várias glândulas) Pós-operatório: • Risco de hipocalcemia – colher calcemia de 12/12h • Hipoparatireoidismo cirúrgico – cálcio e fósforo alto e geralmente transitório • Fome óssea – osso ávido por cálcio e fósforo (matriz osteóide) para refazer a hidroxiapatita – cálcio e fósforo baixos • Fatores de risco pra fome óssea: presença de osteíte fibrosa, tumores marrons, 25OHD e FA baixas pré-operatório e paratireoides grande (>2g) • Atento aos sintomas de hipocalcemia (convulsões, laringoespasmos, parestesias, contratura muscular...) e sinais de tetania latente (Chvostek e Trousseau) – ver resumo de Hipoparatireoidismo • Suplementação de 1g cálcio elementar nas refeições 1 a 3xdia: ✓ Carbonato de cálcio (CaCO3) ✓ Lactogliconato de cálcio + CaCO3 ✓ Citrato de cálcio • Vitamina D ativa – se PTH baixo, pois a ativação da vit. D depende de PTH: ✓ Calcitriol 0,5 a 2mcg/dia • Hipocalcemia grave – tratar igual crise Hipocalcêmica (ver resumo de Hipoparatireoidismo) Tratamento Clínico Paciente grave: • Hipercalcemia sintomática – tentar aumentar secreção renal de cálcio: ✓ Hidratação 300 ml/h SF 0,9% e manter o débito urinário entre 100 e 150ml/h ✓ Furosemida 40mg 6/6h ou 12/12h • Medidas para reabsorção óssea: ▪ Bifosfonatos endovenosos para bloqueio dos osteoclastos, impedindo quebra de osso “velho” ✓ Pamidronato 90 (graves) a 60 (leve)mg, EV, diluir em 250ml de SF e correr em 2 a 4h ✓ Ácido zolendrônico: 4 a 8mg, EV, 15 minutos ✓ Calcitonina sintética de salmão 4 a 8UI/kg SC a cada 12h (mas por mais de 2 dias usando deixa de ter ação) Calcimiméticos: ✓ Cinacalcet 30 a 90 mg, 2 a 4 vezes por dia ✓ Denosumab 60-120mg, SC• Mudanças no estilo de vida: ✓ Baixa ingesta de produtos ricos em cálcio ✓ Evitar vit. D e exposição solar Paciente saldável: • Baixa massa óssea/osteoporose ✓ Drogas anti-reabsortivas (Bifosfonatos, Denosumab e estrógeno) • Nefrolitíase ✓ Hidroclorotiazida – reduz a excreção de cálcio, porém pode levar a hipercalcemia em paciente com hiperparatireoidismo • Hipercalcemia crônica ✓ Cinacalcet
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