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Língua Portuguesa 02

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Prof. PAULO HERCULANO 
 
 
 
CADERNO DE LINGUA 
PORTUGUESA 
(LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO) 
 
 
 
 
 
 
PROFESSOR: PAULO HERCULANO 
Macapá 
2017 
 
 
Prof. PAULO HERCULANO 
 Sumário 
1- Texto, Contexto e Elementos Paratextuais ...............................................................5 
Conhecimento de mundo ..................................................................................................6 
Textos verbais e visuais ....................................................................................................6 
2- Definições e concepções de leitura: as essências .................................................8 
O tema Leitura ......................................................................................................................8 
Leitura e sentido ..................................................................................................................8 
Conhecimento Linguístico E Conhecimento De Mundo ............................................9 
Informações implícitas .......................................................................................................9 
Pressupostos .................................................................................................................10 
Subentendidos ...............................................................................................................10 
Por que utilizamos sentidos implícitos? .................................................................11 
3- Condições De Textualidade ........................................................................................12 
Textualidade .......................................................................................................................12 
Componentes conceitual e linguístico.........................................................................13 
Coerência ........................................................................................................................13 
Coesão .............................................................................................................................14 
4- Intertextualidade ............................................................................................................15 
Citação .................................................................................................................................16 
Paródia .................................................................................................................................16 
Paráfrase .............................................................................................................................17 
5- Tipologia Textual: Tipos e Gêneros ..........................................................................17 
O que é tipologia textual? ...............................................................................................18 
Narração ..........................................................................................................................18 
Descrição.........................................................................................................................18 
Dissertação .....................................................................................................................18 
Injunção / Instrucional ..................................................................................................18 
Gêneros textuais ...............................................................................................................19 
Carta .................................................................................................................................19 
Propaganda .....................................................................................................................20 
Bula de remédio .............................................................................................................20 
Receita .............................................................................................................................20 
Reportagem ....................................................................................................................21 
História em quadrinhos ...............................................................................................21 
Charge ..............................................................................................................................21 
Poema ..............................................................................................................................22 
 
 
Prof. PAULO HERCULANO 
6- Funções da Linguagem ...............................................................................................22 
Função emotiva ou expressiva ......................................................................................23 
Função Apelativa ou Conativa .......................................................................................23 
Função Poética ..................................................................................................................24 
Função Fática .....................................................................................................................24 
Função Metalinguística ....................................................................................................24 
Função Referencial ...........................................................................................................24 
7- Figuras da Linguagem .................................................................................................25 
Figuras de Palavras ..........................................................................................................25 
Metáfora ...........................................................................................................................25 
Metonímia ........................................................................................................................25 
Catacrese.........................................................................................................................25 
Perífrase...........................................................................................................................25 
Sinestesia ........................................................................................................................26 
Figuras de Pensamento ...................................................................................................26 
Antítese ............................................................................................................................26 
Paradoxo .........................................................................................................................26 
Eufemismo ......................................................................................................................26 
Ironia .................................................................................................................................26 
Hipérbole .........................................................................................................................27 
Prosopopeia ou Personificação .................................................................................27 
Apóstrofe .........................................................................................................................27 
Gradação .........................................................................................................................27 
Figuras de Sintaxe ............................................................................................................27Elipse ................................................................................................................................27 
Silepse..............................................................................................................................28 
Hipérbato ou Inversão ..................................................................................................28 
Assíndeto ........................................................................................................................28 
Polissíndeto ....................................................................................................................28 
Anáfora ............................................................................................................................28 
Anacoluto ........................................................................................................................28 
Pleonasmo ......................................................................................................................28 
Figuras de Som ..................................................................................................................29 
Aliteração ........................................................................................................................29 
8- Variação Linguística .....................................................................................................29 
As diferentes variações linguísticas ............................................................................30 
 
 
Prof. PAULO HERCULANO 
Variações diafásicas .....................................................................................................30 
Variações históricas .....................................................................................................30 
Variações diatópicas ....................................................................................................30 
Variações diastráticas ..................................................................................................30 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ 
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO 
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA 
 
Prof. PAULO HERCULANO 
1- Texto, Contexto e Elementos 
Paratextuais 
 
Você já se perguntou o que é, de fato, um 
texto? Geralmente, entendemos o texto como 
um conjunto de frases, ou seja, algo que foi 
feito para ser lido. Mas a definição de texto 
não é tão simples quanto parece. 
 
Imagine, por exemplo, que você está lendo um 
livro e, de repente, encontra em uma página 
qualquer um papel com a palavra “madeira”. 
Ora, certamente você ficará intrigado ou 
simplesmente não dará importância a isso. 
 
Agora, vamos imaginar outra situação: você 
está no meio de uma floresta e ouve alguém 
gritar: “Madeira!”. Bem, se você pretende 
preservar sua vida, sua reação imediata é sair 
correndo. Isso acontece porque a situação em 
que você se encontra levou-o a interpretar o 
grito como um sinal de alerta. 
 
A partir desses exemplos simples, podemos 
chegar a algumas conclusões importantes: 
1º - os textos não são apenas escritos, eles 
também podem ser orais; 
2º - os textos não são simples amontoados de 
palavras ou frases, ou seja, eles precisam 
fazer sentido. 
 
Na segunda situação, uma única palavra foi 
capaz de transmitir uma mensagem 
de sentido completo, por isso ela pode ser 
considerada um texto. Mas o que leva um 
texto a fazer sentido? 
 
Existem elementos que nos ajudam a 
interpretar os textos que estão a nossa volta, 
mas para que se possa compreender bem um 
texto é necessário identificar o contexto 
(social, cultural, estético, político) no qual ele 
está inserido. 
O contexto pode ser explícito, quando é 
expresso por palavras (o texto em que se 
encontra a frase ou a frase em que se 
encontra a palavra), ou implícito, quando 
está embutido na situação em que o texto é 
produzido. Logo, a simples mudança de 
contexto faz com que a palavra “madeira” seja 
interpretada de maneiras diferentes. Na 
primeira situação, embora a palavra esteja 
dentro de um livro, ela está totalmente fora de 
contexto, por isso não produz sentido algum. 
 
Para deixar ainda mais claro, numa frase o que 
seria o contexto e qual importância dele. Observe 
o seguinte enunciado: 
“Que belo dia!” 
Sem se levar em conta o contexto, não se pode 
explicar o sentido desta frase. Poderia se imaginar 
que ela poderia se referir a um dia agradável, que 
a rotina flui sem imprevistos, ou poderia ter sido 
dita por alguém que ganhou na loteria. Não se 
sabe a que contexto se refere, se a um dia de sol 
após um período chuvoso ou se é um dia de chuva 
após meses de sol escaldante. Como não foi 
apresentada a situação em que esse enunciado foi 
proferido, há várias possibilidades de sentido 
nesta frase. 
Observe o texto abaixo retirado de um site de 
notícias: 
Por Bernardo Caram, 
G1, Brasília 11/12/2016 16h52 
Atualizado 12/12/2016 22h10 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ 
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO 
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA 
 
Prof. PAULO HERCULANO 
 “Delator da Odebrecht cita doações 
não declaradas a mais de 30 
políticos 
 
Em informações prestadas ao Ministério 
Público Federal (MPF) para a assinatura de 
acordo de delação premiada, o ex-diretor de 
relações institucionais da Odebrecht Cláudio 
Melo Filho apresentou valores repassados a 
políticos com a finalidade de obter vantagens 
para a empreiteira. 
O depoimento, que veio a público na sexta-
feira (9), traz nomes, valores, circunstâncias e 
motivação dos repasses. Parte dos recursos 
foi paga por meio de doações eleitorais 
oficiais, mas também há registro de propina e 
de caixa 2. 
Em alguns casos, como o dos senadores 
Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros 
(PMDB-AL), o dinheiro era entregue a uma 
pessoa, mas serviria para abastecer um grupo 
dentro do partido. Em outros casos, não é 
possível identificar se a doação foi oficial. 
Cláudio atuava na relação da Odebrecht com 
o Congresso Nacional. Segundo ele, alguns 
pagamentos eram feitos para garantir a 
aprovação de projetos de interesse da 
empreiteira. ” 
Para compreendermos melhor sobre a 
informação retratada no texto é necessário 
que estejamos atentos a situação política do 
nosso país. 
 
Conhecimento de mundo 
 
Ao longo de sua vida, o leitor adquire 
conhecimentos utilizados durante a leitura dos 
textos. O leitor constrói o sentido do texto 
quando articula diferentes níveis de 
conhecimento, entre eles o conhecimento de 
mundo. Esse tipo de conhecimento costuma 
ser adquirido informalmente, através de 
nossas experiências pessoais e convívio em 
sociedade. Ativar seu conhecimento de 
mundo no momento certo pode ser útil tanto 
para salvar sua vida no meio da floresta ou 
para resolver questões do ENEM. 
 
Agora observe a seguinte imagem: 
O texto é uma propaganda de um adoçante 
que tem o seguinte mote: “Mude sua 
embalagem”. A propaganda utiliza recursos 
“verbais” e “não verbais”. Os recursos verbais 
referem-se à palavra “açúcar”, escrita no saco, 
e ao slogan “mude sua embalagem”. O 
conteúdo verbal da propaganda é reforçado 
pela parte não verbal, ou seja, a imagem do 
saco de açúcar semelhante a uma barriga 
gorda, que contrasta com a imagem do 
adoçante no canto inferior, bem fininho. 
 
Textos verbais e visuais 
 
Até aqui, vimos que ostextos podem ser orais 
Figura 1 - Figura 1- Disponível em: http://www.ccsp.com.br. 
Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). (Foto: Reprodução/Enem) 
 
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ou escritos. Mas essa noção precisa ser 
ampliada, pois há textos que não contam com 
o auxílio da palavra, seja ela escrita ou oral. É 
o caso, por exemplo, da fotografia e da 
pintura. Dizemos, então, que há textos verbais 
e visuais. Há ainda textos que utilizam os dois 
recursos, como no exemplo anterior, assim 
também como os filmes, que usam imagens, 
diálogos e legendas. 
Então, chegamos a conceito de texto mais 
ampliado e consistente: todo enunciado que 
faz sentido para um determinado grupo em 
uma determinada situação. No ENEM, essa 
noção mais moderna de texto é a que vale. 
 
Em resumo temos que: 
Texto: Tomando como definição de texto a de 
Costa Val (1999:3), para quem “texto é uma 
ocorrência linguística, falada ou escrita, de 
qualquer extensão, dotado de unidades sócio 
comunicativa semântica e formal”. 
Contexto: O contexto situacional é formado por 
informações que estão fora do texto, sejam elas 
históricas, geográficas, sociológicas, literárias. Ele 
é essencial para uma leitura mais eficaz, 
aproximando o interlocutor/leitor do sentido que o 
locutor/escritor quis imprimir ao texto. 
Além do texto e do contexto temos ainda o 
Elementos paratextuais. A sabedoria 
popular diz que não devemos “julgar um livro 
pela capa”. Isso acontece porque muitas 
vezes a capa de um livro acaba despertando 
ou não nosso interesse pelo texto. Porém, 
quando abrimos um livro, podemos nos 
deparar com outros elementos, como 
contracapa, biografia do autor, prefácio, 
dedicatória, índice, notas de rodapé, citações, 
posfácio e ilustrações. Esses elementos que 
margeiam o texto são chamados de 
elementos paratextuais. 
Portanto, paratextos são elementos que estão 
para além do texto, ou seja, informações que 
acompanham uma obra. Como podem 
motivar a aquisição e a leitura livros, os 
elementos paratextuais são muito 
privilegiados pela indústria editorial. 
De todos os elementos paratextuais, o mais 
importante é o título, pois funciona como uma 
espécie de “slogan” do texto, ou seja, algo que 
faça com que o leitor “compre” suas ideias. Alguns 
especialistas já chegaram a sugerir que o título 
não é relevante para a leitura de um texto, mas 
não é bem assim. Um título adequado pode 
direcionar a compreensão do texto, ajudando o 
leitor a criar expectativas de leitura. 
Em alguns casos, o título fornece pistas 
importantes para que o leitor levante hipóteses 
sobre o que vai ler. Por exemplo, diante de um 
título como “Conheça as angiospermas”, o leitor 
espera ler um texto que trará explicações sobre as 
angiospermas, seus tipos e exemplares na 
natureza. Com a ajuda de outros elementos 
paratextuais, como a ilustração de uma flor, o leitor 
poderá imaginar que se trata de plantas. 
 
A partir do título desses livros é possível 
especular qual será o enredo da história. 
Sobre o título “A culpa é das estrelas” de John 
Green, é possível imaginar que se trata de 
uma história romântica já que o título parece 
fazer alusão a expressão “escrito nas 
estrelas”, já o segundo título “ Para todos os 
 
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amores errados” de Clarissa Corrêa, podemos 
interpretar que a história apesar de uma 
história romântica vai tratar mais 
especificamente de desilusões amorosas. 
Todos esses apontamentos são apenas 
suposições feitas a partir do título 
2- Definições e concepções 
de leitura: as essências 
O tema Leitura 
Segundo Orlandi (2000:7), o termo 
leitura é polissêmico, isto é, permiti distinguir 
vários sentidos. Podemos entendê-lo, em sua 
acepção mais ampla, como atribuição de 
sentidos, tanto em relação à linguagem 
escrita como em relação à linguagem oral. 
Qualquer expressão linguística, de qualquer 
natureza, permite uma leitura. 
Leitura também pode significar 
concepção, e é nesse sentido que o termo é 
usado quando falamos em leitura de mundo, 
isto é, quando usamos a palavra leitura para 
refletir o conhecimento de cada leitor, 
considerando-se ou não sua escolaridade. 
No sentido acadêmico – mais restrito -, 
leitura pode significar a construção das bases 
teóricas metodológicas que permitem chegar 
a um texto: são várias as leituras de Rubem 
Alves, ou de um texto de Paulo Freire. 
Em um sentido ainda mais específico, o 
termo leitura pode ser entendido como estrita 
aprendizagem formal, quando se vincula 
leitura e alfabetização. 
Uma reflexão mais aprofundada sobre 
leitura nos permite concluir que o leitor 
precisa recorrer a estratégias que lhe 
permitam alcançar o sentido do texto. Além 
disso, devemos lembrar que há diferentes 
modos de leitura, em relação direta com a vida 
intelectual do leitor, isto é, com sua maneira 
de estabelecer os sentidos daquilo que lê. 
Leitura e sentido 
As palavras significam o que o grupo social 
convencionou que elas devem significar, mas 
a comunicação exige muito mais que apenas 
usar e aceitar passivamente significados 
preestabelecidos. 
 Ler, então, é mais que decifrar: ler é ser 
capaz de atribuir um significado ao texto, 
partindo do próprio texto, de modo que cada 
leitor consiga relacioná-lo a todos outros 
textos significativos, seja capaz de reconhecer 
o tipo de leitura que o autor pretendia, e 
possa, depois, dono da própria vontade, 
entregar-se à leitura ou rejeitá-la. 
 Para que tudo isso aconteça, é preciso 
que autor e leitor interajam ao longo de um 
texto. Ao autor cabe delinear o caminho 
percorrido durante a produção do texto, 
direcionando o efeito de sentido desejado e a 
intenção comunicativa pretendida; ao leitor 
compete ler, reler, analisar, comparar, fazer 
inferências, ativar conhecimentos. 
 Todo leitor, ao ler um texto, deve 
participar da produção de leitura desse texto. 
Para isso, deve construir, através do que 
passaremos a chamar de pistas textuais que 
o próprio texto fornece, um sentido para ele (o 
texto) – mas somente o sentido que o próprio 
texto autorizar. Procurar essas pistas faz parte 
do processo de leitura, porque é a partir delas 
que o autor formula e reformula hipóteses, 
aceita ou rejeita conclusões. 
Agora, pedimos que você coloque em 
ordem, numerando de 1 a 4, as diferentes etapas 
de participação do leitor na produção de leitura de 
um texto. 
( ) construção de sentido autorizado pelo texto 
( ) identificação de pistas textuais 
( ) aceitação ou rejeição de conclusões 
( ) formulação e reformulação de hipóteses 
 
Esperamos que Você tenha respondido que o 
leitor procura, em primeiro lugar, pistas textuais; 
em seguida, constrói, por meio dessas peitas, um 
sentido autorizado pelo próprio texto; depois, de 
 
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posse dessas pistas, formula e reformula 
hipóteses, para, finalmente, aceitar ou rejeitar 
conclusões. 
Conhecimento Linguístico E 
Conhecimento De Mundo 
 
Como podemos deduzir das palavras de 
Paulo Freire, há uma íntima relação entrelinguagem e realidade, que passamos a chamar 
de conhecimento linguístico e de 
conhecimento de mundo. A precedência a que 
ele se refere localiza-se, sobretudo, no momento 
da alfabetização. 
Criança ou adulto nessa situação já 
acumularam muito conhecimento sobre a 
realidade que os cerca e muito pouco 
conhecimento específico sobre a linguagem. 
Realizada a aprendizagem da leitura, mais e mais, 
a cada ato de ler, ocorrerá sempre a utilização, 
pelo leitor, dos já referidos conhecimentos. 
Por exemplo: quando lemos o parágrafo 
acima destacado, pomos em prática nosso 
conhecimento sobre Paulo Freire, suas 
concepções sobre alfabetização, os momentos 
políticos brasileiros por ele vividos e, 
principalmente, o fato de que estava proferindo 
uma conferência em um Congresso sobre leitura, 
mas também ativamos o conhecimento linguístico 
sobre morfologia, sintaxe e semântica recebidas 
da escola ao longo de nossa formação: 
Esses conhecimentos nos permitem 
reconhecer as palavras por ele usadas, a ordem 
sintática preferencialmente direta e os significados 
que essas palavras e essa organização nos 
possibilitam. Eis a operacionalização, no ato de 
ler, dos dois conhecimentos necessários: o de 
mundo e o linguístico. 
 
Você deverá fazer uso do seu 
conhecimento linguístico e do seu conhecimento 
de mundo para resolver as questões propostas a 
seguir, com base na leitura do texto abaixo. 
 
 
 
NOKIA 
 
 O mundo todo só fala nele. 
 
 
a).Agora, liste o conhecimento de mundo e 
conhecimento linguístico que Você ativou para 
compreender a mensagem veiculada no texto. 
 
Conhecimentos de mundo 
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________ 
 
Conhecimentos linguísticos: 
_______________________________________
_______________________________________ 
 
 
b).Explicite os sentidos que o autor dos texto quis 
evidenciar. 
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________ 
 
 
Estamos convictos de que você conseguiu 
desenvolver as atividades solicitadas em a e b, 
pois certamente interpretou o termo Nokia como o 
nome de uma marca de aparelho telefônico celular 
e percebeu o duplo sentido intencional no termo 
fala e no termo nele. 
Esses conhecimentos o levaram a 
compreender que o autor da frase quis evidenciar 
dois sentidos: o de que todos usam o aparelho e 
o de que todos comentam sobre ele. 
 
Informações implícitas 
 
Muitos candidatos ao ENEM se perguntam 
como melhorar sua capacidade de 
interpretação dos textos. Primeiramente, é 
preciso ter em mente que um texto é formado 
por informações explícitas e implícitas. As 
informações explícitas são aquelas 
manifestadas pelo autor no próprio texto. As 
informações implícitas não são manifestadas 
pelo autor no texto, mas podem ser 
subentendidas. Muitas vezes, para 
 
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efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir 
além do que foi dito, ou seja, ler nas 
entrelinhas. 
 A partir de elementos presentes no texto, é 
possível ao leitor recuperar as informações 
implícitas, para que possa, efetivamente, chegar 
a produção de sentido. Por isso, o leitor precisa 
estabelecer relações dos mais diversos tipos do 
texto e o contexto, de forma a interpretar 
adequadamente o enunciado. 
 
Por exemplo, observe este enunciado: 
 
- Patrícia parou de tomar refrigerante. 
 
A informação explícita é “Patrícia parou de 
tomar refrigerante”. A informação implícita é 
“Patrícia tomava refrigerante antes”. 
 
Agora, veja este outro exemplo: 
 
-Felizmente, Patrícia parou de tomar 
refrigerante. 
 
A informação explícita é “Patrícia parou de 
tomar refrigerante”. A palavra “felizmente” 
indica que o falante tem uma opinião positiva 
sobre o fato – essa é a informação implícita. 
 
Com esses exemplos, mostramos como 
podemos inferir informações a partir de um 
texto. Fazer uma inferência significa concluir 
alguma coisa a partir de outra já conhecida. 
Nos vestibulares, fazer inferências é uma 
habilidade fundamental para a interpretação 
adequada dos textos e dos enunciados. 
 
A seguir, veremos dois tipos de informações 
que podem ser inferidas: as pressupostas e 
as subentendidas. 
 
Pressupostos 
 
Uma informação é considerada pressuposta 
quando um enunciado depende dela para 
fazer sentido. 
 
Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: 
“Quando Patrícia voltará para casa?”. Esse 
enunciado só faz sentido se considerarmos 
que Patrícia saiu de casa, ao menos 
temporariamente – essa é a informação 
pressuposta. Caso Patrícia se encontre em 
casa, o pressuposto não é válido, o que torna 
o enunciado sem sentido. 
 
Repare que as informações pressupostas 
estão marcadas através de palavras e 
expressões presentes no próprio enunciado e 
resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no 
enunciado “Patrícia ainda não voltou para 
casa”, a palavra “ainda” indica que a volta de 
Patrícia para casa é dada como certa pelo 
falante. 
 
Subentendidos 
 
Ao contrário das informações pressupostas, 
as informações subentendidas não são 
marcadas no próprio enunciado, são apenas 
sugeridas, ou seja, podem ser entendidas 
como insinuações. 
O uso de subentendidos faz com que o 
enunciador se esconda atrás de uma 
afirmação, pois não quer se comprometer com 
ela. Por isso, dizemos que os subentendidos 
são de responsabilidade do receptor, 
enquanto os pressupostos são partilhados por 
enunciadores e receptores. 
Em nosso cotidiano, somos cercados por 
informações subentendidas. A publicidade, 
por exemplo, parte de hábitos e pensamentos 
da sociedade para criar subentendidos. Já a 
piada é um gênero textual cuja interpretação 
depende a quebra de subentendidos. 
Observemos como isso é verdadeiro e deve 
acontecer em todos os atos de leitura, dos mais 
 
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simples aos mais complexos. Considere a 
manchete do Caderno de Esporte do jornal O 
Liberal, de 24.08.2003. 
 
 
 
 PAPÃO PROCURA O CAMINHO DA VITÓRIA 
 
 
 
Essa manchete esportiva, uma simples e 
curta frase declarativa, interpretada 
adequadamente, desencadeia uma série de 
relações entre ela e o leitor, a partir de uma 
informação explícita de que alguém, no caso, um 
clube de futebol, procura uma forma de vencer. 
Estabelecidas essas relações, o leitor encontra 
outros sentidos além do que foi explicitado. 
 
A primeira dessas relações, que se 
estabelece entre texto e contexto, leva à 
compreensão de que, para vencer, é preciso uma 
tática de jogo, uma estratégia, sentido latente na 
metáfora caminho da vitória. 
 
A segunda, linguística por natureza, requer 
que o leitor reconheça o valor do artigo definido o: 
ele permite entender que o caminho existe, que é 
um preciso e determinado caminho, que só ele 
conduzirá à vitória. 
 
A terceira, ainda no âmbito da linguagem, 
está centrada no significado de procura. Quem 
procura é porque perdeu ou porque nunca teve. 
No caso do clube paraense ele conhecia bem o 
caminho da vitória,porém, no dia em que a 
manchete foi produzida, não conhecia mais. 
 
A quarta novamente uma relação entre 
texto e contexto, cumplicidade entre autor e leitor, 
indica que o clube já não vencia há algum tempo. 
 
Finalmente a quinta relação por meio da 
qual o autor também busca a adesão do leitor, 
descortina a crítica ao clube que vinha vencendo 
seguidamente, enchia a sua torcida de orgulho e 
parara de vencer. Uma sutil ironia sem dúvida. 
 
Um ouvinte/leitor eficiente precisa 
captar não apenas as informações explícitas 
(postas, dadas, expressas), como também as 
que estão implícitas, pois, se ele não tiver 
essa habilidade, passará por cima de 
significados importantes, ou – o que é mais 
grave – concordará com ideias ou ponto de 
vista que talvez rejeitasse se os percebesse. 
 
Por que utilizamos sentidos implícitos? 
 
Em todo grupo social, há um conjunto de tabu 
linguísticos. Isso não significa apenas a 
existência de palavras que, em certas 
circunstancias, não podem ou não devem ser 
pronunciadas (os palavrões, por exemplo), 
mas também a de temas proibidos e 
protegidos por uma espécie de “lei do 
silêncio”. Um ditado popular traduz 
plenamente essa restrição: “não se fala em 
corda em casa de enforcado”. 
Esses tabus linguísticos também se fazem 
presente em relação a determinada 
informações que uma pessoa não pode ou 
não deve dar, não porque elas sejam 
proibidas, mas porque o ato de expressá-las 
constituiria uma atitude repreensível ou 
comprometedora. 
Além dos tabus linguísticos um outro 
motivo para o uso de sentidos implícitos é que toda 
declaração explícita pode tornar-se temas de 
discussões. O que é dito pode ser contradito, de 
modo que não se poderia anunciar uma opinião ou 
um desejo sem, ao mesmo tempo, expô-lo às 
eventuais objeções dos interlocutores. Julgue v 
você mesmo: no dia 01.02.2003, um deputado 
federal reeleito em resposta ao repórter do Jornal 
Nacional, que referia aos erros desse parlamentar 
no mandato anterior, respondeu: “a gente não 
comete os mesmos erros, porque há tantos erros 
novos para serem cometidos...”. Como Você 
observou o parlamentar admite que continuará 
errando apenas não pretende repetir erros já 
cometidos, o que é muito grave, porque o repórter 
se referia a erros prejudiciais ao povo que o 
elegeu. 
 
 
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Quando se lê, considera-se não apenas o que 
está dito, mas também o que está implícito, isto é, 
aquilo que não está dito, mas que também 
significando. E o que não está dito pode ser de 
várias naturezas: 
a) O que não está dito, mas que de certa 
forma, sustenta o que está dito; 
b) O que está suposto para que se entenda o 
que está dito; 
c) O sentido que se opõe àquilo que está dito; 
d) Outras maneiras de se dizer o que se 
disse. 
 
Em época de forte repressão, a livre 
manifestação do pensamento, o direto de 
contestar e de se denunciar se materializam por 
meio de sentidos implícitos. Foi o que aconteceu 
no período da ditadura militar no Brasil. 
 
Atento a isso, leia o excerto abaixo, do poema-
canção de Chico Buarque, datado de 1984, para 
aprofundar seu conhecimento sobre sentidos 
implícitos. 
 
(...) Num tempo 
Página triste da nossa história 
Passagem desbotada na 
memória 
Das nossas novas gerações 
Dormia 
A nossa pátria-mãe tão 
distraída 
Sem perceber que era 
subtraída 
Em tenebrosas transações. 
(...) 
 
Recupere dois sentidos implícitos: 
 
(a)_____________________________________
_______________________________________
_______________________________________ 
 
(b)_____________________________________
_______________________________________
_______________________________________ 
 
Esperamos que você tenha percebido que 
os quatro primeiros versos significam o período 
da ditadura militar, entre 1964 e o limiar da década 
de 80 do século XX, e que os quatro últimos 
denunciam a intensa corrupção ocorrida no 
referido período. 
 
Por isso, tem sido cada vez mais frequente o 
cuidado de “medirmos as palavras”, para 
evitarmos os perigos que advêm dos sentidos 
literais ou explícitos da língua. O recurso que 
se tem mostrado mais frequente e eficaz 
parece ser simplesmente o uso dos sentidos 
implícitos, que conseguem expressar aquilo 
que queremos dizer, mas sem que corramos 
o risco de ser responsabilizados por aquilo 
que dizemos. 
Não é por acaso que, muitas vezes, pessoas 
de destaque no grupo social, ao falarem, o 
fazem de forma tão opaca e incompreensível 
que seu discurso acarreta lacunas no 
entendimento de seus interlocutores. 
3- Condições De 
Textualidade 
 
Para que uma sequência de enunciados seja 
reconhecida como texto, é preciso que ela 
forme um todo significativo, nas 
circunstancias de uso em que os enunciados 
ocorrem. É sobre as condições de 
textualidade, ou seja, aquelas que permitem 
que você avalie a qualidade do que lê e do que 
escreve. 
A primeira dessas condições é alcançada com 
a coerência, isto é, o fator responsável pela 
unidade de sentido; a segunda é a coesão, 
que permite a harmoniosa articulação entre os 
diferentes constituintes do texto. 
 
 
 
Textualidade 
 
 
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Chama-se textualidade ou tecitura ao 
conjunto de propriedades que qualquer 
manifestação linguística deve possuir para 
que não seja apenas uma simples sequência 
de palavras ou frases. 
Contemplamos dois, dentre os fatores 
responsável pela textualidade de qualquer 
discurso, juntamente os que envolvem os 
componentes conceitual e linguístico. 
 
Componentes conceitual e linguístico 
 
Um texto deve apresentar um conjunto 
de propriedades decorrentes da relação entre 
as partes que o compõem, de tal modo que, 
ao final, essa relação resulte em uma unidade 
de sentido e estabeleça uma ligação – nem 
sempre aparente – entre essas partes. No 
primeiro caso, manifesta-se a coerência; no 
segundo a coesão. 
 
Coerência 
A coerência ou conectividade 
conceitual é a interdependência semântica 
entre os elementos constituintes de um texto, 
isto é, a relação entre as partes desse texto e 
que resulta em unidade de sentido. A 
coerência decorre da continuidade do sentido, 
do compromisso entre as partes que formam 
a macroestrutura (estrutura semântica global 
do texto) e está ligada à compreensão, 
possibilidade de Interpretação do que 
dizemos, escrevemos, ouvimos ou lemos. 
Para que a coerência se realize, há três 
propriedades fundamentais – continuidade ou 
repetição, não-contradição e progressão – 
que serão desenvolvidas a seguir. 
A relação entre o texto e o contexto, 
entendido este como a unidade maior em que 
a unidade menor está inserida, é relevante 
para a depressão das relações do sentido que 
compõem a globalidade do texto. Elas devem 
obedecer a condições cognitivas gerais, 
satisfazendo às relações lógico-semânticas 
entre estados e coisas, como por exemplo, 
relações de ordenação temporal, relações de 
casualidade – entre outras. Essas relações 
podem se manifestar pelo vocabulário, pela 
combinação dos tempos verbais, pela ordem 
de apresentação de conteúdo, pela 
adequação dos campos semânticos. 
No texto abaixo, queremosmostrar-lhe 
como se constrói o sentido de um texto a partir 
de uma ideia-chave. Acompanhe com atenção 
e, ao final, você constatará que, num texto, 
tudo significa. 
Dentro do planalto: Fome de reforma 
“João Pedro Stédile está afinado com o 
governo petista. Na semana passada, o líder 
do MST andou pelos corredores do Planalto 
como se fosse um velho conhecido do austero 
prédio. Jotapê tenta convencer o governo de 
que R$ 1 bilhão, previsto no Orçamento para 
o Incra, é pouco para tocar a reforma agrária. 
Quer abocanhar parte do capital internacional 
destinado ao projeto Fome Zero. Reforma 
agrária, diz, é a maneira mais eficaz de 
combate à fome.” ( Época – 03.02.2003 – p. 
8) 
Observe que, nesse texto, há uma 
idéia-chave: João Pedro Stédile. Essa idéia-
chave, embora não esteja expressa no título 
nem no subtítulo, é uma espécie de “primeiro 
ponto” para o ato de “tecer o texto”. Ela se 
repete, quer representar por vocábulos 
diferentes (João Pedro Stédile / o líder do 
MST / um velho conhecido / jotapê), quer 
representada pelo apagamento do vocábulo 
que a poderia expressar. 
Essa mesma ideia-chave é 
responsável pelas formas verbais em 3ª 
pessoa do singular (está afinado/ andou/ 
fosse/ tentar convencer/ quer/ diz). Além 
disso, o seu conhecimento prévio permite que 
você identifique a relação de afinidade entre 
João Pedro Stédile e governo petista, assim 
como entre João Pedro Stédile / governo 
petista e entre corredores do Planalto / 
 
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austero prédio / o governo / fome zero 
/combate à fome. 
A coerência conceitual – 
macroestrutura ou estrutura semântica – é um 
dos requisitos fundamentais para construção 
de qualquer texto, quer ele seja literário, 
jornalístico, científico, jurídico, acadêmico, 
quer seja uma conversão espontânea. 
Coesão 
 
A coesão pode ser entendida como o 
modo pelo qual frases ou partes delas se 
combinam para assegurar o desenvolvimento 
textual, ou seja, é o modo como as palavras 
estão ligadas entre si, dentro de uma 
sequência, a fim de criar uma relação 
semântica entre um elemento do texto e outro 
elemento que é fundamental para sua 
interpretação. 
 
A coesão – isto é, a articulação – será 
eficaz quando estabelecer não apenas a 
ligação de uma ideia a outra, mas também que 
tipo de relação específica se institui a partir 
desse recurso. A coesão é marcada 
linguisticamente quando, para isso, 
empregamos nomes, conjunções, 
pronomes relativos, preposições, 
advérbios, locuções adverbiais, elementos 
de transição adequados. 
 
Não há dúvida de que a coesão 
marcada por elementos linguísticos contribui 
para conferir coerência ao texto. Tais 
elementos, no entanto, não são nem 
suficientes nem imprescindíveis para garanti-
la. É perfeitamente possível haver textos 
coerentes que não apresentam elementos 
coesivos, como no parágrafo a seguir, 
extraído de uma reportagem sobre Di 
Cavalcanti. 
 
“Nas vacas magras, ia de cerveja a 
cachaça. Nunca bêbado. Tinha um poder 
enorme sobre o copo. Bebia, depois 
deitava, lia, relaxava..” (Veja – julho/1997) 
 
 
As quatro orações do período estão 
separadas por ponto. Embora não haja 
conectores gramaticais explícitos, é fácil 
perceber de que modo essas orações se 
combinam para formar uma sequência, pois é 
fácil recuperar os elementos coesivos que não 
foram expressos. Nada impediria que o autor 
da matéria tivesse escrito o texto assim: 
 
Nas vacas magras, ia de cerveja a 
cachaça, porém nunca ficava bêbado, pois 
tinha um poder enorme sobre o corpo, isto 
é, bebia, depois deitava, lia e relaxava… 
A coesão pode ser estabelecida por 
elementos que fazem o texto progredir a partir 
da conexão por eles operacionalizada. Esses 
conectores estabelecem uma relação 
semântica de acordo com o sentido que 
expressam. 
É pela coesão que se estabelece o 
nexo entre as partes de um texto. As relações 
coesivas realizam-se por meio de um léxico 
da língua e suas marcas são fixadas 
principalmente por elementos da natureza 
gramatical (pronomes, conjunções, 
preposições, formas verbais), elementos da 
natureza lexical (sinônimos, antônimos, 
repetições) e por mecanismos sintáticos 
(subordinação, coordenação, ordenação dos 
vocábulos, das orações). A coesão, como 
elemento responsável pela textualidade, diz 
respeito a todos os processos de 
referenciarão ou segmentação que 
asseguram ou tornam recuperável uma 
ligação linguística significativa entre os 
elementos que ocorrem na superfície textual. 
 
 
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4- Intertextualidade 
Assunto comum no Enem, a intertextualidade 
acontece quando um texto retoma uma parte 
ou a totalidade de outro texto – o texto fonte. 
Geralmente, os textos fontes são aqueles 
considerados fundamentais em uma 
determinada cultura. No exemplo dado, 
compositores brasileiros contemporâneos 
retomam um dos textos mais reverenciados 
da literatura portuguesa. 
 
Nos anos 90, Pedro Luis e Fernanda Abreu 
lançaram a canção “Tudo vale a pena”, cujo 
refrão diz o seguinte: “Tudo vale a pena, sua 
alma não é pequena”. O mote, na verdade, faz 
referência ao famoso poema “Mar português” 
(1934), do poeta Fernando Pessoa: 
 
Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 
 
Como podemos ver, temos dois textos que, 
apesar de distantes no tempo e no espaço, 
dialogam entre si. A intertextualidade é 
exatamente essa relação, uma forma de 
diálogo entre dois ou mais textos. 
 
É importante considerar que a 
intertextualidade pode ocorrer entre textos de 
mesma natureza ou de naturezas 
diferentes. Como é um conceito amplo e 
passível de classificações, a intertextualidade 
pode ser classificada em dois tipos principais: 
intertextualidade explícita e intertextualidade 
implícita. 
 
Na intertextualidade explícita ocorre a 
citação da fonte do intertexto, encontrada 
principalmente nas citações, nos resumos, 
resenhas e traduções, além de estar presente 
também em diversos anúncios publicitários. 
Nesse caso, dizemos que a intertextualidade 
se localiza na superfície do texto, pois alguns 
elementos nos são fornecidos para que 
identifiquemos o texto fonte. Observe um 
exemplo: 
 
 
 
A intertextualidade, quando explícita, fornece 
ao leitor diversos elementos que o remetem 
ao texto fonte 
 
No anúncio publicitário utilizado no exemplo, 
há uma forte referência ao texto fonte, 
facilmente identificada pelo leitor através dos 
elementos fornecidos pela linguagem verbal e 
pela linguagem não verbal. A composição do 
anúncio nos transporta imediatamente para o 
filme “Tropa de Elite”, do cineasta José 
Padilha, e isso só é possível em razão do forte 
apelo popular da produção, que ganhou 
grande projeção em nossa sociedade. 
 
Já a intertextualidade implícita ocorre de 
maneira diferente, pois não há citação expressa 
da fonte, fazendo com que o leitor busque na 
memória os sentidos do texto. Geralmente está 
inserida nos textos do tipo paródia ou do tipo 
paráfrase, ganhando espaço também na 
publicidade.Observe o exemplo: 
 
 
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No anúncio há um elemento verbal que permite a 
retomada do texto fonte, mas essa inferência 
depende de um conhecimento prévio do leitor: se 
ele não souber que há uma referência à música 
“Mania de você”, da cantora Rita Lee, 
provavelmente o texto não será compreendido em 
sua totalidade. 
Portanto, a intertextualidade é um elemento muito 
importante para a constituição de sentidos do 
texto, colaborando em muito para a coerência 
textual ao reforçar a ideia de que a competência 
linguística não depende apenas do conhecimento 
do código linguístico, mas também do 
conhecimento das relações intertextuais. 
 
 
A seguir, veremos vários exemplos de 
intertextualidade, seja em forma de citação, 
paródia ou paráfrase. 
 
Citação 
 
Esse procedimento intertextual acontece 
quando um texto reproduz outro texto ou parte 
dele. Para sinalizar que houve a reprodução 
de outro texto, são utilizados alguns 
marcadores, como as aspas. Dessa forma, o 
texto deixa claro que o trecho ou o texto citado 
foi tirado de outra fonte, como no exemplo. 
 
A compreensão adequada de um intertexto 
depende, naturalmente, do conhecimento do 
texto fonte. Vejamos o outro exemplo abaixo. 
 
 
Figura 2- Propaganda Chevrolet (Foto: Reprodução) 
No exemplo dado, a propaganda buscou 
inspiração no texto bíblico "Do pó vieste e ao 
pó voltarás", marcando sua reprodução por 
meio de aspas. 
 
Paródia 
 
A paródia consiste em uma subversão ao 
texto fonte, recriando-o de maneira satírica ou 
crítica. Dizendo de outra maneira, a paródia 
ironiza o texto original e inverte seu sentido. 
“Canção do exílio” (1847) é um dos textos 
mais parodiados da cultura brasileira, 
exercendo sua influência por várias 
gerações. 
 
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Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
 
Agora, leia parte da paródia composta pelo 
humorista e apresentador Jô Soares: 
 
Minha Dinda tem cascatas 
Onde canta o curió 
Não permita Deus que eu tenha 
De voltar pra Maceió. 
Minha Dinda tem coqueiros 
Da Ilha de Marajó 
As aves, aqui, gorjeiam 
Não fazem cocoricó. 
 
No poema de Gonçalves Dias, do final do 
século XIX, o eu lírico deseja cantar a 
saudade que sente de sua terra natal, o Brasil, 
enfatizando seus encantos e belezas naturais. 
O texto de Jô Soares, do final do século XX, 
desconstrói o sentido do texto original, já que 
o eu lírico quer distância da terra natal, pois 
prefere as mordomias da Casa da Dinda, 
como ficou conhecida a residência oficial do 
Presidente da República na época, Fernando 
Collor de Mello. 
Através da paródia, Jô Soares faz uma crítica 
aos escândalos de corrupção do governo, que 
culminaram no processo de 
“impeachment” do presidente. 
 
Paráfrase 
 
Fazer uma paráfrase significa reproduzir as 
ideias de um texto, só que utilizando outras 
palavras, dentro de uma nova montagem. É o 
recurso intertextual que se faz presente, por 
exemplo, em resumos, atas e relatórios, que 
fazem parte do nosso cotidiano. 
Veja um exemplo de paráfrase da tão 
parodiada “Canção do exílio”, de Gonçalves 
Dias: 
 
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos 
Minha boca procura a “Canção do Exílio”. 
Como era mesmo a “Canção do Exílio”? 
Eu tão esquecido de minha terra... 
Ai terra que palmeiras 
onde canta o sabiá 
Perceba que o poema “Europa, França e 
Bahia”, de Carlos Drummond de Andrade, 
estabelece um diálogo com o texto de 
Gonçalves Dias, mas não tem uma intenção 
satírica – é uma paráfrase. 
 
5- Tipologia Textual: Tipos e 
Gêneros 
Sempre cai nas provas o assunto “Tipologia 
textual” (Tipos textuais) mas muita gente 
confunde com “Gêneros Textuais” (gêneros 
discursivos). 
Querem dizer a mesma coisa? 
 
Não. 
 
Estas são duas classificações que recebem os 
textos que produzimos a longo de nossa vida, seja 
na forma oral ou escrita. 
 
Sendo que a primeira leva em 
consideração estruturas específicas de cada 
tipo, ou seja, seguem regras gramaticais, algo 
mais formal. 
 
Já a segunda preocupa-se não em classificar um 
texto por regras, mas sim levando em 
consideração a finalidade do texto; o papel dos 
interlocutores; a situação de comunicação. São 
inúmeros os gêneros textuais: Piada, conto, 
romance, texto de opinião, carta do leitor, noticia, 
biografia, seminário, palestras, etc. 
 
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O que é tipologia textual? 
 
Como dito anteriormente, são as classificações 
recebidas por um texto de acordo com as regras 
gramaticais, dependendo de suas características. 
São as classificações mais clássicas de um texto: 
A narração, a descrição, a dissertação 
(expositiva e argumentativa), a injunção, a 
predição e a conversacional. 
 
Narração 
Modalidade em que um narrador, participante 
ou não, conta um fato, real ou fictício, que 
ocorreu num determinado tempo e lugar, 
envolvendo certos personagens. Refere-se a 
objetos do mundo real. Há uma relação de 
anterioridade e posterioridade. O tempo 
verbal predominante é o passado. Estamos 
cercados de narrações desde as que nos 
contam histórias infantis até às piadas do 
cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: 
conto, fábula, crônica, romance, novela, 
depoimento, piada, relato, etc. 
 
Descrição 
 
Um texto em que se faz um retrato por escrito 
de um lugar, uma pessoa, um animal ou um 
objeto. A classe de palavras mais utilizada 
nessa produção é o adjetivo, pela sua 
função caracterizadora. Numa abordagem 
mais abstrata, pode-se até descrever 
sensações ou sentimentos. Não há relação de 
anterioridade e posterioridade. Significa "criar" 
com palavras a imagem do objeto descrito. É 
fazer uma descrição minuciosa do objeto ou 
da personagem a que o texto se Pega. É um 
tipo textual que se agrega facilmente aos 
outros tipos em diversos gêneros textuais. 
Tem predominância em gêneros como: 
cardápio, folheto turístico, anúncio 
classificado, etc. 
 
Dissertação 
 
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou 
explicar um assunto, discorrer sobre ele. 
Dependendo do objetivo do autor, pode ter 
caráter expositivo ou argumentativo. 
Dissertação-Exposição 
 
Apresenta um saber já construído e 
legitimado, ou um saber teórico. Apresenta 
informações sobre assuntos, expõe, reflete, 
explica e avalia ideias de modo objetivo. O 
texto expositivo apenas expõe ideias sobre 
um determinado assunto. A intenção é 
informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos 
científicos, enciclopédia, textos expositivos de 
revistas e jornais, etc. 
 
Dissertação-Argumentação 
 
Um texto dissertativo-argumentativo faz a 
defesa de ideias ou um ponto de vista do 
autor. O texto, além de explicar, também 
persuade o interlocutor, objetivando 
convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela 
progressão lógica de ideias. Geralmente 
utiliza linguagem denotativa. É tipo 
predominante em: sermão, ensaio, 
monografia, dissertação, tese, ensaio,manifesto, crítica, editorial de jornais e 
revistas. 
 
Injunção / Instrucional 
 
Indica como realizar uma ação. Utiliza 
linguagem objetiva e simples. Os verbos são, 
na sua maioria, empregados no modo 
imperativo, porém nota-se também o uso do 
infinitivo e o uso do futuro do presente do 
modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica; 
desejo; manuais e instruções para montagem 
ou uso de aparelhos e instrumentos; textos 
com regras de comportamento; textos de 
orientação (ex: recomendações de trânsito); 
 
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receitas, cartões com votos e desejos (de 
natal, aniversário, etc.). 
 
OBS1: Muitos estudiosos do assunto listam 
apenas os tipos acima. Alguns outros 
consideram que existe também o tipo 
predição. 
 
Predição 
Caracterizado por predizer algo ou levar o 
interlocutor a crer em alguma coisa, a qual 
ainda está por ocorrer. É o tipo predominante 
nos gêneros: previsões astrológicas, 
previsões meteorológicas, previsões 
escatológicas/apocalípticas. 
 
OBS2: Alguns estudiosos listam também o 
tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto, 
esse nada mais é que o tipo narrativo aplicado 
em certos contextos, pois toda conversação 
envolve personagens, um momento temporal 
(não necessariamente explícito), um espaço 
(real ou virtual), um enredo (assunto da 
conversa) e um narrador, aquele que relata a 
conversa. 
 
Dialogal / Conversacional 
Caracteriza-se pelo diálogo entre os 
interlocutores. É o tipo predominante nos 
gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, 
etc. 
 
Gêneros textuais 
 
Os Gêneros textuais são as estruturas com 
que se compõem os textos, sejam eles orais 
ou escritos. Essas estruturas são socialmente 
reconhecidas, pois se mantêm sempre muito 
parecidas, com características comuns, 
procuram atingir intenções comunicativas 
semelhantes e ocorrem em situações 
específicas. Pode-se dizer que se tratam das 
variadas formas de linguagem que circulam 
em nossa sociedade, sejam eles formais ou 
informais. Cada gênero textual tem seu estilo 
próprio, podendo então, ser identificado e 
diferenciado dos demais através de suas 
características. Exemplos: 
 
Carta 
 
Quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao 
leitor", tende a ser do tipo dissertativo-
argumentativo com uma linguagem formal, 
em que se escreve à sociedade ou a leitores. 
Quando se trata de "carta pessoal", a 
presença de aspectos 
narrativos ou descritivos e uma linguagem 
pessoal é mais comum. No caso da "carta 
denúncia", em que há o relato de um fato 
que o autor sente necessidade de o expor ao 
seu público, os 
tipos narrativos e dissertativo-
expositivo são mais utilizados. Observe o 
exemplo de uma carta ao leitor logo abaixo: 
 
Carta ao leitor 
Nunca te vi, mas sempre te amei 
Por: Martha San Juan França (Diretora de 
redação) 
De todas as tarefas que fazem parte da rotina 
de redação de Galileu, a mais prazerosa 
certamente é ler as cartas dos leitores. Os fãs 
da revista são de fato especiais e suas cartas 
traduzem isso. São criativos, curiosos, 
observadores e não deixam passar nada. 
Fazem perguntas tão difíceis quanto 
imprevisíveis. Querem saber de tudo: do 
monstro do Lago Ness ao Projeto Genoma 
Humano. E não se contentam com respostas 
pela metade. Ler as dúvidas que aparecem 
nas cartas, os comentários sobre as 
reportagens passadas e as sugestões de 
futuras é gratificante para qualquer jornalista. 
Ainda mais para nós, jornalistas de Galileu, 
que adoramos um 
bom desafio. 
Felizmente, a revista conta com uma arma secreta 
para satisfazer tantas pessoas exigentes. Vou 
apresentá-la agora: Luiz Francisco Senne, nosso 
 
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Prof. PAULO HERCULANO 
secretário de produção, professor de português, 
roqueiro, colecionador de discos de vinil e livros 
usados, e responsável pelo atendimento aos 
leitores. Kiko, como é muito mais conhecido, sabe 
também driblar as angústias dos nossos jovens 
amigos em apuros. 
Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem 
dos professores uma tarefa complicada e não 
sabem a quem recorrer. Kiko responde delicada, 
mas firmemente: não dá para fazer o trabalho 
escolar no lugar do aluno (é festa agora?). Mas 
simpatiza com o drama de leitores como este cuja 
mensagem é reproduzida acima: "Vocês não 
poderiam dar uma dica de como ir bem numa 
prova de física porque o meu cérebro está 
cansado?" Atendendo ao apelo levado aos 
repórteres por Kiko, Galileu oferece a seus leitores 
a matéria "Os cientistas alertam: não deveríamos 
existir", do editor Marcelo Ferroni. Ela mostra que 
a física pode ser criativa em vez de uma aula 
chata. Quer ver? 
Propaganda 
É um gênero textual dissertativo-
expositivo onde há a o intuito de propagar 
informações sobre algo, buscando sempre 
atingir e influenciar o leitor apresentando, na 
maioria das vezes, mensagens que 
despertam as emoções e a sensibilidade do 
mesmo. Observe na imagem abaixo: 
 
 
 
 
 
Bula de remédio 
 
Trata-se de um gênero 
textual descritivo, dissertativo expositivo e 
injuntivo que tem por obrigação fornecer as 
informações necessárias para o correto uso 
do medicamento, como no exemplo a seguir. 
 
 
Receita 
 
É um gênero textual descritivo e injuntivo que 
tem por objetivo informar a fórmula para 
preparar tal comida, descrevendo os 
ingredientes e o preparo destes, além disso, 
com verbos no imperativo, dado o sentido de 
ordem, para que o leitor siga corretamente as 
instruções. 
Observe na imagem a seguir: 
 
 
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PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO 
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA 
 
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Reportagem 
 
É um gênero textual jornalístico de 
caráter dissertativo-expositivo. A reportagem 
tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao 
leitor de uma maneira clara, com linguagem 
direta. 
 
“Mercado Central de Macapá poderá 
reabrir em março, prevê prefeitura 
Lojistas reclamam de transtornos durante 
demora nas obras de reformas. 
Prefeitura informou que ponto turístico é 
ampliado e revitalizado. 
Em obras desde novembro de 2015, o Mercado 
Central de Macapá deverá reabrir em março, prevê 
a prefeitura. O local é um dos principais pontos 
turísticos da capital e reúne diversos pontos de 
vendas de comidas típicas e artesanatos. 
 
Essa é a terceira data reabertura. A primeira foi 
anunciada para maio de 2016 e a segunda 
para setembro do mesmo ano. A obra foi orçada 
em aproximadamente R$ 2 milhões. 
O investimento é financiado pelo Programa Calha 
Norte, do Governo Federal, por meio de emenda 
parlamentar, e terá espaços com acessibilidade para 
pessoas com deficiência, segundo a prefeitura. 
A Secretaria Municipal de Obras (Semob) informou 
além da pintura, consertos na rede elétrica e 
hidráulica e substituição do telhado, novos espaços 
serão implantados no local, como a ampliação da 
área para lanchonetes, banheiros e a montagem de 
um palco para atrações culturais. A última reforma 
aconteceu em 2013, quando o prédio completou 60 
anos de criação. ” 
 
História em quadrinhos 
 
É um gênero narrativo que consiste em 
enredos contados em pequenos quadros 
através dediálogos diretos entre seus 
personagens, gerando uma espécie de 
conversação. Observe o exemplo abaixo: 
 
 
 
Charge 
 
É um gênero textual narrativo onde se faz 
uma espécie de ilustração cômica, através de 
caricaturas, com o objetivo de realizar uma 
 
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sátira, crítica ou comentário sobre algum 
acontecimento atual, em sua grande maioria. 
 
 
Poema 
 
Trabalho elaborado e estruturado em versos. 
Além dos versos, pode ser estruturado em 
estrofes. Rimas e métrica também podem 
fazer parte de sua composição. Pode ou não 
ser poético. Dependendo de sua estrutura, 
pode receber classificações específicas, 
como haicai, soneto, epopeia, poema 
figurado, dramático, etc. Em geral, a presença 
de aspectos narrativos e descritivos são 
mais frequentes neste gênero. Importante 
também é a distinção entre poema e poesia. 
Poesia é o conteúdo capaz de transmitir 
emoções por meio de uma linguagem, ou 
seja, tudo o que toca e comove pode ser 
considerado como poético. Assim, quando se 
aplica a poesia ao gênero poema, resulta-se 
em um poema poético, quando aplicada à 
prosa, resulta-se na prosa poética (até 
mesmo uma peça ou um filme podem ser 
assim considerados). 
Veja o exemplo de um poema poético, em 
Poema da purificação de Carlos Drummond 
De Andrade: 
Poema da purificação 
Depois de tantos combates 
o anjo bom matou o anjo mau 
e jogou seu corpo no rio. 
As água ficaram tintas 
de um sangue que não descorava 
e os peixes todos morreram. 
Mas uma luz que ninguém soube 
dizer de onde tinha vindo 
apareceu para clarear o mundo, 
e outro anjo pensou a ferida 
do anjo batalhador. 
Veja o exemplo de uma prosa poética, em um 
trecho da obra Iracema de José de Alencar: 
“O guerreiro sem a esposa é como a árvore 
sem fôlhas nem flôres: nunca ela verá o fruto; 
o guerreiro sem amigo é como a árvore 
solitária que o vento açouta no meio do 
campo: o fruto dela nunca amadurece”. 
 
6- Funções da Linguagem 
Para que serve a linguagem? 
Sabemos que a linguagem é uma das formas de 
apreensão e de comunicação das coisas do 
mundo. O ser humano, ao viver em conjunto, 
utiliza vários códigos para representar o que 
pensa, o que sente, o que quer, o que faz. 
Sendo assim, o que conseguimos expressar e 
comunicar através da linguagem? Para que 
ela funciona? 
O estudo das funções da linguagem depende de 
seus fatores principais. Destacamos cada um 
deles em particular: 
Emissor – quem fala ou transmite uma 
mensagem a alguém 
Receptor – (ou interlocutor) – quem recebe a 
mensagem 
Mensagem – a informação ou o texto transmitido 
pelo emissor 
Código – o sistema de sinais que permite a 
compreensão da mensagem 
 
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Referente – o contexto ou o assunto da 
mensagem 
Partindo desses elementos, o linguista russo 
Roman Jakobson elaborou seus estudos acerca 
das funções da linguagem para a análise e 
produção de textos. Em todo processo de 
comunicação, a linguagem é expressa de acordo 
com a função que se deseja enfatizar. A 
multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada 
em seis funções ou finalidades básicas. Veja a 
seguir: 
Função emotiva ou expressiva 
 
Na função emotiva (ou expressiva), enfatiza-
se a linguagem do emissor que expressa 
sentimentos, emoções, avaliações centradas 
no ”eu” do seu mundo interior. Predomina nas 
cartas pessoais, na poesia confessional, nas 
resenhas críticas ou nas canções 
sentimentais, assim prevalece o uso da 1ª 
pessoa. Como no poema a seguir: 
Carlos Drummond de 
Andrade: Sentimento do mundo 
Tenho apenas duas mãos 
e o sentimento do mundo, 
mas estou cheio de escravos, 
minhas lembranças escorrem 
e o corpo transige 
na confluência do amor. 
 
Quando me levantar, o céu 
estará morto e saqueado, 
eu mesmo estarei morto, 
morto meu desejo, morto 
o pântano sem acordes. 
 
Os camaradas não disseram 
que havia uma guerra 
e era necessário 
trazer fogo e alimento. 
Sinto-me disperso, 
anterior a fronteiras, 
humildemente vos peço 
que me perdoeis. 
 
Quando os corpos passarem, 
eu ficarei sozinho 
desfiando a recordação 
do sineiro, da viúva e do microscopista 
que habitavam a barraca 
e não foram encontrados 
ao amanhecer 
 
esse amanhecer 
mais noite que a noite. 
 
O poema que você acabou de ler é de autoria 
de um de nossos maiores poetas, Carlos 
Drummond de Andrade, e ilustra bem a função 
da linguagem sobre a qual falaremos neste 
artigo. No poema, que integra o livro 
“Sentimento do mundo”, Drummond 
posiciona-se em relação ao tema que está 
abordando, expressando seus sentimentos e 
impressões pessoais. Essas características 
são próprias da função emotiva da 
linguagem. 
 
Função Apelativa ou Conativa 
 
O objetivo da transmissão da mensagem é 
persuadir ou convencer o receptor. Os textos 
publicitários apresentam essa finalidade: 
influenciar o comportamento do leitor, 
envolvê-lo com uma mensagem persuasiva. 
Normalmente, empregam-se verbos no Modo 
Imperativo, como pronomes e verbos na 2ª ou 
3ª pessoas. 
 
 
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A publicidade dialoga com seu público-alvo 
através da linguagem empregada, variando 
de acordo com o tipo de público que pretende 
atingir. 
 
Função Poética 
 
Quando a mensagem é elaborada de forma 
inovadora, utilizando combinações sonoras ou 
rítmicas, jogos de imagem ou de ideias. 
Desenvolve o sentido conotativo das palavras. 
Predomina na poesia, mas pode ser 
encontrada em determinadas formas 
jornalísticas. 
Por exemplo: 
 
Serenata sintética – Cassiano Ricardo 
Rua torta 
 Lua morta 
Tua porta. 
 
Função Fática 
 
A intenção é iniciar um contato através de 
cumprimentos com uma abordagem coloquial 
- objetiva e rápida. Em textos escritos, têm 
muita importância os recursos gráficos. A 
função fática tem o objetivo de fazer a 
manutenção do canal de comunicação. Como 
exemplo: 
 
 
 
 
Função Metalinguística 
 
Esta função refere-se à metalinguagem, que 
ocorre quando o emissor explica um código 
usando o próprio código. É a poesia que fala 
da poesia, da sua função e do poeta, um texto 
que comenta outro texto. As gramáticas e os 
dicionários são exemplos de metalinguagem. 
Exemplo: 
Vitória 
Substantivo feminino 
1. Ato ou efeito de sair-se vencedor, de 
triunfar sobre um inimigo, competidor 
ou antagonista; triunfo. 
2. Êxito, triunfo, sucesso alcançado. 
 
 
Função Referencial 
 
Transmite uma informação objetiva sobre a 
realidade. Dá prioridade aos dados concretos, 
fatos e circunstâncias. É a linguagem 
característica das notícias de jornal, do 
discurso científico e de qualquer exposição de 
conceitos. Coloca em evidência o referente, 
ou seja, o assunto ao qual a mensagem se 
refere. 
Observe a notícia publicada pelo G1-Amapá: 
“Protesto contra estrutura precária de 
escola do Amapá viraliza na internet 
Estudantes publicaram fotos nas redes sociais 
em pontos críticos do prédio. 
Escola estadual Tiradentes foi selecionada 
para modelo de ensinointegral 
Uniformizados, estudantes da escola estadual 
Tiradentes publicaram fotos nas redes sociais em 
pontos críticos do prédio, que se encontra em 
situação precária, segundo eles. O protesto é para 
chamar a atenção sobre a implantação, diante dos 
problemas, do modelo de ensino em tempo 
integral, confirmado para 2017 no Amapá. 
 
 
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A Secretaria de Estado da Educação (SEED) 
destacou que uma equipe de implantação do 
programa de Educação em Tempo Integral (ETI) 
realizou uma série de visitas às escolas que terão a 
nova modalidade de ensino e devem receber 
reformas. A SEED ressaltou que está aberta ao 
diálogo com a comunidade escolar. 
As fotos foram publicadas na página do grêmio 
estudantil da escola e alcançaram até o momento 
mais de 2 mil compartilhamentos. Nas imagens, os 
alunos seguram cartazes com dizeres sobre a 
situação do espaço, na visão de cada aluno, e alertas 
sobre perigos. ” 
 
7- Figuras da Linguagem 
 
Figuras de Linguagem são recursos especiais 
usados para dar maior ênfase à comunicação. 
Elas são classificadas em: 
 Figuras de Palavras 
 Figuras de Pensamento 
 Figuras de Sintaxe 
 Figuras de Som 
 
Figuras de Palavras 
 
As Figuras de Palavras são recursos 
utilizados para produzir maior expressividade 
à comunicação. Elas consistem na 
substituição de uma palavra por outra, isto é, 
no emprego figurado, simbólico, seja por uma 
relação muito próxima (contiguidade), seja por 
uma associação, uma comparação, uma 
similaridade. 
Metáfora 
 
A metáfora consiste em utilizar uma palavra 
ou uma expressão em lugar de outra, sem que 
haja uma relação real, mas em virtude da 
circunstância de que o nosso espírito as 
associa e depreende entre elas certas 
semelhanças. 
Obs.: toda metáfora é uma espécie de 
comparação implícita, em que o elemento 
comparativo não aparece. 
Exemplo: A vida é uma nuvem que voa. 
 
 
Metonímia 
 
A metonímia consiste em empregar um termo 
no lugar de outro, havendo entre ambos 
estreita afinidade ou relação de sentido. 
Observe os exemplos abaixo: 
a) Autor pela obra: Gosto de ler Machado 
de Assis. (Gosto de ler a obra literária 
de Machado de Assis.) 
b) Símbolo pelo objeto simbolizado: Não 
te afastes da cruz. (Não te afastes da 
religião.) 
 
Catacrese 
 
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso 
contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma 
ocorrer quando, por falta de um termo 
específico para designar um conceito, toma-
se outro "emprestado". Assim, passamos a 
empregar algumas palavras fora de seu 
sentido original. 
Exemplos: 
"asa da xícara" "batata da perna" 
"maçã do rosto" "pé da mesa" 
"braço da cadeira" "coroa do abacaxi" 
 
Perífrase 
Trata-se de uma expressão que designa um ser 
através de alguma de suas características ou 
atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o 
exemplo: 
A Cidade Maravilhosa ( Rio de Janeiro) continua 
atraindo visitantes do mundo todo. 
 
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Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, 
recebe o nome de antonomásia. 
Exemplos: 
a) O Divino Mestre (Jesus Cristo) passou a 
vida praticando o bem. 
b) O Poeta dos Escravos (Castro Alves) 
morreu muito jovem. 
c) Poeta da Vila (Noel Rosa) compôs lindas 
canções. 
Sinestesia 
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, 
as sensações percebidas por diferentes órgãos 
do sentido. 
Exemplos: 
a) Um grito áspero revelava tudo o que 
sentia. (Grito = auditivo; áspero = tátil) 
b) No silêncio negro do seu quarto, 
aguardava os acontecimentos. (Silêncio = 
auditivo; negro = visual) 
 
Figuras de Pensamento 
 
As figuras de pensamento trabalham com a 
combinação de ideias, pensamentos. Dentre 
as figuras de pensamento, as mais comuns 
são: 
 
Antítese 
 
Consiste na utilização de dois termos que 
contrastam entre si. Ocorre quando há uma 
aproximação de palavras ou expressões de 
sentidos opostos. O contraste que se 
estabelece serve, essencialmente, para dar 
uma ênfase aos conceitos envolvidos que não 
se conseguiria com a exposição isolada dos 
mesmos. Observe os exemplos: 
a) "O mito é o nada que é tudo." 
(Fernando Pessoa) 
b) O corpo é grande e a alma é pequena. 
c) "Quando um muro separa, uma ponte 
une." 
d) "Desceu aos pântanos com os tapires; 
subiu aos Andes com os condores." 
(Castro Alves) 
e) Felicidade e tristeza tomaram conta 
de sua alma. 
Paradoxo 
 
Consiste numa proposição aparentemente 
absurda, resultante da união de ideias 
contraditórias. Veja o exemplo: 
a) Na reunião, o funcionário afirmou que o 
operário quanto mais trabalha mais tem 
dificuldades econômicas. 
 
Eufemismo 
 
Consiste em empregar uma expressão mais 
suave, mais nobre ou menos agressiva, para 
comunicar alguma coisa áspera, 
desagradável ou chocante. Exemplos: 
a) Depois de muito sofrimento, entregou 
a alma ao Senhor. (Morreu) 
b) O prefeito ficou rico por meios ilícitos. 
(Roubou) 
c) Fernando faltou com a verdade. 
(Mentiu) 
 
Ironia 
 
Consiste em dizer o contrário do que se 
pretende ou em satirizar, questionar certo tipo 
de pensamento com a intenção de ridicularizá-
lo, ou ainda em ressaltar algum aspecto 
passível de crítica. A ironia deve ser muito 
bem construída para que cumpra a sua 
finalidade; mal construída, pode passar uma 
ideia exatamente oposta à desejada pelo 
emissor. Veja os exemplos abaixo: 
 
 
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a) Como você foi bem na última prova, 
não tirou nem a nota mínima! 
b) Parece um anjinho aquele menino, 
briga com todos que estão por perto. 
 
Hipérbole 
 
É a expressão intencionalmente exagerada 
com o intuito de realçar uma ideia. Exemplos: 
a) Faria isso milhões de vezes se fosse 
preciso. 
b) "Rios te correrão dos olhos, se 
chorares." (Olavo Bilac) 
 
Prosopopeia ou Personificação 
 
Consiste em atribuir ações ou qualidades de 
seres animados a seres inanimados, ou 
características humanas a seres não 
humanos. Observe os exemplos: 
a) As pedras andam vagarosamente. 
b) O vento fazia promessas suaves a 
quem o escutasse. 
 
Apóstrofe 
 
 Consiste na "invocação" de alguém ou de 
alguma coisa personificada, de acordo com o 
objetivo do discurso que pode ser poético, 
sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo 
chamamento do receptor da mensagem, seja 
ele imaginário ou não. A introdução da 
apóstrofe interrompe a linha de pensamento 
do discurso, destacando-se assim a entidade 
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr 
em evidência com tal invocação. Realiza-se 
por meio do vocativo. Exemplos: 
 
a) Moça, que fazes aí parada? 
b) "Pai Nosso, que estais no céu..." 
c) "Liberdade, Liberdade, 
Abre as asas sobre nós, 
Das lutas, na tempestade, 
Dá que ouçamos tua voz..." (Osório 
Duque Estrada) 
Gradação 
 
 Consiste em dispor as ideias por meio de 
palavras, sinônimas ou não, em ordem 
crescente ou decrescente. Quando a 
progressão é ascendente, temos o clímax; 
quando é descendente, o anticlímax. 
Observe

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