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Prévia do material em texto

Érica Karine Ramos Queiroz
Nely Rachel Veloso Lauton
Pollyane Bicalho Ribeiro
Sandra Ramos de Oliveira
Waneuza Soares Eulálio
PEDAGOGIA
Língua 
PortuguesaPortuguesa
período
º1
Montes Claros/MG - 2013
Érica Karine Ramos Queiroz
Nely Rachel Veloso Lauton
Pollyanne Bicalho Ribeiro
Sandra Ramos de Oliveira
Waneuza Soares Eulálio
2ª edição atualizada por 
Waneuza Soares Eulálio
Língua Portuguesa
2ª EDIÇÃO
2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Huagner Cardoso da Silva 
EDITORA UNIMONTES
Conselho Editorial
Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.
Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.
Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.
Profª Maria Geralda Almeida. UFG
Prof. Luis Jobim – UERJ.
Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.
Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.
Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes
Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Maria Cristina Ruas de Abreu Maia
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Gisléia de Cássia Oliveira
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Sônia Maria Oliveira
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Sandra Ramos de Oliveira
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Angela Cristina Borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Antônio Maurílio Alencar Feitosa
Chefe do Departamento de História/Unimontes
donizette Lima do Nascimento
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
isabel Cristina Barbosa de Brito
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante Oliva
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Nárcio Rodrigues
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes dumont Macedo
Autoras
Érica Karine Ramos Queiroz
Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp –, especialista 
em Educação e graduada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa – UFV. 
C oordenadora de Pesquisa do ISEMOC-CRECIH/SOEBRAS e professora do Departamento de 
Letras da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Nely Rachel Veloso Lauton
Especialista em Redação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/Minas 
–, graduada em Língua e Literatura Francesa pela Associação de Cultura Franco-brasileira 
e graduada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Docente das 
Faculdades São Agostinho.
Pollyanne Bicalho Ribeiro
Doutora em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/
Minas –, mestre em Educação, Administração e Comunicação pela Universidade São Marcos, 
graduada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – e graduada em Direito 
pelo Centro Universitário Fumec. Consultora da Consultoria Técnica Educacional, professora 
da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – e da Faculdade da Cidade de Santa 
Luzia.
Sandra Ramos de Oliveira
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino de Português pela Universidade Estadual de 
Montes Claros – Unimontes. Professora da Unimontes e professora do Instituto Superior de 
Educação – Isemoc.
Waneuza Soares Eulálio
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pelas Faculdades Unidas 
do Norte de Minas – Funorte –, especialista em Alfabetização pela Universidade Estadual de 
Montes Claros – Unimontes – e graduada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa 
– UFV. Professora da Unimontes e tutora a distância da Universidade Aberta do Brasil – UAB. 
Revisora da Revista Fronteiras do Sertão do Departamento de História.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Linguagem, língua, fala e gramática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 O processo de comunicação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.4 Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1.5 Variações linguísticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
1.6 Níveis de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.7 Linguagem oral e linguagem escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.2 Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.3 Processos de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.4 Fatores intervenientes no “ato de ler” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Texto e textualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.2 O que é texto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3 Fatores de textualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
3.4 Produção de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
3.5 Tipologia e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .51
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
9
Pedagogia - Língua Portuguesa
Apresentação
Prezado(a) acadêmico(a),
A disciplina “Língua Portuguesa” integra a grade curricular do 1º período do Curso de Licen-
ciatura em Pedagogia, com 45 horas-aula. É sobre essa disciplina que vamos falar inicialmente, 
pois é necessário que você compreenda a importância do conteúdo a ser estudado para tornar 
sua participação prazerosa e eficaz.
Estudar “Língua Portuguesa” significa rever noções básicas de nossa língua materna, discutir 
e resgatar algumas regras, conceitos e definições que a sustentam. Além disso, o conhecimento 
da base de uma língua, de seu alicerce, torna seu usuário mais competente, mais criativo no trato 
com as palavras; mais seguro e questionador no desempenho de suas atividades cotidianas e no 
convívio com seus pares.
Compreender os fundamentos da língua – e não apenas conhecê-los – possibilita ao falante 
o desenvolvimento de diferentes habilidades, como: reconhecer informações, elaborar hipóteses, 
inferir, relacionar conceitos e fatos, desenvolver reflexões mais abrangentes, argumentar e defen-
der ideias e, principalmente, possibilita-lhe ser um autor/leitor mais completo e consciente do 
uso das palavras.
Na disciplina “Língua Portuguesa”, vamos ajudá-lo(a) a compreender o funcionamento da 
Língua Portuguesa nos seguintes aspectos:
1. Leitura: caracterização, processos, modos de leitura e fatores intervenientes no “ato de ler”
2. Concepções de língua, linguagem, fala, gramática e variedades linguísticas
3. O processo de comunicação
4. Funções da linguagem
5. Texto e fatores de textualidade
6. Tipos e gêneros textuais 
7. Produção textual
Nossa intenção é ressaltar que o estudo da língua/linguagem é extremamente importante, 
pois é por meio da linguagem que interagimos com os outros, informando ou sendo informados, 
esclarecendo ou justificando nossas opiniões, modificando o ponto de vista de nossos interlocu-
tores ou sendo modificados pelo ponto de vista deles.
É pela linguagem que expressamos nossas certezas, nossas angústias, alegrias, tristezas, 
nossos conhecimentos e opiniões. É a linguagem que nos distingue e nos faz capazes de ver a 
vida com novos olhares, principalmente nesta nossa época de globalização, de quebra de tabus 
e preconceitos e de, sobretudo, estabelecimento de novos valores.
O avanço tecnológico deste milênio reflete uma renovada estrutura social em que várias lin-
guagens – verbais, não verbais – se entrecruzam, se misturam, se completam e se modificam 
sem cessar.
Assim sendo, o conhecimento sobre o funcionamento da língua não deve ser algo mecânico 
e passivo. Pelo contrário, deve-se cruzar esse conhecimento com as várias possibilidades de lingua-
gens do mundo atual: cinema, fotografia, pintura, charges, quadrinhos, informática, música, etc., 
percebendo suas intenções comunicativas, contrastes e afinidades, desvelando os “entreditos”, as 
mensagens e ideologias subjacentes, enfim, estabelecendo todas as possíveis interlocuções.
Pretendemos, pois, que você alcance os seguintes objetivos:
•	 refletir sobre os fundamentos da Língua Portuguesa, percebendo-os como processo dinâ-
mico de interação social, isto é, como forma de realizar ações, de agir e atuar sobre o outro 
por meio da linguagem;
•	 melhorar a gramática de uso, substituindo incorreções e inadequações por normas da lín-
gua padrão;
•	 elaborar textos adequados ao interlocutor e à situação comunicativa; 
•	 ser leitor crítico e reflexivo.
Neste primeiro período, nossa disciplina apresenta as seguintes unidades:
Unidade I - Linguagem, língua, fala e gramática
1.1 Introdução
1.2 Conceitos básicos
10
UAB/Unimontes - 1º Período
1.3 Processos de Comunicação
1.4 Funções da linguagem
1.5 Variações Linguísticas 
1.6 Níveis de linguagem
1.7 Linguagem oral e linguagem escrita
Unidade II - Leitura
2.1 Introdução
2.2 Caracterização
2.3 Fatores intervenientes no “ato de ler”
2.4 Processos de leitura
Unidade III - Texto e Textualidade
3.1 Introdução
3.2 O que é texto?
3.3 Fatores de textualidade
3.4 Produção de texto 
3.5 Tipologia e Gêneros Textuais
Esperamos de você uma participação ativa, engajada e proveitosa para desenvolver suas 
potencialidades e realizar, com o devido mérito, seus estudos de graduação que lhe permitirão 
vencer barreiras intelectuais, profissionais e sociais.
De nossa parte, desejamos-lhe sucesso e estamos juntos neste desafio, torcendo por você! 
Estamos à sua disposição!
Seja bem-vindo(a) aos estudos da “Língua Portuguesa”.
Um abraço, 
As autoras
11
Pedagogia - Língua Portuguesa
UNidAdE 1
Linguagem, língua, fala e 
gramática
1.1 Introdução
Esta é a primeira unidade da disciplina Língua Portuguesa e esperamos que você a inicie com 
muita vontade de ampliar os seus conhecimentos sobre a língua portuguesa. Então, vamos lá!
O principal objetivo aqui é que você reflita sobre a importância da linguagem para a comu-
nicação humana e conheça os principais elementos que constituem o processo comunicativo.
Ao ler o texto, temos a certeza de que você aprenderá os conceitos fundamentais de lingua-
gem, língua, fala e de gramática, percebendo a relevância desses aspectos linguísticos para que 
o processo comunicativo aconteça de maneira eficiente.
Nesta unidade, vamos estudar também as funções da linguagem que nos permitirão com-
preender como o emissor e o receptor se relacionam linguisticamente através de um canal que 
permite a interpretação de uma mensagem.
Outro assunto de extrema relevância nesta unidade é a variação linguística. Há muito tem-
po, na escola, só se atribuía à língua as características de “certo” ou de “errado”. Hoje, com o co-
nhecimento das diversas formas de se falar, já se considera também o diferente, ou seja, há usos 
da língua que são errados (aqueles que não estão de acordo com a organização que a língua nos 
possibilita), mas há também usos que, apesar de não estarem de acordo com essa organização,são apenas diferentes, não constituem erro.
Bem, de acordo com o que propomos aqui, esta primeira unidade abordará os conceitos bá-
sicos de Linguagem, Língua, Fala e Gramática e terá as seguintes subunidades:
1.2 Conceitos básicos
1.3 O Processo de Comunicação
1.4 Funções da linguagem
1.5 Variação linguística
1.6 Níveis de fala
1.7 Linguagem oral e linguagem escrita
É importante que você tenha sempre à mão um bom dicionário e que não se esqueça de 
que as atividades sugeridas, os glossários que complementam o texto e os pontos de reflexão 
apresentados são essenciais para que você compreenda satisfatoriamente o texto.
Mãos à obra! Vamos começar a leitura.
1.2 Conceitos básicos
De acordo com Petter (2005), o interesse 
pela linguagem é antigo e remonta ao séc. IV 
a.C., quando os hindus estudaram sua língua 
com o objetivo de evitar que os textos sagra-
dos, reunidos no Veda, sofressem modificações 
ao serem falados.
Atualmente, a linguística moderna define 
a linguagem como manifestação de algo mais 
específico: a língua. A linguagem pertence ao 
domínio individual, porque é propriedade ina-
ta ao ser humano, e social, porque só existe em 
sociedade. Sendo assim, a linguagem é com-
preendida como expressão do pensamento e 
veículo de comunicação social e pode referir-se 
à linguagem dos animais, à música, à dança, à 
pintura, à mímica, etc., assinalando que cada 
uma dessas linguagens tem suas especificida-
des de manifestação.
GLOSSÁRiO
Hindu: natural ou habi-
tante da Índia. 
Veda: conjunto de tex-
tos sagrados da tradição 
religiosa e filosófica da 
Índia.
a.C: antes de Cristo.
Línguas naturais 
(inglês, Português, 
Russo, italiano, Chinês, 
etc.): são sistemas de 
signos linguísticos. Os 
signos linguísticos são 
os elementos de signi-
ficação (significante e 
significado) nos quais 
se baseiam as línguas. 
Para você entender 
melhor os conceitos de 
significante e signifi-
cado, acompanhe esta 
exemplificação: O signi-
ficante é o suporte para 
a ideia, é a sequência de 
sons que se combinam 
nas palavras: flor, fleur, 
fiori, flower, kukka (em 
Português, Francês, Ita-
liano, Inglês e Finlandês, 
respectivamente), e 
significado é a ideia, o 
conteúdo. Observe que 
em todas as línguas do 
exemplo, o significado é 
o mesmo: “flor”, parte da 
planta.
12
UAB/Unimontes - 1º Período
O linguista Ferdinand de Saussure, consi-
derado o pai da linguística moderna, separa a 
linguagem em língua e fala. Conforme Petter 
(2005), a língua, para Saussure, é “um sistema 
de signos” – um conjunto de unidades que se 
relacionam dentro de um todo e é a parte social 
da linguagem, exterior ao indivíduo; não pode 
ser modificada pelo falante e obedece às leis do 
contrato social estabelecido pelos membros da 
comunidade. A fala é um ato individual; resulta 
das combinações feitas pelo sujeito falante uti-
lizando o código da língua; expressa-se pelos 
atos de fonação necessários à produção dessas 
combinações.
Analisando o conceito de Saussure, con-
cluímos que a língua é ampla, coletiva e está à 
disposição de todos os falantes da comunidade. 
A língua obedece a padrões criados pela pró-
pria comunidade, logo, um falante não pode 
modificá-la. Ela serve a toda a comunidade e 
não a um membro isolado. É a parte social da 
linguagem.
Ainda segundo Petter (2005), a fala, ao 
contrário, é individual, representa o uso particu-
lar que se faz da língua. O falante tem a liberda-
de de buscar na língua os recursos que ela ofe-
rece e combinar esses recursos, conforme suas 
necessidades e intenções. Por isso que a fala é 
individual e tem caráter dinâmico, e a língua é 
coletiva e tem caráter mais fixo.
Petter (2005, p. 15) argumenta, ainda, que 
“[...] convém enfatizar que a Linguística detém-
-se somente na investigação científica da lin-
guagem verbal humana”. Assim, a linguística 
tem como objeto de estudo a linguagem verbal 
em uso, ou seja, para o linguista interessa des-
crever e explicar os fatos de linguagem sem es-
tabelecer juízo de valor do uso. A perspectiva 
de estudo da gramática tradicional é contrária à 
do linguista, pois a gramática tem como finali-
dade ditar normas e prescrever os fatos de lin-
guagem.
A gramática, conforme Petter (2005), não 
reconhece a diferença entre fala e escrita e con-
sidera a escrita como modelo de correção para 
a língua falada. A posição da gramática é nor-
mativa ao dizer o que é a língua e como deve 
ser, isto é, a gramática dita regras para o uso 
considerado correto da língua.
Como falantes de uma língua, sabemos 
que a língua escrita não é modelo para a língua 
falada, pois a diferença entre essas duas modali-
dades da linguagem se deve à sua organização 
e ao uso social. Para o linguista, não há uso me-
lhor ou pior, rico ou pobre, visto que seu objeti-
vo é descrever e não prescrever. De acordo com 
a linguística, as línguas naturais são simples-
mente diferentes e, desde que atendam às ne-
cessidades de comunicação entre seus falantes, 
já estão exercendo sua função: COMUNICAR. Os 
estudos sobre as línguas concluem que todas 
elas possuem um sistema de comunicação es-
truturado, complexo e muito desenvolvido.
Outros estudos sobre a linguagem a consi-
deram também como atividade, como ação que 
tem objetivo socialmente definido: o de estabe-
lecer vínculos e compromissos anteriormente 
inexistentes. A linguagem é responsável pela in-
teração entre os indivíduos, estabelecendo pac-
tos interindividuais e exigindo respostas em for-
ma de reações e comportamentos dos falantes.
Estudar, então, a língua é buscar detec-
tar os compromissos que se criam através da 
fala (ato individual) e buscar preencher as 
condições exigidas por uma situação de co-
municação.
1.2.1 Importância da comunicação humana
Como você sabe, na sociedade em que vi-
vemos é de fundamental importância que sai-
bamos nos comunicar de maneira clara e efi-
ciente. Comunicação, pensamento e a própria 
vida são fatores que se complementam e até 
se misturam, já que estamos a todo tempo nos 
comunicando, ora através da fala, ora da escri-
ta, de um gesto, de expressões faciais, sorrisos, 
PARA SABER MAiS
O homem é um “animal 
político”. Assim afirma 
Aristóteles na sua obra 
Política, distinguin-
do o homem (único 
dotado de linguagem) 
dos outros animais 
(que possuem voz). 
Com a voz (“phone”), 
os animais exprimem 
dor e prazer; mas, com 
a palavra (“logos”), o 
homem exprime o bom 
e o mau, o justo e o 
injusto. Ser um “animal 
político” significa, pois, 
compartilhar valores 
com outros indivíduos, 
o que torna possível a 
vida social, cívica e polí-
tica dos homens. Exerça 
sua cidadania através, 
também, do uso da 
linguagem.
Figura 1: A língua se 
concretiza pela fala.
Fonte: Disponível em: 
https://www.facebook.
com/linguaportuguesa07, 
acesso em 31 de mai. 
2013.
►
13
Pedagogia - Língua Portuguesa
da leitura de um texto, de um documento, de 
revistas e jornais, etc.
É preciso ter em mente que só através 
de uma comunicação clara, segura e objetiva 
é que podemos nos aprofundar nos níveis de 
conhecimento pessoal, tecnológico e social.
A comunicação é o centro de todas as ati-
vidades humanas. Com certeza nada acontece 
sem que haja prévia comunicação. Comunicar 
bem não é só transmitir ou receber bem uma 
informação. COMUNICACÃO é uma troca de 
CONHECIMENTOS E DE ENTENDIMENTO e nin-
guém entende ninguém sem considerar além 
das palavras, sem considerar também as emo-
ções, o contexto e a situação em que se tenta 
trocar conhecimentos, ideias ou qualquer ou-
tra mensagem, seja ela verbal (que utiliza pa-
lavras) ou não verbal (que ocorre através de 
gestos, cores, imagens, etc.).
Infante (2005, p. 25) argumenta que “na 
origem de toda a atividade comunicativa do 
ser humano está a linguagem,que é a capaci-
dade de se comunicar através de um código”. 
Entre esses códigos comunicativos, o mais 
utilizado pelos homens é a língua, que é “um 
sistema de signos convencionais usados pe-
los membros de uma comunidade". Em sínte-
se: um grupo social combina entre si e utiliza 
um conjunto organizado de elementos repre-
sentativos – os signos linguísticos. Esses sím-
bolos são diferentes de um idioma para outro 
e foram escolhidos por acaso, variando de 
acordo com cada cultura. O homem inventou 
a linguagem para exprimir seus sentimentos, 
suas intenções e vontades, fazendo com que 
as pessoas interajam e convivam em socieda-
de.
1.2.2 O que é comunicar?
Segundo Martins e Zilberknop (2009, p. 
23), é impossível para o homem moderno vi-
ver sem se comunicar. A comunicação é uma 
“força de extraordinária vitalidade na obser-
vação das relações humanas e no comporta-
mento individual [...]. Provado está que a co-
municação é um processo social e, sem ela, a 
sociedade não existiria”. Sendo assim, a comu-
nicação entre os seres humanos é um proces-
so indispensável à sobrevivência do homem 
na sociedade. 
A comunicação, ainda de acordo com Mar-
tins e Zilberknop (2009), se estabelece através 
de diversos recursos, como a palavra, os gestos, 
os movimentos, os símbolos, o silêncio, etc. No 
entanto, apesar de todos esses recursos, certa-
mente a palavra é o instrumento que tem sido 
preferido pelo ser humano para expressar seu 
pensamento, interagir com o outro e se fazer 
compreender.
Se você pensar um pouco, vai perceber 
que comunicar é estabelecer uma relação com 
alguma coisa ou alguém, transmitindo sinais 
através de um código que pode ser convencio-
nado (linguagem humana) ou natural (sinais 
fisiológicos: dor, febre, etc.).
A comunicação deve acontecer de ma-
neira lógica, clara e coerente, pois ela é a base 
das relações entre os homens que, a partir e 
através dela, se tornam agentes, influenciam o 
meio em que vivem e afetam as pessoas que 
estão à sua volta, o seu ambiente físico e a si 
mesmos, produzindo reações.
Para que uma mensagem seja transmiti-
da com sucesso, é preciso que o falante esteja 
atento a fatores como habilidade comunicativa, 
atitude, nível de conhecimento do ouvinte e as 
posições ocupadas dentro do sistema socio-
cultural. Assim, ele deverá produzir uma men-
sagem adequada ao contexto, ao grupo social 
do receptor e ao momento em que ocorre a 
comunicação. Para uma mensagem que chame 
a atenção do receptor, o falante deverá utilizar 
signos que sejam do seu conhecimento e tam-
bém do conhecimento do receptor que ficará 
interessado na informação.
1.3 O processo de comunicação
Segundo Martins e Zilberknop (2009, p. 
15), “O ser humano tem necessidade imperiosa 
de expressar seus sentimentos ou ideias.” Sen-
do assim, o Processo de comunicação consiste 
em um emissor (a pessoa que fala, o codifica-
dor) emitir uma mensagem (informação ou si-
nal) ao receptor (a pessoa que ouve ou decodi-
ficador), através de um canal (instrumento ou 
meio). O receptor interpretará a mensagem e, 
a partir daí, dará a resposta que demonstrará 
se as informações foram captadas (feedback), 
completando o processo de comunicação.
Ainda de acordo com Martins e Zilberk-
nop (2009, p. 15), "comunicar envolve uma di-
nâmica que não pode dispensar as unidades 
que englobam o processo e que, dissociadas, 
PARA SABER MAiS
Para ampliar seus 
conhecimentos sobre 
esse assunto, assista 
ao vídeodocumentário 
“Um buraco branco no 
tempo”, uma produção 
de Peter Russel, com 
base em uma obra 
romântica. Duração: 27 
minutos. Veja sinopse 
do vídeodocumentário 
no fim da unidade.
GLOSSÁRiO
Léxico: conjunto de 
vocábulos que formam 
uma língua (vocabu-
lário). 
Sintaxe: estudo da 
combinação lógica das 
palavras em uma frase.
14
UAB/Unimontes - 1º Período
constituem os elementos mais importantes da 
comunicação". Toda vez que se estabelece uma 
interação entre as pessoas ocorre uma situação 
comunicativa. Todo o ato de comunicação ver-
bal envolve sempre seis componentes básicos, 
descritos nos anos 1960, pelo formalista russo 
Roman Jakobson. No esquema abaixo, observe 
esses componentes, conhecidos como elemen-
tos da comunicação (código, mensagem, refe-
rente, emissor, receptor e canal).
•	 CÓdiGO: pode ser definido como qualquer conjunto de símbolos usados na transmissão 
e recepção de uma mensagem de maneira a ter significação para alguém, como as pala-
vras de um idioma (língua).
•	 MENSAGEM: expressão de ideias (conteúdo transmitido por um emissor) através de uma 
forma determinada (tratamento) pelo emprego de um código.
•	 REFERENTE: é o contexto em que estão insertos o emissor e o receptor. É também o con-
junto de atitudes e reações dos sujeitos envolvidos no processo de comunicação.
•	 EMiSSOR ou EMiTENTE: quem transmite uma ideia, emite; quem transforma a mensagem 
em código (uma pessoa, uma empresa, uma emissora de televisão, estação de rádio, etc.).
•	 RECEPTOR, RECEBEdOR ou dESTiNATÁRiO: pessoa que recebe, decodifica a mensagem 
(um indivíduo ou um grupo).
•	 CANAL: é o meio através do qual fazemos uma mensagem chegar a outra pessoa, uma es-
pécie de “veículo da mensagem”, como as ondas sonoras, na linguagem oral (fala), ou um 
bilhete, na linguagem escrita, por exemplo.
•	 É muito importante escolher o canal capaz de transmitir sua mensagem com maior quali-
dade e há elementos que podem impedir a eficiência comunicativa, como nos advertem 
Martins e Zilberknop (2009):
•	 RUÍdO: interferência indesejada na transmissão de uma mensagem (na fala pode ser um 
barulho e na escrita, um rabisco ou uma letra ilegível, por exemplo).
•	 AMBiGUidAdE: refere-se à desorganização da mensagem (período fragmentado, ordem 
inversa, inadequação vocabular, etc.).
•	 REdUNdÂNCiA: consiste na repetição desnecessária de palavras ou termos.
Em síntese: 
Em uma sala de aula (referente), se o professor (emissor) expõe oralmente (canal) 
um assunto (mensagem), e o aluno (receptor) ouve com atenção, ele consegue dar res-
posta (feedback) ao ser questionado. Mas, quando há barulho, por exemplo, conversa 
paralela (ruído), a compreensão fica comprometida.
Ao decodificar uma mensagem, você a está percebendo como um estímulo. Ao codificar 
uma nova mensagem, você está dando uma resposta ao estímulo, mostrando como ele foi per-
cebido e interpretado por você. A comunicação compreende, na maioria das vezes, uma ação 
e uma reação, pois a ação do emissor afeta a reação do receptor e a reação do receptor afeta a 
subsequente reação do emissor, tornando o processo circular. Às vezes, quando são utilizados 
dois canais simultâneos, a qualidade da mensagem aumenta (ver e ouvir, por exemplo, é me-
lhor do que só ver ou só ouvir), mas se o falante não souber utilizar bem esses canais, ele pode 
prejudicar o sucesso da sua comunicação. Se um conferencista apresenta um trabalho usando 
um data-show, por exemplo, e não consegue combinar sua fala com as transparências apre-
sentadas, ele pode tornar mais difícil a compreensão do conteúdo pelos expectadores.
PARA SABER MAiS
Leia outros textos sobre 
comunicação e reflita 
sobre a importância 
deste aspecto para a 
vida humana. Pense no 
estreito laço que liga a 
comunicação à cultura e 
anote suas conclusões.
ATiVidAdE
Preste muita atenção 
aos comerciais transmi-
tidos pelo rádio e pela 
televisão e verifique se 
eles atendem às condi-
ções apresentadas no 
texto que você acabou 
de ler. Eles chamam a 
atenção do receptor? 
Usam uma linguagem 
adequada? Estão de 
acordo com o canal 
onde são veiculados? 
Levam em consideração 
o momento e a situação 
em que o receptor está 
inserto?
Figura 2: Elementos da 
Comunicação
Fonte: Disponível em 
http://www.coladaweb.
com/portugues/a-lingua-
gem-e-os-processos-de--comunicacao acesso em 
15 mar. 2008.
►
diCA
O Filme "Nell", do 
Diretor Michael Apted, é 
muito interessante para 
você analisar o impor-
tante papel desempe-
nhado pela linguagem 
na comunicação huma-
na. Nell é o nome da 
jovem que é encontrada 
em uma casa na flores-
ta, onde vivia com sua 
mãe eremita. O médico 
que a encontra, após a 
morte da mãe, constata 
que ela se expressa em 
um dialeto próprio, 
evidenciando que até 
aquele momento ela 
não havia tido contado 
com outras pessoas. 
Intrigado com a desco-
berta e ao mesmo tem-
po encantado com a 
inocência e a pureza da 
moça, ele tenta ajudá-la 
a se integrar a socieda-
de. Assista ao filme e 
tente relacioná-lo aos 
conceitos estudados 
sobre "Processos Comu-
nicativos" e "Funções da 
Linguagem".
15
Pedagogia - Língua Portuguesa
Sempre que comunicamos algo, pensamos no nosso receptor, em quem queremos atingir 
com o que dizemos, assim, tanto o emissor cria expectativas sobre o receptor quanto o receptor 
em relação ao emissor.
Quando duas pessoas interagem, põem-se no lugar uma da outra, procurando perceber o 
mundo como a outra o percebe, tentando predizer a resposta da outra e esse processo possibili-
ta o ideal da comunicação que é a interação humana.
1.4 Funções da linguagem
Agora que você já trabalhou com os Processos Comunicativos e já conhece as noções da Te-
oria da Comunicação, vamos fazer algumas considerações sobre as Funções da Linguagem.
Leia a seguinte tira humorística:
A tira exemplifica uma situação de comunicação. Numa situação de comunicação há, pelo 
menos, duas pessoas interagindo por meio da linguagem: quem fala (locutor ou emissor) e aque-
le com quem se fala (interlocutor ou receptor).
Tradicionalmente, o processo de comunicação verbal está baseado em seis elementos: o 
emissor, o receptor, a mensagem, o código, o canal e o referente.
Tomando a tira como exemplo, vamos rever esses elementos:
•	 O emissor (locutor, remetente) é Helga, a esposa de Hagar.
•	 O receptor (interlocutor, destinatário) é Hagar.
•	 A mensagem é representada pelas falas de Helga; trata-se do aviso de que os construtores 
do telhado acabaram de chegar.
•	 O código é a língua portuguesa (linguagem verbal) usada por Helga e Hagar.
•	 O canal (contato) é o som produzido pelo código (língua oral).
•	 O referente (contexto) é a situação ou contexto em que Helga e Hagar estão e é também o 
assunto da mensagem, isto é, o conjunto de atitudes e reações do emissor e do receptor. 
Repare que a casa está sem telhado e que o casal está esperando há algum tempo a chega-
da dos construtores. O humor consiste justamente no fato de Hagar está sentado em uma 
cadeira com água por todo lado.
Toda mensagem tem uma finalidade, uma intenção predominante que orienta sua produção. A 
mensagem pode ter a finalidade de informar, persuadir, provocar humor, emocionar, etc. Podemos 
sintetizar que, na comunicação, sempre há uma intenção e, assim, podemos considerar algumas fun-
ções da linguagem a partir dessas finalidades, de acordo com os estudos de Jakobson (1977). 
Veja, abaixo, a classificação das funções da linguagem predominante nos textos. Essas fun-
ções são: expressiva, conativa, referencial, fática, metalinguística e poética.
1.4.1 Função expressiva (ou emotiva)
De acordo Martins e Zilberknop (2009), a função expressiva ou emotiva está centrada no 
emissor (remetente ou locutor) e expressa sua atitude, sua emoção, seu estado de espírito em 
relação ao que fala. Exemplificando:
▲
Figura 3: Tira 
humorística
Fonte: Disponível em 
http://www.humorepia-
das.com.br/tag/hagar-e-
-helga/, acesso em 31 mai. 
2013.
diCA
Para reforçar seu 
conhecimento sobre as 
funções da linguagem, 
acesse: www.portras-
dasletras.com.br
16
UAB/Unimontes - 1º Período
BOX 1
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Fonte: Cecília Meireles, 1982
Observe que o poema está centrado na expressão dos sentimentos, emoções e estado de 
alma do “eu lírico”. É um texto subjetivo, pessoal. Nele aparecem pronomes de primeira pessoa: 
“Eu não tinha”... “minha face”?
É comum, também, na função emotiva, a presença de interjeições e pontuação marcada por 
exclamações e reticências.
1.4.2 Função conativa (apelativa)
A função conativa é aquela que está centrada no destinatário. Também chamada apelativa, 
essa função estimula o receptor a tomar uma atitude, tentando persuadi-lo, tentando influenciar 
seu comportamento.
Observe a presença da função conativa neste folheto:
PARA SABER MAiS
O estudo das funções 
da linguagem é muito 
importante para perce-
bermos as diferenças e 
as semelhanças entre os 
vários tipos de men-
sagem. Analisar como 
essas funções se organi-
zam nos textos alheios, 
permite-nos perceber 
as finalidades que orien-
tam a elaboração desses 
textos. Aplicando o 
conhecimento de fun-
ções da linguagem nos 
textos que produzimos, 
poderemos planejar 
o que escrevemos e 
fortalecer a eficácia e 
a expressividade das 
mensagens.
Figura 4: Exemplo de 
função conativa
Fonte: Disponível em 
http://vacademica.wor-
dpress.com/2013/02/12/
economia-comportamen-
tal-2-quando-carros-sao-
-iguais-a-cigarros/, acesso 
em 31 mai. 2013.
►
17
Pedagogia - Língua Portuguesa
Você observou que a intenção principal é estimular o receptor a utilizar um serviço dife-
renciado de lavagem de carro? Para isso, o texto da propaganda emprega o verbo no imperati-
vo “Aguarde!”, que faz um apelo direto ao destinatário. Além disso, a mensagem tenta sensibili-
zá-lo quanto à questão do uso racional da água. Isso sinaliza que, se o receptor for uma pessoa 
com consciência social, ele buscará o serviço oferecido.
1.4.3 Função referencial (denotativa)
Classificamos de referencial a função que tem por objetivo transmitir informações. Ela é 
também chamada denotativa e está centrada no contexto.
A mensagem apresenta linguagem clara, direta, procurando traduzir a realidade objetiva-
mente. O anúncio a seguir, com conteúdo essencialmente informativo, exemplifica a função 
referencial.
BOX 2
O MUNdO SEM PETRÓLEO
Em breve, os seres humanos terão de aprender a viver sem o petróleo. Não porque ele vá 
acabar no futuro próximo – os especialistas garantem que as reservas mundiais são mais do 
que suficientes para satisfazer as necessidades do planeta por até 75 anos. Mas porque con-
tinuar usando o combustível que move a economia mundial com essa voracidade faz mal à 
saúde da Terra. [...]
Fonte: Almanaque – Superinteressante. São Paulo: Abril, 2003. Disponível em: http://duvidasredacao.blogspot.com.
br/2009/10/funcao-referencial-ou-denotativa.html, acesso em 2 jun. 2013.
Ao ler a reportagem, você percebe claramente seu objetivo: informar aos leitores do “Alma-
naque Superinteressante” sobre o motivo de o mundo precisar viver sem o petróleo. A lingua-
gem aponta para um significado único, não dando margem à dupla interpretação.
A função referencial aparece em seus livros de estudos, livros técnicos e científicos, bulas de 
remédios, manuais de instruções, etc.
1.4.4 Função fática
A função fática encontra-se centrada no contato (canal) e nela predomina o cuidado de es-
tabelecer ou de manter a comunicação, isto é, manter o contato entre o emissor e o receptor.
Nas conversas telefônicas, o tradicional “alô” e os cumprimentos habituais são maneiras de 
iniciar o contato com o recebedor. As frases-feitas, os clichês de abertura de diálogos: “Olá, como 
vai?”, “Oi, tudo bem?”, têm tambéma finalidade de estabelecer contato.
A função fática está representada por palavras, frases, ou expressões que denotam a neces-
sidade ou o desejo de iniciar, manter ou cortar a comunicação. 
Exemplificando:
Bom dia!
Oi, tudo bem?
Huin... Hum...
Alô, quem fala?
Hã, o quê?
A função fática está bastante evidente nas falas acima. Essas falas não têm necessariamente 
um conteúdo informativo preciso, apenas pretendem criar condições para uma interação verbal. 
Observe a tirinha abaixo:
18
UAB/Unimontes - 1º Período
A expressão "né", usada por Hagar, foi empregada apenas para manter a conexão entre o 
casal. Temos, então, um exemplo de função fática.
1.4.5 Função metalinguística
A função metalinguística está centrada no próprio código, isto é, centrada na língua. O emis-
sor usa a língua (código) para dar alguma explicação, fazer ressalvas, apresentar uma definição, 
um conceito, etc.
No fragmento a seguir, intitulado “Bisbilhotice”, de Luís Fernando Veríssimo, o autor define, 
primeiramente, a palavra “bisbilhotar” para, depois, introduzir o tema propriamente dito: discus-
são sobre o uso de grampos em telefones de magistrados e políticos brasileiros.
Observe a função metalinguística bem marcada no primeiro parágrafo do artigo.
BOX 3
Bisbilhotice
“Bisbilhotar” vem, se não me falha o etimológico, do italiano “bisbigliare”, que não é bis-
bilhotar no nosso sentido, mas quase o seu oposto. Os sinônimos de “bisbigliare” no meu di-
cionário italiano são “mormorare”, “sussurrare”, “dire sottovoce”. Ou seja, o que se faz para evitar 
a bisbilhotice dos outros. Um bisbilhoteiro brasileiro e um “bisbigliatore” italiano, conforme o 
dicionário, não teriam diálogo, um tentando desesperadamente ouvir o que o outro murmura 
ou sussurra.
O que aproximaria os dois seria o fato de que é tão difícil encontrar um italiano falando 
baixo quanto um brasileiro. O sottovoce não pegou em nenhum dos dois povos. E o que sem-
pre agrava as crises brasileiras – como essa dos grampos, ou da bisbilhotice banalizada e oficia-
lizada – é que ninguém, do presidente ao gari, passando por ministros e comentaristas, se se-
gura na hora de dizer bobagens. Se ao menos as dissessem sottovoce, o dano seria menor. (...)
Fonte: Veríssimo. Hoje em Dia. 7 set. 2008. p.8 – PLURAL
Os dicionários são obras de caráter metalinguístico. Neles usa-se a língua (código linguísti-
co) para definir a própria língua.
1.4.6 Função poética
A função poética enfatiza a mensagem. Se, ao ler um texto, você perceber que o objetivo da 
mensagem é mostrar um trabalho de elaboração da linguagem, então você está diante da fun-
ção poética.
Anúncios publicitários (e políticos) recorrem frequentemente à função poética da lingua-
gem. Neles é comum um trabalho com o signo linguístico (rimas, jogo de palavras, neologismos, 
aliterações, assonâncias) com o objetivo de provocar algum efeito de sentido no receptor.
A função poética não abrange somente a poesia, embora, na poesia, a função poética seja 
predominante e, em outras formas de expressão linguística, ela seja acessória.
Veja os exemplos de função poética no texto a seguir:
Figura 5: Função fática
Fonte: Disponível em: 
http://helgacomh.blo-
gspot.com.br/2009/04/
hagar-o-horrivel-e-helga-
-e-claro.html, acesso em 3 
jun. 2013.
►
19
Pedagogia - Língua Portuguesa
BOX 4
O meu tempo e o teu, amada, 
Transcendem qualquer medida. 
Além do amor, não há nada, 
Amar é o sumo da vida.
Fonte: In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende amando. São Paulo: Record, 1990)
Nos versos de Drummond, o trabalho com a linguagem (criação das rimas: amada/nada; 
medida/vida) produz efeito melódico. 
A função poética não ocorre somente na poesia. Ela também pode ser encontrada em pro-
vérbios, textos em prosa, ditados, anúncios publicitários, etc. Observe a propaganda do medica-
mento Doril, que além do texto construído em rima, apresenta todo um trabalho com o tamanho 
e diferença das letras.
No texto da propaganda, percebe-se o jogo de palavras entre “doril” e “sumiu” para referir-
-se a eficiência do no produto anunciado (medicamento para dor). Houve, portanto, um trabalho 
intencional de linguagem.
1.5 Variações linguísticas
Após o estudo dos conceitos de língua, linguagem, fala, gramática e das funções da lingua-
gem, será mais fácil e proveitoso trabalhar com as variações linguísticas, pois são conteúdos inti-
mamente relacionados.
A língua é um valioso instrumento de ação social e seu uso, conforme seja adequado ou 
não, pode facilitar ou comprometer nosso relacionamento com as demais pessoas.
Além disso, o uso individual da língua apresenta valores que vão além de nossa intenção de 
transmitir informações, ideias e pontos de vista.
A escolha que fazemos das palavras, certas expressões que empregamos, nossas preferên-
cias por determinadas construções frasais têm o poder de revelar, de “denunciar” quem realmen-
te somos, quais são nossas crenças, em que região do país nascemos, que nível social e de estu-
dos possuímos, qual é nossa profissão, entre muitos outros aspectos.
Isso ocorre porque a língua é um sistema dinâmico, extremamente flexível, que se modela 
com naturalidade a diversos fatores que envolvem o falante, como religião, classe social, região 
geográfica, sexo, idade e a própria evolução histórica da língua e, ainda, o grau de formalidade/
informalidade do contexto em que se dá a situação de fala ou escrita.
◄ Figura 6: Exemplo de 
função poética
Fonte: Disponível 
em: http://redacao-
nocafe.wordpress.
com/2012/02/09/funcao-
-poetica-a-beleza-do-
-texto/, acesso em 2 jun. 
2013..
GLOSSÁRiO
Aliteração: repetição 
da mesma consoante 
no interior de um ou 
mais versos. “Quem com 
ferro fere, com ferro será 
ferido.” (provérbio)
Assonância: repeti-
ção da mesma vogal 
no interior de um ou 
mais versos. Nos versos 
abaixo, há assonância 
das vogais a e o nasais. 
“E bamboleando em 
ronda dançam bandos 
tontos e bambos de 
pirilampos”. (Versos de 
Guilherme de Almeida)
20
UAB/Unimontes - 1º Período
Marcos Bagno é professor de linguística da Universidade de Brasília (UnB), é um pesqui-
sador que se dedica a criticar a ideia, senso-comum, de que o brasileiro fala e escreve mal o 
próprio idioma. Essa visão atinge principalmente as camadas pobres da sociedade, por esta-
rem distanciadas do padrão ensinado na escola. O preconceito linguístico, porém, revela um 
outro preconceito: o social. “A língua, a maneira de falar, é apenas uma desculpa que as outras 
pessoas usam para discriminar, para excluir”, afirma Bagno. Mineiro de Cataguases, ele é autor 
de vários livros que desfazem mitos em torno do português falado e escrito no Brasil, como A 
Língua de Eulália (1997), Preconceito linguístico – o que é, como se faz (1999), Português ou 
Brasileiro? (2002) e A norma oculta (2003).
Nosso contato diário com outros falantes em ambientes diversos – rua, clube, escola, tra-
balho, restaurante, etc. – confirma que não há uniformidade no uso da língua. As pessoas se ex-
pressam de maneiras diferentes e isso é perfeitamente natural no interior de uma mesma língua, 
como é o caso da Língua Portuguesa.
Essas diferenças podem se manifestar em relação ao vocabulário, à pronúncia, à morfologia 
e à sintaxe. Elas aparecem fortemente ligadas ao falante e são justificadas por motivos culturais, 
sociais, históricos, religiosos, geográficos e outros.
A essas diferenças no uso da língua dá-se o nome de variações ou variantes linguísticas.
Antes de prosseguirmos no estudo das variações linguísticas, é bom que se esclareça que 
não há uma “variedade” melhor ou pior, certa ou errada, elegante ou feia, de prestígio ou sem 
prestígio. Essas diferenças linguísticas são como um distintivo dos indivíduos e grupos sociais 
e, por isso, elas são constituintes de sua identidade. Ora, eleger umavariedade linguística como 
melhor significa desprezar as outras. Ao agirmos assim, expressamos um juízo de valor (nesse 
caso, inaceitável) e prejulgamos os falantes usando essas diferenças linguísticas naturais como 
pretexto para a discriminação social dos indivíduos.
Portanto, todas as variações linguísticas são perfeitamente adequadas à realidade do grupo 
social e do contexto em que surgiram, desde que permitam a interação verbal entre os indivídu-
os, isto é, desde que permitam aos indivíduos expressarem suas necessidades comunicativas e 
cognitivas.
1.5.1 Tipos de variações linguísticas
As variações linguísticas ocorrem devido a fatores geográficos (diatópicos), socioculturais 
(diastráticos), históricos ou de época (diacrônicos) e contextuais (diafásicos).
1.5.1.1 Variação geográfica
A variante linguística mais evidente no Brasil é a geográfica. Essa variante se caracteriza, 
principalmente, pelo acento linguístico (altura, timbre, intensidade do som), isto é, pela maneira 
de pronunciar as palavras. Os habitantes de cada região apresentam “melodias” frasais diferentes, 
desenvolvem formas de realização linguística que lhes são próprias e os distinguem dos falantes 
de outras regiões.
Figura 7: Marcos Bagno
Fonte: Disponível em 
http://www.parabolae-
ditorial.com.br/website/
index.php?option=com_
virtuemart&page=shop.
browse&manufacturer_
id=5&Itemid=105 , acesso 
em 4 mai. 2013.
►
21
Pedagogia - Língua Portuguesa
Ao conjunto de características comuns da pronúncia de cada região denomina-se “sotaque”: 
sotaque mineiro, sotaque goiano, sotaque nordestino, etc. ou “dialeto” regional: dialeto mineiro, 
dialeto nordestino, etc.
Alguns aspectos fonéticos regionais bastante conhecidos dos brasileiros são, por exemplo, a 
pronúncia do “s” chiado do carioca; a abertura das vogais pelos nordestinos; a entoação particu-
lar dos gaúchos e o “r” bem marcado no interior de São Paulo. Exemplificando:
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto 
Onde as onda se espaia. 
As garça dá meia volta,
 Senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
 Que o botão de rosa caia.
Quando eu vim de minha terra, 
Despedi da parentaia.
Eu entrei no Mato Grosso, 
Dei em terras paraguaia. 
Lá tinha revolução, 
Enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta 
Como o aço de navaia. 
O coração fica aflito, 
Bate uma, a outra faia.
E os oio se enche d’água 
Que até a vista se atrapaia.
A letra da música “Cuitelinho”, composta por Paulo Vanzolini, mostra uma variação regional, 
própria do espaço geográfico rural de alguns estados brasileiros.
Na letra da música há também a influência da variação sociocultural, percebida no empre-
go de: “bera” por “beira”, “navaia” por “navalha”, “oio” por “olhos” (aspectos fonológicos) e “os oio 
se enche d’água por “os olhos se enchem d’água; “As garça dá...” por “As garças dão...” (aspecto 
morfológico).
Observe, ainda, que o compositor “brinca” com as rimas para efeito melódico.
A variação geográfica ocorre, também, no vocabulário, em algumas estruturas frasais e nas 
designações diferentes para o mesmo significado, que uma palavra pode adquirir de uma região 
para outra.
Assim é que usamos “mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”; “pernilongo” ou “mosquito”, depen-
dendo de nossa região de origem.
Em Montes Claros, Minas Gerais, por exemplo, o objeto escolar onde se guardam lápis, bor-
racha e canetas chama-se “estojo”, no Paraná é “penal” (de pena + al) estojo para guardar penas, 
lápis, etc. Embora a palavra “penal” conste do dicionário como um regionalismo de Minas Gerais, 
ela não é usada entre os mineiros.
diCA
Os romances "O tempo 
e o Vento" (de Érico Ve-
rissimo) e "Vidas Secas" 
(de Graciliano Ramos), 
por exemplo, são obras 
em que você encontra 
vocabulário típico da 
região geográfica em 
que o enredo se situa.
GLOSSÁRiO
Morfologia: Estudo do 
signo linguístico reduzi-
do à sua expressão mais 
simples (morfema) e a 
combinação entre esses 
morfemas formando 
unidades maiores como 
a palavra e o sintagma.
Cuitelinho: Diminutivo 
de cuitelo. Nome popu-
lar dos beija-flores.
◄ Figura 8: Cuitelinho
Fonte: In: BAGNO, Marcos. 
A língua de Eulália São Pau-
lo: Contexto, 1997. p. 45-6.
22
UAB/Unimontes - 1º Período
E as variações geográficas se concretizam nas expressões típicas dos nordestinos: “OXENTE, 
BICHINHO (indicando admiração); VISSE? (ouviste), CABRA MACHO DA MULESTA (indivíduo cora-
joso, valentão); no “BAH, TCHÊ” dos gaúchos ou no uso frequente do diminutivo pelos mineiros: 
“COITADINHO, TADINHO” (coitado) ou mesmo na redução desses diminutivos: “TADIN” (coitadi-
nho), “BONZIN” (bonzinho), etc. Exemplificando:
BOX 5
O Analista de Bagé
Certas cidades não conseguem se livrar da reputação injusta que, por alguma razão, pos-
suem. Algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vêm de Bagé, as-
sim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas não adianta.
Estas histórias do psicanalista de Bagé são provavelmente apócrifas (como diria o próprio 
analista de Bagé, história apócrifa é mentira bem educada), mas, pensando bem, ele não po-
deria vir de outro lugar.
Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com um pelego. Ele re-
cebe os pacientes de bombacha e pé no chão.
- Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.
- O senhor quer que eu deite logo no divã?
- Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vi-
vente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.
- Certo, certo. Eu...
- Aceita um mate?
- Um quê? Ah, não. Obrigado.
- Pos desembucha.
- Antes, eu queria saber. O senhor é freudiano?
- Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame de xarope.
- Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a minha mãe.
- Outro.
- Outro?
- Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em moleque.
- E o senhor acha...
- Eu acho uma pôca vergonha.
- Mas...
- Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê!
Fonte: Texto extraído do livro “O gigolô das palavras”, L&PM Editores – Porto Alegre, 1982, pág. 78
Apresentamos-lhe um texto de Luís Fernando Veríssimo, escritor gaúcho, como exemplo de 
variação geográfica. Observe o emprego de palavras e expressões peculiares aos falantes gaú-
chos nos diálogos encenados pelo analista e seu paciente.
1.5.1.2 Variação sociocultural
As condições sociais influenciam decisivamente o modo de falar dos indivíduos. A idade, a 
experiência de vida do falante, seu grau de maturidade condicionam sua atuação linguística.
A variação sociocultural corresponde, principalmente, a diferenças que se percebem na 
fonologia (“muié” por “mulher”, “lâmpida” por “lâmpada”, “frecha” por “flecha”, “isquentá” por “es-
quentar”) e na morfologia (“nós vamu”, por “nós vamos, “as pessoa” por “as pessoas”). Exemplifi-
cando: observe que, nos quadrinhos, os termos “firme” e “futebor” são empregados com sentido 
humorístico. O autor se vale da linguagem popular, com bastante criatividade.
GLOSSÁRiO
Apócrifo: não autênti-
co, falso, suposto.
 Bombacha: calças 
largas, apertadas acima 
dos tornozelos por meio 
de botões; vestimenta 
típica do gaúcho cam-
peiro. 
Pelego: Pele de carnei-
ro com a lã. 
Abancar: tomar assento 
à banca ou à mesa. 
Marca: cada um dos 
passos ou evoluções de 
uma dança. 
Charlar: tagarelar, falar 
à toa. 
Pereba: pequena ferida, 
sarna.
diCA
O filme “Carlota Joaqui-
na, Princesa do Brasil”, 
de Carla Camurati 
(1995), representa uma 
ótima oportunidade de 
se verificar as diferen-
ças entre o modo de 
falar de portugueses e 
brasileiros.
PARA SABER MAiS
Usou-se (pre)conceitos 
para salientar que, de 
acordo com a sociolin-
guística, todas as varia-
ções se correspondem, 
todas são adequadas 
às mais diferentes 
situações sociais de que 
participamos.Seja qual 
for a variante usada, ela 
possibilita que os mem-
bros de uma sociedade 
estabeleçam relações 
comunicativas, afetivas 
e humanas.
23
Pedagogia - Língua Portuguesa
As variedades faladas pelos indivíduos de classe social menos favorecida são denominadas 
populares, enquanto as variedades cultas associam-se às classes de maior prestígio e servem de 
referência para a norma escrita.
Existe, no Brasil, uma tendência à discriminação da variante popular, geralmente fundamen-
tada nos (pré) conceitos de que seus falantes não dominam a norma padrão, usam seus próprios 
recursos para se comunicarem, cometem “erros” que viciam e empobrecem a língua
Outros fatores responsáveis pelas variantes socioculturais são: a idade do falante, a classe 
social a que pertence, a raça, a religião, a profissão.
Variações linguísticas referentes ao sexo também ocorrem no Português. É mais comum às 
mulheres, por exemplo, o uso de diminutivos: “comidinha”, “nenenzinho”, “belezinha” e mais fre-
quente que os homens usem aumentativos: “amigão”, “Fernandão”, “partidão” (referindo-se a uma 
boa partida de futebol).
Além desses exemplos, algumas palavras e expressões de nossa língua se destinam exclusi-
vamente ao uso pelas mulheres (“obrigada”, “grata”, “eu mesma”, “eu própria”) e outras, apenas ao 
uso do sexo masculino (“obrigado”, “grato”, “eu mesmo”, “eu próprio”).
No Brasil, a variação sociocultural é bastante evidente. Quanto mais cultura o cidadão tiver, 
mais bem estruturadas serão suas frases, mais rico seu vocabulário, ao contrário do falar das pes-
soas com pouco ou nenhum estudo. Um enfermeiro ou um técnico em enfermagem, por exem-
plo, dominam um vocabulário específico de sua área e são capazes de sustentar um diálogo efi-
ciente com os demais profissionais com quem convivem. A profissão condiciona o falante ao uso 
de expressões típicas de sua área de atuação.
Profissionais da área médica, por exemplo, têm gírias específicas com as quais interagem, 
mesmo à vista do paciente leigo no assunto, sem que este compreenda de que trata.
Do vocabulário específico dos profissionais se formam as gírias, que facilitam a comunica-
ção entre eles e os caracterizam. As gírias ligadas a profissões ou determinados grupos sociais 
(estudantes, capoeiristas, internautas) são denominadas “jargão”. 
A idade é outro fator que influencia as diferenças socioculturais de adolescentes e idosos. Os 
jovens são, comumente, mais abertos a inovações linguísticas advindas do avanço tecnológico, 
enquanto os idosos se mostram mais reservados a isso, são mais conservadores das estruturas e 
usos já internalizados.
Todos os fatores mencionados comprovam que o uso da língua está subordinado ao nível 
social e cultural das pessoas. Nossa fala é o produto de tudo aquilo que nos fez chegar ao que 
somos hoje: o convívio com nossa família, com os amigos, os livros que lemos, os filmes a que 
assistimos, a religião que praticamos, nossas crenças e valores, enfim, é nossa experiência de vida 
que determina nossas escolhas e essas escolhas nos dão identidade.
◄ Figura 9: Variação 
sociocultural
Fonte: Disponível em 
http://colegiomundiala-
teneutec.blogspot.com.
br/2013/02/1-em-nocoes-
-de-variacoes-linguisticas.
htmlwww.portalimpacto.
com.br/09/, acesso em 31 
mai. 2013.
PARA SABER MAiS
Vários fatores como a 
profissão, a idade, o 
sexo, a religião, dentre 
outros e o convívio no 
meio social determinam 
as escolhas e os hábitos 
linguísticos das pessoas. 
Você se importa com 
a impressão que causa 
nos outros, quando usa 
uma linguagem inade-
quada ao contexto?
diCA
Para aprofundar seus 
conhecimentos sobre a 
variação sociocultural, 
sugerimos que você 
faça a leitura do livro: A 
Língua de Eulália "no-
vela sociolinguística, de 
Marcos Bagno, editora 
Contexto, São Paulo. O 
enredo leva o leitor a 
um passeio prazeroso 
pela Sociolinguística 
"ciência ainda nova" e 
lhe permite uma com-
preensão mais ampla 
do papel das variantes 
socioculturais.
24
UAB/Unimontes - 1º Período
1.5.1.3 Variação histórica
Incluem-se, também, no âmbito das variações linguísticas, aquelas denominadas históricas 
ou de época. São variações que ocorrem por um processo natural de desenvolvimento e enri-
quecimento das línguas, ocasionado pelo avanço social, político, tecnológico, científico e cultural 
das sociedades.
Assim é que algumas palavras “envelhecem”, entram em desuso, passam a figurar apenas 
nos dicionários, porque aquilo que elas designavam também deixou de ser usado ou foi substi-
tuído por algo mais eficiente. É o caso, por exemplo, da palavra “escarradeira”. Se ela já foi uten-
sílio de destaque na sala de visitas das famílias patriarcais (literalmente significando “cuspideira”, 
“vaso em que se escarra”), hoje essa palavra é inteiramente desconhecida das gerações mais jo-
vens. Motivo? Desapareceram a casa grande e a senzala, logo, o hábito de se cuspir em vaso tam-
bém desapareceu e, com ele, a palavra que o acompanhava.
Algumas palavras e expressões, às vezes, mudam seu significado e outras mais antigas, ain-
da em uso, alteram sua grafia para acompanharem a evolução social.
Essa mesma evolução social é responsável, em contrapartida, por um incontável número de 
palavras e expressões novas que invadem nosso cotidiano, cada vez mais repleto de tecnologias.
As palavras em desuso são chamadas “arcaísmos” e as de criação recente são denominadas 
“neologismos”.
Muitos escritores brasileiros desfrutam de sua liberdade de uso da língua para criar neolo-
gismos singulares que notabilizam seu estilo e enriquecem nossa literatura. Guimarães Rosa se 
destaca nesse trabalho. Observe um fragmento de seu estilo literário em que ele apresenta al-
guns neologismos.
BOX 6
“do demo? Não gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em falso receio, desfalam no 
nome dele – dizem só: o Que-diga. [...] doideira. A fantasiação. E o respeito de dar a ele 
assim esses nomes de rebuço, é que é mesmo que ele forme forma, com as presenças.”
Fonte: Do livro “Grande Sertão: Veredas”. João Guimarães Rosa. p. 26.
O texto que analisaremos a seguir ilustra a variação histórica.
Observe que as palavras “collyrio” e “Brazil” figuram nos dias atuais com a mesma acepção, 
mas com grafia diferente.
É importante ressaltar, ainda, que o espaço rural ou urbano é também responsável por de-
terminadas características da língua. A região rural, por sua localização mais afastada dos centros 
urbanos, tende a manter certa regularidade no uso da língua e é menos afeita a novidades lin-
guísticas.
A região urbana, ao contrário, tende a ser mais flexível a essas novidades, à criação de no-
mes para designarem novas técnicas, aparelhos, remédios, doenças, veículos, etc. e as incorpora 
com maior facilidade.
Assim sendo, pode-se concluir que os falares urbanos são mais dinâmicos, pois refletem a 
velocidade das mudanças, os apelos e as exigências das grandes cidades.
Figura 10: Redame 
(1934) e Colírio Moura 
(2013)
Fonte: Disponível em 
http://blogs.estadao.
com.br/reclames-do-es-
tadao/2011/05/26/cuide-
-dos-seus-olhos/, acesso 
em 24 mai. 2013.
►
25
Pedagogia - Língua Portuguesa
1.5.1.4 Variações contextuais
Como o próprio termo indica, variações contextuais são decorrentes do contexto, ou seja, 
da situação de comunicação. Elas nascem do comportamento linguístico do indivíduo. Ora, por 
experiência pessoal, sabemos que há ambientes e situações que permitem o uso de uma lingua-
gem bastante informal (um diálogo afetivo com uma criança), outros que requerem um nível 
mais formal de linguagem (apresentar um tema em um congresso científico).
Um falante não utiliza a mesma variante em todas suas atividades linguísticas. No ambiente 
familiar, por exemplo, em que as pessoas não estão preocupadas com uma comunicação dentro 
da norma padrão, o falante usará umalinguagem mais descontraída; no ambiente de trabalho, 
certamente utilizará uma linguagem mais técnica, específica de sua profissão; em algum evento 
social de caráter cerimonioso utilizará uma linguagem mais formal, diferentemente do que faria 
se estivesse assistindo a uma partida de futebol de seu time. 
O falante pode se permitir escolher a linguagem mais adequada à situação comunicativa e, 
mesmo sendo extremamente escolarizado e culto, nada o impede de usar uma gíria num bate-
-papo com amigos. No entanto, em um ambiente extremamente formal, deve-se tomar cuidado 
com o emprego da linguagem. Observe a figura abaixo:
A figura humorística acima, que apresentamos para exemplificação, encena exatamente o 
que se acabou de afirmar nos parágrafos anteriores.
Podemos perceber que o contexto apresentado é uma entrevista de emprego. O humor 
decorre da passagem inesperada da linguagem formal para a informal. Quando a candidata ao 
emprego fala das línguas que domina, ela usa perfeitamente a linguagem culta, mas, quando se 
refere ao português, por não dominá-lo, ela acaba se equivocando no emprego do verbo em um 
momento em que deveria mostrar total conhecimento da língua materna.
1.6 Níveis de linguagem
Até aqui, insistimos no fato de que não falamos sempre do mesmo jeito, de que podemos 
nos valer de diversas variantes linguísticas, conforme a circunstância em que se dá a comunicação.
◄ Figura 11: Variação 
Contextual
Fonte: Disponível em: 
http://imagensengraca-
dasparafacebook.com/
falo-fluentemente-ingles-
-frances-espanhol-o-
-portugues-vareia/, acesso 
em 9 jun. 2013.
26
UAB/Unimontes - 1º Período
Dessas possibilidades de uso da língua surgem, consequentemente, diferentes tipos de lin-
guagem, cada qual com suas especificidades. Essas variações de uso da língua por um mesmo 
falante recebem o nome de registros ou níveis de linguagem.
Estudiosos da sociolinguística consideram que são três os níveis de linguagem: nível culto, 
familiar e popular.
1.6.1 Nível culto (formal)
Correspondente à linguagem cuidada, com observância às normas da língua padrão, utiliza-
do por falantes altamente escolarizados – intelectuais, diplomatas, cientistas, literatos. Emprega-
do, principalmente, na forma escrita e em situações de maior formalidade. O vocabulário é am-
plo, apurado, preciso, as construções mais elaboradas.
Exemplificando: o texto a seguir é parte da resposta de um profissional a alguém que pôs 
em dúvida a seriedade de seu trabalho. Apesar de ser um desabafo – desabafos geralmente são 
emocionais – o articulista mantém o tom da gravidade do assunto e usa a linguagem formal cujo 
vocabulário é objetivo, amplo e as estruturas frasais mais complexas.
BOX 7
Fala quem pode
“[...] Todo o relato descrito pela senhora reclamante pode ser verificado diretamente e 
com precisão na central de regulação. Todas as ligações telefônicas e transmissões do Samu 
são gravadas: podem-se verificar os horários, que tipo de informação o solicitante passou, se 
houve um segundo telefonema, que tipo de ambulância compareceu, o momento exato de 
sua chegada, o que foi falado no rádio, etc.
A acusação de omissão de socorro (artigo 135 do Código Penal, ‘deixar de prestar assis-
tência...’) feita pela reclamante é séria e deveria ser oficialmente protocolada por ela. Apesar 
disso, ela se contradiz ao relatar que o paciente em questão chegou a ser atendido. A recla-
mante desconhece que a ambulância enviada ao local é aquela que estiver mais próxima e 
disponível. Todas as unidades básicas (USB) dispõem de desfibrilador automático, equipamen-
to essencial ao atendimento da parada cardiorrespiratória ocorrida nesse caso. [...]
A ‘burocracia’ citada por ela é extremamente simples (basta se identificar endereço da 
ocorrência, situação da vítima e seguir orientações do médico), mas deve ser explanada com 
o mínimo de clareza e educação pelo solicitante, sem agressões verbais à equipe do Samu, 
o que infelizmente ocorre frequentemente. Desconhece que todo este sistema organizado e 
hierarquizado é pioneiro no Brasil. O seu modelo e os protocolos seguidos por ele são adap-
tados de países como a França e Estados Unidos. Esta estrutura possibilita que uma sala de 
emergência seja montada na Savassi ou em Ribeirão das Neves, na rua ou em domicílio, em 
casa ou no 10º andar, dentro da favela ou na estrada e dentro do carro. [...]”
Fonte: Jornal Estado de Minas, 4 de set. 2008. P. 2 Caderno Cultura. Texto fragmentado.
1.6.2 Nível familiar (comum)
Representa a linguagem que foge às formalidades e aos requintes gramaticais. Pode servir 
tanto à utilização oral como à escrita. Caracteriza-se por construções gramaticais mais simples, 
incluindo frases frequentemente curtas e coordenadas, repetições. É um registro intermediário 
das categorias culta e popular. Caracteriza, geralmente, o falante medianamente escolarizado. 
Exemplificando:
BOX 8
Por onde passam, os brasileiros deixam marcas – para as boas e más línguas. Na Inglater-
ra não deve ser diferente. Acredito até que, logo, logo, em vez do chá das cinco, a realeza vai é 
entrar no ritmo do pandeiro e do tamborim. 
Fonte: Estado de Minas, 5 de set. 2008, p. 36 – Texto fragmentado.
ATiVidAdE
Aproveite as oportuni-
dades de situações de 
fala em seu dia a dia 
para verificar a riqueza 
de contrastes que cada 
situação oferece. Faça 
um registro de palavras, 
ou expressões, “estra-
nhas” a seus ouvidos, 
termos regionais, gírias, 
jargões profissionais e 
tudo que você julgar 
interessante do ponto 
de vista linguístico. 
Escreva, após, um texto 
empregando essas 
palavras de modo bem 
criativo.
27
Pedagogia - Língua Portuguesa
1.6.3 Nível popular
Esse registro constitui uma variante informal de menor prestígio, se comparado ao registro 
familiar. Representa um ato de fala mais descontraído, espontâneo, concreto e subjetivo. Distan-
cia-se das normas gramaticais, o vocabulário é restrito, aparecem redundâncias e gírias.
Caracteriza o falante com baixo ou nenhum grau de escolaridade. Nessa modalidade popu-
lar, aparece também o registro vulgar em que se empregam termos chulos e obscenos.
Exemplificando:
BOX 9
“Eu acho que a gente tem de colocar no poder quem ajuda a gente. Coloco meus filhos e 
os vizinhos pra ajudar também. Não tô passando fome por causa do benefício que ele me dá”, 
considera ela, que também afirma nunca ter visto rosto do ministro. 
Fonte: Caderno Distrito Federal. Hoje em Dia. 24 ago. 2008, p. 7 – Texto fragmentado.
As discussões sobre as variações linguísticas que fizemos até aqui confirmam que diversos 
fatores envolvem o processo de comunicação, condicionando as escolhas linguísticas do falante. 
É essa mobilidade da língua que permite a seu usuário realizar com eficiência seus atos de fala e 
escrita.
Portanto, prezado(a) acadêmico(a), você que inicia seus estudos das línguas e linguagens, 
lembre-se de que o conhecimento das variações linguísticas é, também, um conhecimento cien-
tificamente fundamentado nas relações humanas.
Compreender, realmente, as variações linguísticas, fato concreto em nosso Português, pos-
sibilitará que você seja um falante mais cuidadoso, mais humano, capaz de compreender seu se-
melhante e ser compreendido, exercitando sua consciência crítica e cidadã.
Assim sendo, ao usar a língua, ajustando-a às especificidades da situação de comunicação, 
você demonstrará bom-senso, maturidade intelectual e capacidade crítica nos processos de lei-
tura e de produção de textos.
1.7 Linguagem oral e linguagem 
escrita
Nesta subunidade, vamos conversar sobre a distinção entre linguagem oral e linguagem 
escrita.
Temos alguns esclarecimentos a fazer, pois, geralmente, as pessoas não distinguem bem es-
sas duas modalidades principais da língua portuguesa.
Já apresentamos, no item 1.6, os níveis de linguagem e vamosrecorrer a eles, aqui, para iní-
cio de conversa. As modalidades oral e escrita do português não apresentam as formas, os recur-
sos expressivos ou a gramaticalidade idênticas. Independente da utilização de um mesmo nível 
de linguagem para a comunicação oral ou escrita, cada comunicação apresentará suas especifici-
dades, suas características peculiares.
Então, vamos lá!
Há, realmente, diferenças marcantes entre fala e escrita, pois cada modalidade está direta-
mente relacionada a um contexto sociocultural, a um propósito definido, a particularidades lin-
guísticas do falante.
1.7.1 A linguagem oral
A linguagem oral é espontânea, livre e informal. Essas características se justificam porque, 
na comunicação oral, há o contato direto dos interlocutores e pode-se contar também com re-
cursos extralinguísticos: gestos, expressões faciais e corporais, postura, etc. Também, estando em 
ATiVidAdE
Preste atenção a situ-
ações de interlocução 
entre as pessoas nos 
ambientes que você 
frequenta. Você é capaz 
de caracterizar um 
falante desconhecido 
pela linguagem que ele 
usa? Habitue-se a fazer 
essa análise e você verá 
como é enriquecedor (e 
também interessante) 
perceber o outro pelo 
uso da língua.
28
UAB/Unimontes - 1º Período
um mesmo ambiente, os falantes podem recorrer a objetos desse ambiente para facilitar a comu-
nicação de suas ideias, de informações ou emoções.
É por isso que se diz que a linguagem oral é mais criativa. Ela não se prende inteiramente às 
regras gramaticais, seu vocabulário é mais reduzido e constantemente renovado. Exemplificando:
BOX 10
Contraponto Animador de auditório
Surfando em índices de aprovação sempre acima dos 70% em Pernambuco, Lula se sol-
tou durante a inauguração de um campus da Universidade Federal Vale do São Francisco, on-
tem, em Petrolina. O presidente criticou a “elite” que se forma “no exterior” e vai à praia de Boa 
Viagem. Ao lado de uma aluna de psicologia, perguntou:
- Você tem namorado, Janaína?
Diante da negativa da moça, emendou:
- Já que você não tem namorado, eu vou lhe dar um beijo mais carinhoso...
E, sem medo de ser feliz, tascou um beijo na bochecha da universitária, para delírio da 
plateia.
Fonte: Folha de São Paulo, 05 set. de 2008, p.A4
1.7.2 Linguagem escrita
A linguagem escrita é mais elaborada, cuidada, é presa às regras da gramática e ao padrão 
considerado culto. Apresenta vocabulário apurado e preciso.
É importante ressaltar que, na comunicação escrita, locutor e interlocutor estão a distância, 
o contato ente eles é indireto. Assim, a linguagem escrita é mais conservadora em sua constitui-
ção, é mais refletida, exige maior esforço de elaboração por parte do falante, que deve “cumprir”, 
eficientemente, suas intenções comunicativas com um interlocutor “ausente”.
Apesar de apresentarem essas diferenciações básicas, tanto a linguagem oral como a escrita 
apresenta níveis ou registros. Lembra-se de que já estudamos os níveis ou registros de fala? En-
tão, situações formais, seja falando ou escrevendo, exigem maiores cuidados de pronúncia e de 
escrita.
Em situações informais, a expressão linguística se adapta também ao grau de formalidade 
ou informalidade (em família, no trabalho, na igreja, na escola) e as preocupações com a correção 
gramatical tornam-se menos rigorosas.
Imagine, por exemplo, se você falaria com seus amigos durante um churrasco na casa de um 
deles, do mesmo modo como falaria a acionistas de uma empresa durante uma reunião de negó-
cios. É claro que não!
O mesmo ocorre com a comunicação escrita: uma mensagem pessoal e afetiva para um 
amigo apresentará traços informais, subjetivos; para o diretor de uma empresa terá, sem dúvida, 
uma linguagem mais elaborada, mais neutra e objetiva. Exemplificando:
BOX 11
Afra Balazina
da reportagem local
O sistema de monitoramento independente do Imazon (Instituto do Homem e Meio Am-
biente da Amazônia) aponta queda na taxa de desmatamento da floresta amazônica em 2008, 
em comparação com o período anterior.
A avaliação ocorre poucos dias após o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 
mostrar aumento do desflorestamento na região.
Fonte: Folha de São Paulo, sexta-feira, 05 set. 2008, p. A16
Para que você possa analisar melhor as características entre fala (linguagem oral) e escrita 
(linguagem escrita), apresentamos-lhe o seguinte quadro comparativo:
PARA SABER MAiS
 Não há oposição irredu-
tível entre a linguagem 
falada e a escrita, mas 
"uma interação, que 
admite graus diversos 
de influência da língua 
falada na língua escrita."
(In: LIMA SOBRINHO, 
Barbosa. Língua Por-
tuguesa e a unidade 
do Brasil. Porto Alegre: 
Editora José Olympio, 
1958).
ATiVidAdE
"... a língua escrita, ou 
melhor, a linguagem 
literária se nutre da 
linguagem falada, sob 
pena de se tornar língua 
morta, como sucedeu 
com o latim..." (Lima 
Sobrinho).
O que você infere sobre 
a língua falada, a partir 
dessa afirmativa? Escre-
va suas conclusões.
29
Pedagogia - Língua Portuguesa
QUADRO 1 - Linguagem oral x Linguagem escrita
LiNGUAGEM ORAL LiNGUAGEM ESCRiTA
1. SiTUAÇÃO/CONTEXTO
•	Locutor	e	interlocutor	frente	a	frente.
ISSO POSSIBILITA:
•	Perceber	de	imediato	as	reações	do	interlocu-
tor.
•	Redirecionar	a	mensagem	a	partir	das	reações	
do interlocutor.
•	Reformulação	simultânea	da	mensagem,	tan-
to pelo locutor como pelo interlocutor.
•	Locutor	e	interlocutor	a	distância.
ISSO IMPOSSIBILITA:
•	Perceber	de	imediato	as	reações	do	leitor.
•	Redirecionar	a	mensagem	a	partir	das	rea-
ções do leitor.
•	Reformulação	da	mensagem,	pois	sua	pro-
dução foi anterior.
CARACTERÍSTiCAS CARACTERÍSTiCAS
•	Vocabulário	espontâneo,	restrito,	repetição	de	
palavras.
•	Emprego	de	gírias,	neologismos.
•	Liberdade	de	colocação	dos	pronomes.
•	 Frases	 incompletas,	 com	 implícitos	 e	 suben-
tendidos.
•	Emprego	de	formas	contraídas	(cê,	pra)	e	omis-
são de palavras no interior das frases.
•	Maior	frequência	de	orações	curtas	e	orações	
coordenadas.
•	Ausência	de	pronomes	relativos	(onde,	cujo).
•	Presença	de	clichês,	chavões,	frases	feitas,	pro-
vérbios.
•	 Subjetividade,	 emotividade	 (interjeições,	 di-
minutivos, aumentativos).
•	Vocabulário	formal,	amplo,	mais	apurado.
•	Emprego	de	termos	técnicos.
•	Rigor	na	colocação	pronominal	(Empreste-
-me o lápis).
•	Frases	completas,	com	clareza	de	ideias.
•	Frases	construídas	com	rigor	gramatical,	
sem omissões e ambiguidades.
•	Uso	de	orações	coordenadas	e	subordina-
das, mais elaboradas.
•	Emprego	maior	de	pronomes	relativos.
•	Uso	de	frases	criativas	e	expressivas.
•	Neutralidade,	objetividade.
Fonte: Quadro adaptado de Fávero (1999, p. 74).
Finalmente, é bom relembrar que só há interação quando o falante ajusta sua linguagem 
ao destinatário. Nosso português é uma língua riquíssima e oferece múltiplas possibilidades de 
recursos e usos. Cabe, pois, ao falante, a escolha adequada desses recursos para garantir uma 
comunicação eficiente.
No entanto, mesmo que você saiba que não se pode estigmatizar o ato de fala do indivíduo 
socialmente desfavorecido, nossa sociedade valoriza o domínio da língua escrita, pois ela é fun-
damental para a compreensão da informação tecnológica e científica, para a promoção do indi-
víduo e para a transformação social.
Referências
ABAURRE et al. Português. Língua e Literatura. São Paulo: Moderna, 2003.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende amando. São Paulo: Record, 1990.
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997. p. 45-6.
FÁVERO, Leonor Lopes; ANDRADE, Maria Lúcia C, V, O; AQUINO, Zilda G, O. Oralidade e escrita: 
perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Cortez, 1999.
FIORIN, José Luís. Teorias do discurso e ensino da leitura e da redação. In: Gragoatá. n. 1 (2. 
sem. 1996). Niterói: EDUFF,1996.
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006. 
INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. São Paulo: Scipione, 2005.
30
UAB/Unimontes - 1º Período
JAKOBSON, Roman. Linguística e poética. In: JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São 
Paulo: Cultrix, 1977.
MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental. São Paulo: Atlas, 2009.
MEIRELES, Cecília. Viagem e Vaga Música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
PETTER, Margarida. Linguagem, língua e linguística. In: FIORIN, José Luiz (org). introdução à lin-
guística. São Paulo: Contexto, 2005.
ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 11. ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1976. 
VERÍSSIMO, L. F. Bisbilhiotice. Hoje em dia. Belo Horizonte, 7 set. 2008. PLURAL, p. 8.
VERÍSSIMO, L. F. O gigolô das palavras. Porto Alegre: L&PM Editores, 1982, p. 78.
31
Pedagogia - Língua Portuguesa
UNidAdE 2
Leitura
2.1 Introdução
Esperamos que, nesta unidade, você possa compreender a importância da leitura em nossa 
vida cotidiana e apreenda as maravilhas de se inserir neste mundo tão rico. O capítulo está divi-
dido nas seguintes subunidades:
2.2 Caracterização 
2.3 Processos de leitura
2.4 Fatores intervenientes no “ato de ler” 
Como já dizia Rubem Alves (1988),
"Pelo poder da palavra ela pode agora navegar nas nuvens, visitar as estrelas, 
entrar no corpo de animais, fluir com a seiva das plantas, investigar a imagina-
ção da matéria, mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundos que 
há muito deixaram de existir, assentar-se dentro de pirâmides e de catedrais 
góticas, ouvir corais gregorianos, ver os homens trabalhando e amando, ler as 
canções que escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos es-
paços de literatura, da arte, da filosofia, dos números, lugares onde seu corpo 
nunca poderia ir sozinho... Corpo espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!" 
(RUBEM ALVES, 1988).
Neste capítulo, procuramos mostrar que LER significa DECODIFICAR, INTERPRETAR, CONHE-
CER e, para que o processo de leitura se dê satisfatoriamente, é necessário que o leitor interaja 
com o texto, buscando retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado através 
das estratégias de leitura.
Iniciemos então essa nova jornada. Boa leitura!
2.2 Caracterização
Segundo Kleiman (2002), o ato de ler caracteriza-se pelo processo de construir significados 
a partir de um texto. Esse processo se torna possível por causa da interação entre os elementos 
textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior essa interação, maiores as possibilidades de 
sucesso na leitura.
Um texto é uma unidade básica de comunicação que possui vários sentidos (é polissêmico), 
permitindo, assim, que cada leitor possa ter uma interpretação de acordo com o seu conheci-
mento de mundo. É claro que essa interpretação será limitada pelos aspectos formais que o com-
põem, como o vocabulário, a combinação das palavras na frase e a escolha dos tempos verbais, 
que não permitirão que o leitor fuja dos limites do texto. Não é qualquer sentido que pode ser 
dado a qualquer texto. Há um limite a ser respeitado. 
2.3 Processos de leitura
Pretendemos, nesta subunidade, ressaltar a importância do conhecimento prévio para o 
processo de leitura. Acreditamos que o presente estudo possa contribuir para a prática educativa 
32
UAB/Unimontes - 1º Período
à medida que visa propor questões para um melhor aperfeiçoamento da habilidade de leitura 
em esferas formativas. Todo e qualquer processo de aprendizagem envolve troca de conheci-
mentos e, portanto, interação. 
Segundo Soares (2002), a palavra "ler" advém do latim, “Legere”. Ler significa colher conhe-
cimentos, sendo que quanto mais eficiente for a leitura do indivíduo, maior será sua capacidade 
de adquirir conhecimento sobre o meio que o cerca e se relacionar com esse meio de maneira 
significativa. 
Nesse sentido, o ato de ler não pode ser entendido como a ação de juntar palavras, como 
um processo mecânico de decodificação. A prática de leitura vai, além disso, trata-se da associa-
ção de ideias, da produção de sentidos, o que, por sua vez, requer, impreterivelmente, uma dinâ-
mica interacional para que de fato ela ocorra.
Conforme Kleiman (2002), em todas as formas de leitura, muito do nosso conhecimento pré-
vio é exigido para que haja uma compreensão mais exata do texto. Esse conhecimento é divi-
dido em três tipos: o conhecimento de mundo, o conhecimento linguístico e o conhecimento 
textual. Prossigamos, então, expondo os conceitos desses conhecimentos e estabelecendo uma 
relação de cada um deles com a leitura.
O conhecimento linguístico consiste em um aprendizado natural da fala de uma determina-
da língua, como, por exemplo, a Língua Portuguesa. Diz respeito ao ato de pronunciar, conhecer 
o vocabulário, as regras da língua e o uso desta língua; desempenha papel no processamento de 
construção de significados para o texto. Exemplificando:
Observando o diálogo entre duas pessoas:
- Bom-dia! O Senhor poderia me informar as horas por obséquio?
- O quê? O Senhor por acaso quer levar uma surra? Está me estranhando?
No exemplo, percebemos que não houve compreensão devido ao fato de o falante da lín-
gua não dominar o vocabulário necessário para o completo entendimento.
Kleiman (2002) denomina conhecimento textual um conjunto de noções e conceitos sobre 
o texto, importantes para a sua compreensão, ou seja, trata-se do entendimento da estrutura 
composicional do texto, do seu funcionamento. Quanto mais conhecimento se tem sobre o gê-
nero colocado em foco maior a probabilidade de entendê-lo. Exemplificando: ao nos deparar-
mos com um texto poético, por exemplo, já temos uma postura diferente em relação à sua leitu-
ra e interpretação do que quando lemos um texto científico.
O conhecimento de mundo, também denominado conhecimento enciclopédico, pode ser 
adquirido formalmente ou informalmente. Abrange desde o domínio mais técnico até conheci-
mentos do cotidiano. Desse modo, situações do dia a dia, a todo o momento, acrescentam-nos 
informações que poderão nos auxiliar no processamento da leitura.
Os tipos de conhecimentos suscitados constituem o conhecimento prévio, sem o qual é im-
possível compreender textos. De acordo com Garcez (2004), a leitura não é um procedimento 
simples. É extremamente complexo, pois não podemos considerar apenas o que está escrito. Por 
isso a importância do conhecimento prévio, pois tal conhecimento é ativado e atualizado pela 
atividade comunicativa, abarcando, obviamente, as práticas de leitura e escrita, fazendo com que 
o leitor se torne um sujeito letrado nas esferas sociais. 
Para Smith (1989), conhecimento prévio também pode ser entendido como informação não 
visual. O autor defende que ele se encontra armazenado na mente humana, fazendo com que 
possamos captar o sentido das informações visuais quando lemos. Assim, todos os seres neces-
sitam desse conhecimento para assimilar aquilo que leem, para inferirem as informações suscita-
das pelo texto, enfim, para produzir sentidos nas interações sociais. 
Ao ler um texto, é necessário, portanto, inferir diversas informações que não foram mencio-
nadas explicitamente, mas que são relevantes para o entendimento da mensagem. 
Exemplificando:
Considere a seguinte frase: Lula foi à Espanha a negócios. Não há necessidade de dizer de 
que Lula se trata, pois o leitor, provavelmente, inferirá Lula = Presidente da República. Assim, de-
vido à inferência, o escritor não tem que elucidar toda a informação no texto, ela favorece um 
processo de economia linguística através do qual a leitura opera também nas entrelinhas.
Outra operação importante para a prática de leitura é a previsão. Trata-se das expectativas 
que o leitor traça ao se deparar com um texto. Na leitura, o leitorestá constantemente fazendo 
previsões sobre o que é provável que apareça em um dado texto.
Como exemplo, se encontrarmos em uma propaganda a seguinte sequência: Marqux ux x 
nx sxrte e concoxxa ao Oxrocap. O leitor terá condições de prever “Marque um x na sorte e con-
33
Pedagogia - Língua Portuguesa
corra ao Ourocap”. Baseado em nossa experiência linguística, é possível prever a sequência lexi-
cal sugerida.
Tanto a operação de inferência quanto a de previsão facilitam a compreensão textual. E tan-
to a inferência quanto a previsão se processam em razão do conhecimento prévio. Desse modo, 
para que se forme um leitor eficiente, necessário se faz a aquisição, apropriação de conhecimen-
tos diversos engendrados nas esferas sociais.
Mas não se pode esquecer que a habilidade da leitura só se adquire com a prática. Isto é: só 
se aprende a ler, lendo!
Observe o que o escritor Ziraldo argumenta sobre a leitura:
Entende-se leitura como um processo. Dessa forma, ler indica a construção de uma cadeia 
de sentidos a partir do texto. Segundo Soares, citado por Walty e Eco:
explica que num primeiro momento, ler significava contar, enumerar as letras; 
depois colher e, por último, roubar. A palavra ler, então, já traduz em sua raiz 
pelo menos três níveis de leitura que correspondem, respectivamente, à alfa-
betização, à tradicional interpretação de texto e, por fim, à construção de sen-
tido. Neste último e terceiro nível, o leitor tem mais poder, e vai, como diz Eco 
(1994), construir suas próprias trilhas no texto. A leitura, então, se faz de dife-
rentes níveis e modos, adquirindo diversas possibilidades. (SOARES, 2002, p. 29; 
WALTY, 1995; ECO, 1994).
◄ Figura 12: Formas de 
estimular a leitura
Fonte: disponível em 
http://diascomuns.
blogspot.com.br/2012/06/
elementos-para-prender-
-atencao-do.html acesso 
em 14 mar. 2013.
34
UAB/Unimontes - 1º Período
Em síntese, o processo de leitura inicia-se a partir dos significados em torno da palavra ler, 
que significa contar, enumerar as letras; em seguida, significa colher e, por fim, roubar. Tais signi-
ficados são relacionados aos níveis de leitura. O primeiro nível diz respeito à decodificação, cor-
respondente à alfabetização. O segundo nível diz respeito a retirar informações do texto, à tradi-
cional interpretação de textos. Nesse caso, o leitor se prestaria a perceber o sentido do texto que 
já estaria estabelecido. O último significado consiste em apropriar-se das ideias do autor, ou seja, 
construir conhecimento à revelia do produtor do texto. O último significado está em consonân-
cia com a perspectiva do letramento, haja vista que o leitor se torna um coautor, corroborando 
para a produção de sentido. 
Ainda, consideramos que todo texto entendido como unidade básica de comunicação é po-
lissêmico porque é atravessado por várias vozes e vários sentidos. Isto quer dizer que um mesmo 
texto permite mais de uma interpretação porque neste ato de ler estão envolvidos a decodifica-
ção de símbolos gráficos e o conhecimento de mundo de cada leitor. Cabe ressaltar aqui que a 
leitura não pode ser qualquer uma porque o sistema linguístico, ou seja, o léxico, a relação mor-
fológica e sintática, regula os sentidos, não permitindo que sejam quaisquer sentidos. Sendo as-
sim, lemos o tempo todo, de modo que o sujeito se vê sempre obrigado a interpretar.
De acordo com Ferreira (2006), no Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa, ler é: 1. 
Passar a vista pelo escrito ou impresso para inteirar-se do seu conteúdo. 2. Pronunciar as palavras 
de um escrito ou impresso. 3. Estudar.
Como podemos observar, ler é armazenar informações, desenvolver raciocínio, comunicar 
melhor, escrever melhor, compreender o mundo, interpretar, analisar os fatos de modo crítico, 
etc.
A leitura é muito importante, pois traz inúmeros proveitos à vida do ser humano. Ela é uma 
“forma de lazer e de prazer, de aquisição de conhecimentos e de enriquecimento cultural, de am-
pliação das condições de convívio social e de interação” (SOARES, 2002, p. 19).
Logo, a leitura é um processo através do qual se pode observar, perceber, descobrir e refle-
tir sobre o mundo, interagindo com o seu semelhante através do uso funcional da linguagem. 
Aprender a ler é um processo social de construção de significados. 
Soares estabelece a seguinte definição de leitura:
 
Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos 
socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, 
suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na 
estrutura social, suas relações com o mundo e os outros. (SOARES, 2000, p. 18) 
A partir dessa definição, chegamos à conclusão de que a leitura é um processo dinâmico 
e social, fruto da interação da informação presente no texto e o conhecimento prévio do leitor, 
possibilitando a construção do sentido, ou, em outras palavras, a compreensão textual.
Kleiman (2002) argumenta que o ato da leitura exige do leitor conhecimento de mundo, co-
nhecimento textual e conhecimento linguístico. Assim, à medida que captamos as imagens (pa-
lavras, números, sinais gráficos, etc.), encaminhamos essas informações para o nosso cérebro que 
vai percebê-las, interpretá-las e organizá-las de acordo com a bagagem cultural (conhecimentos 
de mundo) que possuímos. O conteúdo lido será assimilado e as informações lidas serão relacio-
nadas ao nosso cotidiano, passando a fazer parte do nosso arquivo mental.
A interação estabelecida entre o leitor e o texto escrito é diferente da interação que se esta-
belece entre duas pessoas quando conversam face a face, porque na conversa o falante não só 
pode utilizar palavras, como também gestos, repetições, expressões faciais e corporais, entona-
ção da voz, etc., como afirma Infante (2005). Já na leitura, o leitor está diante de palavras, escritas 
por um autor que não está presente para complementar as informações. Assim, é natural que o 
leitor forneça ao texto informações enquanto lê, preenchendo os espaços vazios.
A leitura é uma capacidade cerebral complexa que vai exigir do leitor mais do que uma sim-
ples decodificação dos sinais gráficos (escrita), exigirá um bom conhecimento da língua. Além de 
ler o texto propriamente dito, o leitor deverá estar atento às informações pré-textuais como o tí-
tulo do livro, o nome do autor, as informações bibliográficas, o índice e a introdução para ter uma 
primeira impressão e obter informações que possibilitarão uma leitura mais eficiente.
GLOSSÁRiO
inferência: ato ou efeito 
de inferir, de deduzir 
ou concluir algo pelo 
raciocínio.
Prólogo: comentário 
feito pelo autor a respei-
to do tema discutido no 
livro e de sua experiên-
cia pessoal.
Prefácio: escrito por 
terceiros ou pelo pró-
prio autor, referindo-se 
ao tema abordado no 
livro e também sobre o 
autor do livro.
introdução: escrita 
pelo autor refere-se 
ao livro e não ao tema 
como no prólogo.
35
Pedagogia - Língua Portuguesa
Observe, abaixo, a anatomia de um leitor:
Além dessas informações, o ato de ler exige a observação de outros fatores que veremos 
abaixo.
2.4 Fatores intervenientes no 
“ato de ler”
Existem alguns fatores que interferem diretamente no ato de ler e atrapalham na apreensão 
do sentido do texto. Para que se obtenha sucesso no processamento da leitura, é preciso que o 
leitor fique atento a alguns procedimentos que ajudarão a sua leitura como, por exemplo, estar 
em um ambiente propício e ter todos os objetos necessários ao seu alcance.
Além desses procedimentos, de acordo com Garcez (2004), existem algumas outras ações 
que evitam interferências na leitura e que são muito úteis para tornar a leitura produtiva:
•	 Estabelecer um objetivo claro (Sempre que temos um objetivo claro, ficamos mais atentos 
para o texto).
•	 Após a primeira leitura,reler o texto e sublinhar com lápis as palavras-chave (Por meio delas, 
podemos reconstituir o sentido de um texto e até elaborar um esquema ou síntese).
•	 Tomar notas (O leitor anota pequenas frases que resumem o pensamento principal do perí-
odo, parágrafo ou texto).
•	 Identificação da coerência textual (Identificar as estruturas básicas para compreender o fun-
cionamento do texto).
•	 Monitoramento e concentração.
◄ Figura 13: Anatomia de 
um leitor
Fonte: Disponível em: 
http://4.bp.blogspot.
com/-98ViXj6552Y/T9yl-
Fknj1KI/AAAAAAAAAQg/
dAdJZsrHKUU/s1600/
Anatomia%2Bdo%2
Bleitor.jpg acesso em 7 
jun. 2013. 
PARA SABER MAiS
Como é o seu compor-
tamento como leitor? 
Você volta no texto, 
frequentemente, para 
compreender o conteú-
do lido? Lê palavra por 
palavra? Lê em voz alta? 
Presta atenção em tudo 
ao seu redor, menos 
no texto? Movimenta a 
cabeça? Acompanha o 
texto lido com o dedo?
ATiVidAdE
O texto abaixo está 
na modalidade oral. 
Transcreva-o para a 
modalidade escrita da 
língua, fazendo as ade-
quações necessárias.
CAUSO MiNEiRO
Sapassado era ses-
setembro, taveu na 
cuzinha tomanuma 
pincumel e cuzinhanum 
kidicarne cumastumate 
pra fazê uma macarro-
nada
cum galinhassada. 
Quascaí de susto quan-
duvi um barui vinde 
denduforno paricenum 
tidiguerra. A receita 
mandopô midipipoca 
denda galinha prassá. O 
forno isquentô, o miis-
torô e o fiofó da gali-
nhispludiu! Nossinhora! 
Fiquei branco quineim 
um lidileite. Foi um trem 
doidimais! Quascaí den-
dapia! Fiquei sensabê 
doncovim, noncotô, 
proncovô... Ópcevê 
quilocura! Grazadeus 
ninguém simaxucô!
Fonte: In: CRUZ, Robson 
Luiz Trindade; HELLOU, 
Geórgia. Língua Por-
tuguesa. São Paulo: 
Núcleo, 2005
36
UAB/Unimontes - 1º Período
Ainda segundo Garcez,
durante a leitura podemos exercer um relativo controle sobre as nossas ativi-
dades mentais, disciplinando-as e submetendo-as aos nossos interesses”. Sen-
do assim, esse controle é imprescindível para que a leitura seja produtiva. Para 
tanto, “é necessário treino e concentração, prestar bastante atenção no que 
fazemos enquanto lemos para termos domínio sobre nossas próprias habilida-
des de leitura. (GARCEZ, 2004, p. 43).
2.4.1 Estratégias para uma leitura eficiente
Garcez (2004) argumenta que a leitura não se esgota no momento em que se lê e que um 
leitor ativo considera os recursos técnicos e cognitivos que podem ser desenvolvidos para uma 
leitura produtiva. 
Assim, o trabalho com a leitura é apresentado por Solé (1998) em três etapas: o antes, o du-
rante e o depois da leitura. Segundo a autora, as seguintes estratégias de compreensão são mui-
to importantes para o momento anterior à leitura: 
1. Antecipação do tema ou ideia principal a partir de elementos paratextuais, como título, 
subtítulo, do exame de imagens, de saliências gráficas, outros;
2. Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto;
3. Observação e análise do suporte textual;
4. Observação e análise do gênero textual; 
5. Observação e análise do autor ou instituição responsável pela publicação.
Após essas cinco estratégicas, muito importantes para um conhecimento anterior do texto e 
consequente compreensão, seguem as estratégias, propostas por Solé (1998), para serem empre-
gadas durante a leitura:
1. Confirmação, rejeição ou retificação das antecipações ou expectativas criadas antes da leitura;
2. Localização ou construção do tema ou da ideia principal;
3. Esclarecimentos de palavras desconhecidas a partir da inferência ou consulta ao dicionário;
4. Formulação de conclusões implícitas no texto, com base em outras leituras, experiências 
de vida, crenças, valores;
5. Formulação de hipóteses a respeito da sequência do enredo;
6. Identificação de palavras-chave;
7. Busca de informações complementares;
8. Construção do sentido global do texto;
9. Identificação das pistas que mostram a posição do autor;
10. Relação de novas informações ao conhecimento prévio;
11. Identificação de referências a outros textos.
Como discutido anteriormente, a leitura não se esgota no momento em que se lê. Sendo 
assim, Solé (1998) enfatiza as seguintes estratégias para após a leitura:
1. Construção de síntese do texto;
2. Emprego do registro escrito para melhor compreensão;
3. Troca de impressões a respeito do texto lido;
4. Relação de informações para tirar conclusões; 
5. Avaliação das informações ou opiniões emitidas no texto;
6. Avaliação crítica do texto.
Referências
CRUZ, Robson Luiz Trindade; HELLOU, Geórgia. Língua Portuguesa. São Paulo: Núcleo, 2005.
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22. ed. São 
Paulo: Cortez, 1988. 80 p.
GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de Redação: o que é preciso saber para bem escre-
ver. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
37
Pedagogia - Língua Portuguesa
INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. São Paulo: Scipione, 2005.
KLEIMAN, Ângela. Texto & leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7. ed. Campinas: Pontes, 2002.
SOARES, I. C. G. Programas Nacionais de Leitura no Brasil: o PROLER e o Pró-Leitura (1995-
2000). Belo Horizonte: UFMG/FaE, 2002. Dissertação de Mestrado em Educação.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução de Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 
1998.
SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguística da leitura e do aprender 
a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
39
Pedagogia - Língua Portuguesa
UNidAdE 3
Texto e textualidade
3.1 Introdução
Nesta terceira unidade, apresentamos a você as noções de texto e de textualidade, por meio 
das seguintes subunidades:
3.2 O que é texto
3.3 Fatores de textualidade
3.4 Produção de texto
3.5 Tipologia e Gêneros Textuais
Discutiremos definições de grande relevância para o seu conhecimento sobre texto, sobre os 
fatores que fazem com que um texto seja realmente um texto, sobre a produção de textos e, ainda, 
um quadro comparativo com a distinção entre tipos e gêneros textuais.
Agora que você já entendeu algumas questões sobre leitura, podemos conversar sobre a 
produção de texto. Fávero e Koch (1994, p.25) salientam a existência de duas acepções segun-
do as quais podemos compreender o termo “texto”. Na primeira acepção, “texto, em sentido 
amplo, designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (uma mú-
sica, um filme, uma escultura, um poema, etc.)”. 
Na segunda acepção: 
[...] em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade comuni-
cativa de um sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o con-
junto de enunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no 
caso dos diálogos) e o evento de sua enunciação. (FÁVERO e KOCH, 1994, p. 25).
É necessário considerar que essas duas 
acepções de texto nos permitem compreen-
der textos em sentido amplo, como esculturas, 
pinturas, músicas, desenhos e, ainda, textos 
em sentido estrito, textos escritos e falados.
A partir da segunda acepção apresenta-
da, as autoras Fávero e Koch (1994) pontuam 
que o discurso é manifestado, linguisticamen-
te, por meio de textos (em sentido estrito). O 
texto consiste, então, em qualquer passagem, 
falada ou escrita, que forma um todo significa-
tivo, independentemente de sua extensão.
Assim, você pode dizer que um texto não 
se define pela quantidade de palavras em-
preendidas, e sim por sua textualidade, isto é, 
a possibilidade de que seja entendido como 
“unidade significativa global”.
Nesse sentido, uma lista de itens a serem 
comprados no supermercado pode ser con-
siderada um texto, o que já não ocorre com 
uma “lista de palavras iniciadas com ch”, visto 
que essa não advém de uma real situação co-
municativa.
◄ Figura 14: Exemplo 
de texto - Lista de 
supermercado
Fonte: Disponível 
em http://homem.net/2012/08/27/lista-de-
-compras-apenas-48-dos-
-homens-fazem/ acesso 
em 15 mar. 2013.
40
UAB/Unimontes - 1º Período
A produção de um bom texto exige atenção na escolha das palavras. É muito importante 
que o leitor tenha claro em mente o que se quer escrever, no entanto, isso só é possível se o lei-
tor se posiciona como um leitor crítico para analisar sua obra minuciosamente. Para que o texto 
seja bem redigido e transmita claramente as ideias contidas nele, é preciso que se observem as-
pectos como:
•	 Clareza: o texto deve ser redigido em uma linguagem que possibilite ao leitor a compreen-
são daquilo que está sendo exposto. Assim, deve-se utilizar uma linguagem impessoal, culta 
padrão.
•	 Concisão: o texto deve ser transmitido de forma objetiva, com ideias diretas, sem rodeios. 
Deve ser escrito sem a utilização de palavras desnecessárias.
•	 Correção: o autor deve estar atento à norma culta da língua, evitando desvios de lingua-
gem em relação à grafia, utilizando apenas palavras conhecidas.
•	 Elegância: o texto é escrito seguindo as qualidades acima descritas, tornando-se mais agra-
dável aos olhos do leitor. Quanto mais limpo (sem rasuras), legível e claro estiver o texto, 
mais fácil será a sua compreensão.
A língua, entendida como o conjunto de palavras e expressões usadas por um povo ou na-
ção, mantém-se viva através de seu uso pelas pessoas envolvidas, em processos interacionais. O 
uso, por sua vez, não se dá através de palavras ou expressões empregadas isoladamente. Ele se 
concretiza na PRODUÇÃO DE TEXTOS, na forma de textos orais ou escritos. Apesar de não ser ta-
refa muito complexa para o usuário da língua, distinguir entre um texto coerente e um conjunto 
de palavras ou expressões sem sentido, conceituar, definir precisamente os limites entre “texto” e 
“não texto” não é uma ação tão simples.
3.2 O que é texto?
No campo da linguística, muito se tem discutido sobre o que se define como texto. Essa dis-
cussão traz implicações para diversas áreas relacionadas à língua(gem), pois é através dela que 
nós, sujeitos sociais, nos relacionamos e, por conseguinte, produzimos sentidos, porque nós re-
presentamos o mundo através da linguagem. Analise o que argumentam Fávero e Koch sobre a 
definição de texto:
Texto, em sentido lato, designa toda e qualquer manifestação da capacida-
de textual do ser humano (…) isto é, qualquer tipo de comunicação realizada 
através de um sistema de signos. (…) Em sentido estrito, o texto consiste em 
qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo significativo, inde-
pendente de sua extensão. Trata-se, pois de uma unidade de sentido, de um 
contínuo comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de rela-
ções responsáveis pela tessitura do texto (...). (FÁVERO e KOCH, 1994, p. 25).
A partir dessa compreensão, podemos 
dizer que o texto é uma UNIDADE BÁSICA e 
SIGNIFICATIVA da atividade de linguagem, vis-
to que o TEXTO é o elemento central da INTE-
RAÇÃO SOCIAL, da COMUNICAÇÃO. E como o 
nosso principal objetivo, quer lendo ou escre-
vendo, é interagirmos socialmente, somente o 
texto nos servirá a esse propósito. Expressões 
isoladas, sons no vazio, exercícios repetitivos 
de decodificação não cooperarão para o de-
senvolvimento da atividade de língua (gem) 
demandada pelas diversas práticas sociais das 
quais os sujeitos participam.
Segundo Costa Val (1999, p. 16), o texto 
deve ser entendido “como ocorrência linguísti-
ca falada ou escrita, de qualquer extensão, do-
tada de unidade sociocomunicativa, semânti-
ca e formal”. Confrontando essa definição com 
a apresentada por Fávero e Koch (1994), há um 
aspecto comum que se destaca: não é a exten-
são que caracteriza um texto. Nesse sentido, 
as palavras “Cuidado!” ou “Liberdade!” podem 
figurar como textos dependendo do contexto 
no qual elas são usadas. No entanto, determi-
nadas redações escolares ou certos “textos” 
de cartilhas podem se apresentar tão somente 
como um apanhado de enunciados sem uni-
dade semântica.
Você precisa saber, ainda, que o texto 
reflete e refrata marcas peculiares à situação 
enunciativa na qual ele foi engendrado. Em 
outros termos, o texto expressa traços do su-
jeito que enuncia, representações sociais rei-
teradas nas esferas sociais, aspectos sócio-his-
tóricos que atravessam a prática comunicativa, 
implicações temporais e espaciais do contexto 
no qual se efetivou a interação verbal. E você 
pode concluir, então, que o texto materializa 
PARA SABER MAiS
Para aprofundar sua 
compreensão sobre 
Produção Textual, per-
guntamos: o que é um 
texto? Quais as caracte-
rísticas que definem um 
texto? Por que o ensino 
da Língua Portuguesa 
deve ocorrer através de 
textos?
41
Pedagogia - Língua Portuguesa
as condições de produção e os propósitos co-
municativos traçados para a ação enunciativa.
Por fim, para que um texto de fato se 
configure como tal deve possuir determina-
dos traços elementares como, por exemplo, 
a intenção comunicativa, a unidade formal e 
de sentido, etc. A esse conjunto de traços que 
fazem com que um texto seja um texto, e não 
apenas uma sequência de frases, dá-se o nome 
de textualidade que discutiremos, detalhada-
mente, no subitem 3.3 Fatores de textualidade.
Ao refletir sobre produção textual, pode-
mos nos perguntar quais os fatores que inter-
ferem no sucesso ou não da produção textual. 
Podemos responder que podem ser fatores de 
motivação para a escrita, problemas dialetais, 
fator social, econômico, cultural, de alfabetiza-
ção, intimidade com a escrita e com a leitura, 
etc. Ainda, observamos como a linguagem vi-
sual é mais constante no nosso dia a dia e daí 
temos mais intimidade com a linguagem visu-
al do que com a escrita. Para alguns (ou mui-
tos) de nós, infelizmente, ver televisão e vídeo, 
jogar videogame, “bater papo” na internet é 
mais prazeroso que ler obras literárias, revistas 
informativas, etc.
3.3 Fatores de textualidade
Após nossas discussões sobre o significa-
do de texto e de leitura, vamos apresentar-lhe 
algumas noções de “textualidade”, isto é, os 
mecanismos responsáveis para que um texto 
faça sentido para seus interlocutores.
Ora, só podemos considerar um texto 
como atividade de comunicação, quando há 
sucesso na interação verbal, quando a inten-
ção comunicativa do locutor foi plenamente 
compreendida pelo interlocutor. Sendo assim, 
a textualidade de uma produção linguística 
depende do recebedor (seus conhecimentos 
prévios, sua capacidade de pressuposição e in-
ferência, etc.) e do contexto em que se dá essa 
produção linguística (o que pode fazer sentido 
em uma situação pode não fazê-lo em outra e 
vice- versa).
Observe a seguinte figura:
Para que o leitor compreenda a imagem, 
o locutor conta com o conhecimento prévio 
do interlocutor. Veja que a capa da revista em 
quadrinhos “brinca” com uma ideia que não 
aparece explicitamente nela, que não está re-
gistrada pelas palavras: a intertextualidade 
entre a fala da personagem Magali na capa da 
revistinha em quadrinhos (Comer ou não co-
mer...) com o texto fonte de Willian Shakespe-
are (To ber or not to be... = Ser ou não ser...). A 
compreensão da mensagem só será completa 
e o humor estabelecido se o interlocutor tiver 
o conhecimento prévio da frase célebre de 
Shakespeare.
O que se pode concluir da análise des-
sa capa? A resposta é simples: em sua vida de 
leitor/ouvinte, você encontrará textos em que 
nem tudo que seja importante para a compre-
ensão das ideias estará registrado, embora o 
locutor conte com seu entendimento (conhe-
cimento prévio) para dar sentido ao texto.
Por isso, é necessário que o leitor/ouvinte 
tenha determinadas habilidades para enten-
der aquilo que lê ou ouve. Essas habilidades, 
por sua vez, abrangem alguns fatores que são 
responsáveis pela “textualidade”, istoé, carac-
terísticas que fazem um texto ter sentido para 
seus interlocutores.
Essas características são: coerência, coe-
são, intencionalidade, aceitabilidade, situacio-
nalidade, informatividade e intertextualidade.
Nesta unidade, desenvolveremos apenas 
as noções básicas dos fatores de textualidade, 
de acordo com Fávero e koch (1994), para que 
você se habitue, aos poucos, com o vocabulá-
rio específico e perceba o texto como um con-
junto formado pela combinação harmoniosa 
desses fatores que lhe dão sentido.
PARA SABER MAiS
Leia o que disse Paulo 
Freire (1988) sobre o ato 
de ler:
“A leitura do mundo 
precede a leitura da 
palavra e a leitura desta 
implica a continuidade 
da leitura daquela”. 
(Fonte: In: O que é 
leitura. Maria Helena 
Martins. Brasiliense – p. 
9-10).
ATiVidAdE
A afirmativa de Paulo 
Freire nos ensina que 
precisamos de conhe-
cimento prévio para o 
entendimento de um 
texto e esse enten-
dimento sustenta e 
reforça a aquisição de 
novos conhecimentos. 
E você? Concorda que 
dependemos de nossa 
preparação, de nosso 
repertório cultural e do 
conhecimento de mun-
do para interagir com 
os diversos textos que 
circulam socialmente?
◄ Figura 15: Conhecimento prévio
Fonte: Disponível em: http://www.faccar.com.br/even-
tos/desletras/hist/2005_g/2005/textos/005.html, acesso 
em 3 jun. 2013.
42
UAB/Unimontes - 1º Período
•	 COERÊNCiA: refere-se ao sentido que um 
texto deve apresentar, isto é, as partes 
que o compõem devem-se ligar por uma 
continuidade de sentido, de modo que 
não apresente contradições de ideias, que 
não seja ilógico.
•	 COESÃO: é o mecanismo linguístico res-
ponsável pela unidade formal do texto. É 
a coesão que estabelece a relação lógica 
entre uma palavra e outra, uma frase e 
outra e entre os parágrafos de um texto.
•	 iNTENCiONALidAdE: é uma caracterís-
tica que mostra a atitude do locutor, sua 
intenção comunicativa, seu objetivo ao 
produzir o texto.
•	 ACEiTABiLidAdE: refere-se à atitude do 
interlocutor, suas expectativas em relação 
ao texto.
•	 SiTUACiONALidAdE: é o fator responsá-
vel pela adequação do texto a um deter-
minado ambiente (contexto) ou situação 
em que ocorre a comunicação.
•	 iNFORMATiVidAdE: liga-se ao nível de 
informação (previsível ou imprevisível) 
contida no texto e sua capacidade ou não 
de satisfazer o interlocutor.
•	 iNTERTEXTUALidAdE: ocorre quando 
o autor de um texto recorre a outros tex-
tos, de forma implícita ou explícita, repete 
expressões, enunciados ou trechos de ou-
tros autores. Para identificar essas “vozes”, 
o autor conta com o conhecimento pré-
vio de seu interlocutor.
A apresentação desses fatores de tex-
tualidade já deve ter dado ao você a ideia de 
como eles são importantes para a composição 
de um texto. E, uma vez que um texto bem es-
truturado está sempre entrelaçado por esses 
fatores, compete a você utilizar esse conheci-
mento para produzir textos adequados ao in-
terlocutor e ao contexto.
3.4 Produção de texto
A humanidade não para de evoluir. E com 
sua evolução, evolui também a linguagem 
(tanto oral quanto a escrita) utilizada por ela.
Essa evolução é retratada pelos gêneros 
textuais que são usados nos mais variados con-
textos linguísticos. De acordo com Marcuschi 
(2002), é muito grande o número de gêneros 
textuais que existem em nossa sociedade e 
esse número vem aumentando cada dia mais 
devido ao avanço tecnológico, às necessidades 
do homem e às atividades socioculturais que 
possibilitam não só o surgimento de novos gê-
neros, mas também a adaptação de alguns já 
existentes e a evolução de muitos outros.
Há muito tempo se discute a diferença 
entre “tipos de textos” e “gêneros textuais”. 
Alguns teóricos classificam a dissertação, a 
narração e a descrição como “modos de orga-
nização textual”, diferenciando-os das nomen-
claturas específicas que são consideradas “gê-
neros textuais”.
É importante que o professor conheça 
a diferença entre Gênero Textual e Tipologia 
Textual para que possa direcionar o seu tra-
balho no ensino de leitura, compreensão e 
produção de textos. É possível falarmos em 
gêneros variados que vão do bilhete, passan-
do pelo cartão-postal, e-mail, charge, cartaz, 
anedota, poema, manual de instruções, ofício, 
crônica, receita culinária, fábula e pelo tele-
grama até chegar ao texto científico, ao conto, 
etc. Conhecer os gêneros textuais torna mais 
fácil a leitura e o desenvolvimento da compe-
tência comunicativa do falante, uma vez que a 
linguagem é organizada como ação humana a 
partir das coisas do mundo.
3.5 Tipologia e gêneros textuais
Marcuschi (2002) delimita TIPO DE TEXTO 
como uma forma de construção escrita, de-
finida pelas características linguísticas que o 
compõem. Podemos afirmar que, geralmente, 
os tipos de textos abrangem um número mui-
to pequeno de categorias, conhecidas como 
narração, descrição, argumentação, injunção e 
exposição.
Já o GÊNERO TEXTUAL é a materialização 
dos tipos de textos que encontramos em nos-
sa sociedade. É toda forma de texto que circu-
la na sociedade e que tem uma função especí-
fica, se dirige a um público específico e possui 
características sociocomunicativas próprias. 
Com o objetivo de facilitar a compreensão de 
diversas teorias sobre esse assunto, criamos 
para você, tomando como base os estudos de 
Marcuschi (2002), o quadro ilustrativo a seguir:
43
Pedagogia - Língua Portuguesa
QUADRO 2 - Gêneros textuais x Tipos textuais
GÊNEROS TEXTUAiS TiPOS TEXTUAiS
São os textos que encontramos no nosso dia 
a dia, que apresentam características socio-
comunicativas definidas pelo estilo do autor, 
pela função a ser desempenhada pelo próprio 
texto, pela composição, pelo conteúdo e pelo 
canal através do qual é veiculado.
Constituem uma sequência definida pela 
forma como são escritos. Observa-se na sua 
produção aspectos sintáticos (organização 
das palavras na frase), lexicais (palavras esco-
lhidas pelo autor), semânticos (relações lógi-
cas, sentido) e morfológicas (tempos verbais, 
conjunções, etc.)
EXEMPLOS EXEMPLOS
Carta
Bilhete
Carta eletrônica (e-mail)
Bula 
Receita médica
Receita culinária
Telefonema
Telegrama
Conto
Novela
História em quadrinhos
Manual de instruções
Folha de cheque, etc.
Narração
Descrição
Injunção
Exposição
Dissertação 
Fonte: Baseado em Marcuschi (2002, p. 22)
É preciso tomar muito cuidado tam-
bém para não se confundir texto e discurso. 
O TEXTO é uma unidade sociocomunicativa 
concreta que se materializa em algum gêne-
ro textual e o DISCURSO é a ideologia que se 
manifesta através de algum texto ou prática 
comunicativa. Bronckart (1999, p. 75) chama 
de texto “[...] toda a unidade de produção de 
linguagem situada, acabada e autossuficiente 
(do ponto de vista da ação ou da comunica-
ção)”. Com relação ao texto empírico Bron-
ckart diz:
[...] todo o texto empírico é o produto de uma ação de linguagem, é sua con-
traparte, seu correspondente verbal ou semiótico; todo texto empírico é rea-
lizado por meio de empréstimo de um gênero e, portanto, sempre pertence 
a um gênero; entretanto todo texto empírico também procede de uma adap-
tação do gênero-modelo aos valores atribuídos pelo agente à sua situação de 
ação e, daí, além de apresentar as características comuns ao gênero, também 
apresenta propriedades singulares, que definem seu estilo particular. Por isso, 
a produção de cada novo texto empírico contribui para a transformação histó-
rica permanente das representações sociais, referentes não só aos gêneros de 
textos (intertextualidade), mas também à língua e às relações de pertinência 
entre textos e situações de ação. (BRONCKART, 1999, p.108).
Há outro campo linguístico da ativida-
de humana que é conhecido como DOMÍNIO 
DISCURSIVO. Segundo Marcuschi (2002), esses 
domínios nãosão textos nem discursos, mas 
possibilitam o surgimento de discursos muito 
específicos, os GÊNEROS DISCURSIVOS como 
discurso religioso, discurso jurídico, discurso 
jornalístico, etc. já que as atividades religiosas 
ou jurídicas dão origem a vários gêneros, não 
se limitando a um em particular.
A partir dessas características específi-
cas de um gênero textual (ou gênero discur-
sivo) podemos tratar de aspectos da textuali-
dade, tais como coerência e coesão textuais, 
a impessoalidade, as técnicas de argumen-
tação e outros aspectos. A interação autor-
-texto-leitor, a pluralidade de discursos e as 
possibilidades de organização do universo 
através da linguagem são pontos relevantes 
na elaboração do conhecimento a partir de 
diferentes situações de interação. Por isso, 
devemos estar cientes do papel que a lingua-
gem desempenha no nosso dia a dia.
O trabalho com a leitura, compreensão e 
a produção escrita em sala de aula deve ter 
como meta principal o desenvolvimento de 
habilidades que façam com que o aluno seja 
capaz de usar um número cada vez maior de 
recursos da língua (formais, fonológicos, sin-
táticos e semânticos) para produzir efeitos de 
sentido de forma adequada a cada situação 
de interação humana em que esteja inserto.
GLOSSÁRiO
Fonologia: Preocupa-
-se com os sons de uma 
língua, mas se preocu-
pando com os aspectos 
interpretativos dos sons.
Semântica: Preocupa-
-se com o significado 
das palavras na frase.
44
UAB/Unimontes - 1º Período
De maneira geral, não há uma variação 
muito relevante na visão de alguns autores 
sobre as definições de tipos de textos e gê-
neros textuais. Dessa forma, apresentamos 
abaixo um quadro comparativo entre as 
ideias de Marcuschi (2002) e Travaglia (1996) 
para o seu conhecimento:
QUADRO 3 - Comparação entre as ideias de Marcuschi e Travaglia
MARCUSCHi TRAVAGLiA
•	 Em todos os gêneros os tipos se realizam, às 
vezes, o mesmo gênero se realiza em dois ou 
mais tipos.
•	 Chama essa miscelânea de tipos presentes em 
um gênero de heterogeneidade tipológica.
•	 Chama de intertextualidade intergêneros o 
fenômeno de um texto ter aspectos de um 
gênero, mas ter sido construído em outro (um 
gênero assume a função de outro).
•	 Traz a seguinte configuração teórica:
a) intertextualidade intergêneros = um gênero 
com a função de outro.
b) heterogeneidade tipológica = um gênero 
com a presença de vários tipos.
•	 Afirma que os gêneros não são entidades na-
turais, mas artefatos culturais construídos 
historicamente pelo ser humano. Um gênero, 
para ele, pode não ter uma determinada pro-
priedade e ainda continuar sendo aquele gê-
nero.
•	 Tipologia textual é um termo que deve ser 
usado para designar uma espécie de sequên-
cia teoricamente definida pela natureza lin-
guística de sua composição. Em geral, os tipos 
textuais abrangem as categorias narração, ar-
gumentação, exposição, descrição e injunção 
(Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999).
•	 O termo Tipologia Textual é usado para desig-
nar uma espécie de sequência teoricamente 
definida pela natureza linguística de sua com-
posição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos 
verbais, relações lógicas.
•	 Gênero Textual é definido pelo autor como 
uma noção vaga para os textos materializados 
encontrados no dia a dia e que apresentam ca-
racterísticas sociocomunicativas definidas pe-
los conteúdos, propriedades funcionais, estilo 
e composição característica.
•	 Apresenta alguns exemplos de gêneros, mas 
não ressalta sua função social: telefonema, 
sermão, romance, bilhete, aula expositiva, reu-
nião de condomínio, etc.
•	 Discute o conceito de Domínio Discursivo 
(grande esferas da atividade humana em que 
os textos circulam, dando origem a discursos 
muito específicos: discurso jornalístico, discur-
so jurídico e discurso religioso).
•	 Não faz alusão a uma tipologia do discurso.
•	 Fala em conjugação tipológica (dificilmente 
são encontrados tipos puros).
•	 Um texto se define como de um tipo por uma 
questão de dominância, em função do tipo de 
interlocução que se pretende estabelecer e 
que se estabelece, e não em busca do espaço 
ocupado por um tipo na constituição desse 
texto.
•	 Não fala de intertextualidade intergêneros, 
mas fala de um intercâmbio de tipos (um tipo 
pode ser usado no lugar de outro criando de-
terminados efeitos de sentido impossíveis com 
outro dado tipo).
•	 Mostra o seguinte:
a) conjugação tipológica = um texto apresenta 
vários tipos. 
b) Intercâmbio de tipos = um tipo usado no lu-
gar de outro. 
•	 Tipologia Textual é aquilo que pode instaurar 
um modo de interação, uma maneira de inter-
locução segundo perspectivas que podem es-
tar ligadas ao produtor do texto em relação ao 
objeto do dizer quanto ao fazer/acontecer, ou 
conhecer/saber, e quanto à inserção destes no 
tempo e/ou no espaço.
•	 Cada perspectiva gerará um tipo de texto. As-
sim, a primeira perspectiva faz surgir os tipos 
descrição, dissertação, injunção e narração. A 
segunda perspectiva faz com que surja o tipo 
argumentativo.
•	 O Gênero Textual se caracteriza por exercer 
uma função social específica pressentida e vi-
venciada pelos usuários. Isso equivale dizer 
que, intuitivamente, sabemos qual gênero usar 
em momentos específicos de interação, de 
acordo com a função social dele.
•	 A escrita de um texto apresenta características 
que farão com que ele "funcione" de maneira 
diferente. Assim, escrever um e-mail para um 
amigo não é o mesmo que escrever um e-mail 
para uma universidade, pedindo informações 
sobre um concurso público, por exemplo.
•	 Dá ao gênero uma função social. Aparente-
mente diferencia Tipologia Textual de Gênero 
Textual a partir dessa "qualidade" que o gê-
nero possui: aviso, comunicado, edital, infor-
mação, informe, citação (com a função social 
de dar conhecimento de algo a alguém); peti-
ção, memorial, requerimento, abaixo-assinado 
(com a função social de pedir, solicitar); nota 
promissória, termo de compromisso e voto 
(com a função de prometer).
•	 Fala do discurso jurídico e religioso, quando 
discute o que é para ele tipologia do discurso. 
Assim, ele mostra que as tipologias de discurso 
usarão critérios ligados às condições de pro-
dução e às diversas formações discursivas em 
que podem estar insertos. 
Fonte: Baseado em Marcuschi (2002) e Travaglia (1996).
PARA SABER MAiS
 Enquanto o número de 
gêneros textuais numa 
determinada sociedade 
é, em princípio, ilimi-
tado, ampliando-se de 
acordo com a necessi-
dade dos falantes e com 
os avanços sociocul-
turais e tecnológicos, 
o número de moda-
lidades discursivas é 
menor e de certa forma 
limitado.
45
Pedagogia - Língua Portuguesa
Semelhantes opiniões entre os dois auto-
res são notadas quando falam que texto e dis-
curso não devem ser encarados como iguais. 
Marcuschi (2002) considera o texto como uma 
entidade concreta realizada materialmente e 
corporificada em algum Gênero Textual. Dis-
curso para ele é aquilo que um texto produz 
ao se manifestar em alguma instância discursi-
va. O discurso se realiza nos textos.
Travaglia (1996) considera o discurso 
como a própria atividade comunicativa, a 
própria atividade produtora de sentido para 
a interação comunicativa, regulada por uma 
exterioridade sócio-histórica-ideológica. Tex-
to é o resultado dessa atividade comunicativa. 
O texto, para ele, é visto como uma unidade 
linguística concreta que é tomada pelos usu-
ários da língua em uma situação de interação 
comunicativa específica, como uma unidade 
de sentido e como preenchendo uma função 
comunicativa reconhecível e reconhecida, in-
dependentemente de sua extensão.
Travaglia (1996) afirma que distingue tex-
to de discurso levando em conta que sua pre-
ocupação é com a tipologia de textos, e não 
de discursos.Já Marcuschi (2002) afirma que a 
definição que traz de texto e discurso é muito 
mais operacional do que formal. 
Por fim, podemos afirmar que muitos es-
tudiosos da Linguística Aplicada veem o gê-
nero como ponto de partida para quaisquer 
atividades relacionadas às práticas de escrita 
e leitura, isso porque, conforme Marcuschi 
(2002, p.25), “gêneros são formas verbais de 
ação social relativamente estáveis realizadas 
em textos situados em comunidades de prá-
ticas sociais e em domínios discursivos espe-
cíficos”. Desse modo, toda e qualquer prática 
comunicativa se calça em um ou outro gênero.
Então, o gênero pode ser entendido 
como um fenômeno social à medida que 
cumpre a função de ordenar e estabilizar as 
práticas comunicativas. Daí pensar que sua 
natureza é ambivalente, visto que deve, ao 
mesmo tempo, ser parâmetro e, portanto, re-
lativamente estável, mas ser também maleá-
veis, dinâmicos e plásticos com o propósito de 
se adequarem ao evento enunciativo. Nesse 
quadro, Marcuschi (2002, p.22) defende que os 
gêneros são “ações sociodiscursivas para agir 
sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-
-o de algum modo”.
Analise o quadro abaixo e observe como 
em um gênero textual está presente a moda-
lidade discursiva, o ambiente discursivo e a in-
teração verbal.
QUADRO 4 - Síntese
GÊNERO 
TEXTUAL
MOdALidAdE 
diSCURSiVA
SUPORTE 
dO TEXTO
AMBiENTE 
diSCURSiVO 
(iNSTiTUiÇÃO)
iNTERAÇÃO 
VERBAL 
ENUNCiAdORES
Bula de 
remédio
Expor/Instruir Folheto, folder Indústria 
farmacêutica
Indústria - 
Consumidor
Crônica Expor/
Argumentar
Coluna de 
jornal, revista
Mídia impressa 
(jornal, revista)
Escritor - Leitor de 
revista, jornal
Romance, 
conto, novela
Narrar Livro Indústria literária Escritor - Leitor
Receita 
culinária
Instruir Livro, folheto, 
rádio, televisão
Indústria de 
alimentos, livro, 
mídia impressa, 
jornal, revista, 
televisão
Escritor, apresen-
tador - ouvintes, 
leitores, 
telespectadores
Noticiário Relatar Jornal, 
televisão, rádio
Mídia esportiva Narrador - ouvintes/
telespectadores
Fonte: Disponível em: http://hermes.ucs.br/cchc/dele/ucs-produtore/pages/sobregeneros.htm, acesso em 2 abr. 2008.
A partir do conteúdo discutido nesta subunidade, compreendemos que estudar a língua 
através do gênero, ou seja, objetivando os aspectos linguísticos, textuais e discursivos, levando 
em consideração o gênero utilizado, é lidar com a língua de maneira autêntica, fidedigna ao seu 
funcionamento, ao seu uso nas interações sociais.
46
UAB/Unimontes - 1º Período
NELL
Título Original: Nell País/Ano: EUA - 1994 Direção: Michael Apted
Elenco: Jodie Foster, Liam Neeson, Natasha Richardson, Richard Libertini, Nick Searcy, Robin 
Mullins, Jeremy Davies, O’Neal Compton Duração: 115 min. Categoria: Drama Distribuidora VHS: 
Abril
SiNOPSE
Uma jovem (Jodie Foster) é encontrada numa casa abandonada no meio de uma floresta, 
onde vivia com sua mãe eremita, morta há um bom tempo. Inicialmente tida como louca, ela é 
observada por um médico (Liam Neeson), que constata que a garota se expressa através de um 
dialeto próprio. À medida que estuda o estranho comportamento de sua paciente, ele chega à 
conclusão de que até aquele momento ela não havia tido contado com outras pessoas. Intrigado 
e fascinado pela inocência da jovem, ele decide tentar ajudá-la a se integrar na sociedade. A atu-
ação de Foster lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz.
O BURACO BRANCO NO TEMPO 
Palavras-chave: Meio Ambiente Produção: Peter Russell Duração: 27 minutos
diCA
Assista aos seguintes 
filmes, com o tema 
linguagem, e estabeleça 
um debate em sala de 
aula.
Figura 16
Fonte: Disponível em: 
http://www.kinocinema.
net/nell.html acesso em 5 
mai. 2013.
►
Figura 17
Fonte: Disponível em: 
http://filmesparacui-
dardoser.blogspot.com.
br/2011/06/o-buraco-
-branco-no-tempo.html 
acesso em 5 mai. 2013.
►
47
Pedagogia - Língua Portuguesa
SiNOPSE
O autor tece sua combinação característica de física, psicologia e filosofia para desenhar um 
novo quadro da humanidade e dos tempos que estamos atravessando. No filme ele explora os 
padrões evolucionários que estão detrás de nosso desenvolvimento em contínua aceleração e 
pergunta: "por que é que uma espécie que é de tantas formas muito inteligente pode também 
se comportar de maneira que são aparentemente tão insanas?" Utilizando centenas de imagens 
que cobrem a extensão da criação, esta bela e comovente produção audiovisual mostra que a 
crise global que agora enfrentamos é, na sua raiz, uma crise de consciência. A próxima grande 
fronteira não é, na sua raiz, uma crise de consciência. A próxima grande fronteira não é o espaço 
exterior, senão o espaço interior. Nós poderíamos, ele conclui, estar no umbral de um momento 
para o qual a vida tem sido construída ao longo de bilhões de anos - um clímax evolucionário 
muito mais profundo do que a maioria de nós sequer ousou imaginar.
Referências
ABAURRE, Maria Luiza et alli. Língua e Literatura. Volume Único. São Paulo: Moderna, 1996.
BRONCKART, Jean Paul. Atividades de linguagem, textos e discursos. Por um interacionismo 
sócio-discursivo. São Paulo: Editora da PUC/SP, 1999. 
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FÁVERO, Leonor L.; KOCH, Ingedore G. V. Línguística textual: uma introdução. São Paulo: Cortez, 
1994.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela 
Paiva, MACHADO, Anna Rachel, BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio 
de Janeiro: Editora Lucerna, 2002.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. Maria Helena Martins. São Paulo: Brasiliense, 1997.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação - Uma proposta para o ensino de gramática. 
1. ed. São Paulo: Cortez, 1996.
TRAVAGLIA, L. C. (1991). Um estudo textual-discursivo do verbo no português. Campinas, 
Tese de Doutorado / IEL / UNICAMP, 1991.
49
Pedagogia - Língua Portuguesa
Resumo
Unidade i 
Nesta unidade , você aprendeu:
•	A	 leitura	é	um	 instrumento	necessário	para	a	 realização	de	novas	aprendizagens	porque	
proporciona a ampliação de horizontes e uma visão crítica da sociedade em que vivemos.
•	Ler	significa	decodificar,	interpretar,	conhecer.
•	O	texto	pode	ser	definido	como	uma	unidade	básica	e	significativa.	É	o	elemento	central	
da comunicação, da interação social.
•	Para	que	o	processo	de	 leitura	 se	dê	satisfatoriamente,	é	necessário	que	o	 leitor	 interaja	
com o texto, buscando retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado através 
das estratégias de leitura.
•	 Em	 todas	as	 formas	de	 leitura,	muito	do	nosso	conhecimento	prévio	é	exigido	para	que	
haja uma compreensão mais exata do texto. 
•	O	conhecimento	prévio	é	dividido	em	três	 tipos:	o	conhecimento	de	mundo,	o	conheci-
mento linguístico e o conhecimento textual.
•	Todo	texto	entendido	como		unidade	básica	de	comunicação	é	polissêmico	porque	é	atra-
vessado por várias vozes e vários sentidos.
•	Existem	alguns	fatores	que	interferem	diretamente	no	ato	de	ler	e	atrapalham	na	apreen-
são do sentido do texto. Para que se obtenha sucesso no processamento da leitura, é preciso que 
o leitor fique atento a alguns procedimentos que ajudarão a sua leitura.
Unidade ii 
Nesta unidade , você aprendeu:
•	A	 leitura	é	um	 instrumento	necessário	para	a	 realização	de	novas	aprendizagens	porque	
proporciona a ampliação de horizontes e uma visão crítica da sociedade em que vivemos.
•	Ler	significa	decodificar,	interpretar,	conhecer.
•	O	texto	pode	ser	definido	como	uma	unidade	básica	e	significativa.	É	o	elemento	central	
da comunicação, da interação social.
•	Para	que	o	processo	de	 leitura	 se	dê	satisfatoriamente,	é	necessário	que	oleitor	 interaja	
com o texto, buscando retirar informações que lhe possibilitem construir seu significado através 
das estratégias de leitura.
•	 Em	 todas	as	 formas	de	 leitura,	muito	do	nosso	conhecimento	prévio	é	exigido	para	que	
haja uma compreensão mais exata do texto. 
•	O	conhecimento	prévio	é	dividido	em	três	 tipos:	o	conhecimento	de	mundo,	o	conheci-
mento linguístico e o conhecimento textual.
•	 Todo	 texto	entendido	como	 	unidade	básica	de	 comunicação	é	polissêmico	porque	é	
atravessado por várias vozes e vários sentidos.
•	 Existem	alguns	fatores	que	interferem	diretamente	no	ato	de	ler	e	atrapalham	na	apre-
ensão do sentido do texto. Para que se obtenha sucesso no processamento da leitura, é preciso 
que o leitor fique atento a alguns procedimentos que ajudarão a sua leitura.
Unidade iii
Nesta unidade, você aprendeu:
•	O	texto	consiste	em	qualquer	passagem,	falada	ou	escrita,	que	forma	um	todo	significativo,	
independentemente de sua extensão.
•	Pode-se	afirmar	que	um	texto	não	se	define	pela	quantidade	de	palavras	empreendidas,	e	
sim por sua textualidade, isto é, a possibilidade de que seja entendido como "unidade significati-
va global".
•	Fatores	de	textualidade	são	os	mecanismos	responsáveis	para	que	um	texto	faça	sentido	
para seus interlocutores, como a coesão, a coerência, a intencionalidade, a aceitabilidade, a inter-
textualidade.
50
UAB/Unimontes - 1º Período
•	Tipo	de	texto	é	uma	forma	de	construção	escrita,	definida	pelas	características	linguísticas	
que o compõem. Podemos afirmar que, geralmente, os tipos de textos abrangem um número 
muito pequeno de categorias, conhecidas como narração, descrição, argumentação, injunção e 
exposição.
•	O	gênero	textual	é	a	materialização	dos	tipos	de	textos	que	encontramos	em	nossa	socie-
dade. É toda forma de texto que circula na sociedade e que tem uma função específica, dirige-se 
a um público específico e possui características sociocomunicativas próprias.
51
Pedagogia - Língua Portuguesa
Referências
Básicas
BRONCKART, Jean Paul. Atividades de linguagem textos e discursos. Por um interacionismo 
sócio discursivo. São Paulo: Editora da PUC/SP, 1999.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Linguística Textual: introdução. São Paulo: Cortez, 1983.
FIORIN, José Luís. Teorias do discurso e ensino da leitura e da redação. In: Gragoatá. n. 1 (2. 
sem. 1996). Niterói: EDUFF, 1996.
KLEIMAN, Ângela. Texto & leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7. ed. Campinas: Pontes, 2000.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela 
Paiva, MACHADO, Anna Rachel, BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.). Gêneros textuais e ensino. 
Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002.
PETTER, Margarida. Linguagem, língua e linguística. In: FIORIN, José Luiz (org). introdução à lin-
guística. São Paulo: Contexto, 2005.
Complementares
BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997.
CURY, Maria Zilda Ferreira et al. discursos e leitura. 2. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Uni-
camp, 1987.
GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de Redação: o que é preciso saber para bem escre-
ver. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
KOCH, Ingedore G. Villaça. desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguística da leitura e do aprender 
a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
SOARES, I. C. G. Programas Nacionais de Leitura no Brasil: o PROLER e o Pró-Leitura (1995-
2000). Belo Horizonte: UFMG/FaE, 2002. Dissertação de Mestrado em Educação.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução de Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 
1998.
TRAVAGLIA, L. C. Um estudo textual-discursivo do verbo no português. Campinas, Tese de 
Doutorado / IEL / UNICAMP, 1991.
Suplementares
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 3. ed. Campinas: Papirus, 2000.
_____________________A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: 
Parábola editorial, 2003.
BAKHTIN, Mikhail M. Estética da criação verbal. Martins Fontes: São Paulo, 1994.
52
UAB/Unimontes - 1º Período
COSTA VAL, Maria da Graça. Texto, Textualidade e Textualização. Pedagogia cidadã. In: Cadernos 
de Língua Portuguesa. São Paulo: UNESP, v1, p. 113-124, 2004.
FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Linguística Textual: o que é e como se faz. Recife: UFPE/Mestrado em 
Letras e Linguística, 1983.
FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Contribuição a uma tipologia textual. In: Letras & Letras. Vol. 03, nº 
01. Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia. p. 3-10, 1987.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
KOCH, Ingedore G. Villaça e TRAVAGLIA, L. C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 2001.
 ___________________________ Português ou Brasileiro? Um convite à pesquisa. São 
Paulo: Parábola, 2002.
__________________________ Preconceito Linguístico. O que é. Como se faz. São Paulo: 
Edições Loyola, 2002.
53
Pedagogia - Língua Portuguesa
Atividades de 
Aprendizagem - AA
1) Analise o seguinte texto de Millôr:
Da leitura global do texto, podem-se inferir as seguintes características, EXCETO
( ) A realidade retratada limita-se à cidade do Rio de Janeiro.
( ) A linguagem não verbal fortalece a denúncia apresentada pela linguagem verbal.
( ) A referência ao Rio de Janeiro se dá pela alusão a uma conhecida música popular.
( ) O emissor “brinca” com a definição de cidadão, deixando claro um trabalho intencional com a 
mensagem.
2) Considere as definições sobre gêneros textuais e assinale a afirmativa iNCORRETA. 
( ) A receita culinária é uma comunicação breve que se estabelece entre emissor e receptor, 
caracterizada pelo emprego do nível popular.
( ) A narrativa refere-se ao relato de uma história em que atuam personagens em um espaço e 
tempo determinados.
( ) O manual é um texto instrucional cuja finalidade é orientar sobre o funcionamento de um 
aparelho, regras de um jogo, etc.
( ) O bilhete caracteriza-se pela linguagem informal com a qual se transmite uma mensagem 
simples e objetiva a amigos, familiares, etc.
54
UAB/Unimontes - 1º Período
3) Leia o seguinte texto com atenção. No texto, a característica que NÃO pode ser comprovada é:
( ) A função predominante é a expressiva, exemplificada pelo uso de pronomes e formas verbais 
de 1ª pessoa.
( ) Trata-se de um texto publicitário que se serve do tema ambiental para promover seu produto.
( ) A mensagem tem o propósito de estimular o leitor a participar do programa anunciado.
( ) Emprego das funções referencial e conativa da linguagem.
4) Discutimos que quanto maior a interação entre os elementos textuais e o conhecimento do 
leitor, maior a possibilidade de compreensão e interpretação de um texto. Com base nessa afir-
mativa, leia os trechos de uma música e assinale (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as 
falsas.
Soy Loco Por Ti, America
Caetano Veloso
Soy loco por ti, América 
Yo voy traer una mujer playera 
Que su nombre sea Marti 
Que su nombre sea Marti...
Soy loco por ti de amores 
Tenga como colores 
La espuma blanca 
De Latinoamérica 
Y el cielo como bandera 
Y el cielo como bandera...
Soy loco por ti, América 
Soy loco por ti de amores...(2x)
Sorriso de quase nuvem 
Os rios, canções, o medo 
O corpo cheio de estrelas 
O corpo cheio de estrelas 
Como se chama amante 
Desse país sem nome 
Esse tango, esse rancho 
Esse povo, dizei-me, arde 
O fogo de conhecê-la 
O fogo de conhecê-la ...
Soy loco por ti, América 
Soy loco por ti de amores...(2x)
( ) Alguns leitores podem apresentar falha na compreensão do texto, pois o seu conhecimento 
linguístico pode não ser suficiente.
( ) O conhecimento linguístico deum falante apenas da Língua Portuguesa é suficiente para a 
compreensão do texto.
( ) O conhecimento linguístico é um componente básico do conhecimento prévio , mas o leitor, 
apresentando o conhecimento de mundo, poderá compreender o texto.
( ) Apenas o falante nativo da Língua Espanhola conseguirá compreender o texto.
Fonte: Disponível em 
http://www.ambiente.
sp.gov.br/acontece/
torpedos-sms-vao-
-incentivar-reciclagem-
-de-celular/, acesso em 7 
jun. 2013.
►
Fonte: Disponível em 
http://letras.mus.br/
caetano-veloso/76612/ 
acesso em 7 jun. 2013.
►
55
Pedagogia - Língua Portuguesa
5) A leitura é um processo através do qual se pode observar, perceber, descobrir e refletir sobre 
o mundo. Podemos ler textos verbais e também não verbais. Leia o cartum abaixo e, de acordo 
com as nossas discussões, marque somente a alternativa iNCORRETA.
( ) Podemos afirmar que quem não possui um conhecimento de mundo sobre o símbolo repre-
sentado pela “paciente” não compreenderá a crítica e o humor abordados no cartum.
( ) Ler é um processo social de construção de significados e só conseguiremos compreender o 
humor e a crítica apresentados no cartum através dessa construção dos significados da figura 
feminina apresentada.
( ) Para que ocorra uma leitura eficiente, é necessário apenas a simples decodificação dos sinais 
gráficos. No cartum, basta apenas decodificar o símbolo apresentado para interpretar a crítica 
abordada.
( ) O cartunista critica a violência dos dias atuais por meio da figura da morte deitada em um 
divã de um terapeuta. 
iNSTRUÇÃO: Leia com atenção o texto abaixo e responda às questões 06 e 07. 
Encontrou-a pela primeira vez quando foi coroada princesa no Baile da Primavera e assim que 
o coração deu aquele tranco e o olho ficou cheio d’água, pensou: acho que vou amar ele para 
sempre. Ao ser tirada, teve uma tontura, enxugou depressa as mãos molhadas de suor no cor-
pete do vestido (fingindo que alisava alguma prega) e de pernas bambas abriu-lhe os braços 
e o sorriso meio de lado para esconder a falha do canino esquerdo que prometeu a si mesma 
arrumar no dentista do Rôni, o Doutor Élcio, isso se subisse de ajudante para cabeleireira. Ele 
disse apenas meia dúzia de palavras, tais como, você é que devia ser a rainha porque a rainha 
é uma bela bosta, com o perdão da palavra. Ao que ela respondeu que o namorado da rainha 
tinha comprado todos os votos. Infelizmente não tinha namorado e mesmo que tivesse não ia 
adiantar nada porque só conseguia as coisas a custo de muito sacrifício, era do signo de Capri-
córnio e os desse signo têm que lutar em dobro para vencer. Não acredito nessas babaquices, 
ele disse e pediu licença para fumar lá fora [...] Ela deu licença. Antes não desse, diria depois 
à rainha enquanto voltavam para casa. Isso porque depois dessa licença não conseguiu mais 
botar os olhos nele embora procurasse por todo o salão e com tal empenho que o diretor do 
clube veio lhe perguntar o que tinha perdido. [...]
Fonte: TELES, Lygia Fagundes. Pomba enamorada ou uma história de amor.
Fonte: In: Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1997.
6) Faça uma análise linguística do texto e assinale a questão em que se faz o uso específico da 
língua falada:
( ) Encontrou-o pela primeira vez quando foi coroada princesa no baile...
( ) Antes não desse, diria depois à rainha... 
( ) ... acho que vou amar ele para sempre.
( ) Ao que ela respondeu...
◄ Fonte: Disponível em 
http://portaldoprofessor.
mec.gov.br/fichaTecni-
caAula.html?aula=5223, 
acesso em 7 jun. 2013.
56
UAB/Unimontes - 1º Período
7) A interpretação iNCORRETA sobre as características psicológicas da moça é:
( ) Demonstra ser otimista frente às adversidades da vida.
( ) Possui uma baixa autoestima.
( ) É supersticiosa.7
( ) Acredita que todas as suas conquistas são mais árduas do que as das outras pessoas.
8) O texto abaixo é uma notícia. Marque a alternativa em que aparecem apenas as características 
desse tipo de texto.
Erupção solar envia bilhões de partículas à Terra, a 1400 km por segundo
A Nasa afirma ter captado uma erupção ocorrida no Sol ontem, que pode ter enviado um 
“jato” com bilhões de partículas pelo espaço rumo à Terra. As partículas solares podem atingir 
o planeta entre hoje e segunda-feira e interferir em satélites, sistemas de telecomunicações e 
aparelhos eletrônicos na Terra, segundo a agência espacial americana. Com base em detec-
ções feitas pelo Observatório de Relações Terrestres, a Nasa calcula que o “jato” de partículas 
esteja viajando a 1.400 km por segundo rumo à Terra, o que é considerada uma velocidade 
grande para o fenômeno. A Nasa afirma que, no passado, ejeções solares parecidas não causa-
ram tempestades geomagnéticas substanciais, mas deixaram sua marca com auroras visíveis 
nos polos. 
(Fonte: disponível em http://montesclaros.com/noticias.asp?codigo=62629 acesso em 18 mar. 2013.)
( ) Traz informações. O texto deve ser claro, objetivo, impessoal e fazer o uso da norma padrão 
da língua.
( ) Tem como objetivo veicular informações científicas. Apresenta linguagem com terminologia 
científica de alguma área de conhecimento. 
( ) Ensina a fazer, traz instruções bem definidas.
( ) Tem o objetivo de expressarmo-nos pessoalmente, para nos distrair, desenvolver a sensibili-
dade, partilhar emoções.
9) Leia o texto instrucional abaixo e marque somente a alternativa iNCORRETA em relação a esse 
tipo de texto.
( ) Tem por objetivo expor, divulgar informações. 
( ) É um tipo de texto informativo.
( ) Fornece-nos instruções, com o uso de uma linguagem clara e objetiva.
( ) Apresenta frases exclamativas e faz uso do vocativo.
10) Observe a charge abaixo. A charge é um gênero textual que pode ter apenas imagens ou 
imagens e palavras. Geralmente seu objetivo é a crítica através do humor, principalmente a críti-
ca social ou política. Explique em que se baseia o humor dessa charge.
Fonte: disponível em 
http://segundosanos2010.
blogspot.com.br/2010/04/
projeto-blogueiro-mirim-
-giovanna.html acesso em 
18 mar. 2013.
►
57
Pedagogia - Língua Portuguesa
◄ Fonte: Disponível em: 
http://www.essaseoutras.
xpg.com.br/melhores-
-charges-sobre-violencia-
-e-criminalidade-critica-
-engracada/, acesso em 15 
abr. 2013.

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