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Sepse É uma sindrome clinica generalizada na qual ocorre disfunções biológicas, fisiológicas e bioquímicas em uma pessoa. Caracteriza-se por ser uma disfunção orgânica secundaria a uma resposta desregulada a uma hospedeiro a uma infecção que representa possível risco à vida. É um quadro que ainda possui uma alta mortalidade. Os critérios de sepse só consideram as categorias: infecção, sepse e choque séptico. Este último é um quadro clínico determinado por uma anormalidade circulatória/metabólica secundária à sepse que necessita de vasopressor para manter a PAM acima de 65mmHg após a infusão adequada de fluidos e nível sérico de lactato acima de 2mmol/L. Uma das suas principais causas é a pneumonia ou infecções de foco pulmonar, seguido de infecções abdominais, hematológicas e trato genitourinário. Há etapas desde o inicio da infecção por estes e outros microrganismos até a instalação de quadro séptico. Invasão de locais do corpo humano Recrutamento de células imunes (macrófagos, principalmente) Reconhecimento, ligação, fagocitose e destruição do invasor o Nessa etapa ocorrem a liberação de citocinas pró-inflamatórias para o recrutamento de mais células inflamatórias A sepse ocorre quando há liberação dos mediadores pró- inflamatórios sem controle, excedendo os limites do ambiente local , culminando em uma resposta generalizada à infecção. Existe também a predisposição genética do indivíduo. A disfunção orgânica ocorre principalmente por dois motivos: a redução da oferta de oxigênio aos tecidos e lesão tecidual, esta ultima pode ser decorrente da própria oferta de oxigênio, quanto por mecanismos de disfunção mitocondrial e apoptose. Na homeostase inflamatória, ocorrem alterações no sistema de coagulação com predomínio das funções pró- coagulantes, podendo gerar trombose na microcirculação, hiperperfusãe e, consequentemente, disfunção orgânica. A apresentação de um quadro séptico não possui um padrão em todos os pacientes. Geralmente dependem do sitio inicial de infecção, idade e condições prévias de saúde do paciente e do germe causador da sepse. De modo geral, os pacientes com sepse apresentam taquicardia, febre e leucocitose. Pancreatite e síndrome do desconforto respiratório são algumas condições que podem ser apresentadas inicialmente. Diminuição do enchimento capilar, cianose ou livedo podem indicar choque. Sinais adicionais de hiperperfusão incluem o estado mental alterado, obnubilação (estado letárgico) ou inquietação, oligúria/anúria, íleo paralitico ou ausência de ruídos aéreos. É de suma importância perguntar se o paciente possui alguma comorbidade: Doença renal crônica e insuficiência cardíaca nos indicam que a ressuscitação com fluidos não poderá ser vigorosa. Achados que independem da etiologia da sepse Os exames laboratoriais, em casos de sepse, são muito inespecíficos, podem variar de acordo com a etiologia do quadro infeccioso, ou seja, não existe exame especifico para o diagnostico de sepse. Os exames laboratoriais recomendados para determinar o foco infeccioso bom como acompanhar a evolução dos pacientes inclui: lactato, hemograma, proteína C-reativa, função renal, enzimas hepáticas e coagulação sanguínea. O paciente pode se apresentar com hiperglicemia, o que sugere a ação de hormônios contrarreguladores como epinefrina, cortisol, glucagon. A leucopenia é mais frequente em infecções graves. A sepse pode cursar com CIVD (coagulação intravascular disseminada) – é um processo patológico onde o sangue começa a coagular pelo corpo todo. A saturação venosa central de Oixigênio (SvcO2) encontra-se < 70%, quando o paciente está com taquicardia, na tentativa de compensar o choque. Esse aumento do DC faz com que o sangue circule mais rápido pela microcirculação, o que implica que as células terão menos tempo para trocar O2 com o sangue. A gasometria arterial geralmente mostra uma alcalose respiratória, inicialmente, em função da hiperventilação. O diagnostico de Sepse só pode ser feito quando há um ganho de 2 ou mais pontos no escore SOFA, mas este exige a utilização de parâmetros laboratoriais mais rebuscado. Dessa forma, na emergência, o qSOFA pode ser utilizado: Tabela !. Escore SOFA Os criterios do SIRS podem ser utilizados como método de triagem para pacientes com suspeita de infecção, isto porque os critérios de SIRS se mostraram mais sensívcis e com melhor predição de mortalidade do que os critérios qSOFA e SOFA. Escore SIRS Fluxograma para pacientes com suspeita de sepse O manejo do paciente com sepse tem como objetivos principais: diagnostico precoce da sepse, atendimento em sala de mergência, monitorização não invasiva, suporte de O2 (se necessário), antibioticoterapia precoce e adequada, acesso venoso periférico e central, ressucitação volêmica, utilização de vasopressores. Os esforços no tratament da sepse são para evitar disfunção orgânica, as quais podemos citar: Para pacientes que se apresentem sépticos e com sinais de má perfusão, a reposição volêmica com cristaloides 30mL/Kg nas primeiras 3 horas está indicada. A rapida e adequada reposição volêmica bloqueia o ciclo vicioso do choque e diminui a necessidade de vasopressores. A ressuscitação volêmica deve ser administrada em bolus. A resposta clinica e hemodinâmica e a presença de edema pulmonar devem ser avaliadas antes e após cada bolus. A avaliação do estado hemodinamico deve ser feita com monitoração da FC, da PA, exame cardiovascular, tempo de enchimento capilar e avaliação de pele e mucosas. O objetivo dessa conduta é manter a PAM ≥ 65mmHg com o uso de vasopressores (noradrenalina) se necessário. A adrenalina deve ser usada em veia periférica calibrosa, como a jugular externa e ante cubital, mas não em veias distais ou de membros inferiores. A antibioticoterapia deve ser iniciada de imediato (antes da primeira hora após o atendimento do paciente), preferencialmente após coletad de hemoculturas. A cada hora de atraso a mortalidade aumenta em 4%. Os germes mais frequentes causadores de sepse são: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, Streptococcus Pneumoniae. As principais recomendações para o manejo da antibioticoterapia são: A transfusão de hemácias deve ser reservada para pacientes que estejam com Hb < 7g/dL. É recomendado manter a glicemia < 180mg/dL. Em casos de necessidade de intubação, a indução rápida na sequência deve esr feita com quetamina e etomidado. É importante também considerar a necesidade de profilaxia de úlcera de estresse em pacientes com ventilação mecãnica por mais de 48h, coagulopatias ou choque. A profilaxia de trombose venosa profunda (TVP) deve ser aventada com Enoxaparina 40mg SC, 1x/dia ou heparina 5000 U, SC, 2 ou 3x/dia ou ainda profilaxia mecânica com compressão pneumática intermitente.