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Hidrodinâmica e Perdas de Cargas Prof. Everaldo Moreira da Silva Bom Jesus - PI, 07/01/2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS ENGENHARIA AGRONÔMICA DISCIPLINA: HIDRÁULICA APLICADA É a parte da Hidráulica que estuda as leis que regem o movimento dos fluidos. Por simplificação no tratamento matemático do assunto será desenvolvido baseado nos fluidos perfeitos ou fluidos ideais. Esses fluidos não possuem viscosidade (e por consequência atrito interno) e também são incompressíveis (possuem massa específica constante qualquer que seja a pressão). Dinâmica dos Fluidos Vazão Vazão à base de volume (Q): É o volume de fluido que atravessa uma dada seção transversal de um conduto na unidade de tempo. ds Verifica-se que o volume de fluido que atravessa a seção a normal a direção do fluxo, em um intervalo de tempo dt, é igual ao volume gerado pelo deslocamento ds, de área A. Matematicamente, tem-se: Dividindo ambos os membros da equação por dt, tem-se: Q V Q – vazão volumétrica, m3 s-1 (L3 s-1, L3 h-1); A – área da seção de escoamento, m2; e, V – velocidade média do escoamento, m s-1. Forma mais comum de se expressar a vazão de um fluido. É a parte da Hidráulica que estuda os métodos de medição da vazão, aplicados a condutos forçados como também a condutos livres. Tais medidas são realizadas para diversos fins, dentre eles pode-se citar: o abastecimento de água, lançamento de esgotos, instalações hidrelétricas, obras de irrigação, defesa contra inundações, entre outros. Podem ser divididos em três grupos: métodos diretos; métodos baseados na relação área-velocidada; e , médotos que empregam uma contração da seção de escoamento. Hidrometria Medição Direta da Vazão Método volumétrico: Consiste na determinação do tempo necessário para encher um recipiente de volume conhecido. Este método é aplicável a pequenas vazões (Q 10 L s-1); devem ser feitas pelo menos três medições do tempo e trabalhar com o valor médio. Q – vazão, m3 s-1; Vol – volume do recipiente, m3; e, t – tempo, s. Exemplo 2: Vazão em sulco de Irrigação A – 4 cm ; b – N.A.; c – fundo do sulco; d- trincheira; e – recipiente; f – calha ou cano; g- dique Exemplo 1: Vazão em canalizações de pequenos diâmetros. Método Gravimétrico: Consiste na pesagem de um determinado volume de fluido coletado em um determinado tempo. Hidrômetro: São aparelhos empregados para à medição da quantidade de água que escoa em intervalos de tempo longos. Util izados em instalações prediais e industriais. Medem até 800 L s-1. Q – vazão, m3 s-1; peso - N; γ – peso específico, N m-3; e, t – tempo, s. Medição Direta da Vazão Classificação do Movimento dos Fluidos q Movimento Permanente: q Movimento Variado: constante Q constante com o tempo Q não constante com o tempo Decaimento do nível d’água com o tempo. v1 v2 v1 v2 Classificação do Movimento dos Fluidos q Movimento Uniforme: Quando sua velocidade (V) é a mesma em módulo, direção e sentido, em todas as seções do escoamento. Matematicamente, tem-se: q Movimento Não-Uniforme: Quando a velocidade (V) de escoamento varia espacialmente no conduto. Ou seja: L Acelerado (V1 ˂ V2) Retardado (V1 ˃ V2) Fluxo de massa é constante. Regime de Escoamento Experimento de Reynolds (1883): Demonstrou a existência de dois tipos de escoamento: laminar e turbulento. O experimento teve como objetivo a visualização do padrão de escoamento de água em um tubo de vidro, com o auxílio de um fluido colorido (corante). Obs: Tanque de 1,83 m x 5,5 m x 5,5 m; e, válvula para controle de vazão (com haste longa de comando). Regime de Escoamento Laminar: as partículas escoam sem agitações transversais, mantendo-se em lâminas concêntricas entre as quais não há trocas macroscópicas de partículas. Característica: trajetória bem definida e que não se cruzam. Turbulento: as partículas apresentam velocidades transversais importantes, e o filete desaparece pela d i l u i ç ã o o c o r r i d a n o v o l u m e d e á g u a . Característica: movimento aleatório e caótico das partículas. Transicional: também denominado de zona de transição ou crítica onde o escoamento do conduto indefinido. Característica: apresenta comportamento ora Laminar, ora Turbulento. Regime de Escoamento A caracterização do fluxo se faz por meio de um número adimensional denominado Número de Reynolds (Re). O Re é a razão entre as forças de inercia (ρV) e as forças viscosas (μ/D), conforme equação abaixo: ρ – massa específica do fluido; V – velocidade média do escoamento; D – dimensão linear do conduto, pode ser o diâmetro ou o raio hidráulico; μ – viscosidade dinâmica do fluido; e, ν – viscosidade cinemática do fluido. Na maior parte dos casos o escoamento é permanente un i fo rme e o reg ime é turbulento (PERES, 2006). hf – perda de carga, mca; C – coeficiente de rugosidade, adm; L e D – comprimento e diâmetro do tubo, m; V – velocidade média do escoamento, m s-1; Q – vazão, m3 s-1; J – perda de carga unitária, mca m-1. 4. Equação de Hazen-Williams (Allen Hazen e Gardner S. Williams, 1903): Equação empírica que resultou da análise estatística cuidadosa, no qual foi considerado milhares de dados experimentais disponíveis, obtidos por mais de 30 pesquisadores, bem como, dados observados pelos próprios autores. Essa equação tem grande aceitação, devido ao amplo uso e às confirmações experimentais. Ela pode ser aplicada nos seguintes casos: ü Regime de escoamento turbulento; ü Diâmetros internos da canalização variando de 50 a 3500 mm; ü Água a tempera tura ambiente (20 °C); e, ü Qualquer tipo de conduto e material. Perda contínua de carga 4. Equação de Hazen-Williams (Allen Hazen e Gardner S. Williams, 1903): Determinação do coeficiente C O coeficiente de rugosidade dos tubos depende do material e do estado de conservação das paredes. TIPO DE CONDUTO NOVOS USADOS (+ 10 ANOS) USADOS (+ 20 ANOS) Aço corrugado (chapa ondulada) 60 --- --- Aço galvanizado roscado 125 100 --- Aço rebitado, novo 110 90 80 Aço soldado, comum (revestimento betuminoso) 125 110 90 Aço soldado revestimento epóxico 140 130 115 Chumbo 130 120 120 Cimento-amianto 140 130 120 Cobre 140 135 130 Concreto, com bom acabamento 130 --- --- Concreto, com acabamento comum 130 120 110 Ferro fundido, com revestimento epóxico 140 130 120 Ferro fundido, com revestimento de argamassa de cimento 130 120 105 Grés cerâmico, vidrado (manilhas) 110 110 110 Latão 130 130 130 Madeira, em aduelas 120 120 110 Tijolos, condutos bem executados 100 95 90 Vidro 140 --- --- Plástico (PVC) 140 135 130 AZEVEDO NETTO et al. (1998). Perda contínua de carga Determinação do coeficiente C Os condutos de ferro fundido ou de aço estão sujeitos a fenômenos de natureza química relativos aos minerais presentes na água. Essas condições se agravam com o tempo de utilização. Sua escolha deve ser criteriosa, pois pode levar a erros de avaliação apreciáveis. Perda contínua de carga Determinação do coeficiente C AZEVEDO NETTO et al. (1998). No caso de tubulações metálicas: ü Segundo Peres (2006) pode-se admitir que C diminui de 5 a 10 unidades para cada 5 anos de uso; ü Na seleção do coeficiente C deve-se prever a vida útil que se espera da canalização (AZEVEDO NETTO et al., 1998). Perda contínua de carga Exemplo 1: Uma adutora de cimento-amianto (C = 140), conduzindo água a temperatura ambiente, com 1800 m de comprimento será dimensionada para conduzir uma vazão de 2 L s-1 entre dois reservatórios (figura abaixo), cuja diferença entre as cotas é de 21,72 m. Pede-se: a) O diâmetro teórico; b) O diâmetro comercial; c) A vazão efetiva para o diâmetro comercial adotado, caso a mesma não seja controlada; d) A perda de carga efetiva para o diâmetro comercial adotado, caso a vazão seja controlada em 2 L s-1 e a pressão a montante do registro. Perda contínua de carga (1) A B 21,72 m NR L = 1800 mCimento-amianto Q = 2 L s -1 (2) Perda localizada de carga Nas canalizações, qualquer elemento ou dispositivo que venha a causar ou elevar a turbulência, mudar a direção ou alterar a velocidade de um fluído é responsável por uma perda adicional de energia à perda contínua de carga. Peças especiais, tais como: curvas registros, luvas, cotovelos, tês de derivação, válvula de retenção, filtros, dentre outros; Singularidades, tais como: entrada e saída da tubulação, alargamento ou estreitamento de seções, entre outras. Perda localizada de carga Consiste em adicionar à extensão da canalização, um comprimento equivalente (comprimento virtual), o qual corresponda em perda contínua de carga às perdas localizadas de carga provocadas pela totalidade de peças especiais e singularidades existentes na canalização. Cada peça especial ou singularidade corresponde a um certo comprimento fictício adicional. 2. Método dos comprimentos virtuais : Registro gaveta Perda localizada de carga Para tubulações de ferro e aço, com aproximação aceitável para cobre e latão AZEVEDO NETTO et al. (1998). Perda localizada de carga Para tubulações de PVC rígido AZEVEDO NETTO et al. (1998). Perda localizada de carga ü A existência de peças especiais, bem como o seu número, além do material constituinte da tubulação deverá ser de conhecimento prévio do projetista. Nos problemas práticos, a vazão Q é quase sempre um elemento conhecido. Normalmente o D é a variável desconhecida; ü O D deve ser minimizado, pois reflete diretamente nos custos da canalização. Por outro lado, se o escoamento não é por gravidade, um menor diâmetro provocará uma maior perda de carga que implicará em um maior consumo de energia (bombas menos potentes); ü A perda de carga pode ser um recurso útil para reduzir a pressão em situações especiais; ü Valores práticos de velocidade média são recomendados e podem orientar o projetista na definição do melhor diâmetro: Considerações práticas: Água com material em suspensão: V > 0,6 m s-1; Instalações de recalque: 0,6 m s-1 < V < 2,5 m s-1; (mais usual = 1 m s-1 < V < 2 m s-1). “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir ” Cora Coralina
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