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As síndromes da psicopatologia... • Embora haja atualmente DOIS SISTEMAS de classificação que definem e descrevem os transtornos mentais específicos de forma clara, é considerado útil a abordagem inicial dos quadros mentais por meio da perspectiva SÍNDRÔMICA. SÍNDROME: Conjunto de SINAIS E SINTOMAS Sistemas internacionais de diagnóstico e classificação • Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) • CID 11 Teoria das Síndromes • Esta TEORIA postula que em uma síndrome, há: • SINTOMAS NUCLEARES: como alteração do nível de consciência e atenção no delirium ou a mudança do humor e do ritmo psíquico nos transtornos afetivos. • SINTOMAS PERIFÉRICOS: que se articulam em torno e hierarquicamente de forma secundária aos sintomas nucleares. Após a caracterização dos sinais e sintomas e seu agrupamento em SÍNDROMES é necessário a formulação de HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS relacionadas aos Transtornos Mentais Ansiedade • É definida como uma sensação vaga e difusa, desagradável, de apreensão ou tensão expectante, que se acompanha de diversas manifestações físicas: dispneia, taquicardia, tensão muscular, sudorese, tremor, etc. • Representa um estado afetivo normal, que é bastante útil, pois faz com que o indivíduo fique atento a um perigo iminente e tome as medidas adequadas para lidar com a situação. A ansiedade pode se tornar patológica em determinadas condições: ➢ Quando é excessiva; ➢ Quando leva a um sofrimento subjetivo intenso; ➢ Quando causa algum prejuízo significativo nas atividades sócio-ocupacionais ou na saúde física. Epidemiologia • As síndromes ansiosas representam os transtornos mentais mais frequentes. • Mundialmente: possui uma prevalência na vida de até 17 a 30%, e no último ano, em torno de até 11 a 18%. • 20 a 40% da população brasileira necessita de ajuda profissional por conta de algum transtorno mental. Transtornos de ansiedade • Incluem transtornos que compartilham características de MEDO e ANSIEDADE excessivos e perturbações comportamentais relacionados. • MEDO – É a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida • ANSIEDADE – É a antecipação de ameaça futura Fisiopatologia • A ansiedade é um estado de funcionamento cerebral em que ocorre ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). • Sintomas neurovegetativos: insônia, taquicardia, palidez, aumento da perspiração, tensão muscular, tremor, tontura, desordens intestinais, entre outros Sistemas Cerebrais envolvidos na Ansiedade: 1) Sistema Cerebral de Defesa (SCD): • Constituição: ▪ Amígdala; ▪ Hipotálamo ▪ Substância Cinzenta Periaquedutal (SCP) 2) Sistema de Inibição Comportamental (SIC): • Sistema septohipocampal Principais Vias de Neurotransmissão: 1) Sistema Gabaérgico: GABA é o principal neurotransmissor INIBITÓRIO. 2) Sistema Serotoninérgico: Serotonina como neurotransmissor. Medo Preocupação Transtornos De Ansiedade – Dsm V ▪ Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG); ▪ Transtorno de Pânico (TP); ▪ Especificador de Ataque de Pânico; ▪ Agorafobia; ▪ Fobias Específicas; ▪ Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social); ▪ Transtorno de Ansiedade de Separação ▪ Mutismo Seletivo. Ansiedade generalizada • Caracteriza-se pela presença de sintomas ansiosos excessivos, na maior parte dos dias, por pelo menos seis meses. • Sinais: angustia, preocupação, tensão, nervosismo ou irritabilidade. • Sintomas: insônia, dificuldade em relaxar, irritabilidade aumentada e dificuldade em concentrar-se. • Sintomas físicos: cefaléia, dores musculares, dores ou queimação no estomago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese fria. Ataques de pânico • São crises intensas de ansiedade, com descarga do sistema nervoso autônomo. • Sintomas: taquicardia, suor frio, tremores, desconforto respiratório ou sensação de asfixia, náuseas, formigamentos em membros ou lábios. • Crises intensas: despersonalização e desrealização. • Medo de ter um ataque do coração, infarto, de morrer e/ou enlouquecer. • Crises súbitas de intensos sintomas ansiosos que atingem um pico em até 10 minutos e de curta duração (duram geralmente não mais de uma hora). • Podem ocorrer em qualquer transtorno ansioso ou mesmo em outros transtornos mentais. • Geralmente são desencadeadas por determinadas condições: aglomerados humanos, ficar “preso” em congestionamentos no trânsito, supermercados com muita gente, situação de ameaça, etc. • Pode estar presente em qualquer transtorno psiquiátrico Transtorno de pânico (TP) • São crises de pânico são recorrentes, com desenvolvimento de medo de ter novas crises, preocupações sobre possíveis implicações da crise (perder o controle, ter um ataque cardíaco ou enlouquecer) e sofrimento subjetivo significativo. • O TP não está mais ligado a Agorafobia no DSM V e devem ser diagnosticados separadamente. Agorafobia • É o medo de desenvolver sintomas ansiosos em lugares cuja saída pode ser difícil ou embaraçosa ou em que não haja ajuda disponível. Fobias específicas • Fobia é uma condição na qual determinado objeto ou situação gera no indivíduo extrema ansiedade ou medo. • Acompanhada de comportamentos de fuga/esquiva do objeto temido Transtorno de ansiedade social (TAS) • A característica essencial é um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de situações sociais nas quais o indivíduo pode ser avaliado pelos outros. • Situações: falar, comer ou escrever em público. Transtorno de ansiedade de separação • Caracteriza-se pelo medo excessivo acerca da separação dos pais ou seus substitutos ou de sua casa. • Muito comum na infância e na adolescência. • No DSM-V, este transtorno passou a fazer parte do grupo de TA e passou a ser possível diagnóstico-ló após os 18 anos. Mutismo seletivo • Caracterizado pela capacidade de compreender a linguagem e de falar, mas de não o fazer em certas situações. • Transtorno RARO da infância Tratamento: Abordagens não farmacológicas: • Eliminar uso de estimulantes (ex.: cafeína e nicotina); • Pratica regular de exercícios; • Intervenções psicoterápicas específicas – Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Tratamento farmacológico ▪ Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) – citalopram, sertralina, paroxetina, escitalopram; ▪ Inibidores da receptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) – venlafaxina; ▪ Benzodiazepínicos – clonazepam, alprazolam. Considerações finais • Transtornos de ansiedade apresentam como características fundamentais o MEDO e a PREOCUPAÇÃO. • Amígdala tem um papel essencial na resposta de MEDO. • Circuitos corticoestriadotalamocorticias (CETC) desempenham um papel-chave na medicação da preocupação. • GABA é o neurotransmissor-chave na ansiedade. • Os ansiolíticos benzodiazepínicos atuam sobre GABA. • Serotonina, noradrenalina e outros reguladores dos circuitos da ansiedade também são discutidos como opção de tratamento dos transtornos de ansiedade. • A ansiedade patológica traz prejuízos sociais/ocupacionais ou sofrimento clinicamente relevantes. • Crises de Pânico não são exclusivas do Transtorno de Pânico; podem ocorrer em outros TA ou outros transtornos mentais, como depressão ou psicose. • É comum que paciente com transtornos de ansiedade priorizem queixas físicas. O diagnóstico correto depende de investigação ativa. • Nas crianças, a identificação precoce dos TA pode evitar repercussão negativa, como faltas escolares e ocorrência de problemas psiquiátricos na vida adulta. • Lembrar que nem todas as crianças são candidatas a intervenções formais porque os sintomas ansiosos podem ser leves e transitórios. • Os ISRS e a Venlafaxina são o tratamento farmacológico de primeira escolha para: TP; TAG; TAS; TEPT. • Nas fobias específicas e no TAS,a TCC é o centro do tratamento; • Em idosos, BZD e tricíclicos exigem cuidados redobrados. Neuroses • Os principais quadros psicopatológicos com predomínio de ansiedade eram, de modo geral, no passado, considerados neuroses. • Quadro neurótico permite uma compreensão adequada do paciente que apresenta sintomas: ▪ Ansiosos ▪ Fóbicos ▪ Obsessivos ▪ Histriônicos ▪ Hipocondríacos • “Neurose de Angustia” – TAG; Tx. de Pânico. • “Neurose Fóbica”- Tx. fóbicos (fobia social, agorafobia,etc). • “Neurose Histérica” OU “Histeria” – Quadros dissociativos e conversivos. • “Neurose Hipocondríaca” – Quadros hipocondríacos e somatoformes. • “Neurose Obsessiva- Compulsiva” – TOC. • “Neuroses Traumáticas ou de Guerra” – TEPT • No centro de todas as NEUROSES está a angustia. • Caracterizam-se por dificuldades e conflitos intrapsíquicos e interpessoais. • Tais conflitos que mantêm o sofrimento, a frustação, a angústia, o empobrecimento e a inadequação tanto do EU como das relações interpessoais. Síndromes fóbicas • As síndromes fóbicas caracterizam-se por medos intensos e irracionais, por situações, objetos ou animais que NÃO oferecem ao indivíduo perigo real e proporcional à intensidade de tal medo. • Agorafobia; • Fobia simples ou específica; • Fobia social. Transtornos dissociativos e transtornos conversivos: histeria • As síndromes histéricas caracterizam-se por apresentar manifestações clínicas tanto referentes ao corpo como à mente e o comportamento. • Pacientes histéricos apresentam comportamento dramático,teatral, infantil, sedutor e, eventualmente manipulativo. Conversão • Caracteriza-se por perda ou alteração de alguma função motora ou sensorial. • O quadro se parece com uma doença neurológica, mas o exame físico e os exames complementares não apresentam alteração. • Os sintomas surgem de forma súbita, geralmente como uma reação a um evento de estresse psicossocial, e também desaparecem repentinamente. Dissociação • Nos quadros dissociativos há um prejuízo na capacidade de integração dos diversos elementos e funções mentais. • As alterações envolvem basicamente a consciência (ou vigilância), a consciência da identidade do eu ou a memória. Quadros Histéricos: Conversões e Dissociações Síndromes Hipocondríacas e Somatização • Nos quadros hipocondríacos, predominam os temores e as preocupações intensas com a ideia de ter uma doença grave. • O indivíduo procura constantemente os médicos e os serviços de saúde para ter garantias de que não tem doença grave. • Preocupações não possuem caráter delirante • Somatização é um termo amplo, referente ao processo pelo qual um indivíduo usa (consciente ou inconsciente) seu corpo ou sintomas corporais para fins psicológicos ou para obter ganhos pessoais • Em geral, há o desejo de adquirir o papel de doente físico para obter ganhos primários (psicológicos, intrapsíquicos) ou secundários (sociais ou interpessoais) • Sintomas comuns: dores difusas (lombalgias), sintomas gastrintestinais e síndromes pseudoneurológicas. • A somatização pode servir como um meio de comunicação quando a expressão verbal mais direta está bloqueada. Síndromes obsessivo-compulsivas • Caracterizam-se por ideias, fantasias e imagens obsessivas e por atos, rituais ou comportamentos compulsivos. • Dividem-se em: ▪ Síndromes Obsessivas; ▪ Síndromes Compulsivas. Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) • OMS – Dentre os transtornos psiquiátricos é uma das principais causas de incapacitação. • Está associado a um risco até quatro vezes maior de desemprego. • Apresenta prevalência de 1 a 3% ao longo da vida na população geral. Histeria de conversão: Conflito psíquico simboliza-se nos sintomas corporais - Paralisias histéricas, cegueira histérica, anestesias e perturbações histéricas; “Quando o corpo fala”. Histeria dissociativa: Podem ocorrer alterações da consciência, com pseudocrises que se assemelham a crise epilépticas. Estado crepuscular histérico: crises histérico- dissociativas, com rebaixamento e afunilamento da consciência. • Quadro Clínico: Presença de obsessões e compulsões, onde a maioria das vezes as compulsões ocorrem em resposta à ansiedade, desconforto ou ao mal-estar causados pelas obsessões. • Obsessões: pensamentos, ideias, imagens, medos instrutivos. • Compulsões: comportamentos visíveis ou atos mentais repetitivos realizados de maneira ritualística. • Tratamento ▪ Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) – fluoxetina, fluvoxamina, sertralina, citalopram, paroxetina e escitalopram. ▪ Clomipramina: antidepressivo tricíclico com ação preferencial sobre a serotonina, primeiro medicamento usado na década de 1970 ▪ Não existe diferença de eficácia entre os diversos ISRS e a Clomipramina. Os ISRS são considerados a primeira escolha de tratamento devido a sua maior segurança e tolerabilidade. ▪ Terapia cognitivo-comportamental (TCC) – técnica de exposição com prevenção de resposta (EPR). ▪ Pacientes refratários – procedimentos neurocirúrgicos (estimulação cerebral profunda e radiocirurgia com raios gamas) -> 40 a 60% dos pacientes NÃO respondem de forma satisfatória aos tratamentos de primeira linha; 10 a 20% dos portadores apresentam remissão completa. Transtorno Dismórfico Corporal • Percepção distorcida da imagem corporal e preocupações exageradas com um defeito imaginário na aparência ou com um mínimo defeito corporal presente. • Prevalência ▪ 12% em pacientes com TOC; ▪ 6% em portadores de transtornos ansiosos; ▪ 12% em pacientes com fobia social • QUADRO CLÍNICO ▪ Preocupações: referem-se a uma ou mais partes do corpo, mais comumente a pele, cabelo e nariz. ▪ Comportamentos: repetitivos excessivos e são realizadas as preocupações com a aparência – repetidas verificações no espelho, comparação da própria aparência com a de outros indivíduos, grooming excessivo, camuflagem, etc. • TRATAMENTO ▪ Inibidores da recaptação de serotonina (ISRS) + Clomipramina ▪ Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). ▪ Taxa de resposta ao tratamento medicamentoso – 63 a 83%. ▪ Uma metanálise mostrou que tanto a farmacoterapia quanto a TCC são eficazes para o tratamento. Transtorno de colecionamento • O colecionamento tem sido caracterizado como um comportamento de adquirir objetos de pouca utilidade ou que tenham valor questionável e pela dificuldade persistente em descartá-los, levando ao acúmulo excessivo de objetos. • Os estudos relacionados ao tratamento são reduzidos e controversos. Transtorno de arrancar cabelos (Tricotilomania) • Comportamento recorrente de arrancar cabelos ou pelos. • DSM-5, o nome preferencial passou a ser transtorno de arrancar o cabelo (TAC). Transtorno de Cutucar a Pele (Dermatotilexomania) • Escoriação neurótica. • A característica essencial do transtorno de escoriação (Skin-picking) é o beliscar recorrente da própria pele. • Locais mais comuns: rosto, braços e mãos Tricotilomania e Dermatotilexomania- Tratamento • Psicoterapia comportamental – reversão de hábitos é a terapêutica com melhor evidencia de eficácia. • ISRS – Inibidores da recaptação de serotonina. Transtorno de estresse pós traumático – TEPT • É um transtorno com forte componente de ansiedade que se desenvolve após a exposição do indivíduo a um ou mais eventos extremamente ameaçadores, traumáticos e horríveis (como estupro, sequestro, assalto, homicídio, desabamentos, incêndios, catástrofes naturais, eventos de guerra, entre outros). • O TEPT se caracteriza por lembranças ou recordações vívidas que invadem a consciência do indivíduo que passou pelo trauma, os chamados flashbacks (ou em forma de pesadelos). • O limiar diagnóstico foi reduzidopara crianças e adolescentes. Transtorno de Estresse Agudo – TEA • Os sintomas ocorreram em um período de até 4 semanas após o evento traumático. • Paciente pode apresentar humor negativo, intrusão, dissociação, esquiva e alerta. Resumindo • As principais síndromes neuróticas e somatoformes podem ser descritas e classificadas da seguinte forma: ▪ Síndromes Fóbicas – Agorafobia; Fobia simples ou específica; Fobia Social. ▪ Obsessivo – Compulsivas – Síndromes Obsesivas e Síndromes Compulsivas. ▪ Histéricas – Conversão e Dissociação; ▪ Hipocondríacas – Somatização; ▪ Traumáticas – TEPT ▪ TEPT – Os sintomas duram no mínimo 04 semanas. ▪ TEA – Duração varia de 3 dias a 4 semanas, foi desenvolvida para identificar pessoas com risco de desenvolver TEPT.
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