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SEPSE NEONATAL PRECOCE E TARDIA MÓDULO RN- ANA MARIA Sepse neonatal é uma síndrome clínica que ocorre em uma criança com menos de 28 dias de vida e se manifesta por sinais sistêmicos de infecção e/ou isolamento no sangue de um agente patogênico Sepse neonatal precoce: surge nas primeiras 48h de vida e está relacionada à patógenos adquiridos da mãe, seja por via placentária, por via ascendente do colo uterino, por infecção urinária materna ou pelo trajeto no canal de parto É uma das principais causas de morte no período neonatal, com taxa de mortalidade de até 50% nos casos não tratados em tempo hábil DEFINIÇÃO Sepse neonatal tardia: surge após 48h de vida do RN, pode ser adquirida por infecção transversal materna, com colonização neonatal e manifestação clínica tardia, por transmissão horizontal com contato direto com trabalhadores ou por instrumentos e materiais contaminados das unidades neonatais EPIDEMIOLOGIA Incidência da sepse é inversamente proporcional à idade gestacioal ao nascimento Incidência em RN de termo é de 1-2/1000 nascidos vivos A incidência é 7-10 vezes maior em RN de baixo peso A incidência de sepse por EGB tem diminuido em razão da profilaxia intraparto Os microrganismos mais comumente associados com sepse neonatal precoce são: SGB; E. coli; Staphylococcus coagulase negativo; H. influenzae; L. monocytogenes. Os microrganismos mais comumente associados com sepse de início tardio são: Staphylococcus coagulase negativo; S. aureus; E. coli; Klebsiella; pseudomonas; enterobacter; Candida; SGB; Serratia; acinetobacter; Etiologia Desnutrição Abortos recorrentes RPMO falta de pré-natal Mãe submetida a cerclagem ou amniocentese Mãe portadora de EGB sem profilaxia adequada Corioamnionite Taquicardia materna (maior que 100 bpm) Taquicardia fetal (maior que 160 bpm) Infecção urinária materna Mãe intenada em UTI Febre materna Antecedentes de infecção materna por Streptococcus agalactiae Infecçõe do trato genital Parto prolongado Líquido amniótico fétido Sexo masculino Índice de Apgar baixo Prematuridade Líquido amniótico tinto de mecônio RN que teve necessidade de ressuscitação Gestação múltipla Asfixia perinatal FATORES DE RISCO FATORES DE RISCO FATORES DE RISCO FATORES DE RISCO FISIOPATOLOGIA Falta de perfusão sanguínea nos órgãos Aula Vanessa no choque séptico não raramente ocorre coagulação intravascular disseminada (CIVD), resultante da geração sustentada de trombina, que causa trombose micro-vascular com disfunção orgânica final, e paradoxalmente, diátese hemorrágica devido ao consumo de fatores da coagulação Step 1 Step 2 Step 3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Instabilidade térmica Dificuldade respiratória Hipotonia e convulsões Irritabilidade e letargia Manifestações gastrintestinais Icterícia idiopática Palidez cutânea Sinais de sangramento "RN não parece bem" Hipotermia (temperatura axilar menor que 36,5°C) Hipertermia (temperatura axilar maior que 37,5°C) A presença de três ou mais sinais clínicos no RN ou no mínimo dois sinais associados a fatores de risco maternos autoriza o diagnóstico de sepse clínica ou síndrome séptica, justificando-se, nesse caso, o início da antibioticoterapia sem o auxílio de exames laboratoriais. Diagnóstico clínico Para efetivamente confirmar a sepse neonatal, é preciso isolar um patógeno na hemocultura, só que esse exame demora alguns dias para ficar pronto e ainda tem 10% de casos falso negativos, então é comum iniciar o tratamento empirico baseado nos fatores de risco maternos, nas manifestações clínicas e nos exames laboratoriais indicando infecção. Quando o resultado da cultura fica pronto, os antibióticos são alterados conforme o patógeno envolvido. DIAGNÓSTICO Fatores de risco materno Manifestações clínicas Exames laboratoriais DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Infecções virais por citomegalovírus, herpes simples, vírus da influenza, vírus sincicial respiratório, enterovírus; sífilis; toxoplasmose congênita, malária congênita; infecção fúngica; outras infecções bacterianas, como infecção do trato urinário, osteomielite, artrite séptica; também podem ser motivos de confusão a cardiopatia congênita, hipóxia e erro inato do metabolismo. Exames laboratoriais Hemograma: observar os neutrófilos, se razão entre neutrófilos imaturos e neutrófilos totais for maior que 0,2 é indicativo se de sepse, se menor que 0,2 é provável que o RN não esteja infectado Proteína C reativa: é um exame sensível, mas não é específico - valores acima de 10 mg/dl indicam alteração Radiografia de tórax Urocultura Citocinas: : as citocinas pró-inflamatórias 2 e 6, gama interferon,fator de necrose tumoral e citocinas anti-inflamatórias 4 e 10 estão aumentadas nos lactentes com infecção Procalcitocina: é equivalente ou melhor do que a proteína C reativa para detectar infecção bacteriana no RN Exames laboratoriais PCR: direcionamento do tratamento Aspirado gástrico: se tiver leucócitos indica resposta materna a inflamação, tendo em vista que o feto engole grandes quantidades de líquido amniótico Hemocultura: é o mais importante, 2 ml, não colhe da veia umbilical Punção lombar Escore de Rodwell leucopenia ou neutrofilia; elevação de neutrófilos imaturos; índice neutrofílico aumentado; razão de neutrófilos imaturos sobre segmentados superior a 0,3; plaquetopenia ≤ 150.000 Considera um ponto para cada um dos seguintes dados Escore maior que 3 é indicativo de sepse Escore menor que 2 é indicativo de que não é sepse Tratamento Medidas de suporte Deve-se manter controle dos seguintes parâmetros: frequência cardíaca, frequência respiratória, enchimento capilar,saturação da hemoglobina, diurese e temperatura, pressão arterial; glicemia, glicosúria; equilíbrio eletrolítico e equilíbrio acidobásico Todo RN com quadro de sepse deve receber o tratamento em UTI. Em caso de choque, a reversão deve ser pronta, evitando a evolução para o estágio irreversível. O tratamento inicial deve ser feito com expansão com solução cristaloide, de preferência o soro fisiológico 0,9%, na dose de 10 a 20 mL/kg de peso, infundido em 30 minutos. Drogas vasoativas podem ser necessárias, como dopamina e adrenalina Suporte ventilatório deve ser indicado sempre que necessário para manter a oxigenação adequada Bicarbonato de sódio deve ser dministrado quando se observa acidose metabólica documentada, A administração de bicarbonato deve ser lenta, nunca em bolus, em razão da alta osmolaridade, o que aumenta o risco de hemorragia central O estado infeccioso demanda uma alta taxa de consumo metabólico, o que aumenta o catabolismo proteico, o consumo de oxigênio, o consumo de gordura, aumentando o quociente respiratório. É importante adequar à oferta nutricional, a fim de evitar o catabolismo e manter o estado nutricional do bebê, evitando-se assim a lipólise e o balanço nitrogenado negativo Medidas de suporte Medidas de suporteMedidas de suporte Medidas de suporte Concentrado de hemácias está indicado nas perdas por hemorragias, para manter o hematócrito em 40% no bebê séptico. A infusão deve ser lenta, realizada em 3 a 6 horas, na dose de 10 a 15 mL/kg O concentrado de plaquetas está indicado quando a contagem está abaixo de 50.000/mm3, na dose de 10 mL/kg Plasma fresco congelado está indicado para os casos de sangramento por coagulação intravascular disseminada, na dose de 10 mL/kg Imunoglobulina humana tem seu uso controverso - Sua utilização é mais ecomendada para sepse tardia grave e em pacientes neutropênicos (< 500 neutrófilos/mm3) e com choque séptico, na dose de 750 mg/kg via endovenosa, em 2 a 4 horas, com o intuito de oferecer opsoninas e aumentar os neutrófilos sem, entretanto, melhorar a oferta de anticorpos específicos ao agente infeccioso Medidas de suporte Medidas de suporte Medidas de suporte Medidas de suporte A transfusão de granulócitos pode ser utilizada em pacientes neutropênicos, na dose de 15 a 20 mL/kg de concentrado de células.- poucos estudos e sem redução na mortalidade A pentoxifilinafoi usada em estudo europeu multicêntrico, com a finalidade de inibir a produção do fator alfa de necrose tumoral, na dose de 5 mg/kg/h por 6 horas, por via endovenosa, por um período de 6 dias, associada a antibioticoterapia. Houve redução da mortalidade e atenuação da gravidade do quadro clínico, sem nenhum efeito adverso. Entretanto, essa é uma droga que requer mais ensaios clínicos multicêntricos para ter seu uso rotineiro indicado Fator estimulador de colônia de granulócitos e macrófagos humanos (rhGM-CSF) não reduz a mortalidade, embora leve a melhora da neutropenia e a redução da incidência de infecção hospitalar em recém-nascidos com peso abaixo de 2.000 g Medidas de suporte Medidas de suporte Medidas de suporte Tratamento Sepse precoce Recomendação para antibioticoterapia empírica: Ampicilina (200 mg/kg/dia) associada com Gentamicina (5 mg/kg/dia) Depois que sai o resultado das culturas, trata direcionado ao germe causador. Como a doença pode evoluir desfavoravelmente de maneira abrupta, a tendência é tratar o RN quando se suspeita de sepse, especialmente o RN pré-termo, que, por ser imunodeficiente, é mais suscetível à infecção. É comum o RN assintomático com alto risco para desenvolvimento de infecção receber antibioticoterapia empírica, mesmo sem evidência de germe em hemoculturas e demais exames de culturas. Entretanto, é importante salientar que o risco de infecção em RN assintomático é baixo. Tratamento Sepse tardia O tratamento deve ser voltado para os tipos de bactérias que geralmente estão envolvidos na sepse tardia Diante da situação de hemocultura negativa, se tiver fator de risco ou sinais clínicos, o médico deve manter o tratamento empírico Todos os recém-nascidos com sepse tardia devem realizar uma punção lombar para afirmar ou excluir meningite Tratamento Sepse tardia Sepse adquirida na comunidade: ampicilina + gentamicina; havendo evidência de estafilococos: oxacilina + gentamicina/ amicacina; havendo evidência de meningite: adicionar cefotaxima. Observação RN A TERMO ASSINTOMÁTICOS Recém-nascidos a termo assintomáticos e com fator de risco devem ser avaliados por uma hemocultura e talvez uma proteína C reativa e um hemograma completo. É preciso observar a evolução e aguardar os resultados laboratoriais. Nos casos em que o recém-nascido é nascido de uma mãe com febre (≥ 38°C) antes do parto e até 24 horas pós-parto, devem-se colher os exames de investigação (hemograma, hemocultura proteína C reativa) e iniciar o tratamento empírico. No caso de criança assintomática, nascida de mãe com bolsa rota ≥ 18 horas, sem febre materna ou outros sinais sugestivos de sepse neonatal, o recém-nascido deve ser observado no hospital por 48 horas. Se aparecerem sinais sugestivos de sepse, deve-se rastrear com hemocultura, hemograma, proteína C reativa e liquor e iniciar a terapia antimicrobiana. Recém-nascidos a termo sintomático devem ser avaliados e, no mínimo, deve-se solicitar hemograma, cultura de sangue, liquor e proteína C reativa, além de iniciar terapia antimicrobiana. Recém-nascidos de termo com sinais de sepse tardia devem,no mínimo, ser avaliados com um hemograma (com diferencial da série branca), hemocultura, urocultura e de outros locais, como lesão de pele, osso, derrames. Antibioticoterapia empírica deve ser iniciada. Sanar flix Prevenção cuidados com a mulher grávida medidas profiláticas dentro da UTI UTI neonatal com isolamento, para gerar menor risco de um RN transmitir doença para o outro Store in a dry place. Sanar flix É o primeiro gemelar que tem risco, a infecção urinária é mais no terceiro trimestre e no trabalho de parto, RPMO é em tempo superior a 18h (MS), e colonização principalmente pelo SGB Sanar flix Sanar flix Podemos pensar que sepse precoce está associada com bac gram negativo e sepse tardia está associada com gram positivo e fungo Sanar flix Prova COSEAC - 2015 - UFF - Médico/Área: Neonatologia Prova COSEAC - 2015 - UFF - Médico/Área: Neonatologia UFG/FM PROCESSO SELETIVO COREME SUPLEMENTAR/2014 UFG/FM PROCESSO SELETIVO COREME SUPLEMENTAR/2014 UFG/FM PROCESSO SELETIVO COREME SUPLEMENTAR/2014 UFG/FM PROCESSO SELETIVO COREME SUPLEMENTAR/2014 Atenção à saúde do recém-nascido : guia para os profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. Referências Tratado de pediatria : Sociedade Brasileira de Pediatria / [organizadores Dennis Alexander Rabelo Burns... [et al.]. -- 4. ed. - Barueri, SP : Manole, 2017.