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Recurso em Sentido Estrito

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Prática simulada
Aula do dia 12/03/2021
Recurso em Sentido Estrito
Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu
carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma
via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava
abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, entretanto,
Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo e, no
momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta
velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via.
Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria
Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos
sofridos pela colisão. Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso
das investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contra
Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na
modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP).
Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca
do resultado que poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a
ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário.
A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais
exigidos em lei foram regularmente praticados.
Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente
fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial
acusatória.
O advogado de Jerusa é intimado da referida decisão em 02 de agosto de
2013 (sexta-feira). Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os
elementos fornecidos, elabore o recurso cabível e date-o com o último dia do
prazo para a interposição. A simples menção ou transcrição do dispositivo
legal não pontua.
Observações:
Requerimentos
Na interposição, deve-se requerer:
(a) o recebimento e processamento do recurso;
(b) o juízo de retratação nos termos do artigo 589 do CPP e caso o Magistrado
entenda que deve manter da decisão;
(c) a remessa do recurso ao tribunal de justiça ou Tribunal Regional Federal.
Legitimidade
Somente poderá interpor recurso em sentido estrito a parte prejudicada pela decisão
recorrida. O recurso do assistente é sempre de caráter supletivo, ou seja, só pode
ser interposto se o Ministério Público não tiver recorrido. Caso contrário, cabe ao
assistente apenas arrazoar o recurso ministerial.
Competência
A regra é que o recurso em sentido estrito seja interposto perante o juízo de
primeiro grau que proferiu a decisão recorrida. Recebido o recurso serão intimados,
sucessivamente, recorrente e recorrido para apresentarem razões ou contrarrazões.
Nada obsta, entretanto, que o recorrente ofereça suas razões já no momento da
interposição.
Prazo
O prazo para a interposição do recurso em sentido estrito é, em regra, de 5 (cinco)
dias. As exceções são: a) o recurso da decisão que incluir jurado na lista geral ou
desta o excluir, cujo prazo é de 20 (vinte) dias; b) recurso interposto supletivamente
pelo assistente da acusação: prazo de 15 (quinze) dias, a contar do final do prazo
do Ministério Público.
Obs: Artigo
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal do Tribunal
do Júri da….
Comarca ...
Processo no ...
JERUSA, já qualificada nos autos da ação penal que lhe move o Ministério
Público, por seu procurador firmatário, procuração anexa (fl. ...), vem, à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 581, inciso IV, do
Código de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO,
apresentando, desde logo, suas razões recursais para a reforma da decisão.
Requer, ainda, uma vez recebido e processado o recurso, a retratação de
Vossa Excelência, com base no artigo 589 do Código de Processo Penal, ou,
em caso negativo, a sua remessa à Superior Instância para análise e
julgamento.
Nesses termos, pede deferimento.
Local..., 09 de agosto de 2013.
Advogado...
OAB…
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...
COLENDA CÂMARA CRIMINAL
EMINENTE PROCURADOR DE JUSTIÇA
Processo criminal n.o ...
Recorrente: JERUSA
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO
1. DOS FATOS
A ré foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio
doloso simples, na modalidade dolo eventual, capitulado no artigo 121,
“caput”, combinado com o artigo 18, inciso I, parte final, ambos do Código
Penal.
Finda a instrução probatória, o Juízo pronunciou a acusada pelo crime
apontado na inicial acusatória. A defesa foi intimada na data de 02/08/2013.
2. DO DIREITO
2.1. Da ausência de dolo no agir da acusada
De acordo com o artigo 18, inciso I, parte final, do Código Penal, haverá dolo
eventual quando o agente assumir o risco de produzir o resultado, sendo
adotada, neste particular, a teoria do consentimento.
No caso dos autos, a ré não agiu com dolo eventual, já que em nenhum
momento assumiu o risco de causar a morte da vítima. Veja-se que a acusada
conduzia o veículo respeitando os limites de velocidade, além de ter sido
responsável por chamar o socorro logo depois do acidente.
Portanto, a denunciada deve responder pela prática de homicídio culposo na
direção de veículo automotor, já que sua conduta se amolda àquela descrita
no artigo 302 do Código de Trânsito (Lei 9.503/97).
2.2. Da desclassificação
Havendo delito diverso daqueles referidos no artigo 74, § 1o, do Código de
Processo Penal (crimes dolosos contra a vida), o Tribunal do Júri não será
competente para apreciá-lo, devendo ser operada a necessária
desclassificação.
Assim, como o agir da ré se enquadra no tipo penal disposto no artigo 302 do
Código de Trânsito (homicídio culposo), e não no artigo 121 do Código Penal
(homicídio doloso), deve ocorrer a desclassificação, nos termos do artigo 419
do Código de Processo Penal.
3. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) Preliminarmente, o conhecimento do presente recurso em sentido estrito;
b) No mérito, o seu provimento, a fim de que seja operada a desclassificação
do delito de homicídio doloso (artigo 121 do Código Penal) para o crime de
homicídio culposo na direção de veículo automotor (artigo 302 do Código de
Trânsito), com base no artigo 419 do Código de Processo Penal.
Nesses termos, pede deferimento.
Local..., 09 de agosto de 2013.
Advogado...
OAB...
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
As hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito são taxativas e
concentram-se, na maior parte, nos incisos do artigo 581 do CPP.
Além desse, no entanto, outros dispositivos preveem o recurso em questão: o artigo
294, parágrafo único, do CTB, o art. 6º, parágrafo único, da Lei n. 1.508/51(regula o
processo das contravenções) e o artigo 2º, III, do Dec.-lei n. 201/67 (crimes de
responsabilidade dos prefeitos.
Por outro lado, uma série de hipóteses constantes do artigo 581 do CPP hoje não
mais cabem o recurso em sentido estrito. Isso porque são decisões que atualmente
competem ao juiz das execuções e, dessa forma, de acordo com o artigo 197 da
LEP (Lei de Execução Penal – Lei n. 7.210/84), são combatidas por meio de agravo
em execução, que terá o mesmo prazo do rese por força da Súmula 700 do STF.
São, portanto, decisões previstas no artigo 581 do CPP que não mais comportam
recurso em sentido:
a) que conceder, negar ou revogar sursis (art.581, XI, do CPP);
b) que conceder, negar ou revogar livramento condicional (art. 581, XII, do CPP);
c) que decidir sobre a unificação das penas (art. 581, XVII, do CPP);
d) que decretar medida de segurança depois de transitar a sentença em julgado (art.
581, XIX, do CPP);
e) que impuser medida de segurança por transgressão de outra (art. 581, XX, do
CPP);
f) que mantiver ou substituir a medida de segurança nos casos do art. 774 (art. 581,
XXI, do CPP);
g) que revogar medida de segurança (art. 581, XXII, do CPP);
h) que deixar de revogar medida de segurança, nos casos em que a lei permita (art.
581, XXIII, do CPP);
i) que converter a multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, XXIV, do
CPP), embora esta possibilidade não exista mais noCódigo Penal.
Quanto ao inciso XI, que trata da decisão que conceder, negar ou revogar o sursis,
as possibilidades são as seguintes:
a) sursis concedido ou negado na sentença: a decisão comporta recurso de
apelação;
b) sursis concedido, negado ou revogado pelo juiz das execuções: a decisão
comporta agravo em execução.
Isso posto, trataremos a seguir das decisões que comportam o recurso em
sentido estrito.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Havendo, por qualquer razão, rejeição da denúncia ou queixa, nos termos do artigo
395 do CPP (falta de condição da ação ou pressuposto recursal), cabe à acusação
interpor recurso em sentido estrito, buscando o seu recebimento.
E se o juiz recebe a denúncia ou queixa, mas alterando a classificação do crime
contida inicialmente? Prevalece que tal decisão equivale à rejeição e, portanto,
comporta recurso em sentido estrito.
Vale observar que no rito sumaríssimo da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa
cabe apelação. Em regra, da decisão que recebe a denúncia ou a queixa (decisão
interlocutória simples) não cabe qualquer recurso, podendo, no entanto, ser
impetrado habeas corpus.
II - que concluir pela incompetência do juízo;
As regras de competência vêm consignadas nos artigos 69 e ss. do CPP.
De decisão que conclui pela competência do juízo, não há recurso previsto. Caso a
parte entenda ser incompetente o juízo, cabe alegá-lo em exceção de
incompetência, habeas corpus ou mesmo em apelação, de acordo com o momento
processual.
Cabe observar que, no rito especial do júri, da decisão que desclassifica a infração
para outro crime não doloso contra a vida, a maioria da doutrina entende que cabe
recurso em sentido estrito com fundamento neste dispositivo.
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
Segundo o artigo 95 do CPP, poderão ser opostas exceções de suspeição,
incompetência de juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada: –
suspeição: nos casos previstos no artigo 254 do CPP.
Ressalte-se que, além da suspeição do juiz, pode ser oposta exceção de suspeição
dos membros do Ministério Público, peritos, intérpretes, serventuários ou
funcionários da justiça, e ainda dos jurados, no Tribunal do Júri. Atenção: em
qualquer caso da decisão que acolhe a exceção de suspeição, não cabe qualquer
recurso. É ressalva expressa do inciso em comento; – incompetência: as hipóteses
de incompetência já foram tratadas no tópico precedente. Cabe apenas ressaltar
que se a incompetência for declarada de ofício, o recurso deve ter como
fundamento o inciso anterior (inc. II). Mas, se a parte opuser exceção de
incompetência e o juiz, acolhendo a exceção, declarar-se incompetente, o
fundamento correto é o inciso em estudo (inc. III);
Nos casos supra, se o juiz julgar procedente a exceção oposta pelo réu, poderá o
autor da ação interpor recurso em sentido estrito. Ressalve-se que não há recurso
da decisão que julga procedente a exceção de suspeição.
Da decisão que rejeita qualquer das exceções também não cabe qualquer recurso.
É possível, no entanto, à defesa, alegar a matéria em habeas corpus ou ainda em
apelação, conforme o momento processual.
IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
A sentença de pronúncia tem lugar sempre que o juiz se convencer da existência do
crime e de indícios suficientes de sua autoria. Sendo acolhida a acusação, o réu
será levado a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Quando, por outro lado, o juiz não se convencer da existência de crime e de indícios
de autoria deverá, proferir sentença de impronúncia, que desafia, no entanto
recurso, de apelação, bem como a sentença de absolvição sumária (art. 416 do
CPP).
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
Os incisos V e VII serão abordados conjuntamente, posto que ambos dizem respeito
a decisões relativas às prisões processuais e à liberdade provisória. Dividiremos o
estudo em quatro tópicos: fiança; liberdade provisória sem fiança; prisão preventiva
e prisão em flagrante. Cumpre destacar que a acusação terá interesse de recorrer
da decisão que conceder ou arbitrar a fiança. Já a defesa recorrerá da decisão que
negá-la, arbitrá-la em valor excessivamente elevado, julgá-la inidônea, quebrada ou
perdida.
Observe-se que, nas hipóteses de interesse da defesa, embora o recurso
expressamente previsto para o caso seja o recurso em sentido estrito, é adequada
também a impetração de habeas corpus, uma vez que, em todas elas há arbitrário
prejuízo à liberdade de locomoção. A seguir, vejamos cada uma das hipóteses: e.1)
Casos relacionados à fiança serão recorríveis em sentido estrito as seguintes
decisões: – que conceder fiança (desde que seja concedida pelo juiz e não pela
autoridade policial). A autoridade policial pode conceder liberdade provisória no
caso de crime apenado com detenção.
Se o fizer, a decisão é irrecorrível. Já se o crime for apenado com reclusão, apenas
ao juiz cabe a concessão da liberdade provisória com arbitramento de fiança. É
dessa decisão que cabe recurso em sentido estrito.
– que arbitrar fiança (desde que seja arbitrada pelo juiz e não pela autoridade
policial). Tendo sido concedida a fiança, é possível às partes se insurgirem contra o
valor arbitrado: a acusação por considerá-lo injustificadamente reduzido, e a defesa
por julgá-lo demasiadamente elevado. Se a fiança for arbitrada pela autoridade
policial, o que é possível para os crimes apenados com detenção, da decisão não
cabe qualquer recurso. Se, no entanto, o delegado de polícia arbitrá-la em valor tão
elevado que inviabilize o seu pagamento e, portanto, obrigue o agente a ser mantido
na prisão, é possível a impetração de habeas corpus (com fundamento no art. 648,
V, do CPP, pois arbitrá-la de forma a impossibilitar o seu pagamento equivale a
negá-la). Já quando a fiança for fixada pelo juiz, contra a decisão é interponível o
recurso em sentido estrito. E se juiz fixá-la em valor demasiadamente alto? Nesse
caso, pode a defesa optar entre o recurso em sentido estrito e o habeas corpus.
– que negar fiança (desde que seja negada pelo juiz e não pela autoridade policial).
Vale aqui a mesma observação já feita no parágrafo anterior.
Se a liberdade provisória for negada pela autoridade policial não há recurso cabível,
podendo o prejudicado impetrar habeas corpus, com base no artigo 648, V, do CPP
("art. 648. A coação considerar-se-á ilegal"), em face do injusto constrangimento à
sua liberdade de locomoção. Se, por outro lado, o juiz negar ao preso o direito à
liberdade provisória com arbitramento de fiança, aí sim o caso é de interposição de
recurso em sentido estrito.
– que cassar a fiança. Conforme os artigos 338 e 339 do CPP, a fiança poderá ser
cassada pelo juiz quando tiver sido concedida em situação que não a comporta, ou
quando, em virtude da nova classificação do delito, for reconhecida a existência de
crime inafiançável.
– que julgar inidônea a fiança. A fiança será julgada inidônea quando a autoridade
tomar, por engano, fiança insuficiente; quando houver depreciação material ou
perecimento dos bens hipotecados ou caucionados ou ainda quando for inovada a
classificação do delito. Em todos esses casos, será exigido reforço da fiança, e
dessa decisão cabe o recurso em sentido estrito.
– que julgar quebrada a fiança. A concessão da fiança gera para o afiançado a
obrigação de comparecer perante a autoridade todas as vezes que for intimado.
Caso deixe de fazê-lo, injustificadamente, será considerada quebrada a fiança. O
mesmo acontecerá se mudar de residência, sem prévia autorização da autoridade
competente, quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a
lei a autoriza, ausentar-se por mais de 8 (oito)dias de sua residência sem
comunicar à autoridade o lugar em que será encontrado, ou, ainda, se, na vigência
da fiança, praticar outra infração penal. O quebramento da fiança só pode ser
decretado pela autoridade judiciária, e contra tal decisão cabe recurso em sentido
estrito.
– que julgar perdida a fiança. O valor da fiança será perdido, na sua totalidade, se,
condenado, o réu não se apresentar à prisão.
Casos relacionado à liberdade provisória sem fiança: no que se refere à liberdade
provisória sem fiança, caberá recurso em sentido estrito da decisão que conceder
liberdade provisória sem fiança. O Código de Processo Penal não estabelece quais
são os crimes afiançáveis, apenas os inafiançáveis nos arts. 323 e 324 do CPP.
Observe-se que, se a liberdade provisória sem fiança for negada, não cabe recurso
em sentido estrito, por falta de previsão legal, e sim habeas corpus.
Casos relacionados à prisão em flagrante: é cabível recurso em sentido estrito da
decisão que relaxar a prisão em flagrante.
Caso o pedido de relaxamento de prisão em flagrante seja negado, não é possível a
interposição de recurso em sentido estrito, por falta de previsão, cabendo a
impetração de habeas corpus.
Casos relacionados à prisão preventiva: é cabível recurso em sentido estrito da
decisão que indeferir requerimento de decretação da preventiva ou da que revogar a
preventiva já decretada.
Da decisão que deferir o requerimento, vale dizer, que efetivamente decretar a
prisão preventiva, não cabe recurso em sentido estrito por falta de expressa
previsão legal. Também não cabe recurso da decisão que indeferir o pedido de
revogação da prisão. Nos dois casos, no entanto, é possível a impetração de
habeas corpus.
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva
da punibilidade;
Ambos os incisos serão abordados conjuntamente, posto que versam sobre a
mesma matéria, qual seja, a extinção da punibilidade.
As causas de extinção da punibilidade estão, em sua maioria, previstas no artigo
107 do CP e podem sobrevir tanto durante o processo de conhecimento quanto
durante a execução da pena. Está claro que só caberá recurso em sentido estrito se
a decisão relativa à extinção da punibilidade for proferida durante o processo de
conhecimento, pelo juiz da causa, pois, caso o seja durante o processo de
execução, o recurso cabível é o agravo em execução.
Tanto da decisão que indefere o pedido de extinção da punibilidade quanto da que
declara extinta a punibilidade, cabe o recurso em sentido estrito. No entanto, há
duas exceções: a primeira, quando, na sentença, o juiz ao mesmo tempo repudia o
argumento de extinção da punibilidade e condena o réu.
Nesse caso, há uma sentença condenatória da qual cabe recurso de apelação, por
força do artigo 593, § 4o, do CPP. Ou, então, na fase logo após o oferecimento, pelo
réu, da resposta à acusação, o juiz, acolhendo a tese de extinção da punibilidade,
absolve sumariamente o acusado (art. 397 do CPP).
Aqui, houve uma sentença de absolvição, que comporta, portanto, apelação
(embora tal entendimento não seja pacífico).
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
Da concessão de habeas corpus o juiz deve, obrigatoriamente, recorrer de ofício, o
que não impede, no entanto, o recurso voluntário, que pode ser tanto do Ministério
Público quanto do ofendido ou seu representante legal (nos crimes de ação penal
privada). Quando, por outro lado, o Magistrado denegar a ordem de habeas corpus,
cabe recurso em sentido estrito a ser interposto pelo paciente, sempre por meio de
advogado.
Observação:
Vale lembrar que o inciso em questão cuida apenas da hipótese de concessão ou
negação de habeas corpus em primeira instância, ou seja, quando a autoridade
coatora for a autoridade policial ou particular e a ordem tiver sido impetrada perante
o juízo de primeiro grau. Caso o writ seja denegado pelos Tribunais dos Estados,
pelos Tribunais Regionais Federais ou ainda pelos tribunais superiores, a peça
cabível será o recurso ordinário constitucional. Caso o habeas corpus seja
concedido por um dos tribunais mencionados, não há recurso previsto, podendo ser
utilizados os recursos especial e extraordinário, se preenchidos os requisitos de
admissibilidade.
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
É cabível a interposição de recurso em sentido estrito da decisão que anular o
processo da instrução criminal, no todo ou em parte. A nulidade pode ter sido
declarada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
Caso o juiz indefira o pedido de anulação do processo, não é cabível o recurso em
questão. Nessa hipótese, pode o acusado impetrar ordem de habeas corpus, com
fundamento no artigo 648, VI, ou, ainda, pode a parte prejudicada arguir a nulidade
em recurso de apelação.
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
Cabe recurso em sentido estrito da decisão que alterar a lista de jurados. A lista
geral de jurados será publicada em outubro de cada ano e poderá ser alterada de
ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10
de novembro, data de sua publicação definitiva. Em face dessa possibilidade de
reclamação, instituída pela Lei n. 11.689/2008, parte considerável da doutrina vem
entendendo que não cabe mais o recurso em sentido estrito nessa hipótese
O recurso da decisão que incluir jurado na lista geral ou dela o excluir será
interposto perante o juiz que promoveu a inclusão ou exclusão e as razões
endereçadas ao Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça.
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
A denegação da apelação refere-se à ausência dos requisitos de admissibilidade
recursal, que são, basicamente: – tempestividade: deve-se verificar se a apelação
foi proposta dentro do quinquídio legal. Caso contrário, deverá ser denegada por
intempestividade; – adequação: deve-se verificar se a apelação era o recurso
adequado para combater a decisão, lembrando que, de acordo com o princípio da
fungibilidade recursal (art. 579 do CPP), a parte não será prejudicada pela
interposição de um recurso por outro, salvo no caso de comprovada má-fé. Entende
ainda a jurisprudência que, para ser admitido o recurso incorreto, é imprescindível
que o prazo do recurso adequado tenha sido observado; – legitimidade: deverá ser
verificado se a parte recorrente tem legitimidade e interesse para tanto.
Será também cabível o recurso em sentido estrito da decisão que julgar deserta a
apelação, o que ocorre quando o recorrente deixa de pagar o preparo. Observe-se
que a necessidade de preparo varia entre os Estados da Federação. No Estado de
São Paulo, segundo a Lei Estadual n. 11.608/2003, só se exige preparo para
recorrer no caso de apelação da acusação nas ações privadas, e, ainda assim,
exclusivamente para a apelação do querelante.
Até a entrada em vigor da Lei n. 11.719/2008, era pressuposto de admissibilidade
da apelação o recolhimento do réu à prisão, salvo se fosse primário e de bons
antecedentes. Além disso, o artigo 595 previa a hipótese de deserção da apelação
quando o réu fugia após haver apelado. A jurisprudência, entretanto, já vinha
afastando o texto da Lei, para pôr em relevo o princípio constitucional do duplo grau
de jurisdição, que não pode ser limitado pela exigência da perda da liberdade,
entendimento consolidado na Súmula 347 do STJ. A supracitada lei, pondo-se de
acordo com a jurisprudência, revogou o artigo 594, que elevava o recolhimento à
prisão à categoria de pressuposto recursal. De modo que, mesmo sendo legítima a
prisão, não pode o juiz se negar a receber a apelação sob o argumento de que o
condenado está foragido. Pela mesma razão também não podia mais subsistir a
decretação de deserção quando o réu foge após haver apelado. Por fim, a Lei n.
12.403/2011 terminoupor revogar expressamente o artigo 595 do CPP, eliminando
por completo a possibilidade de deserção pela fuga.
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
As questões prejudiciais são tratadas nos artigos 92 e 93 do CPP.
O primeiro cuida das prejudiciais obrigatórias: se a decisão sobre a existência da
infração depender da solução de controvérsia sobre o estado civil das pessoas, o
curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia
dirimida por sentença passada em julgado. O segundo trata de prejudicial
facultativa: se o reconhecimento da existência da infração penal depender de
decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do
juízo cível, e nesse houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal
poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito
cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo.
Da decisão que determinar a suspensão cabe o recurso em sentido estrito.
Há entendimento doutrinário sustentando também ser possível a interposição do
mencionado recurso quando for determinada a suspensão do processo por outra
razão, como, por exemplo, para o cumprimento de carta rogatória e quando o réu,
citado por edital, não apresenta resposta à acusação.
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
O incidente de falsidade encontra-se disciplinado nos artigos 145 e ss. do CPP e
será instaurado sempre que qualquer das partes arguir, por escrito, a falsidade de
documento constante dos autos. O juiz, então, mandará autuar em apartado a
impugnação, ouvirá a parte contrária em 48 horas assinará o prazo de três dias,
sucessivamente, para as partes provarem as suas alegações ordenará as
diligências que julgar necessárias e, por fim, decidirá pela procedência ou não do
pedido. Julgado procedente ou improcedente o pedido, caberá recurso em sentido
estrito. Caso seja reconhecida a falsidade, após transitada em julgado a decisão,
será o documento desentranhado dos autos e remetido, com o processo incidente,
ao Ministério Público.
Observe-se que da decisão final nos demais processos incidentes (por exemplo, o
pedido de restituição de coisas apreendidas, pedido de sequestro ou especialização
de hipoteca legal) não cabe recurso em sentido estrito, por falta de expressa
previsão legal.
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a
revogação;
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal,
previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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