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DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS A natureza da compulsão é basicamente a mesma. Todos os transtornos em geral possuem a mesma etiologia, o que muda é a sublimação do paciente em cada coisa (pode ser comida, compras, jogos, drogas, sexo, trabalho...). A compulsão é causada por uma dor inicial, como um trauma na infância (como abusos sexuais). O tratamento da compulsão alimentar é muito difícil, pois não tem como tirar a comida da vida da pessoa, não é possível tratar com abstinência total. A incidência é muito maior em mulheres (50-60%), mas também ocorre nos homens, além de ter um componente genético um pouco relacionado. ANOREXIA NERVOSA Desordem caracterizada por uma imagem distorcida do próprio corpo e um medo mórbido de engordar, o que leva à recusa de manter um peso minimamente normal. É uma doença psiquiátrica. Subtipos: · Restritivo: · Dieta · Jejum · Exercício físico · Tipo ingestão compulsiva/purgativa: · Crises bulímicas regulares ou purgativas durante o episódio atual · Usam métodos purgativos como vômito, laxantes, diuréticos, enemas, hormônios da tireoide e pílulas para emagrecer · Prevalência: · Sexo feminino – 90% · Localização geográfica Europa e EUA – maior incidência de casos; aumentou 10 vezes o nº de casos nos últimos anos · Ásia, países árabes e África raramente aparece · Classe socioeconômica mais atingida: média alta e alta · Esportes mais atingidos: · Estéticos com maior incidência no ballet (4%) · Ginástica e patinação artística · Esportes por categorias de pesos · Modelos QUANDO SURGEM OS PRIMEIROS SINAIS? · Início da adolescência normalmente · O início dos sintomas dá-se de forma bimodal: 13-14 anos, 16-17 anos · Os dois picos de maior incidência dão-se aos 14 e 16 anos · Início dos caracteres sexuais secundários = determina o início desta patologia Índice de mortalidade: · 4% em anoréxico tratados · 30% em situações catastróficas · A família costuma demorar muito para procurar ajuda para a adolescente CAUSAS · São desconhecidas · Fatores que contribuem para a desordem: · Genéticos · Sociais familiares · Ambientais SINAIS E SINTOMAS Esfera alimentar: · Recusa em ingerir alimentos ricos em carboidratos e gorduras principalmente · Apresentam apetite “caprichoso” de poucos alimentos ou até mesmo de um único alimento – pacientes que comem pouquíssimo · Medo intenso e inexplicável de engordar · Perdem o senso crítico em relação ao seu esquema corpóreo · Têm dificuldade em comer em locais públicos ou até mesmo na mesa com familiares Outras áreas do comportamento além da alimentar: · Grande cuidado com organização · Senso de responsabilidade apurado · Interesse especial pelo valor nutritivo de cada alimento · Por vezes são exímias cozinheiras · Passam grande parte do tempo a melhorar as condições nutricionais dos seus familiares · Preocupação excessiva com o corpo pode ser confundido com vaidade · Passam horas se olhando no espelho · Submetem-se a exercícios físicos excessivos · Diminuem as horas de sono · Isolamento social e dificuldade para namoros e vida sexual Sinais: · Emagrecimento rápido sem causa aparente · Cabelos finos e quebradiços · Leve alopécia · Pilosidade pela pele (lanugo) · Interrupção do ciclo menstrual · Vômito · Perda de ereção nos rapazes CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS · Recusa em manter um peso corporal minimamente normal para uma idade e altura (p.e., perda de peso maior que o necessário para manter um peso de 85% do esperado, ou incapacidade em ganhar o peso esperado para o crescimento, ficando aquém de 85% do previsto –IMC menor 17.5 Kg/ m2 · Medo intenso de ganhar peso ou ficar gorda, mesmo quando muito magra · Perturbação na percepção do peso e forma corporal · Nas meninas após menarca, amenorreia, ou seja, ausência de pelo menos 3 ciclos menstruais consecutivos · Nos homens após perda de ereção COMPLICAÇÕES Relacionada com a perda de peso: · Caquexia/desnutrição · Perda de tecido adiposo · Perda da massa muscular · Fraqueza, fadiga Cardiovasculares: · Perda de músculo cardíaco · Baixa PA e frequência cardíaca · Bradicardia · Arritmias TGI: · Esvaziamento gástrico retardado · Motilidade intestinal débil · Dor abdominal · Obstipação Metabólicas e endócrinas: · Complicações do metabolismo basal · Distúrbios hidroeletrolíticos · Hipoglicemia de rebote · Hipotermia · Diminuição de T3 eT4 · Hipercolesterolémia · Osteoporose e osteopenia · Atraso na maturação sexual · Amenorreia · Mulher: baixo nível de estrogênios · Homem: baixo nível de testosterona Reprodutivas: · Infertilidade · Criança com baixo peso ao nascer Renal: · Desidratação · Alteração das enzimas renais e hepáticas Neurológicas: · Depressão · Atrofias irreversíveis do ventrículo cerebral Dermatológicas: · Pele e cabelos secos · Queda de cabelo · Lanugo · Edema COMPLICAÇÕES EM RELAÇÃO À PURGAÇÃO Metabólicas: · Alcalose hipocalêmica e hipoclorêmica · Hipomagnesia Dentárias: · Erosão do esmalte dentário – dentista geralmente consegue diagnosticar TGI: · Inflamação e diminuição das glândulas salivares e pancreáticas · Diminuição da amilase · Erosão esofágica e gástrica Neurológicas: · Fadiga, fraqueza · Convulsões em casos extremos TRATAMENTO É um tratamento difícil, que leva tempo. É uma doença psiquiátrica não tem cura, tem tratamento. Um dos pilares do tratamento é auxiliar o paciente a reconhecer os sintomas que podem levá-lo a uma recaída 3 níveis de tratamento · Psicoterapia · Reabilitação nutricional · Tratamento farmacológico: na maioria das vezes a medicação pode demorar de 10 a 15 dias para atingir o pico de ação da droga no sangue. Não é curativo nem milagroso. · Não funciona se não forem feitos juntos Multidisciplinar: médico, psicólogo, psiquiatra e nutricionista. Todos devem estar se comunicando, para que os 3 níveis de tratamento estejam caminhando juntos. Objetivos do tratamento: 1. Restauração do peso normal/razoável · Menstruação e ovulação normais (mulheres) · Função sexual e níveis hormonais normais (homem) · Desenvolvimento físico e sexual normal nas crianças e adolescentes É essencial, pois junto com ela vem a normalização do percentual de gordura corporal Obs.: muito comum ver em olimpíadas atletas que tem % gordura corporal muito baixo e começa a descalcificar, se lesionarem com a força do movimento. 2. Motivação do paciente para recuperar hábitos e comportamentos alimentares saudáveis e participar no tratamento · Ele deve ser o agente do tratamento 3. Corrigir pensamentos, sentimentos e atitudes disfuncionais relacionadas com a desordem 4. Corrigir sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição · Hormonais e cerebrais 5. Tratamento de condições psiquiátricas associadas 6. Garantir suporte e aconselhamento familiar · Não adianta tratar só o paciente e esquecer que vive no meio de uma família disfuncional, que precisa ser tratada 7. Prevenir recaídas Níveis de tratamento: · Hospitalização (4-10 semanas) · Hospitalização parcial · Programas residenciais · Paciente externo Escolha do nível de tratamento depende dos: parâmetros físicos + parâmetros comportamentais e psiquiátricos (metabólicas, exames laboratoriais) PSICÓLOGO Intervenções: 1. Terapia Individual – educação da anoréctica sobre as suas próprias necessidades; normalizar a sua relação com os alimentos · Tentando trazer uma relação mais saudável e menos nociva do paciente com o alimento 2. Terapia familiar – para indivíduos que ainda vivem num núcleo familiar; visa tornar a pessoa mais autônoma 3. Terapia de grupo – melhorar as relações pessoais da anoréctica · Muito comum terem problemas de relacionamento NUTRICIONISTA Objetivos: · Restaurar o peso normal/razoável · Normalizar o padrão da dieta · Instituir hábitos de vida saudáveis · Recuperar a percepção de fome e saciedade · Ensinar o que é prevenção de uma desnutrição severa · Corrigir as alterações biológicas causadas pela desnutriçã · Desde a questão da função intestinal, flora intestinal saudável Individualização do plano alimentar: · História dietética do paciente · Especificar o início do quadro, a velocidadeda perda de peso e a sua magnitude – isso precisa estar relatado no prontuário da paciente para que toda equipe conheça a velocidade da perda de peso · Obs.: ainda que o paciente tenha um IMC normal, se ele tem perda de peso de mais de 10% em 6 meses já é tratado como desnutrido grave · Especificar a hora e a composição das diversas refeições, principais e pequenas (1.289 kcal+/-150 kcal, com baixa proporção de calorias originadas de gorduras) · Hoje deve ter muito cuidado, pois dietas “low carb” estão sendo muito divulgadas e isso gera consequências seríssimas em pacientes que tem transtorno alimentar · Indicar o local onde são tomadas as refeições e as pessoas com quem são partilhadas · Muito importante, pois tem ambientes que são nocivos e ambientes propícios para cada paciente · Uso de laxativos, diuréticos ou anorexígenos · Desencorajar o uso · Conter uma lista dos gostos e aversões · Descrever nessa lista, junto com o paciente, o que ele prefere para que possa associar na consulta nutricional o melhor aproveitamento, lançando mão de alimentos mais nutritivos em menores quantidades (pois o paciente não aguenta grandes quantidades alimentares) · Estabelecer a natureza, frequência e duração das atividades físicas · História menstrual · Equilibrar o aporte energético atual em busca da recomendação energética. · Na maioria das vezes não se trabalha “o quanto tem que engordar”, falar palavra engordar é praticamente proibido para esses pacientes. · Programa pequenas metas de ganho de peso, para o paciente ir se acostumando com esse ganho de peso em busca da recomendação Estabelecimento do peso a atingir: · Doentes externos – 450g/sem · Doentes internos – 0,9 a 1,35 kg/sem · Obs.: pode variar um pouco para mais ou para menos dependendo da estatura do paciente Valor calórico da dieta: · Dieta hipocalórica (800–1000kcal/dia) aumento gradual 200-300kcal a cada 3-4 dias · Dieta hipercalórica (3000- 3500 kcal/dia) · Vai em busca de uma dieta hipercalórica, mas não pode oferecer tudo de uma vez, então inicia com uma dieta hipocalórica · Reavalia o paciente a cada semana, se estiver ganhando peso recalcula a dieta semanalmente · Ganho de peso gradual sem sobrecarga orgânica, prevenindo assim a syndrome da realimentação Síndrome de realimentação: · Síndrome grave que pode levar o paciente a óbito, caracterizada por: · Retenção de fluidos (edema) · Arritmias cardíacas · Coração não dá conta de trabalhar para irrigar o corpo todo e ainda executar o processo digestivo · Sobrecarga cardíaca · Diminuição de eletrólitos (P, K, Mg, Na…) · Efeito inicial de “esponja” para repor as reservas para depois ele começar a aparecer mais alto · Intolerância à glicose · Pela oferta excessiva · Disfunção GI · Pela atrofia de vilosidades intestinais que é clássica da desnutrição · Como nas vilosidades tem muitas enzimas é comum esses pacientes desenvolverem intolerância a lactose, desenvolver síndrome de dumping secundária Reabilitação nutricional: · Muito importante monitorar oferta proteica e calórica. Carboidratos estão na base da pirâmide alimentar, não adianta dar só proteína (que está no topo), porque o paciente vai começar a quebrar proteína para obter energia Plano alimentar: · Refeições planejadas e em horas marcadas · Fornecer nutrientes em quantidade e proporção adequada · Ter em conta os riscos de edema Alimentos de digestão fácil Consumo diário de leite e derivados · Consumo de legumes, saladas e frutas frescas · O azeite é a melhor gordura · Variar as fontes proteicas para maior equilíbrio dos aa: carne, peixe, ovos · Cereais, leguminosas secas e batatas também são importantes · Dar alimentos que agradem ao paciente, mas variados para não cair na monotonia · Ingestão gradual de alimentos “proibidos” (gorduras, pão, fritos, açúcar,…) · Açúcar apenas se achar necessário, para que não haja recaída, descontrole do nível de glicose/insulina Suplementos alimentares: · P, K, Mg, Zn, Cu, Fe · B12, folato, Ca e vitamina D Outras opções nutricionais: · Substituição temporária de comida sólida por suplementos líquidos · Geralmente em pequenas refeições ou adicionado a uma refeição, para mesmo no volume pequeno ter uma densidade calórica e nutricional melhor · Sonda nasogástrica ou nutrição parenteral · Em casos que a ingestão alimentar não conseguiu ultrapassar o 70% · E associar com nutrição parenteral se mesmo com a sonda não ultrapassar os 70% (utilizando veia de grande calibre) · Isso acontece quando há atrofia das vilosidades intestinais Esvaziamento gástrico retardado/diminuição da sensação de saciedade: · Pequenas refeições frequentes ricas em CH (carboidratos, que é a base da pirâmide alimentar) · Carboidratos complexos, que tem absorção mais demorada · Consumo de quantidade moderada de gordura · Consumo dos alimentos frios ou temperatura ambiente · Limitar frutos e legumes que podem dar sensação de saciedade precoce · Limitar cafeína, é muito comum esses paciente ingerirem quantidade excessive de café · Uso de suplementos nutricionais líquidos · Uso de agentes procinéticos para melhorar a velocidade do esvaziamento gástrico Medidas gerais: · Incentivo ao paciente · Elaboração conjunta da dieta – psicólogo ajuda muito nisso · Apresentação de uma alimentação normal para que tome consciência do desvio entre o que come e aquilo que é uma alimentação normal · Valorização do bem-estar que se sente depois da refeição (não sentir mais culpa após comer) · Exercício físico · Adequado à ingestão alimentar e à energia dispendida pelo paciente · Ajustar o consumo de alimentos na hora correta a realização da atividade física · Ter em conta a densidade óssea e a função cardíaca · Fitness ≠ perder peso · Momento de descontração e relaxamento · Aspectos psicológicos a desenvolver simultaneamente · Ausência de sentimento de culpa quando aumenta a diversidade e a frequência do esquema de alimentação = Estratégia de luta contra o “medo de ficar gorda” · Melhoria da insatisfação corporal – psicólogo ajuda muito nisso · Os momentos de refeição devem ser períodos de relaxamento TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Objetivos do tratamento: · Uso após restauração do peso, para ajudar à sua manutenção e normalizar comportamentos alimentares · Mas muitas vezes ajuda nos pacientes que estão iniciando o tratamento, para conseguir fazê-lo “sair do buraco” · Tratamento de sintomas psiquiátricos associados à anorexia nervosa · Cloropromazina · Antidepressivos (principal ainda é a fluoxetina) · Ciproheptidina (orexígeno) · Fármacosneurolépticos · Inibidores da recaptação da serotonina · Ansiolíticos PROGNÓSTICO · 40% recuperam · Peso estável e razoável · Dieta e hábitos alimentares razoáveis · Ausência de vômitos · Menstruação regular · Comportamento normal do adolescente. Conseguindo se reintegrar a grupo de amigos · 20% peso deficiente · 20% magros · 5-10% obesos · 5-20% morrem · Recaídas frequentes CAUSAS DE ÓBITO · Metabólicas · Cardiovasculares · Imunológicas · Infecciosas · Gastrenterologias · Suicídio Permanecem consequências psicológicas e comportamentos obsessivos ao longo da vida: · Manias obssesivo-compulsivas · Relação anormal com a comida FATORES QUE AFETAM O PROGNÓSTICO Positivos: · Diagnóstico e intervenção precoce · Menor perda de peso (velocidade da perda de peso) · Anorécticos bulímicos · Pacientes que induzem o vômito após um episódio hiperfádigo, por ele tender a ter o peso normal · Idade inferior á adulta · Sistemas orgânicos pouco comprometidos · Boa relação pais / filhos Negativos: · Depressão associada · Presença de purgação · Maior tempo de duração do quadro Bulimia Nervosa ETIMOLOGIA Bous –boi + Limos – fome bulimia = fome de boi DEFINIÇÃO É uma espécie de toxicomania que se traduz por uma espécie de delinquência alimentar. É um distúrbio grave da alimentação, sendo também considerada como faceta trágica da depressão psíquica. PREVALÊNCIA Sexo feminino - 90% Classe sócio –econômica mais atingida: · Média – alta · Alta Idade mais atingida: 18 –40 anos Modalidadescom maiorincidência: moda, dança e atletismo. A incidência é grande em cursos secundários e universitários (geralmente em alunos de cursos que tem conhecimento maior sobre alimentação, ex.: nutrição e medicina) Entre as pacientes existe forte presença de problemas afetivos, transtornos ansiosos, abuso e dependência de drogas. CAUSAS E FATORES DETERMINANTES Fatores psicológicos Fatores físicos Fatores académicos Fatores sociais Fatores genéticos Pressões sociais sobrevalorizam muito a magreza Uso de comida e controle de peso Crises de desenvolvimento e angústia e emocional CARACTERÍSTICAS Momentos de voracidade alimentar (episódios hiperfádigos) com frequência de pelo menos 2 vezes por semana em 3 meses consecutivos Exageradas restrições alimentares – passa um dia inteiro sem comer nada e no outro come muito Provocam o vômito Usam laxantes, processos químicos de emagrecimento Exercício físico exagerado Comportamentos paradoxais Sinais de auto-mutilação e flagelação Medo constante em não controlar os ataques de fome Hesitação face a comportamentos psicoterápicos – tem mais resistência SINAIS E SINTOMAS Físicos · Grandes oscilações de peso · Perda de potássio e desidratação · Rosto inchado – indução sistemática do vômito (edema das parótidas) · Garganta irritada e glândulas aumentadas · Irritações graves do esôfago–acidez gástrica · Fadiga · Dificuldade em dormir · Irregularidade menstrual · Fraqueza muscular · Sinal de “russel” · Calos nos dedos, principalmente indicador e dedo médio, pela indução de vômito · Alguns pacientes evitam isso levando algum instrumento para enfiar na garganta sem ferir o dedo · Erosão do esmalte dentário Psicológicos · Emotividade e depressão · Alterações de humor · Obsessão por dietas · Dificuldade de controle · Auto-criticismo severo · Auto-estima determinada pelo peso · Medo de não conseguir parar de comer voluntariamente · Sentimento de auto-censura após o episódio bulímico · Necessidade de aprovação dos outros Comportamentais · Obsessão por comida · Indisposição depois das refeições · Comer às escondidas · Abuso de laxantes, diuréticos e anorexígenos · Uso de clisteres · Provocação do vómito · Isolamento social · Exercício físico em excesso · Jejuns prolongados e frequentes · Fuga a restaurantes e refeições planejadas CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO Episódios de ingestão compulsiva de uma quantidade de alimentos muito superior à maioria das pessoas (chegando a 5000 Kcal por refeição): · A nível acelerado e caótico · Sem qualquer seleção de alimentos · Com o desaparecimento das sensações de prazer ou da obtenção da saciedade · Sentimento de total falta de controle na ingestão dos alimentos Comportamentos compensatórios decorrentes para perder peso e prevenir o seu ganho: · Vômito auto-induzido · Abuso de laxantes e outros medicamentos · Jejum e exercício físico prolongados · Episódios de ingestão compulsiva, seguidos de manobras compensatórias de eliminação, no mínimo 2 vezes semanais durante 3 meses consecutivos. COMPLICAÇÕES · Fadiga e perda de energia · Menstruação irregular ou inexistente · Desidratação · Obstipação · Diarreia · Lesão das extremidades nervosas que alimentam as fibras musculares do intestino · Falta de ar · Batimentos cardíacos irregulares · Depressão · Alopécia · Inchaço e dores de estômago · Enfraquecimento da estrutura óssea · Perda do esmalte dentário · Irritação crónica da garganta · Problemas de fígado e rins · Aumento da glândula parótida · Desequilíbrio hidro-eletrolítico · Mãos e pés inchados · Hipotensão · Úlceras · Dilatação e ruptura gástrica · Escoriações nas mãos e nasarticulações · Anemia TRATAMENTO O tratamento deve ser conduzido por uma equipa composta de: · Psiquiatra · Psicólogo · Nutricionista · Endocrinologista · Assistente social O primeiro objetivo do tratamento é acabar com o ciclo de ingestão compulsiva, seguida de manobras purgativas ou de jejum prolongado. Estabelecimento de um padrão alimentar regular e disciplinado TIPOS DE TRATAMENTO Objetivos claros e etapas bem definidas sobre a terapia adotada para o doente. Um tratamento adequado da bulimia nervosa deverá incluir: Tratamento psicológico Tratamento farmacológico/Medicação Aconselhamento nutricional Internação em casos muito graves TRATAMENTO PSICOLÓGICO Objetivo: · Analisar e modificar os pensamentos, crenças e sentimentos que desencadeiam e perpetuam o ciclo bulímico. O tratamento psicológicopassa pelas seguintes terapias: · Terapia cognitivo-comportamental · Terapia familiar · Terapia de grupo TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Tratamento psicoterapêutico mais eficaz para a doença. Objetivo: - extinção de hábitos ou atitudes incorretas e a sua substituição por novos padrões apropriados e não provocadores de ansiedade. 3 fases sobrepostas: 1ª fase: - educar o paciente sobre a doença e os processos que a mantêm. - auxiliá-lo a regularizar a sua alimentação. 2ª e 3ª fases: - ajuda na manutenção da mudança do hábito alimentar. TERAPIA FAMILIAR Fundamental para aqueles que mantêm uma forte dependência emocional das famílias. Objetivo: modificação do padrão de comportamento alimentar, conseguida pela aliança terapêutica estabelecida com a família. TERAPIA DE GRUPO Partilha de experiências individuais: o doente apercebe-se que não está sozinho e que a recuperação é possível. Discutidas e planeadas actividades, regras do tratamento e suas modificações com a evolução do tratamento. Psicoterapia interpessoal variante psicodinâmica desta terapia, sendo a primeira com efeitos equivalentes aos da terapia cognitivo-comportamental. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Antidepressivos: o seu uso deriva da associação frequente desta doença com a doença depressiva. Funciona como complemento dos métodos de reabilitação nutricional e de psicoterapia. Não é o tratamento principal, nem o mais eficaz! ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL Essencial para que o doente saiba exatamente aquilo que deverá comer consoante o distúrbio alimentar de que padece. Objetivos: · Reconhecimento do verdadeiro valor dos nutrientes e da sua importância na alimentação · Correção dos erros alimentares e introdução ou restabelecimento de padrões alimentares adequados. · Ajuda na planificação do guia de refeições, baseada no conhecimento da história dietética do bulimico. Comportamento alimentar saudável Padrão de refeições regular e disciplinado INTERNAÇÃO Só ocorre quando existem complicações clínicas, risco de suicídio, ou quando houver fracasso do tratamento no ambulatório. BULIMIA X ANOREXIA Bulimia · Idade atingida: 18-40 anos · Não há perda significativa de peso · Satisfação com um peso abaixo da média · Nem sempre ocorre amenorreia · Guarda segredo · Passa facilmente despercebida · Internação rara · Períodos de voracidade alimentar Anorexia · Idade atingida: 13-14 anos;16-17 anos · Perda significativa de peso · Preferência pela magreza extrema · Amenorreia · Facilmente diagnosticada · Internação mais frequente · Dietas loucas e restritivas
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