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Petição do caso 4

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA -º VARA 
CÍVEL DA COMARCA DE NOVA FRIBURGO/RJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOAQUIM MARANHÃO, brasileiro, (estado civil), (profissão), portador da 
carteira de identidade nº xxxx, expedida pelo órgão xxxx, inscrito no CPF/MF 
sob o nº xxxx, residente e domiciliado na Avenida Marechal Mascarenhas de 
Moraes, nº 1915, Bento Ferreira, Nova Friburgo/RJ, CEP 29.050-940; ANTÔNIO 
MARANHÃO, brasileiro, (estado civil), (profissão), portador da carteira de 
identidade nº xxxx, expedida pelo órgão xxxx, inscrito no CPF/MF sob o nº xxxx, 
residente e domiciliado na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, nº 1927, 
Bento Ferreira, Nova Friburgo/RJ, CEP 29.050-945 e MARTA MARANHÃO, 
brasileira, (estado civil), (profissão), portadora da carteira de identidade nº xxxx, 
expedida pelo órgão xxxx, inscrito no CPF/MF sob o nº xxxx, residente e 
domiciliada na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, nº 1937, Bento 
Ferreira, Nova Friburgo/RJ, CEP 29.050-944, por seu advogado, com endereço 
profissional localizado na Rua Jony João de Deus, nº 31, Enseada do Suá, Nova 
Friburgo/RJ, CEP 29050-350; a esse juízo propor: 
 
AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO 
 
MANUEL MARANHÃO, brasileiro, casado, (profissão), portador da carteira de 
identidade nº xxxx, expedida pelo órgão xxxx, inscrito no CPF/MF sob o nº xxxx, 
residente e domiciliado na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, nº 1945, 
Bento Ferreira, Nova Friburgo/RJ, CEP 29.050-943; FLORINDA MARANHÃO, 
brasileira, casada, (profissão), portadora da carteira de identidade nº xxxx, 
expedida pelo órgão xxxx, inscrito no CPF/MF sob o nº xxxx, residente e 
domiciliada na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, nº 1945, Bento 
Ferreira, Nova Friburgo/RJ, CEP 29.050-943 e RICARDO MARANHÃO, 
brasileiro, (estado civil), (profissão), portador da carteira de identidade nº xxxx, 
expedida pelo órgão xxxx, inscrito no CPF/MF sob o nº xxxx, residente e 
domiciliado na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, nº 1937, Bento 
Ferreira, Nova Friburgo/RJ, CEP 29.050-944, pelos fatos e fundamentos que 
passa a expor. 
 
 
I – GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
 
Requer a concessão da gratuidade processual (justiça gratuita), por ser 
o (a) autor (a) pessoa pobre na acepção jurídica do termo, ou seja, por não ter 
condições de arcar com as despesas e encargos processuais. Nesse toar, 
pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, conforme declaração de 
hipossuficiência e documentos anexos, com fulcro nos artigos 98 e seguintes 
do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15) e no 
art. 5º, XXXV, LV e LXXIV da Constituição Federal. 
 
II – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO 
 
Os Autores, manifestam o interesse pela realização da audiência de 
conciliação, ou mediação. 
 
III – DOS FATOS 
 
 No caso em tela, a PRIMEIRA e a SEGUNDA PARTE RÉ, Manuel 
Maranhão e Florinda Maranhão, pais dos AUTORES, Joaquim Maranhão, 
Antônio Maranhão e Marta Maranhão; venderam um sítio localizado na Rua 
Bromélia, nº 138, Centro, Petrópolis/RJ, no valor de 200.000,00 reais para 
Ricardo Maranhão, filho da TERCEIRA PARTE AUTORA, Marta Maranhão. 
A escritura de compra e venda foi lavrada no Cartório do 4º Ofício de Nova 
Friburgo em 20/09/2015 e transcrita no Registro de imóveis sem a manifestação 
dos demais filhos acerca do referido negócio jurídico. Neste toar, a falta de 
anuência dos AUTORES em relação a venda, ficou constatado. Visto que, o 
imóvel estava avaliado em 350.000,00 reais na época em que foi feito o negócio 
jurídico. 
 
IV – DOS FUNDAMENTOS 
 
É perceptível as circunstâncias que caracterizam a ocorrência de lesão 
sofrida pelos AUTORES no negócio celebrado com o TERCEIRA PARTE RÉ. 
Neste toar, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, a alienação feita 
por ascendente a descendente sem anuência dos AUTORES, é, expressa no 
Código Civil de 2002, em seu artigo 496, como um ato jurídico anulável. 
Consoante Maria do Carmo de Rezende Campos Couto, em obra intitulada 
Coleção Cadernos IRIB - vol. 1 - Compra e Venda. A doutrinadora expõe que os 
ascendentes podem vender bens aos descendentes, desde que haja 
consentimento dos demais descendentes, a anuência do cônjuge do alienante, 
salvo se o casamento for pelo regime de separação obrigatória de bens. A falta 
do consentimento torna o ato anulável, conforme artigo 496 do Código Civil, 
cabendo aos interessados alegar a nulidade. No tocante da anulabilidade, não é 
da competência do registrador de imóveis verificar se houve ou não a anuência 
dos descendentes na escritura, podendo a mesma, ser lavrada e registrada 
normalmente. Portanto, destaca que o vício tem de ser alegado no prazo de dois 
anos. Tal prazo, começa a correr na data do registro da escritura pública na 
matrícula do imóvel. 
Contudo, no tocante da invalidação do negócio jurídico, notemos o 
posicionamento da 3ª turma do STJ em Recurso Especial de n° 953.461 – SC 
(2007/0114297-8) (f) com Ministro Relator, Sidnei Beneti, vejamos: 
DIREITO CIVIL. VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE 
SEM ANUÊNCIA DOSDEMAIS. ANULABILIDADE. 
REQUISITOS DA ANULAÇÃO PRESENTES. 1.- Segundo 
entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário, a alienação feita 
por ascendente à descendente é, desde o regime originário do Código Civil 
de 1916 (art. 1132), ato jurídico anulável. Tal orientação veio a se 
consolidar de modo expresso no novo Código Civil (CC/2002, art. 496). 
2.- Além da iniciativa da parte interessada, para a invalidação desse ato de 
alienação é necessário: a) fato da venda; b) relação de ascendência e 
descendência entre vendedor e comprador; c) falta de consentimento de 
outros descendentes (CC/1916, art. 1132), d) a configuração de simulação, 
consistente em doação disfarçada (REsp476557/PR, Rel. Min. NANCY 
ANDRIGHI, 3ª T., DJ 22.3.2004) ou, alternativamente, e) a demonstração 
de prejuízo (EREsp 661858/PR, 2ªSeção, Rel. Min. FERNANDO 
GONÇALVES, Dje 19.12.2008; REsp 752149/AL,Rel. Min. RAUL 
ARAÚJO, 4ª T., 2.10.2010).3.- No caso concreto estão presentes todos os 
requisitos para a anulação do ato.4.- Desnecessidade do acionamento de 
todos os herdeiros ou citação destes para o processo, ante a não anuência 
irretorquível de dois deles para com a alienação realizada por avô a neto.5.- 
Alegação de nulidade afastada, pretensamente decorrente de julgamento 
antecipado da lide, quando haveria alegação de não simulação de venda, 
mas, sim, de efetiva ocorrência de pagamento de valores a título de 
transferência de sociedade e de pagamentos decorrentes de obrigações 
morais e econômicas, à ausência de comprovação e, mesmo, de alegação 
crível da existência desses débitos, salientando-se a não especificidade de 
fatos antagônicos aos da inicial na contestação (CPC, art. 302), de modo 
que válido o julgamento antecipado da lide.6.- Decisão do Tribunal de 
Justiça de Santa Catarina subsistente, Recurso Especial improvido. 
(STJ - REsp: 953461 SC 2007/0114207-8, Relator: Ministro SIDNEI 
BENETI, Data de Julgamento: 14/06/2011, T3 - TERCEIRA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 17/06/2011) 
 
Nessa senda, tendo como base a jurisprudência supracitada, saliento que 
os AUTORES não concordam com o valor do contrato de compra e venda, uma 
vez que, no momento de celebração do negócio em questão, o valor de mercado 
do imóvel era de R$ 350.000,00, ou seja, houve uma desvalorização de R$ 
150.000,00, prejudicando de maneira grave os interesses dos AUTORES. 
Destaco que, não resta dúvidas de que houve lesão nos direitos dos AUTORES, 
além do mais, é notório a demonstração de prejuízo. Porquanto, pede-se a 
anulação do negócio jurídico conforme artigo 157, 158, 171 e 496 do Código 
Civil: 
 
 Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, 
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional 
ao valor da prestação oposta. 
§ 1 o Aprecia-se a desproporção das prestaçõessegundo os valores 
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
§ 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido 
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do 
proveito. 
 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de 
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à 
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores 
quirografários, como lesivos dos seus direitos. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o 
negócio jurídico: 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou 
fraude contra credores. 
 
Art. 496. É anulável a venda de ascendentes a descendentes, salvo se 
os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem 
consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do 
cônjuge se o redime-se bens for o da separação obrigatória. 
 
Sendo assim, sob base legal para a anulação do respectivo negócio jurídico. 
 
IV – PEDIDO 
 
Diante do exposto, requer: 
 
1. O deferimento dos benefícios da gratuidade de justiça; 
2. Designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu 
para seu comparecimento; 
 
3. Citação do réu para integrar a relação processual; 
 
4. A procedência do pedido do autor para anular o negócio jurídico; 
 
5. E que condene o réu a arcar com as custas processuais e os honorário 
advocatícios oriundos desse processo. 
 
V – PROVAS 
 
 Solicita a realização de depoimento pessoal, audição testemunhal, a 
inclusão das provas documentais, e daquelas que forem necessárias no curso 
do processo. 
 
VI – DO VALOR DA CAUSA 
 
 Compreende-se ser o valor da causa, R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
 
Itabuna, 20 de dezembro de 2016 
 
Nome do Advogado 
OAB/xxx

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