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Introdução ▶ Prevalência elevada ao longo da vida – Masculino 94% e feminine 99% ▶ 3ª queixa mais frequente em ambulatórios gerais ▶ Motivo mais frequente de procura por neurologia ▶ 4,5-9% dos atendimentos em unidades de emergência, 4º motivo mais frequente ▶ Sintoma frequente ▶ Associado a condições graves de base ( infecciosas, metabólicos, patologias do sistema nervoso, e eventos que podem por risco a vida do paciente) ▶ Causada por inflamação ou tração nas estruturas sensíveis á dor - Visto que existem estruturas que não são sensíveis a dor, portanto não disparam a sinalização álgica, mas existem estruturas bastante sensíveis a dor, e por conta disso provoca a cefaleia. ▶ Relação com nervo trigêmeo - Importância do nervo trigêmeo como o principal nervo craniano para condução de sensibilidade e um excelente condutor de impulsos álgicos, impulsos dolorosos, tornando consciente no tálamo e após seguindo para as regiões específicas ▶ Acomete 90% da população - Em algum momento, o indivíduo vai ter algum tipo de dor de cabeça, mesmo que seja repetida por algum período, que pode ser associada a um quadro infeccioso agudo, a um período de stress emocional, cursando com cefaleia com características tensionais, ou mesmo aqueles pacientes portadores de cefaleias crônicas, primárias crônicas ou secundárias crônicas ▶ Pode ser incapacitante ▶ Acometimento maior dos indivíduos em idade produtiva ▶ Relacionada a custos elevados – Associada não só do tratamento dos pacientes, mas de dias úteis perdidos, dias de trabalho, estudo. A produtividade cai em pacientes que tem algum grau de cronicidade nas cefaleias sem que haja compensação adequada, principalmente aqueles tipos de cefaleia que são incapacitantes. Anatomia da dor craniana ▶ Ramos oftálmicos, maxilar, mandibular do nervo trigêmeo (que são disparos principais a nível de sensibilidade de face). ▶ Outras estruturas sensíveis a dor: ósseas, meninges, vasos, couro cabeludo, pele, subcutâneo, tecido muscular. ◼ E essa dor se torna consciente a nível do tálamo, e depois se projeta para aéreas corticais específicas. Hipotálamo também estar envolvido com esses disparos/conexão com o mecanismo de dor. Mas o tálamo como sendo o portal da consciência, depois que passa pelo tálamo, essa dor se torna consciente. ◼ Então, nervos, músculos, ossos, meninges, vasos são as principais estruturas sensíveis a dor e que daí a dor é transmitida a nível mais periférico, passe pelo nervo trigêmeo, mas outros nervos também são responsáveis. ◼ Sensibilidade á dor das estruturas da cabeça ◼ Estruturas que são sensíveis a dor: ⟹ Seios venosos cerebrais ⟹ Artérias durais, meníngeas e da base do crânio ⟹ Meninges (bastante inervadas) ⟹ Raízes dos nervos cervicais (pensando em nervos cranianos, principalmente o trigêmeo) ⟹ Músculos do couro cabeludo ◼ Estruturas que são incessíveis a dor: ⟹ ⟹ o Parênquima cerebral (o cérebro em si não dói) ⟹ o Epêndima ⟹ o Pia-aracnoide, Pia-mater (baixíssima inervação) ⟹ o A maior arte da dura mater (mas existem terminações nervosas nas meninges, que a gente classificaria elas a princípio sensíveis, porém tem algumas partes específicas da pia mater, da dura mater, que não transmitem muito bem, sempre pense meninges como transmissor de dor) Classificação das cefaleias ▶ Cefaleias primárias são doenças primárias cujo sintoma principal, porém não único, são episódios recorrentes de dor de cabeça. A cefaleia é a propria doença ( ex. Enxaqueca, cefaleia do tipo tensional e cefaleia em salvas que é um tipo de cefaleia trigeminal) ▶ As cefaleias secundárias são sintomas de uma doença subjacente, neurológica ou sistêmica (ex. Meningite, arbovirose, tumro cerebral, viroses em geral, COVID, sangramentos). O diagnóstico diferencial entre cefaleia primária ou secunária é essencial. A causa da cefaleia secundária habitualmente deve ser investigada por meio de exames subsidiários, liquor, imagem, laboratoriais. Enxaqueca ▶ Brasil : A prevalência annual é de 15,8% ▶ 22% das mulheres e 9% dos homens ▶ Pico de prevalência entre 30-50 anos ▶ Cefaleia de forte intensidade, pulsátil, piorando com as atividades do dia a dia, tornando-se uma dor incapacitante ▶ A duração da dor é de 4-72h. ◼ Geralmente a dor passa nas primeiras 24 horas, a partir do momento que se aproxima mais das 72 horas devemos ter um cuidado maior, um pouco mais de atenção por conta do status migranoso ou características migranosas – Migrânea (migrane que é o nome em inglês para enxaqueca) ◼ O status migranoso é quando ultrapassa as 72 horas com dor contínua, podendo ser contínua sem resposta a medicação ou com resposta parcial a medicação (que passa um pouco, mas não checa a cessar totalmente) → então de 4 - 72 h ainda é aceitável ▶ É unilateral em 2/3 das crises, geralmente mudando de lado de uma crise pra outra ◼ Na maioria das crises tem uma localização típica que pode ser frontal, temporal, frontotemporal, hemicraniano, mas geralmente é algo que na maioria das crises está em uma metade do crânio. Pode mudar de lado de uma crise para outra, só é estranho ela mudar o padrão da dor, mas mudar a localização não é algo que a gente vai estranhar não. ▶ Sintomas associados : náuseas e/ou vômitos, foto ou fonofobia, sintomas auditivos ou visuais ( aura) ▶ Para o diagnóstico é necessário ter pelo menos 5 episódios semelhantes, caracterizando-se como algo crônico. ▶ Incapacitante ▶ Piora com atividade física ▶ Tratamento abortivo (feito com analgésicos que pode ser desde AINE (dipirona, analgésicos simples), há também a utilização de anti-inflamatórios esteroides (corticoide) ou profilático ( temos 3 classes principais que são – betabloqueador que tem a eficácia reduzida (propranolol que a gente usava mais antigamente); antidepressivos tricíclicos (nortriptilina e amitriptilina) e anticonvulsivantes (principalmente o depakene – ácido volproico; e o topiramato) → sendo as ultimas duas as principais escolhas atualmente. ▶ A enxaqueca por ser uma doença multifatorial é importante que o tratamento também seja multifatorial, tanto da parte medicamentosa quanto a parte comportamental, alimentar, práticas de atividades físicas (principalmente aeróbico – pelo menos 150min semanais), bons hábitos de sono, uma rotina saudável – tudo isso é importante para o controle da enxaqueca. Quanto mais itens dessa medida forem adotados, o controle vai ser mais efetivo, então não adianta somente apostar na medicação senão é uma forma muito frágil de controle. O ideal é que se faça uma mudança de hábitos como um todo e aliado a isso a medicação nos períodos necessários. Cefaleia do tipo tensional ( CTT) ▶ Mais frequente entre as primárias ▶ Pico de prevalência na 4ª década ▶ Crise de fraca ou moderada intensidade, com sensação de aperto ou pressão e, na maioria das vezes, é bilateral. Pode ser frontal, occipital ou holocraniana ▶ A dor pode melhorar com atividades físicas, analgésico simples, dormir… ▶ Surge, em geral, no final da tarde ▶ Relacionada com estresse físico, muscular ou emocional Cefaleias trigeminais ▶ Paroxismos ( que vem e vai) incapacitantes ▶ Hipotálamo ▶ Sintomas autonômicos ▶ Tratamento : As Trigeminais não autonômicas respondem bem e as autonômicas também respondem bem a anticonvulsivantes para estabilização da membrana do nervo e ai seria mais a carbamazepina, oxcarbazepina, pacientes que não se beneficiam desses a gente usa lamotrigina ou depakene. Pregabalina e Gabapentina são também opções que podem lançar, mas o tratamento de ESCOLHA é carbamazepina. Cefaléia em salvas ▶ Cefaleia trigêmino-autonômica mais frequente ▶ Acomete 1 emcada 1.000 individuos ( 85%) sexo masculino) ▶ Mais frequente entre as 3ª e 5ª décadas ▶ Crises de 15 a 180 minutos ▶ Dor excruciante, unilateral e alterações autonômicas associadas (olho hiperemiado, lacrimejamento, edema facial, sialorreia, rinorreia) a sensação de inquietude e agitação ▶ É um tipo de dor que pode levar a pessoa ao suicídio ▶ Após episódios de salvas pode haver período de meses ou anos sem crises ▶ Na fase aguda, em emergência aborda-se com oxigênio de alto fluxo e manutenção com anticonvulsivante Cefaleias secundárias ▶ Critérios : ◼ 1º - A condição em questão sabidamente deve ser capaz de causar cefaleia ◼ 2º - Deve ter relação tremporal com a condição subjacente ( Ex. Paciente teve AVC há 10 anos, e atualmente está com dor de cabeça…. Ou seja, não faz sentido) ▶ Atenção primária – 39% tinham uma cefaleia devido a um distúrbio sistêmico ▶ 5% tinham uma cefaleia causada por um distúrbio neurológico Propedêutica inicial ▶ Determinação das características ◼ Anamnese cuidadosa ◼ Caracterização dos sintomas ◼ Exame físico detalhado ▶ Diferenciação ▶ Sinais de alarme ◼ O (Idade): Cefaleia que se inicia após os 40 anos ou que modifica o padrão. Ex: A pessoa tem uma dor de cabeça desde o início do colégio igual, períodos piores e períodos melhores, mas o mesmo padrão. E ai chega após uma determinada idade muda o padrão radicalmente ◼ O (tipo do início da dor): Cefaleia que tem início súbito (que chega em sua intensidade máxima nos primeiros 60 segundos) ou primeira cefaleia da vida, que seja pior cefaleia. Na maioria dos casos, vai ser súbito mesmo, como uma pancada na cabeça e ai inicia a dor dessa forma. Isso também seria um sinal de alarme. Investigação etiológica ▶ Quando solicitor exames de imagem? ◼ Cefaleia em “Thunderclap” : Cefaleia em trovoada. É aquela começa como se fosse um trovão, uma pancada na cabeça e ali ela se mantém em sua intensidade máxima. Ou seja, início súbito de uma cefaleia intensa. Pacientes relatam como a pior dor da vida na maioria das vezes. ◼ Sinai sou sintomas neurológicos focais ◼ Inicio da dor associado a esforço, tosse (manobra de Valsalva) ou atividade sexual (cefaléia orgástica) ◼ Início após os 40 anos ◼ Mudanças significativas recentes no padrão, frequência ou gravidade ◼ Dor refratária ▶ Principais causas da cefaleia em Thunderclap: ◼ Hemorragia Subaracnóidea. ◼ Cefaleia em Sentinela (é aquela cefaleia que surge cerca de 1 semana anterior a uma ruptura de aneurisma). ◼ Cefaleia por trombose venosa central ◼ Dissecção arterial ◼ Hipotensão espontânea ◼ Apoplexia pituitária ◼ Hematoma retroclival na base do crânio ◼ AVC isquêmico ◼ Crise hipertensiva ◼ Síndrome de vasoconstricção reversível ◼ Cisto coloide ◼ Infecções ◼ Primária thunderclap : é aquela na qual não há nenhuma alteração secundária, mas ela sempre se instala como cefaleia primaria. ◼ Tosse, atividade sexual, exercícios e esforços. ▶ Delas a mais comuns é a hemorragia subaracnóidea (variando de 11-45%). ▶ A cefaleia em thunderclap é a mais comum das secundárias Hemorragia subaracnoidea ▶ 85% - Ruptura de aneurisma ▶ 10% - Hemorragia perimesencefálica não aneurismática ( menos grave) ▶ 5% - MAV (má formação arteriovenosa) e outras ▶ 50-70% - cefaleia isolada ▶ 1/3 – perda de consciência ▶ 6-9% - crise epiléptica ▶ 10-43% - cefaleia sentinela ▶ Exames complementares ◼ Investigação inicial → TC de crânio – sensibilidade aproximadamente de 100% até 12h ( se a TC for duvidosa, pede o LCR, se tiver sangue circulando no espaço aracnoide, o liquor mostra). ⟹ Se tiver sangue evidente, dispensa-se o liquor. ⟹ Se o sangue não está evidente, solicita líquor ◼ LCR + espectrofotometria : sensibilidade aprox. 95% após 12h ◼ RM e estudos dos vasos complementam a investigação ▶ Pode haver cefaleia pré, peri e pós AVC isquêmico ▶ A glicose é 2/3 da glycemia do paciente ▶ Se for causa viral haverá um predomínio de linfócitos, e inicialmente pode ter polimorfonucleares. ▶ Em caso de tuberculose haverá baixa de glicorraquia ▶ Na investigação de HSA pode-se encontrar um liquido mais róseo, com hemácias na celularidade, sinal de sangue no espaço aracnoide. ▶ Na imagem abaixo, observa-se Hemorragia arterial, com sangue nas externas subaracnóideas, que se espalham nos sulcos, entrando para os espaços entre os giros, mostrando hiper densidade. ▶ A nível de RNM o sulco lateral, lobo temporal, insula e um meio todo recoberto com conteúdo hemático ▶ 10% - óbito pré-hospitalar ▶ 50% de letalidade ▶ 1/3 dos que se recuperam ficam dependentes de alguma forma Continuação de cefaléias secundárias ▶ Meningite : ◼ Tríade : cefaléia, febre, rigidez nucal ◼ Afastada contraindicação da TC, faz -se a Punção lombar mandatória ( contraindicações) ◼ ATB empírica até sair cultura do líquro ⟹ Neisseria é o mais comum – Cefalosporinas de 3ª geração ⟹ Bacilos gram negativos – Acrescentar ampicilina ⟹ Aciclovir venoso ◼ Atenção contactantes pra profilaxia ▶ Tumores intracranianos ◼ Despertar do paciente ◼ Metástases são mais comuns ◼ Avanços no tratamento ◼ Sindromes paraneoplásicas : podem cursar com cefaleias como sintomas. Procura o tumor no cérebro, no tórax, abdome e não encontra, pois pode ocorrer de a sindrome para neoplásica anteceder a existência do tumor em até 5 anos. ◼ Avanços no tratamento por quimioterapia e cirurgia ▶ Trombose venosa cerebral ◼ 2-10% apresentam Thunderclap ◼ 75-95% tem cefaleia progressiva, vão aumentando com o crescimento do trombo no vaso ◼ Dor piora com tosse, espirro, manobra de Valsalva, decúbito e ao acordar ◼ Alterações de nível de consciência, crises, papilledema pela PIC, deficits focais devido ao infarto( 10-15%) ◼ Sensibilidade de 75% da TC de crânio se exame neurológico normal ◼ TC alterada em até 95% dos pacientes com deficits focais ◼ LCR com pressão de abertura ⟹ O liquor vai ajudar se tiver uma pressão de abertura, conecta um cateter na agulha, faz uma punção lombar. Na ponta tem um manômetro que mede a pressão de abertura (normal de 15-20 cm de mmHg). Acima de 20: hipertensão liquorica. ⟹ O principal para afastar é um estudo mais preciso: RM e estudo de vasos venosos (angioTC ou angioRM). ◼ RM e estudo de vasos ▶ Dissecção de artérias cervicais ◼ 60-95% apresentam cefaleia ◼ 20% Thunderclap ◼ Iipsilateral á dissecção ◼ Região nucal, temporal, auricular, retroauricular ou irradiar para mandibula ◼ Amaurose fugaz por conta da irrigação retiniana, sindrome de Hornez por irrigação dos mecanismos autonômicos relacionados a pupila, lacrimejamento, alterações oculares relacionados a seios carotídeos, local onde ela disseca ou pode comprimir ou isquemiar, tinnitus pulsátil, diplopia e outros ▶ Causas menos comuns ◼ Associada a crise hipertensiva e PRESS ◼ Hipotensão liquórica - Paciente que tem fistula liquorica e faz punção lombar ◼ AVCi ◼ Apoplexia pituitária – isquemia da glândula ◼ Sindrome de vasoconstricção cerebral reversível (Sindrome de Call Flemming) ◼ Thunderclap primária ◼ Faz a investigação dos sinais de alarme por meio da TC ⟹ Se a TC der positiva (hemorragia subaracnoide, AVC, síndrome de vasoconstricção cerebral reversível, apoplexia pituitária, hematoma, PRES) → Confirmação ⟹ Se a TC der negativa e não houver contraindicações, faz punção lombar. Encontrou sangue na punção → positiva para HSA por exemplo (hemorragia subaracnoide) → para e vai tratar. Se for negativa, não tem nada no liquor, nada infeccioso, vai partir para RM ◼ Em paralelo faz a RM e estudo de vasos ⟹ Quando pede ressonância, pede também angioTC ou angioressonanciae vai em busca de alterações vasculares: - Aneurisma - CVST (trombose venosa cerebral) - Dissecção - RCVS (vasoconstricção reversível) ⟹ Se for + : encontrou o diagnóstico. ⟹ Se for - : vai tratar como cefaleia primária. ◼ TC e liquor faz em série, sequencial.
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