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Inteligência Multifocal e Transtorno Psíquico

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INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL E TRANSTORNOS PSÍQUICOS
Olá queridos alunos, bem vindos ao curso de INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL E TRANSTORNOS PSÍQUICOS – modelo web. É, o nome do curso é bastante grande, não é? E é muito grande também a amplitude dos assuntos que iremos tratar tanto a partir do nosso material escrito, dos nossos vídeos, atividades e principalmente das nossas discussões via Fórum de Discussões.
Assim, começaremos em nossa primeira unidade abordando questões relacionadas à inteligência, aprendizagem, desenvolvimento e fatores que permearam seu estudo.  Já em nossa segunda unidade, abordaremos as questões relacionadas à inteligência multifocal, inteligência emocional, principais transtornos psíquicos apresentados em sala de aula, bem como a forma como o professor e também o psicopedagogo podem lidar com todos estes elementos em suas escolas.
Mas antes de apresentar a vocês esta disciplina, gostaria que refletissem um pouco:
Espero que tenham chegado à conclusão de que é de extrema relevância que o psicopedagogo compreenda estas questões relacionadas à inteligência e, consequentemente, ao desenvolvimento e aprendizagem infantis, pois é entendendo tais processos e os fatores neles implicados que ele poderá instrumentalizar de melhor forma a equipe pedagógica de sua escola para o trabalho em sala de aula.
WEBAULA 1
Unidade 1 – Inteligência Multifocal e Transtornos Psíquicos
A definição geral de inteligência vem do latim, do termo inteligere (intus: entre e legere: escolher), o que significa que ter inteligência corresponderia à capacidade de entre, ou seja, de fazer a melhor opção entre as alternativas disponíveis na hora de se resolver a uma questão.
Dentro desta definição geral, pensava-se, antigamente, como vamos constatar no decorrer desta web aula, que uma pessoa que soubesse fazer uma boa escolha dentro de uma determinada categoria, seria então uma pessoa inteligente, e assim, capaz de fazer escolhas inteligentes em todos os âmbitos de sua vida. Hoje em dia, no entanto, sabemos que, além desta inteligência geral, existem múltiplas inteligências – as quais serão estudadas em nossa próxima web aula – e que cada uma permite fazer boas escolhas em diferentes áreas, como vocês podem observar no vídeo: O que é a Inteligência? , disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=FVskJ4rH8Cs>.
Além disso, o vídeo também nos mostra que a inteligência depende, não apenas da hereditariedade, mas em grande parte do ambiente no qual este indivíduo está inserido, como podemos ver no primeiro vídeo de nossa disciplina:
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Aprofundando o Conhecimento:
Como vocês viram, não é possível conceber a inteligência como uma característica estática e abstrata existente nos seres humanos, mas ao contrário, como uma habilidade que vai se desenvolvendo ao longo da sua vida, em estreita relação com o desenvolvimento a aprendizagem.
Para aprofundar seus conhecimentos neste sentido, leia o texto: Inteligência e Aprendizagem: dos seus relacionamentos à sua promoção, de Leandro S Almeida, disponível em:
<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&ved=0CFcQFjAE&url=http%3A%2F%2Frevistaptp.unb.br%2Findex.php%2Fptp%2Farticle%2Fdownload%2F1469%2F440&ei=oLkDUY74EJPK9gTryoDAAg&usg=AFQjCNGAkLceX74i_ObfIG1efD3mLLC9Gg>.
 
Antes de nos aprofundarmos nestas questões relacionadas à psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, seus objetos de estudo e interface com o desenvolvimento da inteligência, assistiremos agora o segundo vídeo de nossa disciplina para termos um panorama geral desta discussão:
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Como qualquer ciência, a psicologia foi avançando na medida em que também crescia a curiosidade a respeito das questões humanas. E a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem não foi diferente, visto que estes dois ramos de conhecimento emergiram dentro da psicologia a partir da necessidade de maior entendimento acerca de nossas crianças e adolescentes.
Segundo Rappaport (1981), a Psicologia do Desenvolvimento representa uma abordagem para a compreensão da criança e do adolescente, através da descrição e exploração das mudanças psicológicas que sofrem no decorrer do tempo. Conforme White (1975), seu principal objetivo seria produzir conhecimentos que tornassem o homem apto a estruturar a experiência inicial, de modo a aumentar a probabilidade de desenvolvimento ótimo para cada criança.
E assim, a responsabilidade principal do psicólogo nesta área consistiria em elucidar as leis do complicado processo de desenvolvimento humano de modo que uma determinada família, numa dada sociedade possa saber como criar seus filhos ou ensinar seus alunos de modo a alcançar quaisquer objetivos de desenvolvimento que julgar desejáveis.
Os primeiros anos têm, sem dúvida, especial relevância neste processo, pois além das muitas provas de que constitui um período crítico no que concerne motivação, inteligência, linguagem desenvolvimento social e emocional, há também uma impossibilidade de se compreender plenamente o comportamento humano em qualquer momento da vida sem o conhecimento da história do indivíduo.
Rappaport (1981) acrescenta, portanto, que esta preocupação com o estudo da criança é bastante recente, pois até época relativamente próxima ao século XX, estas eram tratadas como pequenos adultos, recebendo cuidados especiais apenas em idade precoce (até os três ou quatro anos).
Para Saber Mais:
Que a criança não é um adulto em miniatura hoje todo mundo sabe, mas será que sabe mesmo? Será que estamos tratando a nossas crianças da maneira como devem ser tratadas?Leia mais sobre isto na reportagem: Criança não é miniatura de adulto na revista Profissão Mestre através do link: <http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-leituras/WEBENTREVISTAS/crianca%20nao%20e%20%20miniatuatura%20de%20adulto.pdf>.
Contudo, com as altas taxas de mortalidade infantil na Europa no século XVII surge a necessidade de se considerar a criança como diferente do adulto - já que naquela época ela era vista como um adulto em miniatura - e de se fornecer a ela um tratamento diferenciado, e de se evitar tais mortes.
E foi nesta tentativa de se fornecer um tratamento diferenciado a estas crianças da época que surgem as primeiras escolas, e com elas a necessidade de se entender questões relativas ao desenvolvimento e a aprendizagem infantis, para assim se poder ensiná-los.
Dessa forma, apenas no século XIX e início do século XX, é que se observa uma preocupação mais ampla e sistemática com o estudo da criança e com a necessidade de educação formal, apesar de a disciplina ser ainda exercida de forma violenta, por meio de agressões e castigos, atitude que só começou a se modificar a partir dessa análise científica, iniciada efetivamente neste século.
Assim, em meio a todas as dificuldades, a Psicologia do Desenvolvimento inicia sua história como ciência do comportamento infantil, com uma tendência para descrever os comportamentos típicos de cada faixa etária e organizar extensas escalas de desenvolvimento, podendo citar-se como exemplo o trabalho de Gesell nos Estados Unidos.
É graças a estes estudos iniciados por Gesell que hoje podemos entender as características de cada faixa etária, no que se refere ao seu desenvolvimento, conforme exposto no vídeo: Desenvolvimento Infantil, disponível no link: <http://www.youtube.com/watch?v=NlhBKSXVPEo>.
Arnold Lucius Gesell (1880-1961) foi, reconhecidamente, o psicólogo desenvolvimentista que mais demonstrou interesse pelas questões maturacionais do desenvolvimento humano. Recebeu influência de Stanley Hall e inicialmente, segundo Krebs (1995), interessou-se pelas deficiências relativas a seu tema de pesquisa. Porém, concluindo que o estudo da criança normal era condição indispensável para se compreender as anormais, dedicou-se, a partir de 1919,à análise do crescimento mental de bebês, apresentando, como resultado de intensa investigação, uma listagem básica do desenvolvimento infantil entre três e trinta meses de idade.
Aprofundando o Conhecimento:
Esta abordagem em relação ao desenvolvimento infantil utilizada por Gesell em seus estudos ficou conhecida como Abordagem Inatista- Maturacionista. Para saber mais sobre esta teoria e seus conceitos centrais, acesse <http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/a-abordagem-inatista-maturacionista/ >.e leia o texto: A Abordagem Inatista Maturacionista.
Conforme a categorização de Gesell as tendências do desenvolvimento comportamental em termos sucintos e aproximados seriam:
- Primeiro trimestre: marcado pela aquisição do controle dos músculos oculomotores;
- Segundo trimestre: comando dos músculos que movem os braços e mãos e que sustentam a cabeça e parte superior do tronco;
- Terceiro trimestre: sentar e engatinhar são comportamentos frequentes, visto que o bebê adquire o comando do tronco e dos dedos. Ele também remexe e apanha objetos;
- Quarto trimestre: o controle das pernas e pés é ampliado, permitindo andar com apoio.  A criança também agarra objetos pequenos com a precisão de um adulto;
- Segundo ano: marcado pela articulação de palavras, domínio das fezes e urina, e aquisição de um senso rudimentar de identidade pessoal. Já é também possível andar sem apoio e correr.
- Entre o segundo e terceiro anos: a criança fala através de frases e demonstra uma propensão a compreender seu ambiente e atender as normas da cultura.
- No quarto ano: observa-se a formulação de perguntas e uma tendência ativa a conceituar e generalizar, somadas a uma quase autodependência no que diz respeito às rotinas domésticas.
- Por fim, no quinto ano: o controle motor está bem amadurecido assim, como a fala, que deixa de ser tão infantilizada e adquire um tom de narrativa.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: E vocês, ao observarem as crianças à sua volta, conseguem perceber estes indicadores do desenvolvimento a cada faixa etária, conforme preconizado por Gesell?
Gesell, pela própria metodologia de observação direta empregada, estrutura sua teoria centrando o indivíduo e percebendo-o através de sua maneira de ser, numa sequência progressiva de etapas consecutivas. Ou seja, percebia as crianças como que se impulsionando constantemente, através das etapas de desenvolvimento, em direção à maturação final à qual estavam destinadas em virtude de sua dotação genética.
Gesell e Amatruda (1987) enfatizam, no entanto, que as características de maturidade apresentadas não devem ser encaradas como normas rígidas, mas como sequências gerais do desenvolvimento, chamando a atenção para as diferenças comportamentais.
Entendendo ao comportamento como uma expressão conveniente para todas as relações da criança, tanto reflexas como aprendidas, Gesell e Amatruda (1987) afirmam que tais padrões são índices da maturidade e integridade do sistema nervoso do bebê, complementando que, como o organismo humano é um sistema de ação complexo, o diagnóstico satisfatório demandaria um exame da qualidade e integração dos cinco campos de comportamento já mencionados no capítulo anterior (comportamento adaptativo, motor grosseiro, motor delicado, pessoal-social e linguagem).
Assim, apesar de afirmar não se poder medir com precisão a maturidade biológica infantil, visto não existirem unidades absolutas para este fim, o autor propõe observar os padrões comportamentais e avaliá-los comparativamente, conforme os aspectos daquilo que é considerado normalidade, de acordo às sequências de desenvolvimento e à idade cronológica.
Assim, Gesell estudou a evolução da criança, de seu nascimento até os dezesseis anos. E para entender esta evolução, Gesell realizou estudos e construiu escalas de desenvolvimento que permitissem comparar os comportamentos de uma criança considerados adequados para sua idade.
Neste intuito, Gesell, em seu Instituto do Desenvolvimento da Criança, montou um laboratório fotográfico no qual filmava as crianças realizando os mais diversos testes, e analisava todas as reações e comportamentos que apresentavam. A partir destes filmes, Gesell observava os diversos aspectos da evolução do comportamento da criança, registrando dados referentes a sua postura, locomoção e a comportamentos como agarrar, brincar, e etc.
Para saber mais:
Para saber mais sobre a teoria de Gesell, e principalmente, sobre o seu trabalho no Instituto que leva seu nome, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=WbJO1_V64LM e veja o vídeo: Educação Psicomotora – Teoria de Gesell.
Assim, Gesell formulou o que se denomina de escala normativa, que seria uma escala baseada na sequência normal e nos comportamentos considerados típicos de cada faixa etária.  Estas escalas normativas são utilizadas até hoje, é claro que com adaptações, por médicos pediatras interessados em acompanhar o desenvolvimento normal e atípico de seus pacientes.
Aprofundando o conhecimento:
Para uma concepção mais atual sobre o desenvolvimento infantil, sugiro abaixo a leitura da segunda parte: “Desenvolvimento Psicológico na Primeira Infância” (p. 55 a 91 do livro: Desenvolvimento Psicológico e Educação: psicologia evolutiva de Coll César (org.), MARCHESI, Álvaro (org.) e PALACIOS, Jesus (org.) 2 ed.Porto Alegre: Artmed, 2009, v1, disponível na íntegra na biblioteca virtual de vocês.
Outro autor, também mencionado no livro acima, que se destaca na publicação dos primeiros estudos sobre o desenvolvimento da criança e adolescente no final do século XIX e início do século XX foi Binet. Trabalhando principalmente com crianças deficientes mentais, o autor esmerou-se na construção de um escala capaz de mensurar o nível de inteligência destas crianças.
Binet e Henri (1898) consideravam a inteligência como uma aptidão geral do indivíduo, que não dependia das experiências ou da aquisição de informações. Assim, as características essenciais da inteligência seriam, para eles, as capacidades de atenção, de julgamento e de adaptação do comportamento aos objetivos (FONTANA; CRUZ, 1997).
E neste sentido, para estudar a inteligência, que segundo o Binet (1898) seria biologicamente determinada, o autor partiu da experimentação e da observação do que as crianças eram capazes de fazer nas mais variadas idades. Para isto, ele criou uma série de provas que envolviam raciocínio, sem remontar a aprendizagens anteriores, e que desta forma, serviam para medir o QI, ou seja, o Quociente de inteligência de uma pessoa, conforme vocês podem constatar no vídeo: Hindemburg em matéria sobre QI no Fantástico, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DcePY_FwQAI>.
As provas de Binet eram aplicadas a crianças de diferentes idades, sendo que o autor considerava que, se de 60% a 90% das crianças conseguia resolver determinado teste, então ele era considerado adequado para esta idade. Assim, ele organizava essas provas em ordem crescente de dificuldade, verificando o nível até o qual estas crianças conseguiam prosseguir adequadamente.  O número de testes resolvido corretamente era denominado de quociente de inteligência ou idade mental. Caso a idade cronológica correspondesse a essa idade mental a criança era considerada normal. Agora, se sua idade cronológica fosse inferior à norma, então esta criança estaria acima da média, sendo que caso esta idade cronológica fosse superior à mental, possivelmente essa criança poderia apresentar alguma espécie de deficiência.
Aprofundando o Conhecimento:
De acordo com o comentário acima, pode-se observar que foi Binet que iniciou o estudo do que hoje denominamos quociente de inteligência (QI). Para saber mais sobre o QI acesse o site:
<http://www.infoescola.com/psicologia/quociente-de-inteligencia-qi/>.
e descubra muitas curiosidades e aspectos interessantes relacionados a este tema.
Após estes primeiros estudos e, entre a primeira e a segunda guerras mundiais, temos um período de escassez de pesquisas, visto que há ausência de verbas neste sentido, juntamente com a necessidade de se investigaroutros aspectos referentes à existência humana. Ainda assim os pesquisadores continuam na tentativa de entender o desenvolvimento humano, preocupados, neste momento, com as variáveis que podem intervir, tanto positiva, quanto negativamente neste desenvolvimento.
Já a partir da década de sessenta, estas pesquisas sofrem um novo aumento significativo, sendo marcadas por descobertas em varias áreas e países, relacionadas ao desenvolvimento infantil. Contudo, hoje, na verdade, o desenvolvimento humano não se restringe a questões referentes às crianças e adolescentes, mas engloba todas as mudanças que ocorrem ao longo da vida de uma pessoa, desde sua concepção ate a sua morte, como diriam Papalia e Olds (2000, p. 25): “[...] o desenvolvimento é o estudo científico de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais, desde a concepção até a morte”.
E quando se fala no estudo do desenvolvimento não se está apenas abordando seus aspectos físicos, mas principalmente, no que tange à psicologia, seus aspectos psíquicos, visto que estes também se iniciam no momento em que nascemos a termina apenas ao final de nossa vida adulta, correspondendo ao que Piaget (1989, p. 11) denominou uma “equilibração progressiva, uma passagem de um estado de menor equilíbrio a um estado de equilíbrio superior”.
Para saber mais:
Para saber mais sobre o desenvolvimento da inteligência para Piaget e seus estudos no laboratório de psicologia de Alfred Binet, acesse o link: <http://www.youtube.com/watch?v=3jAYPYspAXg>. e assista ao vídeo: Jean Piaget – Tendëncia Cognitiva.
E na verdade, como vocês viram no vídeo este desenvolvimento psíquico é algo difícil de ser observado em essência, visto que fazem parte daquela categoria de comportamentos que só podem ser deduzidas a partir dos comportamentos observáveis de uma pessoa. Assim, é verificando a evolução dos comportamentos de uma criança, ou mesmo de um adulto, que se pode inferir questões relativas ao seu desenvolvimento psíquico, ou melhor, daquilo que chamamos de inteligência.
Assim, como se pode observar acima, o estudo do desenvolvimento se constitui algo extremamente complexo e implica no entendimento de um conjunto de variáveis afetivas, sociais, biológicas e cognitivas interagindo durante os diversos períodos que perpassam a existência de um indivíduo. Compreender o desenvolvimento, então, significa ainda abordá-lo em uma perspectiva interdisciplinar que engloba a biologia, a antropologia, a sociologia, a educação e a medicina, entre outras. Além disso, diversas áreas da própria psicologia também servem de subsidiarias ao estudo do desenvolvimento humano, tais como a psicologia da personalidade, a social, a educacional e a cognitiva.
E é disto que a psicologia do desenvolvimento se ocupa, do estudo cientifico das mudanças que ocorrem ao longo de toda a vida de uma pessoa, mudanças estas que, sendo resultados de um complexo conjunto de fatores, são também afetadas por uma série de elementos.
Assim, entre os fatores que, de maneira indissociável e em permanente interação afetam todos os aspectos do desenvolvimento poderíamos enumerar, de acordo com Bock, Furtado e Teixeira (1999):
a) Hereditariedade: correspondente à carga genética do indivíduo que estabelece seu potencial, que pode ou não desenvolver-se, de acordo a interação com os demais fatores abaixo;
b) Crescimento orgânico: referindo-se ao aspecto físico que, conforme se desenvolve também permite ao individuo a possibilidade de descobertas e de desempenho de comportamentos que não eram possíveis quando este era menor;
c) Maturação neurofisiológica: que torna possível determinado padrão de comportamento. Um exemplo clássico se refere à alfabetização, por exemplo, que só é possível quando a criança já possui um dado desenvolvimento neurológico que permite segurar o lápis e copiar as letras, por exemplo;
d) Meio: por fim, para que uma criança possa se desenvolver é necessário ainda um conjunto de influências e estimulações ambientais que potencializam ou dificultam as questões relativas à hereditariedade, ao crescimento ou à maturação neurofisiológica.
Para saber mais:
Para que vocês possam entender um pouco melhor as diversas teorias que estudam esta relação entre desenvolvimento e aprendizagem e os fatores relacionados a estes processos acessem o texto: O conhecimento psicológico e suas relações com a educação de Elvira Cristina Azevedo de Souza Lima disponível no link: <http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/743/665>.
Neste texto a autora comenta brevemente os impactos de cada uma destas teorias no que se refere à educação e ao trabalho no contexto escolar. O que pensam sobre as ideias da autora?
Contudo, apenas entender o desenvolvimento de seus alunos, não capacita os psicopedagogos e professores para lidarem com eles em sala de aula, visto que, para propiciar a aprendizagem destes alunos, é preciso primeiro entender como ela ocorre, e como este campo de conhecimento veio se desenvolvendo até os dias de hoje. Deste modo, serão estes os assuntos abordados no tópico seguinte, de modo a clarificar as contribuições da Psicologia da Aprendizagem para o campo educacional.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: Mas antes de tratarmos mais especificamente da aprendizagem e da forma como se relaciona com o desenvolvimento da inteligência, proponho pensarmos um pouquinho sobre a função do professor neste processo: como o professor pode contribuir para a aprendizagem de seus alunos? No que tange à aprendizagem destes alunos, ainda, qual seria o papel do psicopedagogo institucional junto a sua equipe pedagógica?
Aprofundando o Conhecimento:
Como vocês devem ter percebido o professor tem um papel preponderante na aprendizagem, e consequentemente, no desenvolvimento da inteligência de seus alunos. Isto também pode ser visto no filme: Escritores da Liberdade, que mostra o quanto a intervenção adequada de uma professora pode estimular seus alunos e verdadeiramente fazer diferença em suas vidas. O download do filme pode ser feito gratuitamente através do site: <http://www.filmesparadownloads.com/escritores-da-liberdade-dublado/>.
A Psicologia da Aprendizagem e suas Contribuições para o Desenvolvimento da Inteligência
Aprendizagem vem do termo apprehendere, que significa prender ou tomar para si. Assim, segundo Moser (2002) a aprendizagem seria o fenômeno através do qual o sujeito adquire determinado conhecimento ou atitude. E isto pressupõe que a aprendizagem seja uma operação ativa por parte do sujeito de modo que o sujeito, uma vez maduro biologicamente, precisa executar uma ação própria para garantir, assim, sua aprendizagem.
Outro fator que se deve considerar ainda em relação à aprendizagem é o seu caráter social, visto que o indivíduo se apropria ativamente do conteúdo que seu grupo social conhece, a partir da interação social com outras pessoas.
E sendo a aprendizagem um processo social, podemos dizer então, que as crianças não necessariamente precisam estar na escola para aprender, já que, por estarmos em constante interação com as pessoas, estamos também, constantemente aprendendo - quer estejamos, ou não, numa instituição especificamente destinada a este fim.
Ou seja, diariamente aprendemos com nosso pai, mãe, tios, avós ou irmãos sobre a melhor maneira de construir uma torre de cartas, sobre como contar até dez, ou até mesmo quais são as letras do alfabeto, e como escrever nosso próprio nome. E além desta ação social intencional, mas não institucionalizada, aprendemos ainda através de alguns acontecimentos pelos quais passamos de uma forma aleatória e não intencional, tais como o choque levado em uma tomada, ou o quase atropelamento quando atravessamos ma via rápida sem olhar para os dois lados, que deste modo nos ensinam que “não é bom colocar o dedo na tomada”, ou que “devemos olhar para os dois lados antes de atravessar”.
Um bom exemplo do quanto a aprendizagem é um processo social e da influência que modelos, como pais e professores tem em nossa vida é ilustrado através do vídeo:
Aprendizagem Social, disponívelem: <http://www.youtube.com/watch?v=quqkR_LlQ5U>.
Contudo, independente da forma através da qual aprendemos, torna-se importante para o professor e, sobretudo para o psicopedagogo, entender a forma como esta aprendizagem ocorre, bem como os elementos essenciais que intervém na mesma, para que possam atuar neste sentido no contexto escolar.
Assim, a aprendizagem, enquanto este complexo processo de aquisição de conhecimentos através da experiência ou do convívio social é também definida de formas intrincadas e complexas, de acordo a cada uma das teorias que se propõem a estudá-la. Algumas definições incluem: condicionamento, aquisição de informação, mudança comportamental, uso do conhecimento na resolução de problemas, construção de novos significados e estruturas cognitivas e revisão de modelos mentais.
Entretanto, o que é comum a todos estes conceitos e formas de se abordar a aprendizagem é sua caracterização como um processo de mudança de comportamento, quer em termos de conhecimentos teóricos, ou de habilidades práticas, provocado pela experiência cotidiana e/ou interação com pessoas, na qual estejam interagindo os aspectos emocionais e psicológicos e mentais deste indivíduo com o ambiente que o circunda.
Na verdade, a definição de aprendizagem é algo realmente complicado, visto que muito se fala dela, mas ainda se confunde a este processo com as suas manifestações exteriores e seus produtos, uma vez que não se diferencia adequadamente o que se passa quando se aprende, daquilo que se aprende a partir deste processo. E isto ocorre, segundo Meirieu (1996 p. 56) porque “esquecemos a gênese de nossos conhecimentos, e não nos lembramos mais como os construímos”.
Assim, Moser (2002) lembra que enquanto um processo, aprendizagem processa-se em três fases:
1)  Fase de Identificação: na qual se começa perceber um determinado objeto de conhecimento, no intuito de aprendê-lo;
2)  Fase de Significação: que corresponde à busca por atribuição de algum significado a este objeto, de acordo ao interesse que se tem por ele;
3)  Fase de Aplicação: na qual todos os conhecimentos aprendidos são empregados na vida deste sujeito, de acordo às suas necessidades e propósitos.
Para que esta passagem da ignorância ao saber ocorra, entretanto, é preciso que haja desestabilização e conflito com as estruturas pré-adquiridas (MOSER, 2002). Ou seja, para que eu possa aprender informações novas é preciso que eu reveja as informações anteriores, substituindo-as ou melhorando-as, de acordo a este novo conhecimento, num contínuo processo de aprender desaprendendo.
Aprofundando o Conhecimento:
Para entender um pouco mais sobre este processo de desenvolvimento da inteligência  que denominamos aprendizagem, as fases  através das quais ela se processa e as teorias a ela relacionadas leia o texto de Moser (2002) na integra: Aprendizagem: teorias, disponível no link: <http://revistas.unipar.br/educere/article/viewFile/838/73
E agora que tornamos um pouco mais claro este processo de aprendizagem, resta falar sobre seus produtos. Segundo Grossi (1990) o simples saber seria o produto da aprendizagem não sistematizado, mas transformador, ou seja, seria aquele tipo de inteligência prática na qual apenas sabemos quais os passos necessários para a solução de um problema, sem que tenhamos necessariamente refletido de uma forma sistemática sobre esta solução, mas que ainda assim tem um caráter transformador e acrescenta-nos algo enquanto aprendemos, modificando nossa maneira de viver.
A inteligência teórica, por sua vez seria o extremo oposto, constituindo-se num produto da aprendizagem sistematizado, mas não transformador. Ou seja, quando digo que conheço algo isso significa que refleti sobre este assunto, mas não implica necessariamente que o mesmo cause modificações no meu comportamento, levando-me a adotar uma nova postura perante o mundo.
Assim, o que se deveria buscar realmente, em termos de aprendizagem, seria esta interpenetração entre o saber e o conhecimento, de modo que o produto da aprendizagem seja sistematizado e transformador, constituindo aquilo que chamamos de práxis: “a práxis pode ser definida como a contínua conversão do conhecimento em ação transformadora e da ação transformadora em conhecimento” (GROSSI, 1990, p. 47).
E é neste sentido que as teorias da aprendizagem buscam colaborar, auxiliando psicopedagogos e professores na compreensão do modo como as pessoas aprendem e sobre as condições necessárias para sua concretização, bem como acerca do próprio papel destes profissionais em tal processo. Desta forma, torna-se possível ainda entender um pouco mais em relação às causas das dificuldades de aprendizagem reveladas pelos alunos, identificando os fatores que para elas contribuem.
Além disso, um melhor entendimento acerca das teorias de aprendizagem pode contribuir com uma formação mais adequada de todos aqueles que participam do sistema educacional.  Assim, estas teorias seriam importantes ao possibilitarem aos psicopedagogos e professores adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe permitirão alcançar melhor os objetivos do ensino junto a seus alunos.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: Mas o que seriam as teorias de aprendizagem? Quais as principais propostas de cada uma delas? Poste suas respostas no ambiente virtual de aprendizagem antes de prosseguir com a leitura do material.
Continuando a leitura, poder-se-ia dizer, em primeiro lugar, poder-se-ia dizer que uma teoria é uma tentativa de sistematizar uma área de conhecimento de maneira tornar mais fácil a resolução dos problemas pertinentes a estas áreas. Neste sentido, uma teoria da aprendizagem seria uma maneira organizada de se pensar a aprendizagem e deste modo, também de se tentar promove-la.
Assim, as teorias da aprendizagem tentariam reconhecer os processos envolvidos no ato de ensinar e de aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem e buscando explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento (TECH, 2005).
E cada uma delas buscaria esta explicação através de conceitos e processos que considera centrais. Deste modo, para a teoria inatista-maturacionista a disposição para a aprendizagem estaria nas características geneticamente herdadas. Já para a teoria comportamentalista seria o meio-ambiente o fator determinante na aprendizagem dos seres humanos. Por fim, para as teorias denominadas interacionistas, como a de Vygotsky ou Piaget, seria na interação entre meio e hereditariedade que se encontrariam as explicações para a aquisição de conhecimentos por parte dos seres humanos.
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber um pouco mais sobre as diversas teorias de aprendizagem e suas concepções sobre a inteligência, acesse o link:
<http://www.youtube.com/watch?v=PW5ermAJdQk>. e assista ao vídeo: Aprendizagem.
Em nossa próxima unidade trataremos em maiores detalhes sobre a questão das inteligências múltiplas apresentadas no vídeo, contudo, antes de finalizarmos esta web aula, resta apontar ainda a concepção de uma moderna corrente de estudo da inteligência como produto da interação entre o meio ambiente e a hereditariedade, a saber, a Genética do Comportamento:
A Genética do Comportamento e sua Concepção sobre a Inteligência:
Segundo o professor Calegaro (2002) a genética do comportamento seria a ciência que estuda os mecanismos genéticos e neurobiológicos envolvidos nos mais variados comportamentos humanos. Assim, poderíamos dizer que a genética do comportamento seria uma área de intersecção entre a genética e as ciências do comportamento, entre elas, a psicologia.
Deste modo, o impacto desta área de conhecimento na psicologia – que se dedica ao estudo do comportamento humano - é imenso, acarretando um novo entendimento sobre os fatores que levam uma pessoa a agir de determinada forma, ou não.
Então, graças a esta ciência, hoje sabemos que todo comportamento depende, em maior ou menor grau, de fatores genéticos e de fatores ambientais, interagindo de maneira extremamente complexa (CALEGARO, 2002).
Acredita-se hoje que osgenes definem tendências, mas que são as experiências individuais que, sempre, as modulam. Ou seja, qualquer gene precisaria, para se expressar de maneira adequada, de determinadas circunstâncias externas, sejam bioquímicas, físicas ou fisiológicas.  (CALEGARO, 2002).
Uma das formas de se estudar mais detalhadamente a influência da genética sobre o comportamento das pessoas é através da análise do comportamento de gêmeos idênticos e de crianças adotadas. Os gêmeos idênticos possuem exatamente o mesmo padrão genético porque se originam do mesmo óvulo fertilizado, enquanto os gêmeos fraternos não são mais semelhantes do que qualquer outro par de irmãos.  Assim, segundo Bee (1996) se os gêmeos idênticos acabam sendo mais parecidos um com o outro em termos de inteligência do que os gêmeos fraternos, tal dado é tido como evidencia da influência da hereditariedade neste tipo de habilidade.
Outra forma de estudar o papel da hereditariedade na determinação de nossa inteligência é através da análise das atitudes de gêmeos criados em ambientes diferentes. Se ainda assim estes gêmeos apresentarem padrão de comportamento semelhante, têm-se uma evidência clara da contribuição da genética no que se refere a este traço de personalidade.
Aprofundando o Conhecimento:
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a influência da genética na determinação de nossa inteligência e de nosso comportamento acesse o link: <http://veja.abril.com.br/220409/p_086.shtml>.  e leia a reportagem da Revista Veja: Genética não é Espelho!
Por fim, também é possível estudar a influência da hereditariedade e do meio ambiente na determinação de alguns padrões de conduta ao se comparar crianças adotadas com seus pais biológicos (com os quais compartilham genes) e com seus pais adotivos (com os quais compartilham o meio ambiente). Se for constatado, em certos tipos de comportamento, que a criança é mais parecida com seus pais biológicos, este dado é tido como evidência de que a influência da genética é preponderante na determinação de sua inteligência. Agora, se essa criança for mais parecida com seus pais adotivos tem-se uma forte contribuição do meio ambiente na modulação desta sua característica.
Saiba mais:
Caso você tenha se interessado por estas questões relacionadas à genética na determinação de nossos comportamentos, e mais ainda, na manipulação genética, com vistas a culminar com seres humanos com DNA perfeito e que possuam determinadas características não apenas físicas, mas principalmente comportamentais pré-estipuladas, assista ao filme GATACCA (1997).
Nossa, quanta informação, não é mesmo?
Pois é, apenas para lembrar é preciso assinalar que iniciamos a nossa primeira web aula falando da inteligência e que abordamos a sua relação com o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como e a influência do psicopedagogo e do professor neste processo.
Além disso, tratamos também dos primeiros estudos sobre a inteligência infantil, dos principais estudiosos que se dedicaram a este trabalho e das principais teorias relacionadas ao estudo do desenvolvimento da inteligência e da aprendizagem de nossas crianças.
Por fim, discutimos ainda os pressupostos da genética do comportamento e a forma como esta ciência entende a inteligência enquanto um produto da interação entre a hereditariedade e o meio ambiente.
É, eu avisei vocês que teríamos muito assunto a tratar e nossos temas não se acabam por aqui! Há muita coisa ainda a ser comentada, sobretudo no que se refere às questões referentes à inteligência emocional e à inteligência multifocal, que estão muito em pauta ultimamente e que serão tratados em nossa próxima unidade.
Acredito que esta tenha sido uma unidade bastante polêmica, e saibam vocês, esta era a intenção, provocar vocês, alunos, para que assim possam se dedicar ainda mais ao estudo do tema, aprofundando os conhecimentos de vocês.
Espero ter alcançado este objetivo e encontro vocês na segunda web aula do curso.
 
Um abraço
Daniele Fioravante
 
BINET, Alfred; HENRI, Victor. La fatigue intellectuelle. Paris: Schleicher, 1898
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva. 1999.
CALEGARO, Marco Montarroyos. Psicologia e genética: o que causa o comportamento? Cérebro e mente, Campinas, n. 14, nov.2001/ mar. 2002. Disponível em: < http://www.cerebromente.org.br/n14/mente/genetica-comportamental1.html >. Acesso em: 26 jan. 2013.
FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazaré. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1997.
GESELL, Arnold Lucius; AMATRUDA, Catherine S. Diagnóstico do desenvolvimento. 3. ed. São Paulo: editora Atheneu, 1987.
GROSSI, Esther Pillar. A contribuição da psicologia na educação. Em Aberto, Brasília, v. 9, n. 48, p. 45-60, out./dez., 1990. Disponível em: < http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/746/668 >. Acesso em: 26 jan. 2013.
KREBS, Ruy J. Desenvolvimento humano: teorias e estudos. Santa Maria: Casa Editorial, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Apprendre oui, mais comment. 13. ed. Paris: ESF, 1996.
MOSER, Alvino. Aprendizagem: teorias. Educere, Umuarama, v. 2, n. 1, p. 93-109, jan./jul. 2002. Disponível em: <http://revistas.unipar.br/educere/article/viewFile/838/735>. Acesso em: 26 jan. 2013.
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento humano. Tradução de D. Bueno. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,1989.
RAPPAPORT, C.R. Modelo piagetiano. In RAPPAPORT; FIORI; DAVIS. Teorias do Desenvolvimento: conceitos fundamentais. v.1. EPU, ?: 1981. p. 51-75
TECH, Adriano Rogério Bruno. A informática e a educação no ensino mediado por computador. Revista de Educação, Campinas, v. 8, n. 8, p. 113-122, 2005. Disponível em: < http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/reduc/article/view/184/180 >  Acesso em: 26 jan. 2013.
WHITE, Elle G. Conselhos aos professores, pais e estudantes.  3 ed. Santo André: Casa publicadora Brasileira, 1975.
INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL E TRANSTORNOS PSÍQUICOS
WEBAULA 2
Unidade 1 – Inteligência Multifocal e Transtornos Psíquicos
Sejam muito bem vindos novamente às nossas aulas do curso de INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL E TRANSTORNOS PSÍQUICOS. Para lembrá-los, meu nome é Daniele Pedrosa Fioravante e irei acompanhá-los durante seu percurso de estudos no ambiente web. Esta unidade de estudo soma-se com os vídeos, com estudo do material didático e as avaliações, para assim delinear o nosso método de trabalho.
Nesta nossa segunda unidade, abordaremos as questões relacionadas à inteligência multifocal, inteligência emocional, principais transtornos psíquicos apresentados em sala de aula, bem como a forma como o professor e também o psicopedagogo podem lidar com todos estes elementos em suas escolas.
Muito bem, então. Prontos para recomeçar os estudos?
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: Antes de iniciarmos as nossas aulas, no entanto, gostaria que refletissem um pouso sobre o seguinte trecho:
"As inteligências dormem. Inúteis são todas as tentativas de acordá-las por meio da força e das ameaças. As inteligências só entendem os argumentos do desejo: elas são ferramentas e brinquedos do desejo". (ALVES, 1997).
O que pensam sobre este trecho? Qual a relação que fazem entre o trecho e o trabalho do psicopedagogo institucional? Pensem um pouco sobre isto e postem os comentários de vocês em nosso Fórum de Discussões antes de prosseguirem com a leitura do material.
Pois bem, como vocês podem perceber no trecho acima, e conforme foi assinalado em nossa web aula anterior, nós não falamos hoje de uma única inteligência, mas sim, de inteligências, ou seja, de níveis de habilidades diferentes para se agir em tarefas variadas.
E isto foi possível principalmente a partir dos trabalhos de Howard Gardner sobre Inteligências Múltiplas, e de Daniel Goleman sobre a Inteligência Emocional, duas teorias que vocês podem conhecer brevemente através do próximo vídeo de nossa disciplina:
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Como vocês viram, Howard Gardner (1994), insatisfeito com os testes gerais de QI (quociente de inteligência) desenvolvidos por Binet - dos quais tratamos em detalhes em nossa web aula anterior - e estudando as características individuai das pessoas, estabelece a sua teoria sobre a inteligência, estipulando sete áreas distintas, a saber:
1) Inteligência Linguística: capacidade de lidar com as habilidades verbais escritas ou faladas;
2) Inteligência Lógico-matemática: capacidade de lidar com símbolos matemáticos, fazer cálculos e tratar de questões científicas;
3) Inteligência Espacial: habilidade para visualizar um modelo mental espacial e para operar no mundo utilizando este modelo;
4) Inteligência Musical: capacidade de distinguir e reproduzir sons musicais, lidando com a música de maneira geral;
5) Inteligência Corporal-cinestésica: habilidade de utilizar do próprio corpo para realizar as mais diversas atividades, como dançar;
6) Inteligência Interpessoal: capacidade de ter empatia e de se relacionar bem com as outras pessoas;
7) Inteligência Intrapessoal: habilidade de conhecer-se a si mesmo e de operar no mundo de modo a respeitar-se;
A definição geral de inteligência vem do latim, do termo inteligere (intus: entre e legere: escolher), o que significa que ter inteligência corresponderia à capacidade de entre, ou seja, de fazer a melhor opção entre as alternativas disponíveis na hora de se resolver a uma questão.
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber mais sobre esta questão das Inteligências Múltiplas, acesse o link: <http://eduep.uepb.edu.br/rbct/sumarios/pdf/inteligencias_multiplas.pdf>. e leia o texto de Travassos sobre o assunto.
Como vocês podem ver, Gardner (1994), em sua teoria, amplia o conceito de inteligência, demonstrando que uma pessoa pode ser muito inteligente na área de esportes (inteligência corporal-cinestésica), ainda que suas notas em matemática sejam sofríveis.
E isto evidencia a necessidade de toda a equipe pedagógica de uma escola reconhecer tais aspectos e de saber valorizar a cada aluno por aquilo que sabe fazer, ao invés de puni-lo por seus fracassos. Ou seja, é preciso ter a atitude do dono dos potes, como vocês podem ver no vídeo: O Valor de Cada Um, disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=ENofmMTOdw4>
Mas para que o psicopedagogo, e também o professor possam agir desta forma, é preciso que eles possuam o que se denomina de Inteligência Emocional. Mas o que seria isto?
Conforme vocês viram no vídeo de nossa disciplina, a inteligência emocional de Daniel Goleman (1995) representa na verdade um desdobramento das inteligências interpessoal e intrapessoal preconizadas por Gardner (1994), ao mesmo tempo em que reafirma que a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os sentimentos do outro e saber lidar com eles é uma habilidade muito importante para a vida em sociedade.
Assim, o autor cunha o termo QE (Quociente Emocional) indicando que, para que uma pessoa possa ter sucesso em sua vida, principalmente no que tange ao seu trabalho, seria preciso que ela possuísse características como afabilidade, compreensão e gentileza. (GOLEMAN, 1995).
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber mais sobre esta questão da Inteligência Emocional, acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=wAiQ7S6WaLQ>.e assista a palestra de Flávio Gikovatesobre o assunto.
Ainda segundo Goleman (1995) a inteligência emocional poderia ser desmembrada em cinco habilidades, a saber:
1. Autoconhecimento Emocional - capacidade de reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando estes ocorrem;
2. Controle Emocional - habilidade de lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;
3. Automotivação - para dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou de determinada realização pessoal;
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas - saber reconhecer as emoções do outro e ter empatia por seus sentimentos; e
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais - interação com outros indivíduos utilizando competências sociais.
E uma vez que tais habilidades são reconhecidas como importantes para a vida em sociedade, o autor enfatiza a necessidade de ensiná-las às nossas crianças, sendo que para isto seria preciso:
1. Perceber as emoções das crianças e as suas próprias;
2. Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade e orientação;
3. Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança;
4. Ajudar as crianças a verbalizar as emoções;
5. Impor limites e ajudar a criança a encontrar soluções para seus problemas. (GOLEMAN, 1995)
É, dá para perceber que este trabalho não é nada fácil, não é mesmo? Mas com certeza nossas crianças teriam muito a ganhar se tanto os pais quanto os profissionais da educação conseguissem estimulá-las neste sentido. E na verdade, o autor Vitor (apud PARPINELLI; WATANABE 2001 p. 06) pontua que, por mais difícil que pareça o princípio da educação é simples:
Devemos ensinar ao indivíduo o senso de respeito, importância e de responsabilidade. Não apenas falando ou impondo responsabilidades, mas compartilhando responsabilidade com ele. E isto é fácil de se conseguir: atividades em equipes, onde todos trabalham igualmente e possuam a responsabilidade de manter a equipe viva. (...) "escolas emocionais" devem: investir menos esforços em medir conhecimentos (as notas) e mais tempo e enfoque na aprendizagem; compartilhar responsabilidades com seus alunos; investir nas tecnologias modernas de ensino; identificar e promover talentos individuais; promover reciclagem permanente de professores; enfatizar atividades em grupo; enfatizar a criatividade de cada aluno e ensinar o aluno como aprender.
Para saber mais:
Para saber mais sobre esta questão da Inteligência Emocional, acesse o link: <http://www.interacaovirtual.com/LIVROS/Daniel_Goleman-Inteligencia_Emocional.pdf>.e leia o livro de Daniel Goleman na íntegra.
E na verdade, foi estudando e aprofundando-se nestas teorias e reunindo fatos e argumentos durante dezessete anos que o psiquiatra Augusto Cury (2006) elaborou a sua teoria da inteligência multifocal, a qual passaremos a estudar em maiores detalhes a partir de agora, através do próximo vídeo de nossa disciplina:
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Como vocês podem observar no vídeo, a teoria da Inteligência Multifocal de Cury – uma das poucas elaboradas por um cientista brasileiro - não anula as teorias de Gardner e Goleman, mas ao contrário, as ressignifica, analisando-as em conjunto e à luz da existência humana em seus aspectos intelectual, histórico, cultural, emocional e social.
E para realizar tal tarefa o Cury (2006) se dedica a estudar a inteligência humana identificando que, para uma vida completamente saudável em sociedade seria preciso que estivesse presente nela dez funções:
1) A arte de amar e valorizar a vida;
2) A arte de apreciar o belo;
3) A arte de pensar antes de agir;
4) A arte de expor e não de impor as ideias;
5) A arte de ser solidário;
6) A arte de gerir os pensamentos dentro e fora dos conflitos;
7) A arte de se colocar no lugar dos outros;
8) A arte de manter o espírito empreendedor;
9) A arte de trabalhar perdas e frustrações;
10) A arte de colaborar em equipe.
Assim, uma pessoa seria tanto mais saudável intelectual e emocionalmente quanto mais pudesse desenvolver tais habilidades em sua vida. Ë claro que o autor não negligencia o fato de que nossa vida é repleta de situações e emoções negativas que muitas vezes interferem em tais habilidades, no entanto, segundo Cury (2006) mesmo não sendo possível apagar tais experiências, seria possível ressiginificá-las e extrair delas seus aspectos mais positivos.
Para Saber Mais:
Este tema da inteligência multifocal tem sido amplamente utilizado e discutido na atualidade. Para se aprofundar nestas discussões, acesse o link <http://pt.scribd.com/doc/13800715/Augusto-Jorge-Cury-Inteligencia-Multifocal>. e tenha acesso a trechos do livro InteligênciaMultifocal: análise da construção de pensamentos e da formação de pensadores (CURY, 2006).
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: Quanta informação, não é mesmo? O que vocês pensam sobre esta teoria de Cury? Já tinham ouvido falar dela? Como acham que ela poderia ser aplicada na educação de nossas crianças e jovens?
Na verdade o papel do educador, seja ele psicopedagogo, pai ou professor, seria o de conduzir o seu filho/aluno neste processo de construção de sua inteligência, na tentativa de desenvolver nele a sabedoria, a arte de pensar, a arte da solidariedade, a arte de empreender e o prazer de viver numa sociedade estressante. (CURY, 2006).
Ë claro que neste processo de educação de nossas crianças e jovens, muitas vezes encontramos entraves, como a agressividade, resistência e revolta por parte dos educandos e, por outro lado, o estresse e as pressões cotidianas que a própria profissão de educador nos submete. Contudo, segundo o autor é preciso que o educador compreenda tais questões e saiba lidar frente a elas, culminando no projeto de escola de inteligência tão preconizado por Cury (2006).
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber mais sobre o projeto escola de inteligência acesse o link: <http://www.youtube.com/watch?v=NXO3yq2wGvo>. e assista a uma entrevista de Cury sobre o tema.
Ou seja, é preciso ensinar nossas crianças e jovens a desenvolver a sua inteligência ao aprender a: 1) pensar antes de agir; 2) proteger a emoção; 3) treinar seu caráter nas habilidades de honestidade, transparência, resiliência, entre outros; 4) praticar o diálogo interpessoal.
Assim, se soubermos ensinar as nossas crianças e jovens a desenvolverem a sua inteligência nos termos apontados acima, com certeza contribuiremos para o seu desenvolvimento saudável, e assim, para evitar tantos dos transtornos psíquicos que os acometem na atualidade, conforme vocês podem observar no próximo vídeo de nossa disciplina:
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Transtornos Psíquicos:
Estes tipos de transtorno são bastante comuns na infância e adolescência (cerca de 20% segundo a Organização Mundial de Saúde), contudo são ainda pouco conhecidos e estudados, mesmo pelos profissionais que trabalham com crianças e adolescentes, em especial os professores. E esta é uma realidade que precisa ir se modificando a partir de uma disciplina como a nossa, visto que:
Dentre os grupos dos transtornos psiquiátricos da Infância e adolescência, os transtornos de humor e da ansiedade merecem um destaque especial pela importante incidência entre as crianças em fase escolar, prejuízos provocados no desenvolvimento das habilidades sociais, emocionais e acadêmicas e da possibilidade de tratamento e cura quando adequadamente diagnosticados e tratados.
Os profissionais da educação possuem um papel fundamental no processo diagnóstico. São eles que muitas vezes observam alterações comportamentais e piora do padrão de aprendizagem dos conteúdos programáticos e que poderiam sugerir ou mesmo mediarem o encaminhamento dessa criança ou adolescente para uma avaliação psiquiátrica e psicológica (BOARATI, 2011 p.01).
A) TRANSTORNO BIPOLAR: dentro das categorias representadas na citação acima poderíamos dizer que o transtorno bipolar seria um transtorno do humor, visto que, conforme o próprio nome diz, inclui-se entre as patologias que afetam os sentimentos e estados de humor do indivíduo, como é o caso, por exemplo, da depressão.
Contudo, o transtorno bipolar corresponderia a uma patologia significativamente grave no qual a pessoa alterna ciclos de depressão e de mania. Assim, esta pessoa oscilaria entre períodos de extrema tristeza, falta de energia, de paciência e de motivação, cansaço, choro, irritação e alterações do apetite e do sono, além de sentimentos de desesperança e ideias de morte e suicídio e períodos de mania. Durante a mania, esta pessoa, pelo contrário, se mostraria extremamente feliz, eufórica, com sentimento de superioridade, se achando capaz de fazer tudo e apresentando um nível de energia física e sexual além do habitual.  Durante a fase de mania este indivíduo ainda, se mostraria arrogante, impulsivo e com uma necessidade de sono diminuída.
Vários destes sintomas descritos acima podem ser observados no filme: Mr Jones, que mostra de maneira romântica, divertida, e muitas vezes dramática as aventuras e desventuras de seu personagem principal ao lidar com este transtorno. O download completo do filme pode ser feito gratuitamente através do link: <http://www.cubodown.com/mr-jones>.
Para caracterizar-se o transtorno bipolar, no entanto, devemos lembrar que a oscilação entre estas duas fases (ou dois pólos, conforme o nome do próprio transtorno) não é necessariamente ocasionada por um evento estressor da vida deste indivíduo, podendo ocorrer sem nenhuma relação com os mesmos. Além disso, não é possível precisar a duração de cada uma destas fases, que deve ser de no mínimo uma semana, mas que pode durar vários meses.
Por fim, é importante assinalar o quanto estas oscilações de humor interferem na vida cotidiana destas pessoas, tornando difícil a convivência com as outras pessoas e a continuidade de seus projetos.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: Pensando na gravidade do Transtorno Bipolar, reflitam sobre como seria, para uma criança em idade escolar, conviver com este tipo de situação.
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber mais sobre como o Transtorno Bipolar afeta a vida social e escolar de nossas crianças e adolescentes, acesse:
>. e leia um texto sobre o assunto.
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Pois é, como vocês mesmos devem ter observado a presença de um transtorno desta gravidade, que já produz tanto sentimento e constrangimento em pessoas adultas, é ainda pior quando surge em uma criança ou adolescente, dada a sua imaturidade emocional, o que torna muito difícil para elas dizerem o que estão sentindo e porque mudam tanto o seu estado. Além disso, os sintomas tanto de depressão quanto de mania costumam serem intensamente sentidos e são difíceis de serem definidos tanto pelas crianças e adolescentes quanto pelos pais e responsáveis. O que conseguimos perceber é que esta criança ou adolescente está diferente do seu humor habitual, ainda que nada em seu cotidiano pudesse tê-la mudado daquela forma (BOARATI, 2011).
Por fim, quando se trata ainda da presença do transtorno bipolar na infância, é importante lembrar que crianças com este transtorno são frequentemente confundidas com a população que apresenta TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e desta forma, diagnosticadas erroneamente em função de seus sintomas de hiperatividade, impulsividade, agressividade e comportamento antissocial, entre outros.
Já no que se refere aos adolescentes com bipolaridade, estes também são muitas vezes confundidos e diagnosticados erroneamente ou como portadores de esquizofrenia ou de transtornos de personalidade, tendo em vista os seus sintomas de desorganização e explosão.
B) TRANSTORNO DE ANSIEDADE: em geral as crianças pequenas apresentam medos do escuro, do “bicho papão”, entre outros, contudo, à medida que vão crescendo, o natural seria que estes medos tendessem a diminuir, com a criança se tornando mais segura e confiante. No entanto, nem sempre é assim que as coisas acontecem, dando origem a transtornos de ansiedade na infância, sobre o qual iremos tratar a partir de agora.
Em primeiro lugar, devemos lembrar que estes quadros são muito comuns em crianças e adolescentes, apresentando uma incidência nesta população menor do que os Transtornos de Conduta e de Déficit de Atenção/Hiperatividade apenas. Assim, Segundo Vianna, Campos e Fernandez (2009) no Brasil, um estudo populacional encontrou índices de prevalência do transtorno de 4,6% em crianças e 5,8% entre os adolescentes.
E não apenas a prevalência, mas sobretudo a gravidade dos quadros apresentados justifica um olhar cuidadoso para o quadro, também do professor, no sentido de identificar suas principais características e proceder ao encaminhamentoadequado a estas crianças.
Aprofundando o Conhecimento:
Vamos refletir sobre o papel do professor na intervenção junto às crianças que apresentam ansiedade de separação acessando o link: <http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=127>. e lendo o texto sobre os Transtornos Emocionais na Escola.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO: Mas quais seriam estas características? Vamos refletir um pouco sobre elas antes de prosseguirmos a leitura do material.
E antes de prosseguirmos vamos também assistir um vídeo que ilustra as características da ansiedade na infância e de como este transtorno afeta nossas crianças e jovens. (https://www.youtube.com/watch?v=jgM0SaP1e3E)
Como vocês viram, é importante lembrar que medo e ansiedade na infância e adolescência, e também na vida adulta, é algo normal, que faz parte da vida do indivíduo. Contudo, estas respostas normais de ansiedade apresentam uma correlação com aquilo que a pessoa está vivendo naquele momento e geralmente são passageiras, dissipando-se quando o evento ansiogênico acaba por ser resolvido.
No caso de um transtorno de ansiedade, no entanto, estas respostas ansiogênicas se apresentam exageradas, em relação ao evento vivido, à faixa etária e às condições sociais desta pessoa, que, muitas vezes, está permanentemente alterada e em alerta.
Assim, como consequência desta ansiedade exagerada, temos o prejuízo das relações sociais desta criança/adolescente, visto que, para evitar os estímulos geradores de ansiedade ela pode vir a evitar também algumas situações sociais, culminando em seu isolamento.  Além disso, a ansiedade exagerada pode também levar a criança/adolescente ao desenvolvimento de estratégias compensatórias para evitar o contato com aquilo que lhe causa temor. Além do consequente prejuízo funcional imediato, implicações de médio e longo prazo possíveis são a diminuição de autoestima e o desinteresse pela vida (VIANNA; CAMPOS; FERNANDEZ, 2009).
Sobre a natureza e fonte destes eventos estressores, verificamos nas crianças/adolescentes os mesmos transtornos de ansiedade que podem ser apresentados pelos adultos, como é o caso do transtorno obsessivo compulsivo, do transtorno do pânico e de ansiedade generalizada e das fobias específicas, como a agorafobia, que é o medo de lugares abertos e com muita gente, ou a claustrofobia, que é o temor por lugares fechados.  Há, porém, alguns quadros que são específicos da criança e que devem ser conhecidos por pais e professores no sentido de orientá-la, como é o caso da fobia escolar, ou seja, do medo de ir para a escola, e da ansiedade de separação.
Para Saber Mais:
Para saber mais sobre os principais critérios diagnósticos e características definidoras do transtorno de ansiedade de separação na infância leia o DSM-IV: “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 1995), disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=48>.
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Como vocês podem verificar o quadro acima justifica uma intervenção adequada para que estes sintomas e comportamentos presentes na infância e adolescência não se agravem progressivamente na vida adulta deste individuo. Além disto, é muito importante que pais e professores conheçam a este quadro e prestem atenção às suas crianças, visto que muitas vezes elas próprias não têm maturidade suficiente para descrever seus sentimentos e identificar que existe algo errado com elas. E isto, é muito importante no que se refere ao transtorno de ansiedade, mas também aos transtornos de conduta, que passaremos a analisar em detalhes a partir de agora.
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber mais sobre os transtornos de ansiedade na infância, acesse o link: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872009000100005&script=sci_arttext>. e leia o texto Transtornos de ansiedade na infância e adolescência: uma revisão de Vianna; Campos e Fernandez (2009).
C) TRANSTORNO DE CONDUTA: alguns comportamentos inadequados, como o mentir, por exemplo, podem ser observados em nossas crianças e adolescentes ao longo de seu desenvolvimento, como forma de testar a realidade em que estão inseridos e verificar quais as consequências que lhe são atribuídas após a emissão destes comportamentos. Contudo, para algumas crianças e adolescentes, estas são algumas respostas recorrentes, e que não cessam, independentemente dos castigos e punições a que são submetidos, ou dos danos e sofrimentos que provocam nos outros, dando origem ao que chamamos de transtorno de conduta.
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber mais sobre o transtorno de conduta, assista o filme: A educação de Charles Banks  e reflita um pouco sobre as características e conseqüências deste tipo de comportamento,
Sobre as características do transtorno de conduta, poderíamos citar, como critérios diagnósticos do DSM-IV (2002) quinze possibilidades de comportamento antissocial: (1) frequentemente persegue, atormenta, ameaça ou intimida os outros; (2) frequentemente inicia lutas corporais; (3) já usou armas que podem causar ferimentos graves (pau, pedra, caco de vidro, faca, revólver); (4) foi cruel com as pessoas, ferindo-as fisicamente; (5) foi cruel com os animais, ferindo-os fisicamente; (6) roubou ou assaltou, confrontando a vítima; (7) submeteu alguém a atividade sexual forçada; (8) iniciou incêndio deliberadamente com a intenção de provocar sérios danos; (9) destruiu propriedade alheia deliberadamente (não pelo fogo); (10) arrombou e invadiu casa, prédio ou carro; (11) mente e engana para obter ganhos materiais ou favores ou para fugir de obrigações; (12) furtou objetos de valor; (13) frequentemente passa a noite fora, apesar da proibição dos pais (início antes dos 13 anos); (14) fugiu de casa pelo menos duas vezes, passando a noite fora, enquanto morava com os pais ou pais substitutos (ou fugiu de casa uma vez, ausentando-se por um longo período); e (15) falta na escola sem motivo, matando aulas frequentemente (início antes dos 15 anos).
Importante lembrar que, ainda segundo o DSM-IV (1995), para um diagnóstico de transtorno de conduta, estes comportamentos devem ser apresentados por indivíduos com idade inferior a dezoito anos, devendo haver a presença de pelo menos três deles nos últimos doze meses, e de pelo menos um nos últimos seis meses. Além disso, devem ser observados prejuízos para a vida acadêmica, social ou ocupacional desta criança/adolescente.
D)    ESPECTRO AUTISTA: o autismo é uma anormalidade do desenvolvimento que se manifesta de maneira grave.  Aparece, tipicamente, entre o nascimento até os 18 meses e caracteriza-se por severos problemas de comunicação e na conduta por uma incapacidade de relacionar-se com as pessoas de maneira normal.
Os indivíduos autistas podem ser comparados ao deficiente mental, por seu desenvolvimento atrasado em todas as dimensões: fala, coordenação motora, raciocínio, postura, emoção e psicológico.
A convivência pode ficar insuportável e podem ocasionar danos físicos e/ou desencadear desorganizações psíquicas, uma vez que se encontram em idade na qual as elaborações primordiais (formação da identidade) ainda estão em curso (JERUSALINSKY, 1993).
Devem ser propostas ações pedagógicas que estabeleçam o desenvolvimento de capacidades relacionadas à interação e integração social e ao equilíbrio emocional, atribuindo-lhes o mesmo nível de importância que é dado às mais tradicionais capacidades cognitivas e linguísticas.
A atuação pedagógica do professor deve visar à potencialização do desenvolvimento cognitivo, emocional, social e psicomotor. 
Aprofundando o Conhecimento:
Para saber mais sobre a inclusão de crianças com este tipo de transtorno leia a cartilha do MEC: Reconhecendo os alunos que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem, relacionadas a condutas típicas em meio físico, caso encontre o documento na biblioteca de sua cidade, ou pelo site: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cartilha10.pdf>.
Pensando ainda no próprio filme “Uma mente Brilhante”, vocêspodem perceber que John Nash, apesar de suas limitações apresentava uma Inteligência bastante acentuada para a matemática.
E o que será que isto nos ensina pensando no trabalho do psicopedagogo e do professor em sala de aula?
Com certeza, relembrando as teorias das Inteligências Múltiplas e Multifocal que estudamos em nossa disciplina, precisamos lembrar que, independentemente do transtorno psíquico e/ou das dificuldades que nosso aluno apresenta em sala de aula, precisamos sempre lembrar que:
1)        Cada um deles é “inteligente à sua maneira”, apresentando potenciais e talentos em diferentes áreas de sua vida;
2)        Cabe a nós, professores, psicopedagogos e toda equipe escolar, identificar o estilo de aprendizagem, as dificuldades, e principalmente, as potencialidades de cada um destes alunos, de modo a conduzi-los em seu processo educacional no sentido da expressão plena destas capacidades, e, ao mesmo tempo, da superação de seus limites.
Mas como fazer isto?
O primeiro passo é entender que existem diferentes formas de pensamentos, várias inteligências e diversos estágios de desenvolvimento, de modo que todas estas variáveis devem ser consideradas - em sua relação com a cultura e o meio em que a criança está inserida – no processo de aquisição de conhecimento.
Assim, uma vez compreendendo tais aspectos, cabe oportunizar diferentes métodos capazes de engendrar o desenvolvimento das diversas inteligências. E isto pode ser feito ao se:
· Desenvolver atividades que sejam adequadas às diversas habilidades notadas em sala de aula;
· Centrar a educação na criança, adotando currículos específicos para as diversas áreas do saber;
· Criar um ambiente educacional mais amplo e variado e que dependam menos do desenvolvimento exclusivo da linguagem e da lógica, que são, hoje em dia, as habilidades mais valorizadas pela educação escolar.
Nossa, quanta coisa! E como deve ser difícil a vida escolar destas crianças e adolescentes que apresentam distúrbios de aprendizagem ou transtorno bipolar, de ansiedade e de conduta, ou outros, não é mesmo? Por isto é que é realmente muito importante que os professores identifiquem e entendam estas situações, tanto para proceder aos encaminhamentos necessários a esta criança, quanto, e principalmente, para evitar castiga-la por comportamentos e dificuldades que apresentam em sala de aula, e que muitas vezes não estão sob seu controle.
E por isto que é extremamente importante oferecer a vocês, futuros psicopedagogos institucionais, uma disciplina como esta que, nesta segunda web aula, abordou aspectos relativos à inteligência emocional e sua influência na aprendizagem de nossos alunos. Tratamos ainda da teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner e da teoria de Inteligência Multifocal de Cury, apontando seus principais pressupostos e desdobramentos no contexto escolar. E por fim, apontamos os mais diversos transtornos psíquicos que podem ser apresentados por nossas crianças e adolescentes em sala de aula, assinalando o papel do psicopedagogo e do professor em identificar as potencialidades e dificuldades destas crianças e adolescentes, e lidar com eles em sala de aula na tentativa de extrair o melhor de cada um, e EDUCANDO COM AMOR, como vocês podem observar no vídeo disponível no link: http://www.youtube.com/watch?v=A_apbRwCOr0&feature=related
Bom, acho que é exatamente esta mensagem do vídeo que eu gostaria de deixar para vocês ao final desta nossa disciplina, espero que tenham apreciado e aproveitado todo o conteúdo, e, se ainda tiverem alguma dúvida ou comentário corram para o nosso Fórum de Discussões para continuarmos com este assunto tão rico mais também tão polêmico.
Um abraço!
Daniele Fioravante
AJURIAGUERRA, J.; MARCELLI, D. Manual de Psicopatologia Infantil. Trad. A . E. Filman. Porto Alegre: Artes Médicas; São Paulo: Masson, 1986.
ALVES, Rubem. Cenas da vida.  São Paulo: Papirus, 1997.
DSM-IV– Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (Trad. Cláudia Dornelles; 4 e.d. rev.,Porto Alegre: Artmed, 2002
BOARATI, Miguel. Transtornos de Humor e de Ansiedade na Infância e Adolescência, 2011. Disponível em: < http://www.viversaude.com.br/transtornos-de-humor-e-de-ansiedade-na-infancia-e-adolescencia-e-suas-implicacoes-na-vida-academica/ >.Acesso em: 30 nov. 2012.
CURY, Augusto Jorge. Inteligência multifocal. São Paulo: Cultrix, 2006.
GARDNER, Howard.  Estruturas da mente: a teoria das múltiplas inteligências.  Porto Alegre: Artes Médicas, c1994.
GOLEMAN, D.. Emotional intelligence. New York: Bantam Books, 1995.
JERUSALINSKY, A.. Psicose e autismo na infância: uma questão de linguagem. Revista da APPOA, v.9, p.62-73, 1993.
PARPINELLI, Rafael Stubs; WATANABE, Wagner T. Inteligência emocional. 2001. Disponível em:< http://www.din.uem.br/~ia/emocional/#Introdu??o\ >. Acesso em: fev. 2013.
VIANNA, Renata Ribeiro Alves Barboza; CAMPOS, AngelaAlfano; LANDEIRA-FERNANDEZ, Jesus. Transtornos de ansiedade na infância e adolescência: uma revisão. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro, v. 5,n. 1,jun. 2009 .  Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872009000100005&lng=pt&nrm=iso >.Acessos em:02dez.2012.
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INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL E TRANSTORNOS 
PSÍQUICOS
 
Olá queridos alunos, bem vindos ao curso d
e
 
INTELIGÊNCIA 
MULTIFOCAL E TRANSTORNOS PSÍQUICO
S
 
–
 
modelo web. É, o nome 
do curso é bastante grande, não é? E é muito grande também a 
amplitude dos assuntos que irem
os tratar tanto a partir do nosso 
material escrito, dos nossos vídeos, atividades e principalmente das 
nossas discussões via Fórum de Discussões.
 
Assim, começaremos em nossa primeira unidade abordando questões 
relacionadas à inteligência, aprendizagem, des
envolvimento e fatores 
que permearam seu estudo.
 
 
Já em nossa segunda unidade, 
abordaremos as questões relacionadas à inteligência multifocal, 
inteligência emocional, principais transtornos psíquicos apresentados 
em sala de aula, bem como a forma como o pr
ofessor e também o 
psicopedagogo podem lidar com todos estes elementos em suas 
escolas.
 
Mas antes de apresentar a vocês esta disciplina, gostaria que 
refletissem um pouco:
 
 
Espero que tenham chegado à conclusão de que é de extrema 
relevância que o psicopedagogo compreenda estas questões 
relacionadas à inteligência e, consequentemente, ao desenvolvimento 
e aprendizagem infantis, pois é entendendo tais processos e os fatores 
ne
les implicados que ele poderá instrumentalizar de melhor forma a 
equipe pedagógica de sua escola para o trabalho em sala de aula.
 
WEBAULA 1
 
Unidade 1 
–
 
Inteligência Multifocal e Transtornos 
Psíquicos
 
A definição geral de inteligência vem do latim, do 
termo
 
inteligere
 
(
intus:
 
entre e
 
legere:
 
escolher), o que significa que 
ter inteligência corresponderia à capacidade de entre, ou seja, de 
fazer a melhor opção entre as alternativas disponíveis na hora de se 
resolver a uma questão.
 
INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL E TRANSTORNOS 
PSÍQUICOS 
Olá queridos alunos, bem vindos ao curso de INTELIGÊNCIA 
MULTIFOCAL E TRANSTORNOS PSÍQUICOS – modelo web. É, o nome 
do curso é bastante grande, não é? E é muito grande também a 
amplitude dos assuntos que iremos tratar tanto a partir do nosso 
material escrito, dos nossos vídeos, atividades e principalmente das 
nossas discussões via Fórum de Discussões. 
Assim, começaremos em nossa primeira unidade abordando questões 
relacionadas à inteligência, aprendizagem, desenvolvimento e fatores 
que permearam seu estudo. Já em nossa segunda unidade, 
abordaremos as questões relacionadas à inteligência multifocal, 
inteligência emocional, principais transtornos psíquicos apresentados 
em sala de aula, bem como a forma como o professor e também o 
psicopedagogo podem lidar com todos estes elementos em suas 
escolas. 
Mas antes de apresentar a vocês esta disciplina, gostaria que 
refletissem um pouco: 
 
Espero que tenham chegado à conclusão de que é de extrema 
relevância queo psicopedagogo compreenda estas questões 
relacionadas à inteligência e, consequentemente, ao desenvolvimento 
e aprendizagem infantis, pois é entendendo tais processos e os fatores 
neles implicados que ele poderá instrumentalizar de melhor forma a 
equipe pedagógica de sua escola para o trabalho em sala de aula. 
WEBAULA 1 
Unidade 1 – Inteligência Multifocal e Transtornos 
Psíquicos 
A definição geral de inteligência vem do latim, do 
termo inteligere (intus: entre e legere: escolher), o que significa que 
ter inteligência corresponderia à capacidade de entre, ou seja, de 
fazer a melhor opção entre as alternativas disponíveis na hora de se 
resolver a uma questão.

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