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1 Julia Florenzano Soares - Cirurgia CIRURGIA ESCOVAÇÃO, PARAMENTAÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO. LIMPEZA Assepsia: conjunto de medidas que permitem manter um ser vivo ou um meio inerte isento de bactérias. Remove/destrói todas as bactérias => ESTÉRIL Métodos: flambagem, calor seco, calor úmido (autoclavagem), radiação (raios gama e cobalto), químicos (óxido de etileno, glutaraldeído). Antissepsia: conjunto de medidas que visam a desinfecção de tecidos vivos com uso de antissépticos. Remove a flora transitória e diminui a residente. MICROBIOTA DAS MÃOS Flora transitória: constituída por microorganismos contaminantes recentemente adquiridos no ambiente e que ficam na pele por períodos limitados. Removidos pela lavagem ou antissepsia das mãos. Exemplos: alguns Gram-negativos (Escherichia coli) Flora residente: Constituída pelos microrganismos que sobrevivem e se multiplicam por longo tempo na pele. Difícil remoção - escovação vigorosa e antissépticos. Exemplos: Staphylococcus coag (-), Acinetobacter sp, Corynebacterium sp, Propionibacterium AGENTES ANTISSÉPTICOS Alcool 70%: Bactericida, micobactericida e boa ação sobre os principais vírus e fungos. Ausência de efeito residual. Sol. a 70% + 2% glicerina => limpeza das mãos IODO: Bactericida, virucida, micobactericida e fungicida. Ação tardia e alta concentração (5 a 7%). Reações locais e sistêmicas Iodóforos: Combinações com outros veículos que atuam liberando gradativamente as moléculas de iodo. Ação mais prolongada, menor toxicidade. Polivinilpirrolidonaiodo (PVPI) Veículos: - Sabão – PVPI degermante - Álcool – PVPI alcoolico ou “tintura de iodo” - Água – PVPI tópico Clorexedina: Largo espectro contra bactérias Gram negativas. Boa atividade contra bactérias Gram positivas, vírus e fungos. Pequena ação contra micobactérias. Opção nos casos de alergia – baixa toxicidade. Custo mais elevado que o PVPI. 2 Julia Florenzano Soares - Cirurgia HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS Higienização simples Higienização antisséptica Duração: 40 a 60 segundos. Antissepsia Cirúrgica/Pré-operatória Finalidade: Eliminar a microbiota transitória, reduzir a microbiota residente e proporcionar efeito residual na pele. Duração média: 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia. 2 a 3 minutos para as cirurgias subsequentes. Material: agente antisséptico e escova 1. Escovação 2. Secagem das mãos 3. Paramentação 4. Colocação das luvas 5. Retirada das luvas e retirada do capote MATERIAL DE DIÉRESE Bisturi Tesouras (curvas dissecção/ retascorte de fios) - Tesoura Metzembaum - Tesoura de Mayo -Tesoura de íris MATERIAL DE HEMOSTASIA Pinças hemostáticas curvas e retas MATERIAL DE PREENSÃO Pinças de disseção - Anatômicas e dente de rato (tipos: adison; cushing) 3 Julia Florenzano Soares - Cirurgia Pinças diversas (Backaus (pinça de campo), Kocher, Allis,) MATERIAL DE SEPARAÇÃO Material de separação (espaçadores manuais Farabeuf, Volkmann, Senn-Miller, gancho de Gilies) Válvulas cirúrgicas (Doyen, Doyen suprapúbica) Afastadores autoestáticos (Gelpi, Finochietto, Balfour) Utilizado para cirurgias de tórax (afasta as costelas) Obs: Ao utilizar os afastadores em uma ferida operatória extensa, suas bordas devem ser protegidas com compressas MATERIAL DE SÍNTESE Porta agulhas Agulhas/fios cirúrgicos DISPOSIÇÃO DO MATERIAL Diérese: canto inferior esquerdo. Síntese: canto superior esquerdo. Hemostasia e preensão: meio da mesa e parte inferior 4 Julia Florenzano Soares - Cirurgia Afastadores: canto superior direito HEMOSTASIA E SÍNTESE Material de hemostasia: Pinças Hemostáticas retas e curvas Pinça passa-fio (Mixter) Fios cirúrgicos Hemostasia Temporária Compressão Medicamentosa Impedimento ou diminuição do aporte sanguíneo Hemostasia Definitiva Ligadura com fios cirúrgicos Clampeamento com clipes Coagulação Obturação (ou coagulação) tópica Tamponamento por compressas HEMOSTASIA TEMPORÁRIA Compressão Digital (cruenta ou incruenta) Compressão por gaze ou compressa (tamponamento) Medicamentosa Vasoconstrictores locais – adrenalina, epinefreina. Hipotensão arterial controlada – posição, anestesia, drogas de ação sistêmica (transamim) Impedimento ou diminuição do aporte sanguíneo: Pinça de vaso sangrante/garroteamento Clampeamento de tronco vascular (por instrumentos/ligadura falsa) Oclusao endovascular HEMOSTASIA DEFINITIVA Ligadura com fios cirúrgicos (com pinçamento- vasos menores/ sem pinçamento- vasos maiores/ ligadura por transfixação/ ligadura em bloco) Clampeamento com clipes Coagulaçao (termocoagulação/eletrocauterização/fotocoagulação-laser argônio) Obturação (ou coagulação) tópica Tamponamento por compressas 5 Julia Florenzano Soares - Cirurgia SÍNTESE Critérios para uma boa síntese: Antissepsia local adequada Coaptação e viabilidade das bordas Ausência de tensão Hemostasia adequada Ausência de corpos estranhos Ausência de espaços vazios (mortos) Utilização de fios cirúrgicos adequados Cicatrização adequada Material utilizado Agulhas - Transfixar tecidos servindo de guia aos fios. - Uso correto - minimiza a reação inflamatória traumática e evita lacerações teciduais.agulhas curvas são utilizadas em praticamente todos os tecidos. Uso auxiliado pelo porta-agulha. Sentido de uso distalproximal - Agulhas retas são utilizadas na síntese de nervos, tendões e derme. Sentido de uso proximal distal - Agulhas cilíndricas(atraumaticas) tecidos mais sensíveis ou superfícies delgadas - Agulhas cortantes (traumáticas) tecidos mais resistentes (pele/área fibrosa) Porta-agulha - Posicionamento Porta-agulhas deve segurar a agulha no 1/3 distal. Pinças Dissecção e hemostáticas fios de sutura - estrutura multifilamentado (algodão,seda, ac.poliglicólico-PGA) monofilamentado (polidioxanone, poliamida) - Quanto maior o número do fio - mais fino é o fio (menor diâmetro) - Absorção - Elasticidade/memoria: capacidade do fio retornar à sua posição original Boa Memória – nylon, polipropileno Memória ruim – categute, seda, poliglactina SUTURAS Tipos Simples – os nós são atados e os fios cortados após uma ou duas passagens através dos tecidos. (ponto em X e U, Donati) Contínuas – possui um nó inicial, o fio não é cortado, estendendo-se do ponto de origem após várias passagens pelos tecidos, onde o fio é cortado após o nó final. 6 Julia Florenzano Soares - Cirurgia - Simples - Festonada ANESTESIA LOCORREGIONAL Anestesia local Características - Ação em área delimitada - Reversibilidade - Manutenção da consciência e ação muscular Meios de se obter anestesia - Mecânicos – garroteamento ou compressão do feixe nervoso. - Físicos – éter, gelo, cloreto de etila. - Químicos – anestésicos locais ANESTÉSICOS LOCAIS Grupo lipofílico(anel benzeno) – penetração nas fibras através da membrana celular Grupo hidrofílico (amina) – define o grau de ionização e o seu transporte através o meio intersticial Cadeia intermediária- potencia e toxicidade Mec. Ação Bloqueio dos canais de Na+ - Impede o influxo de Na+ e a entrada de K+ Não há propagação do sinal nervoso Potência – relacionado a solibilidade lipidica Duração– afinidade proteica e efeito vascular Latência – Pka (henderson hasselbalch) - Sao insoluveis em agua, apresentam como cloridrato - Em meio basico – nao ionizavel(menor latencia) - Em meio acido – mais ionizavel 1. Cocaína Primeiro anestésico – final séc. XIX Uso tópico – otorrinolarigologia e oftalmologia Vasoconstrictor Atualmente – banido da prática médica - Alta toxicidade sistêmica - Dependência química 2. Prilocaína (Citanest®) Utilizada em Odontologia. Geralmente associada a outros drogas. Baixa Toxicidade Cardiovascular – anestesia intravenosa regional (Bier). 3. Procaína (Novocaína®) Primeiro anestésico sintético Características: Vasoconstrictor - Baixa potência - Alta latência e baixa duração - Associado a reações alérgicas(não usar na vigência de infecções tratadas por sulfamidas) 4. Tetracaína (Pantocaína®) – 0,5% Uso tópico (oftalmologia) e em raquianestesia. Características: - Alta potência e toxicidade - Baixa latência(inicio de acao lento) e alta duração (efeito prolongado) 5. Lidocaína (Xilocaína®) – 1% e 2% Ação efetiva e segura. (é o mais utilizado) Uso tópico (gel ou “spray”) ou infiltração local. Anestésico e antiarritmico. Apresentações comerciais associado a vasoconstritor Características - pH próximo da neutralidade – baixa reação tecidual - Potência intermediária - Baixa latência (1 a 2 minutos) –rápido início de ação - Média duração (1 a 2 horas) - Toxicidade sistêmica relativamente baixa (SNC – convulsões) 7 Julia Florenzano Soares - Cirurgia 6. Bupivacaína (Neocaína®) – 0,5% Anestésico (altas doses) e analgésico (baixas doses) É o amino-amida + potente Uso em infiltração local e anestesia peridural. Características: - Alta potência - Média latência e alta duração - Média/Alta toxicidade (Cardiovascular e SNC) 7. Ropivacaína (Naropin®) – 0,5%, 0,75% e 2% Ação semelhante a Bupivacaína (mas é menos potente que a bupi) Características: - Média potência - Longa latência e duração - Média/Baixa toxicicidade Agentes associados 1. vasocontritor Efeito desejado - Prolongar a ação do anestésico - Reduzir a toxicidade – eficácia e segurança Seleção do vasoconstrictor - Duração do efeito desejado e local - Condições clínicas do paciente – comorbidades - Uso de outras drogas associadas Drogas vasoconstrictoras Simpaticomiméticos – adrenalina, noradrenalina, fenilefrina 2. Ação sobre Ph pH da solução - pH ácido (<7,4) no tecido: menor eficácia - pH alcalino (>7,4) no tecido: menor latência aumenta forma não ionizada (mais lipossolúvel) Adição de drogas alcalinizantes aumenta a duração e diminui a latência / torna o pH mais próximo do fisiológico menor reação tecidual => diminui a dor local Drogas alcalinizantes - Bicarbonato de Cálcio - Ca(HCO3)2 - Bicarbonato de Sódio - NaHCO3 DOSES (tabela) Anestésico ideal: - Ação em área delimitada - Ação reversível - Baixa agressão tecidual - Início de ação rápido e tempo duração suficiente - Grau reduzido de toxicidade - Potente – o suficiente para anestesiar - Boa penetração tecidual - Não desencadear reações alérgicas - Estabilidade em soluções e biotransformação rápida - Estéril ou capaz de ser esterilizado sem deterioração COMPLICAÇÕES Reações alergias Reações CV (arritmias benignas e ventriculares graves, PCR) Reações neurológicas (parestesia perioral, zumbidos, tonteiras, convulsão) TÉCNICA 1. Anestesia Tópica Indicações ideais: - Mucosas - trato respiratório superior, conjuntiva,ouvido, ânus, trato gênitourinário Drogas utilizadas: lidocaína, tetracaína podem ser em: gel,spray,pomada,solução 2. Anestesia Infiltrativa Indicações: Pequenos procedimentos cirúrgicos mais superficiais de pele, tecido celular subcutâneo e mucosas (Exérese de verrugas, cistos de retenção, nevos) 8 Julia Florenzano Soares - Cirurgia Drogas utilizadas: lidocaína, bupivacaína solução (associadas ou não a vasoconstritores) Técnica: - Antissepsia - Colocação de campo cirúrgico estéril - Botão anestésico próximo a lesão (com agulha fina) - Infiltração de anestésico sob a lesão 3. Bloqueio de Campo Indicações: Procedimentos cirúrgicos superficiais e profundos de pele, tecido celular subcutâneo e mucosas (Cistos desmóides, biópisas de tesões subcutâneas) Drogas utilizadas: lidocaína, bupivacaína solução (associadas ou não a vasoconstritores) Técnica: - Antissepsia - Colocação de campo cirúrgico estéril - Botão anestésico próximo a lesão (com agulha fina) - Infiltração sob a lesão em área delimitada (com agulha maior) 4. Bloqueios Regionais Objetivo: anestesiar uma região delimitada por um plexo/nervo especifico (plexo braquial, bloqueio troncular...) - Bloqueio dedos das mãos 5. Anestesia regional intravenosa - Anestesia de Bier Objetivo: Anestesiar uma região terminal (braços e pernas) por períodos curtos DIÉRESE Formas: Incisão Bisturi, bisturi elétrico, laser Secção Bisturi, tesoura, serra, laser, ultrassom Divulsão Pinça, tesoura, afastadores Punção Dilatação Linhas de forca da pele BIÓPSIA E PUNÇÃO Classificação das biopsias: - técnica cirúrgica (incisional, excisional) - margem de segurança (com e sem margem) - natureza do material obtido objetivos: Identificação de lesões suspeitas Opções de remoção: - biópsia com punch - biópsia incisional - biópsia excisional - raspagem (shaving) critérios de malignidade 9 Julia Florenzano Soares - Cirurgia Propedêutica ou Terapêutica Método invasivo Cuidados para realização: falso-positivos (raros) falso-negativos: - material inadequado - erros de identificação do espécime - troca ou perda de material - conservação incorreta Incisional - retirada de um fragmento de tecido - indicações (lesões extensas ou difusas) - nunca é curativa (diagnóstico) Excisional - retirada de toda lesão - indicações - curativa ou não - Evitar áreas críticas: área pré-auricular, ângulo da mandíbula e triângulo cervical posterior - respeitar as linhas de força da pele - razão 3:1 (marcação) - anestesia apropriada biopsia de pele – sutura Sutura subcutânea - Sutura continua - Sutura c/ pontos separados Sutura da pele - simples - Donatti - intradérmica OBS: a biopsia de pele pode ser por PUNCH instrumento/ dispensa sutura. Usado para lesões benignas sem margens. Contra indicado para sobrancelha e área nasolabial por risco de lesão arterial. biopsia por raspagem: lesões elevadas da pele, sem suspeita de malignidade, lamina de bisturi. biopsia com agulha(punção): remoção de pequeno fragmento cilíndrico de tecido, minimamente invasivo. (agulha fina- exame citológico/ agulha calibrosa- exame AP) Solicitação de exame: Identificação Local de biópsia Tipo de biópsia Dados clínicos Hipóteses diagnósticas Armazenar em formol (volume 20:1)