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1 Julia Florenzano Soares - GT5 PNEUMO Câncer de pulmão - Carcinoma broncogênico Definição O câncer pulmonar (ex., carcinoma broncogênico) origina-se do epitélio respiratório. São as neoplasias malignas que acometem o epitélio do trato respiratório inferior. Epidemiologia No mundo todo, o câncer de pulmão é responsável por aproximadamente 13% de todos os tipos de câncer; mais de 1,1 milhão de casos de câncer de pulmão são diagnosticados anualmente e mais de 1 milhão de mortes são causadas por esta doença. Fatores de risco Tabaco: Estima-se que o tabagismo seja responsável por aproximadamente 85% a 90% de todos os casos de câncer de pulmão, sendo 90% de casos em homens e 80% em mulheres. O risco de desenvolvimento de câncer de pulmão está correlacionado com o número de cigarros fumados ao dia, duração do hábito no tempo de vida, idade de início do tabagismo, grau de inalação, conteúdo de alcatrão e nicotina nos cigarros e uso de cigarros sem filtro. (OBS: A taxa de risco para ex-fumantes é dependente da duração de abstinência do hábito de fumar; para alcançar uma taxa de risco de 1,5 a 2,0, é preciso uma abstinência de aproximadamente 30 anos). Doença Pulmonar Preexistente: O tabagismo produz inflamação crônica e destruição do tecido pulmonar, resultando em doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Pacientes com DPOC têm o risco para desenvolvimento de câncer pulmonar aumentado, aproximadamente, em quatro vezes. Fatores alimentares: O consumo aumentado de frutas e vegetais verdes e amarelos está associado a um risco reduzido de desenvolver câncer de pulmão, ao passo que baixas concentrações séricas de vitaminas antioxidantes, tais como as vitaminas A e E, estão associadas ao desenvolvimento de câncer de pulmão. Diferenças de Gênero e Raciais Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana Hereditariedade Fisiopatologia O desenvolvimento de câncer de pulmão é o resultado de um processo em múltiplas etapas desde uma lesão pré-maligna até o câncer de fato. O cigarro e outros carcinógenos promovem alterações sequenciais genéticas e epigenéticas que resultam na perda do controle normal dos mecanismos de crescimento celular. Essas alterações afetam: 1) Os oncogenes, que são homólogos aos genes celulares normais e, quando sofrem mutação, resultam na ativação e ganho de função. Forma mutante de um proto-oncogene. É capaz de estimular os processos de divisão e proliferação celular. 2 Julia Florenzano Soares - GT5 PNEUMO 2) Os genes supressores de tumor, que são genes “do câncer”, nos quais a perda de função por mutação remove a inibição do controle do crescimento celular. Atuam impedindo a multiplicação celular em casos de DNA danificado. 3) Os fatores de crescimento, secretados pelas células carcinogênicas. Atuam estimulando as células adjacentes. 4) Epigenética: se refere a uma alteração na expressão gênica que é herdada, mas não envolve alterações na sequência do DNA Ocorre: hiperplasia →metaplasia (mudança do epitélio para um padrão mais resistente) → displasia (perda de diferenciação do epitélio) → neoplasia Classificacao O câncer pulmonar é dividido em dois grandes grupos histológicos: 1) Câncer pulmonar de célula não pequena (CPCNP), responsável por, aproximadamente, 85% de todos os cânceres pulmonares. Se subdivide em: adenocarcinoma (40%), carcinoma de células escamosas (30%), carcinoma de células grandes (15%) 2) Câncer pulmonar de célula pequena (CPCP). 3 Julia Florenzano Soares - GT5 PNEUMO Manifestações clinicas Cerca de 15% dos pacientes nos quais o câncer de pulmão é diagnosticado são inicialmente assintomáticos. O diagnóstico, geralmente, é feito incidentalmente em uma radiografia torácica obtida por outras razões. A maioria dos pacientes tem sintomas e sinais que são: Causados pela lesão pulmonar propriamente dita — crescimento local do tumor, invasão ou obstrução Intratorácicos — disseminação regional do tumor para os linfonodos e estruturas adjacentes Extratorácicos — disseminação distante da doença Dispneia (50%) – resulta da obstrução de grandes vias aéreas Hemoptise (35%) – ocorre quando há necrose do tumor, ulceração da mucosa, erosão de vasos intratorácicos Dor torácica (ocasionada por invasão da pleura parietal, parede torácica ou mediastino) Paralisia diafragmática (por envolvimento do nervo frênico) Rouquidão (por comprometimento do nervo laríngeo recorrente). Mais comum com tumores de pulmão do lado esquerdo porque deste lado o nervo tem um curso intratorácico mais longo que do lado direito. A paralisia do nervo frênico com elevação hemidiafragmática está associada a dispneia e soluços Sinais e sintomas inespecíficos de câncer de pulmão incluem anorexia em cerca de 30% dos pacientes, perda de peso, fadiga em um terço dos pacientes e anemia e febre em 10% a 20% dos pacientes. Mais de 80% dos pacientes têm, inicialmente, três ou mais sintomas ou sinais como resultado do câncer de pulmão. - Os tumores broncogênicos, dependendo de sua localização e extensão, podem levar a certas manifestações clínicas que se enquadram nas seguintes síndromes: 1) Tumores de localização periférica Síndrome de Pancoast-Tobias: Ocorre quando o tumor, localizado em ápice pulmonar, atinge as raízes de C8 a T1. - Caracteriza-se por dor no ombro e/ou escápula ipsilateralmente - O tumor leva a destruição da primeira e segunda costela. Síndrome de Claude-Bernard-Horner: Ocorre devido ao acometimento da cadeia simpática e cervical e do gânglio estrelado, em função da expansão do tumor. Geralmente, coexiste com a síndrome de Pancoast. Caracteriza-se por: miose, ptose, enoftalmia, anidrose facial ipsilateral. Síndrome de Dyerine Klumpki: Ocorre em função do acometimento do plexo braquial pelo tumor. Caracteriza-se por dor facial e impotência funcional do MMSS. 2) Tumores de localização central Síndrome da Veia Cava Superior: É causada pela compressão extrínseca da veia cava superior pelo tumor. Está relacionada ao carcinoma localizado no lobo superior do pulmão direito. O carcinoma de pequenas células é o tipo mais comumente encontrado. Caracteriza-se por: edema facial, edema das extremidades superiores, 4 Julia Florenzano Soares - GT5 PNEUMO dilatação das veias cervicais e um padrão venoso proeminente na superfície anterior do tórax, rubor facial, circulação colateral visível. Síndromes Paraneoplásicas: São os distúrbios sistêmicos ocasionados pela existência de um tumor. Podem se manifestar antes da detecção clínica e laboratorial do câncer. O carcinoma de células pequenas é o mais associado à essa síndrome. As síndromes endócrinas incluem hipercalcemia, a síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético e a secreção ectópica do hormônio adrenocorticotrófico. Pode se apresentar das seguintes formas: SIADH (síndrome da antidiurese inapropriada), Síndrome de Cushing, Osteoartropatia pulmonar hipertrófica. Doença metastática: Os locais mais envolvidos são: adrenais, fígado, ossos e cérebro. Pode causar dor óssea, cefaleia, náuseas, vômitos, déficit neurológico focal. Complicações: Infecções, derrame pleural, cavitação, atelectasia, pneumonia pós-obstrutiva. Diagnóstico O diagnóstico de câncer de pulmão é realizado por exame citológico de amostras de biópsia tecidual, escarro, lavado brônquico, escovação brônquica de lesões suspeitas, fluido do lavado broncoalveolar e aspirado transbrônquico e transtorácico com agulha. Radiografia de tórax: Detecta nódulos e massas pulmonar. Exame pouco sensível. Tomografia computadorizada de tórax: Define melhor as características anatômicas da lesão (tamanho, bordas, padrão de calcificação), além de permitir uma análise mais detalhada do mediastino e das suprarrenais. Tomografia por Emissão de Pósitrons: mais sensível que a TC no estadiamentodo câncer de pulmão Citologia do escarro: possui sensibilidade de 60-70% para tumores de localização central, embora apresente baixa acurácia para os periféricos. Pouco utilizado atualmente. Possui alta especificidade: se positivo, confirma o diagnóstico. Biopsia: do tipo transbrônquica: útil para tumores de localização central. Do tipo transtorácica: útil para tumores de localização periférica. Guiada por videotoracoscopia. Diagnóstico diferencial: tuberculose. Estadiamento O estadiamento do CPCNP envolve classificação de acordo com T (tamanho do tumor), N (envolvimento dos linfonodos regionais) e M (presença ou ausência de metástases a distância). Para o CPCP, o estágio TNM não é geralmente utilizado; prefere-se classificá-lo como doença limitada (1/3 dos casos; o tumor se restringe a um hemitórax e aos linfonodos mediastinais e/ou supraclaviculares ipsilaterais), definida como doença que pode ser contida por um portal de radiação único, ou doença extensa (avançada - 2/3 dos casos; o tumor se extende para além desses limites. 5 Julia Florenzano Soares - GT5 PNEUMO Tratamento 1) Carcinoma de não pequenas células I: cirurgia II: cirurgia + quimioterapia adjuvante IIIA: quimioterapia / quimiorradioterapia / quimio + cirurgia IIIB: quimioradioterapia isolada IV: quimioterapia isolada e terapia paliativa OBS: Antes da ressecção cirúrgica, é obrigatório realizar uma avaliação médica pré- operatória abrangente. Esta avaliação deve ser suplementada por testes de função pulmonar (volume expiratório forçado em 1 segundo [VEF1] e capacidade de difusão pulmonar do monóxido de carbono [DLCO], bem como análise gasométrica sanguínea. 2) Carcinoma de pequenas células: Radioterapia (doença limitada) Quimioterapia (doença avançada ) Visualização esquemática para diagnóstico, estadiamento e tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas e de células pequenas AAF = aspiração por agulha fina; RM = ressonância magnética; PET = tomografia por emissão pósitrons; CTVA = cirurgia torácica vídeo-assistida. 6 Julia Florenzano Soares - GT5 PNEUMO
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