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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO COLÉGIO UNIVERSITÁRIO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM RAILSON SEGUINS MAIA JAYNA MARQUES DA SILVA PSICOLOGIA APLICADA A ENFERMAGEM E SUA FUNCIONALIDADE NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO SÃO LUÍS 2021 RAILSON SEGUINS MAIA JAYNA MARQUES DA SILVA PSICOLOGIA APLICADA A ENFERMAGEM E SUA FUNCIONALIDADE NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO Este trabalho refere-se à conclusão da disciplina Psicologia Aplicada à Enfermagem, lecionada no curso Técnico em Enfermagem e ministrada pela Professora Mestra Ana Zilda dos Santos Cabral Figueiredo. SÃO LUÍS 2021 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem por finalidade analisar e inter-relacionar duas ciências pertencentes a área de Ciências da Saúde. Antes, é necessário conceituá-las. Sendo assim, a Psicologia é o estudo dos fenômenos psíquicos e do comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores (SILVA; SOUSA; ANDRADE 2015) e a Enfermagem é a ciência que se dedica ao cuidado da saúde do ser humano 2. A preocupação em compreender a postura do paciente e ajudá-lo a superar as dificuldades 3, levou a necessidade de integrar ao currículo acadêmico dos cursos da área de Ciências da Saúde a disciplina Psicologia Aplicada, tendo como finalidade a formação integral e adequada do estudante através de uma articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão/assistência 4. É necessário aplicar a psicologia na área da enfermagem para que os futuros profissionais possam aprender e compreender um novo olhar ao estabelecer seu relacionamento com o paciente e também seus familiares, e não deixar essas práticas somente com o profissional da área de assistência social (SILVA; SOUSA; ANDRADE 2015). Como afirmam os autores, é importante para o profissional compreender a postura do paciente para ajudá-lo a superar as dificuldades enfrentadas naquele momento3. Dessa forma, pode-se compreender a importância da Psicologia para a formação e exercício da enfermagem como ciência e arte do cuidar. Durante a formação, os estudantes são submetidos ao conhecimento técnico-científico necessário para a execução de suas atividades laborais. Este não se faz unicamente necessário quando o trabalho é cuidar de pessoas. É necessário identificar, conhecer, entender e abordar as subjetividades do paciente para, assim, ajudá-lo adequadamente3. Daí parte a necessidade de formar alunos humanizados para exercer suas competências profissionais. A psicologia exerce um papel de crucial importância para o profissional da enfermagem, podendo auxiliá-lo em aspectos como desenvolver empatia, resiliência e a importância de cuidar da saúde mental. Além disso, esta proporciona a superação do paradigma Biomédico para o paradigma Holístico, hoje entendido como tratamento humanizado. 2 DESENVOLVIMENTO A psicologia na enfermagem tem como objetivo formar um novo perfil de enfermeiro e interferir no processo de organização e consolidação da disciplina no campo da enfermagem, pois direciona o enfermeiro para um campo mais amplo de atuação (SILVA; SOUSA; ANDRADE, 2015). Tendo como objetivo formar um novo perfil de enfermeiro, a psicologia é essencial para analisar o paciente e identificar estratégias de interação enfermeiro-paciente e com a equipe multiprofissional. É importante refletir sobre como desenvolver estas relações de modo saudável, visando sempre a melhor assistência possível. À medida que se aplica a psicologia na enfermagem, o profissional se mostra mais disposto para ajudar o paciente a ter mais qualidade de vida. Afinal, o aspecto emocional tem grande influência na saúde 3. Por isso, é lícito adotar algumas iniciativas que contribuem para um melhor atendimento, bem como refletir acerca da saúde dos profissionais da enfermagem. Desenvolver empatia Definida como a capacidade de uma pessoa se colocar no lugar da outra10, ela permite que o profissional compreenda o porquê do paciente comportar-se de determinada maneira. Ao identificar o estado de espírito de um paciente, pode-se pensar em formas de abordagem que ajudem a ganhar a sua confiança. Tal estratégia é importante para a construção de uma relação sadia para ambos. Como benefício, o profissional promove um ambiente harmonizado e ganha a confiança do paciente podendo, assim, lhe atender de forma específica, além de desenvolver algumas competências como paciência, serenidade e boa vontade, competências essas indispensáveis para a recuperação do paciente e para o exercício da profissão. Escuta e diálogo Saber ouvir deve ser uma característica de todo profissional de saúde. Um dos principais requisitos para uma pessoa sentir-se respeitada(a) é o direito de ser ouvido3. É importante o profissional demonstrar interesse no que o paciente fala, pois o sentimento de que alguém pode ouvi-lo lhe desperta confiança e melhora o seu estado emocional, haja vista que um dos maiores problemas de uma internação de longa duração é a distância familiar e o isolamento. Nesse sentido, ceder um tempo para ouvir o paciente é importante pois, além de ser um mecanismo de comunicação, este pode revelar um eventual estado clínico e mental do paciente, possibilitando, caso necessário, uma abordagem clínica precoce. Estabelecer uma boa comunicação também é importante para uma relação harmônica com o paciente, pois a transparência é determinante na eficácia do tratamento. Uma palavra de conforto e/ou de otimismo faz diferença no dia a dia de uma pessoa hospitalizada, pois indica carinho pelo paciente e melhora sua autoestima e, principalmente, indica que ele está em um ambiente humanizado3. Resiliência Historicamente a enfermagem é reconhecida como a principal peça da equipe de saúde e caracterizada pelo seu contato direto e constante com o paciente e sua alta demanda de trabalho. É limitante a visão de que o enfermeiro é apenas enfermeiro, não tendo problemas pessoais, profissionais e, eventualmente, emocionais, o que impacta negativamente na sua capacidade de resiliência. Definida como a habilidade de superar as adversidades (BALANCIERI; BELUCI; SILVA; GASPARELO 2010), esta é o principal meio de recomposição emocional de um profissional da enfermagem. Os trabalhadores da área da enfermagem sofrem forte impacto de estressores internos e externos, podendo comprometer sua saúde e sua qualidade de vida, bem como afetar seu desempenho profissional, colocando em risco a assistência aos usuários do sistema de saúde (BALANCIERI; BELUCI; SILVA; GASPARELO 2010). Nesse caso, a psicologia integra-se como estratégia para melhorar a capacidade resiliente dos trabalhadores da enfermagem, desenvolvendo habilidades internas para o fortalecimento da resiliência (BALANCIERI; BELUCI; SILVA; GASPARELO 2010). É de extrema importância as instituições de saúde dedicarem atenção para o estado da condição emocional de seus funcionários, pois sem profissionais saudáveis não é possível prestar o serviço de qualidade e a promoção da saúde gera condições de vida e trabalho seguras, estimulantes, satisfatória e agradáveis (OTTAWA, 1986). A importância de cuidar da saúde mental O cuidado com a saúde mental dos profissionais da saúde vem tomando força, sobretudo no último ano. Este assunto é bastante delicado e, em alguns casos, até polêmico. Para atuar na área de saúde é preciso ter um perfil técnico-psicológico adequado às atividades laborais da profissão7. Como atua de modo a melhorar a condição física, biológica e psicológica de outras pessoas, o profissional de saúde não pode esquecer de si próprio (ADMIN). Nesse viés, é lícito abordar as causas e possíveis estratégias de superação visando sempre a preservação da saúde mental do profissional. A capacitação é a busca pela melhoria profissional contínua em todas as profissões. Com a enfermagem não é diferente, especializações e treinamentos de atualizaçãosão características marcantes da área. Além disso, aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, ético- políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão sustentação à prática profissional (CÓDIGO DE ÉTICA DA ENFERMAGEM), é um direito do profissional seja de forma autônoma ou institucional. No entanto, é importante atentar-se para até que ponto a capacitação lhe é benéfica, pois a sede por aprender pode gerar competição inexistente, fazendo com que seu estado emocional e suas competências profissionais sejam abaladas. Desse modo, é necessário que o profissional se autoavalie e, se necessário, procure ajuda de um especialista de modo a evitar um quadro patológico. A elevada carga de trabalho é um fator histórico e ainda duradouro. Este é responsável pelo desgaste físico, mental e até desistência da profissão. Três fatores contribuem para que este ainda perdure. A necessidade por uma renda satisfatória e o crescimento profissional leva a maioria dos profissionais a trabalharem em dois ou até três locais diferentes cumprindo, assim, cargas horárias exaustivas. Como segundo, pode citar a desregulamentação da carga horária semanal. Apesar de ser uma categoria com aproximadamente 8 milhões de profissionais espalhados pelo Brasil, ainda não há uma regularização salarial e uma carga horária semanal fixa. Com tudo, espera-se que essa questão seja solucionada com a aprovação do PL 2564/2020, que visa instituir o piso salarial do Enfermeiro, do Técnico de Enfermagem, do Auxiliar de Enfermagem e da Parteira (SENADO FEDERAL). E como terceiro, a falta de reconhecimento de parte das instituições e da sociedade para com a categoria. Alguns médicos e alguns membros da sociedade civil têm a visão de que a enfermagem deve ser mandada pelo médico, que tem que cumprir ordens e não tem autonomia. A realidade, no entanto, é inversa, pois o profissional da enfermagem atua com autonomia (CÓDIGO DE ÉTICA DA ENFERMAGEM). As consequências emocionais dos três fatores supracitados podem acarretar sérios danos aos profissionais. Eles podem desenvolver traumas e bloqueio da capacidade de atendimento (ADMIN). Os registros de casos de depressão, ansiedade, síndrome do pânico e síndrome de Burnout entre profissionais da saúde têm aumentado significativamente nos últimos tempos, o que acende um alerta para o cuidado da saúde mental destes de modo a conservar sua saúde e suas atividades laborais. 3 CONCLUSÃO Em virtude do que foi mencionado, conclui-se que a Psicologia é necessária para o desenvolvimento do modelo biopsicossocial do profissional da enfermagem por se tratar de uma ciência que lida com as questões afetivas do ser humano, visando sempre o cuidado geral e a melhor aplicabilidade para que os profissionais possam aprender e compreender um novo olhar ao estabelecer seu relacionamento com o paciente e com seus familiares. Neste sentido, vale destacar a importância da Psicologia aplicada à enfermagem e sua funcionalidade no exercício da profissão. “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” (CARL JUNG) REFERÊNCIAS 1. A.P.S, SILVA; B.O.R., SOUZA ; E.R., ANDRADE. ENFERMAGEM E PSICOLOGIA: PARCERIA NA ARTE DO CUIDAR. Biológicas & Saúde, v. 5, n. 18, 2015. Disponível em: https://ojs3.perspectivasonline.com.br/biologicas_e_saude/article/view/784 . Acesso em: 21 Mar. 2021. 2. CONCEITO DE ENFERMAGEM — CONCEITO.DE. Conceito de enfermagem — Conceito.de. Conceito.de. Disponível em: https://conceito.de/enfermagem . Acesso em: 21 Mar. 2021. 3. Psicologia na enfermagem: entenda a importância | Escola de Enfermagem da Paz. Escola de Enfermagem da Paz. Disponível em: https://www.escoladapaz.com.br/blog/psicologia-na- enfermagem-entenda-a-importancia/ . Acesso em: 18 Mar. 2021. 4. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 1. PERFIL DO FORMANDO E GRESSO/PROFISSIONAL. [s.l.]: , [s.d.]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Enf.pdf . Acessado em: 20 Març. 2021. 5. BELANCIERI, Maria de Fátima; BELUCI, Marli Luiz; SILVA, Daniela Vitti Ribeiro da; et al. A resiliência em trabalhadores da área da enfermagem. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 27, n. 2, p. 227–233, 2010. Disponível em: https://https://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n2/a10v27n2.pdf . Acesso em: 22 Mar. 2021. 6. CARTA DE OTTAWA PRIMEIRA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE Ottawa, novembro de 1986. [s.l.]: , [s.d.]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf . Acessado em: 18 Março. 2021 7. ADMIN. A importância de cuidar da saúde mental dos profissionais de saúde. Una. Disponível em: https://www.una.br/blog/a-importancia-de-cuidar-da-saude-mental-dos- profissionais-de-saude/ . Acesso em: 18 Mar. 2021. https://ojs3.perspectivasonline.com.br/biologicas_e_saude/article/view/784 https://conceito.de/enfermagem https://www.escoladapaz.com.br/blog/psicologia-na-enfermagem-entenda-a-importancia/ https://www.escoladapaz.com.br/blog/psicologia-na-enfermagem-entenda-a-importancia/ http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Enf.pdf https://https/www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n2/a10v27n2.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf https://www.una.br/blog/a-importancia-de-cuidar-da-saude-mental-dos-profissionais-de-saude/ https://www.una.br/blog/a-importancia-de-cuidar-da-saude-mental-dos-profissionais-de-saude/ 8. Cofen – Conselho Federal de Enfermagem» RESOLUÇÃO COFEN No 564/2017» Print. Cofen.gov.br. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no- 5642017_59145.html/print/ . Acesso em: 23 Mar. 2021. 9. PL 2564/2020 - Senado Federal. Senado.leg.br. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/141900 . Acesso em: 23 Mar. 2021. 10. Empatia. Dicio. Disponível em: https://www.dicio.com.br/empatia/ . Acesso em: 29 Mar. 2021. http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html/print/ http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html/print/ https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/141900 https://www.dicio.com.br/empatia/
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