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Ensino de Química Química dos alimentos. Objetivo: Compreender e descrever os principais componentes dos alimentos. A importância da alimentação como uma necessidade vital é um fato incontestável conhecido por todos. Embora seja importante entender esta verdade, também é necessário saber como nos alimentamos, ou seja, qual é a qualidade do alimento que ingerimos. Quando falamos em química de alimentos não podemos deixar de conceituar o termo bromatologia. A palavra bromatologia deriva do grego: Broma, Bromatos significa “dos alimentos”; e Logos significa ciência. Portanto, pode-se definir a bromatologia como a ciência que estuda os alimentos. É uma área ampla que se dedica a estudar os alimentos, de forma detalhada, avaliando a composição, o valor nutricional, o valor energético, propriedades físicas e químicas, seus efeitos no organismo, presença de contaminantes, adulterantes, entre outros. O conhecimento sobre a composição de nutrientes e outros componentes presentes nos alimentos é fundamental para alcançar uma segurança alimentar e nutricional. Os alimentos são fontes de energia e nutrientes e suas características dependem do conjunto das moléculas que o compõe. Assim, o alimento é mistura complexa, que possuem em sua composição um número elevado, associado a uma grande variedade, de compostos químicos. Quando se faz um estudo químico e nutricional dos alimentos avalia-se a presença dos constituintes fundamentais dos alimentos, os chamados macronutrientes: carboidratos, lipídeos e proteínas. Temos também os micronutrientes: minerais e vitaminas. Além de constituintes secundários presentes em alimentos como: enzimas, constituintes da cor e aroma, aditivos e contaminantes. Qual é a função de cada um desses nutrientes? Em quais alimentos os encontramos? Carboidratos: São macronutrientes cujos maiores representantes pertencem ao reino vegetal, seja na forma de carboidrato complexo (amido e/ou celulose) ou na forma de açúcar (dissacarídeos) como a sacarose, além dos monossacarídeos como a glicose e da frutose. Geralmente sólidos cristalinos, incolores e tem sabor doce. São facilmente solúveis em água. Podem sofrer desidratação e degradação térmica ocorrendo a formação de novos compostos. São compostos orgânicos com, pelo menos três carbonos, onde todos os carbonos possuem uma hidroxila, com exceção de um, que possui a carbonila primária (grupamento aldeídico) ou a carbonila secundária (grupamento cetônico), como mostrado na Figura 1. Definidos, quimicamente, como poli-hidróxi-aldeídos (aldoses) ou poli-hidróxi-cetonas (cetoses). Figura 1. Estrutura química de carboidratos ilustrando uma aldose e uma cetose. Os carboidratos são divididos em três grandes grupos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos são os carboidratos mais simples. Moléculas de baixa massa molar. Facilmente solúveis em água, e suas soluções são opticamente ativas. Os monossacarídeos não podem ser hidrolisados a moléculas menores. A glicose, a frutose e a galactose são os monossacarídeos mais comuns. A frutose e a glicose são encontradas em frutas e no mel e a galactose no leite dos mamíferos. Em solução aquosa, os monossacarídeos apresentam-se como estruturas cíclicas (Figura 2), onde um grupo hidroxila reage com o grupo carbonila da mesma molécula. Figura 2. Estrutura cíclica da glicose e da frutose em solução aquosa. Oligossacarídeos (depende da definição) contêm de duas a dez (ou vinte) unidades simples de açúcares. Quando duas moléculas de um açúcar simples se unem elas formam um dissacarídeo. A sacarose, por exemplo, é um dissacarídeo formado por uma frutose e uma glicose unidas por uma ligação glicosídica (Figura 3). Figura 3. Estrutura da sacarose. O amido, por exemplo, é um polissacarídeo constituído por amilose e amilopectina. É a mais importante reserva de nutrição de todas as plantas. Facilmente digerido e por isso é importante na alimentação humana. Nos alimentos, os carboidratos constituem ¾ do peso seco das plantas e estão presentes nos grãos, verduras, hortaliças, frutas e outras partes de plantas consumidas pelo homem. As plantas que produzem amido e a sacarose são as mais cultivadas. As frutas maduras são doces devido a transformação do amido (reserva) em açúcares mais simples como a sacarose, frutose, etc. Proteínas Macromoléculas de elevada massa molar, cujas unidades básicas são de α-aminoácidos ligadas entre si por ligações peptídicas formando longas cadeias (Figura 4). São formadas por C, H, N, O e S, sendo o nitrogênio (N) é o elemento mais marcante presente nas proteínas. O teor de Nitrogênio contido em proteínas em alimentos pode variar entre 13-19 %. Figura 4. Estrutura básica de proteínas ilustrando os α-aminoácidos ligados entre si por ligações peptídicas. De acordo com sua estrutura molecular, as proteínas desempenham diversas funções biológicas: Função estrutural - participam da estrutura dos tecidos. Ex.: colágeno, queratina. Função nutritiva - servem como fontes de aminoácidos, incluindo os essenciais. Esses aminoácidos podem, ainda, ser oxidados como fonte de energia no mecanismo respiratório. Entre outras inúmeras funções. A seguir são descritos alguns exemplos de proteínas em alimentos: Proteínas da carne: miosina; actina; colágeno; tripsina. Proteínas do leite: caseína; lactoalbumina e lactoglobulina. Proteína do ovo: clara (ovalbumina (50%), canalbumina, glicoproteína, avidina/biotina) e gema (lipovitelina, fosfovitina, livitina); Proteína do trigo: glúten. Importante destacar a proteína tipo glúten está ligada a Doença celíaca, que é uma reação imunológica ao glúten que causa uma inflamação grave no intestino e que pode levar à desnutrição por má absorção de nutrientes. A legislação brasileira prevê a obrigatoriedade de frase de advertência na rotulagem de alimentos embalados para glúten. Lipídeos Compostos encontrados nos organismos vivos constituem vários grupos de substâncias pertencentes a várias funções orgânicas. A maioria é éster (óleos, gorduras, ceras), outros são terpenos (caroteno, óleos essenciais) ou são ácidos graxos de cadeia longa, geralmente, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos não polares. Compreendem um amplo grupo de substâncias que possuem algumas propriedades comuns e de composição semelhanças. Glicerídios, por exemplo, são produtos de esterificação de ácido graxo e álcool (mono, di, triglicerídios). Os triacilgliceróis (Figura 5) representam aproximadamente 95% dos lipídios na dieta humana, são chamados de óleos (líquidos) e gorduras (sólidos). Já os não Glicerídios são fosfatídios, esteróis, carotenóides, tocoferóis, ceras, hidrocarbonetos. Figura 5. Reação do glicerol com ácido carboxílico para formar o triacilglicerol. Os ácidos graxos livres ou esterificados nos lipídeos dos alimentos, salvo poucas exceções, são monocarboxílicos e possuem número par de átomos de carbono dispostos numa cadeia linear. Diferem um do outro pelo comprimento da cadeia de hidrocarboneto e pelo número e posição das duplas ligações (Figura 6). Gorduras saturadas - encontradas principalmente em alimentos de origem animal, como carne, gema de ovo, leite integral e seus derivados (manteiga, creme de leite e queijos) e em alimentos industrializados (como biscoitos e chocolates). Gordura insaturada - óleos vegetais (principalmente no de girassol), óleo de soja, óleo de milho, óleo de gergilim, azeite de oliva, margarina, abacate, castanhas, coco e etc. Vale ressaltar que óleos e gorduras vegetais não possuem colesterol. O colesterol é de origem animal. Os lipídeos desempenham diferentes funções nos organismos como: isolamento térmico, transporte de vitaminas lipossolúveis, função estrutural (membrana celular), função energética, hormonal, entre outras. Figura 6. Ilustração da estrutura básica de ácidos graxos saturados e insaturados. Minerais Os minerais são elementos inorgânicos amplamente distribuídos na natureza e que,no organismo, desempenham uma variedade expressiva de funções metabólicas. Constituem de 4 % a 5 % do peso corpóreo humano. São encontrados nos órgãos, esqueleto ósseo, sangue e podem estar combinados com enzimas, proteínas e em muitas outras moléculas. Os minerais, como as vitaminas (tema de uma próxima aula), não podem ser sintetizados pelo organismo e, por isso, os alimentos constituem-se uma importante fonte de minerais essenciais ao bom funcionamento do organismo humano. Os minerais, por sua vez, são tradicionalmente divididos em macrominerais e microminerais (elementos traço). Os macrominerais recebem essa designação, pois são necessárias quantidades maiores na ingestão diária, cerca de 100 mg/dia ou mais, como o cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg), sódio (Na), potássio (K), cloro (Cl) e enxofre (S). Microminerais são necessários em pequenas quantidades, menores que 15 mg/dia, como o ferro (Fe), cobre (Cu), iodo (I), selênio (Se), cobalto (Co) e o zinco (Zn), entre outros. Dessa maneira, é importante garantir que a população consuma os nutrientes em uma quantidade adequada, a fim de se evitar efeitos adversos na saúde, pois tanto o excesso quanto a deficiência na ingestão de praticamente todos os minerais provocam efeitos nocivos no organismo. Tais minerais podem estar presentes em diversos alimentos, como frutas, produtos lácteos e produtos cárneos com elevadas concentrações ou em concentrações menores dependendo de cada tipo de alimento. Fica claro como é importante sabermos a composição dos aliemtos que ingerimos e se estamos suprindo a necessidade diária de cada nutriente. Assim, a composição centesimal dos alimentos exprime de forma básica o valor nutritivo e/ou calórico, bem como a proporção dos componentes em 100 g do produto analisado. Valor calórico dos alimentos depende de sua composição. Estas informações são obtidas através de análises quantitativas da composição por análises químicas ou consultas em tabelas de composição dos alimentos. Mas como o consumidor pode saber sobre composição química do alimento que irá ingerir? Pois bem, através da Rotulagem Nutricional dos Alimentos, que é a inscrição destinada a informar ao consumidor sobre as propriedades nutricionais de um alimento, visando uma alimentação saudável e usado como estratégia para a redução do risco de doenças crônicas. Compreende a declaração de valor energético, de nutrientes e declaração de propriedades nutricionais (informação nutricional complementar). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) atua em diversas áreas visando promover a proteção da população através do controle sanitário em diversos segmentos. A Resolução ANVISA RDC 360/03 - Regulamento Técnico Sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados Torna Obrigatória a Rotulagem Nutricional. Essa resolução garante ao consumidor saber mais sobre o alimento que será consumido Segundo a Anvisa, “a rotulagem nutricional se aplica a todos os alimentos e bebidas produzidos, comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao consumidor.” Na Figura 7 temos um exemplo dos dados que devem estar contidos na rotulagem nutricional. Além da informação nutricional, os alimentos industrializados devem conter a descrição dos ingredientes e aditivos utilizados para preparar o produto. Figura 7. Modelo de Rotulagem nutricional, segundo a ANVISA. REFERÊNCIAS 1. ANVISA, 2005: Rotulagem Nutricional Obrigatória Manual de Orientação às Indústrias de Alimentos 2a versão atualizada. 2. BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação Geral da Política da Política de Alimentação e Nutrição, 2014. 3. Ribeiro, E.P.; Seravalli,E. A. G, Química de Alimentos 2ª ed, Ed Edgard Blucher, 2007. 4. Pinheiro, D. M. A química dos alimentos: carboidratos, lipídios, proteínas e minerais. Maceió: EDUFAL, 2005.
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