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Pediatria Morgana Fernandes Doença grave de grande morbo- mortalidade, mas de baixa incidência e grande necessidade de intervenção processo Associação de encefalite e meningite. Meningite: inflamação das meninges que pode ocorrer de forma aguda (horas a dias) e crônica (mais de 4 semanas). Anatomia: 1. Calota craniana 2. Dura máter 3. Aracnoide 4. Espaço subaracnóideo 5. Pia máter 6. Cérebro Leucocitose no LCR Podem ser infecciosas (bactérias, vírus, fungos e parasitas) ou não infecciosas (drogas, autoimunidade e neoplasia). 90% ocorrem em crianças de 1 mês até 5 anos. • Considera-se meningites assépticas todas aquelas que não são encontradas bactérias no LCR. Vacinas: BCG, rotina HiB, PCV 7 (grupo de risco), PCV 10, MenC, PVC13 (grupos especiais), rotina MenACWY (para 11-12 anos, iniciou 2020*). Atenção: vacina pneumocócica polissacáride 23 valente: apenas acima de 2 anos para grupos especiais. Encefalite: processo inflamatório do parênquima cerebral. • Sintomas neurológico • Diminuição do nível de atenção • Sonolência • Muito associado ao vírus da Herpes Meningites bacteriana ➢ Notificação compulsória. ➢ Patogenia: 1. Colonização do TR (orofaringes), TGI e TGU -> invasão local. 2. Invasão da corrente sanguínea. 3. Evasão do sistema imune. Muitas bactérias são encapsuladas, como os penumococo e meningococo, o que dificulta o reconhecimento do sistema imune. 4. Invasão do espaço subaracnóideo → lise bacteriana e liberação de LPS (BG-), ácido teicoico e peptideoglicanos. 5. Inflamação das meninges (IL- 10, IL-6, TNF-alfa) → aumento da pressão intracraniana. ➢ O uso de corticoide em dose anti- inflamatória é indicado antes do antibiótico. ➢ Agentes causadores: Neisseria meningitidis, Streptococcus peneumoniae, Streptococcus do grupo B (GBS), Listeria monocytogenes, Haemophilus influenzae tipo b (Hib). - A distribuição desses agentes varia de acordo com a faixa etária. 0-3 meses • Escherichia coli • Streptococcus do grupo B • Listeria monocytogenes Lactente jovem a 5 anos • Neisseria meningitidis (meningococo) • Streptococcus peneumoniae (pneumococo) Adolescentes • Neisseria meningitidis (meningococo) Agentes etiológicos: Neissserie meningitidis – meningococo. • Bactéria gram-negativa, encapsulada, 13 sorogrupos. • Período de incubação de 1-10 dias, média de 4 dias. • Quadro abrupto, púrpura fúlminans. Pediatria Morgana Fernandes • Sepse 35-40%, meningite 50%, letalidade: 15-20%, sequelas: 19% • Fatores de risco: asplenias funcional ou anatômica e deficiência do complemento. Streptococcus pneumoniae • Bactéria gram-positiva, encapsulada. • Quadro leves de vias áreas superiores. • Pode desencadear doença invasiva. • Sepse, pneumonia grave e meningite (alta morbi-mortalidade) • Fatores de risco: asplenia e deficiência do complemento. • Atenção as crianças abaixo de 5 anos. Manifestações clínicas Recém-nascidos e lactentes jovem: inespecífico ➢ Febre (60%) ➢ Vômitos ➢ Baixa aceitação oral ➢ Irritabilidade ➢ Letargia, sonolência ➢ Ausência de rigidez nucal ➢ Convulsões ➢ Abaulamento de fontanela Fatores de risco: prematuridade, baixo peso, corioamnionite, colonização materna pelo GBS, monitorização intrauterina de duração prolongada, ruptura de membranas por tempo prolongado, parto traumático, hipóxia fetal, galactosemia, anormalidades do trato genitourinário. Crianças e adolescentes ➢ Febre ➢ Cefaleia ➢ Rigidez nucal, mas a ausência não exclui diagnóstico de meningite ➢ Letargia e irritabilidade ➢ Vômitos e náuseas ➢ Fotofobia ➢ Confusão ➢ Convulsões – 20-25% ➢ Com ou sem sinas de choque Fatores de risco: asplenia anatômica e funcional, imunodeficiência primaria, anemia falciforme, implante coclear, fistula com comunicação/vazamento de líquor, infecção aguda do trato respiratório superior, frequentar creche, ausência ou falta de aleitamento materno, traumatismo cranioencefálico penetrante, viagem a área endêmica, ausência ou falta de imunização. ➢ Síndrome toxêmica: Caracteriza-se por queda importante do estado geral, febre alta, e eventualmente quadro confusional. ➢ Síndrome de irritação meníngea: Pacientes apresentam rigidez de nuca, sinal de Kernig, sinal de Brudzinski e desconforto lombar. ➢ Síndrome de hipertensão intracraniana: Síndrome de hipertensão intracraniana (HIC): Os pacientes apresentam cefaleia, náuseas e vômitos Diagnóstico ➢ Clínica: idade, tempo, procedência, vacinas, comorbidades e exame físico ➢ Sinais de irritação meníngea: 1. Rigidez nucal; 2. Kerning; 3. Brudzinski. Exames complementares: • Hemograma, exame sem alteração não descarta meningite; • Provas inflamatórias; Pediatria Morgana Fernandes • Eletrólitos; • Glicemia; • Coagulograma; • Hemocultura. • Análise do LCR: ➢ Bioquímica, citologia, testes moleculares, pesquisa direta e cultura. ➢ Contraindicações para coleta do LCR: coagulopatia, instabilidade hemodinâmica ou respiratória e infecção cutânea próxima a infecção. ➢ Triagem: TC de crânio deve ser realizada na presença de sinais focais, papiledema, imunodeficiência prévia de SNC. Análise do LCR: * Glicose do líquor deve ser de 50-60% do valor da glicose sanguínea. Tratamento 1. Cuidados clínicos • Monitor • Oxigenação • Acesso • Avaliação sistemática e conduta em sala de emergência (PALS) • Estabilização clínica • Assistência respiratória • Pode usar o diazepam para as crises convulsivas apenas se não for neonato. Para neonatos, usa-se fernobarbital. • Hidratar com solução isotônica por causa da hipertensão. • Manitol diurético reduz hipertensão intracraniano. • 2. Antibiótico empírico se possível, pós LCR. • Neonatal: cefalosporina de terceira geração (cefotaxima + ampicilina). • Comunidade, não neonatal: cefalosporina de terceira geração + vancomicina. • Hospitalar, pós-operatória: vancomicina + betalactâmico. 3. Em casos muito graves é necessário realizar tratamento imediato. 4. Tempo de tratamento varia de acordo com o agente. • Comunidade, não neonatal: Meningococo: 7 dias Heamophilus influenza: 7-10 dias Pneumococo: 10-14 dias Listeira: 14-21 dias Gram negativa: > 3 semanas • Neonatal: GBS: 14 dias Pneumococo: 14 dias Listeria: 14 dias • Hospitalar: varia com o agente isolado. Quimioprofilaxia ➢ Meningococo: rifampicina, ciprofloxacino, ceftraxone ou azitromicina. ➢ Haemophilus influenza B: rifampicina. ➢ Pneumococo: não é indicado profilaxia. Imunização de rotina ➢ PCV10 (2+1): a partir de 2 meses, reforço após um ano. ➢ HiB- penta (3): a partir de 2 meses ➢ MenC (2+1): a partir 3 meses, reforço após um ano ➢ MenCWY: 11- 12 anos. Pediatria Morgana Fernandes Meningites virais A principal causa de meningite na infância. São quadros mais leves e com menos sequelas. Manifestações clínicas Inicia como um quadro viral, apresentando febre e dor de cabeça e vômitos. A nuca fica pouco rígida e dolorida. A maioria dos casos a doença evolui sem grandes complicações, Agentes etiológicos: 1. Enterovírus (Ecovírus e Coxsackieví rus); 2. Herpes simples; 3. Arbovírus; 4. Arenavírus. Meningite herpética: A melhora costuma ser espontânea, em algumas semanas, sem necessidade de tratamento específico. Tratamento é de suporte e em casos com suspeita de encefalite deve ser associado o aciclovir. Lesões herpéticas são muito sugestivas.