Aula 04 - Administração da Produção

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Aula 04
Estudo de Tempos e Métodos de Trabalho
Amostragem do trabalho
Vamos supor que um funcionário de uma empresa foi incumbido de dar um recado
que, necessariamente precisa ser verbal, para a secretária do chefe. Na primeira
tentativa o funcionário se encaminha à mesa da secretária e, no instante que a
enxerga, ela se encontra ao telefone. O funcionário deixa para depois. Momentos mais
tarde ele volta à mesa da secretária e, mal adentra à porta, de longe verifica que ela
ainda se encontra ao telefone. O funcionário decide que tem mais o que fazer e volta
ao seu trabalho para tentar novamente mais tarde, quando a mesma coisa acontece.
Ainda numa quarta vez a tentativa de dar o recado não tem sucesso, pois a secretária
encontra sempre ao telefone. Bem, é praticamente certo que o funcionário irá pensar:
“Essa mulher não sai do telefone!”
Um professor, durante uma explicação na sala de aula, observa que um de seus
muitos alunos não está prestando atenção, pois está olhando para o lado. O professor
ignora e continua a sua explicação. Momentos mais tarde o professor olha para o
mesmo aluno de relance e ele continua sem prestar atenção. A experiência do
professor o faz concluir que este aluno não acompanhou a explicação e esta
conclusão se baseou nos dois únicos contatos visuais com o aluno.
Os dois casos baseiam nas leis da probabilidade. Uma amostra ocasional retirada da
população tende a ter a distribuição igual à da população. Isso se chama inferência e
diz respeito à análise de dados amostrais. A idéia básica da amostragem é efetuar
determinada mensuração sobre uma parcela pequena, mas típica, de uma
determinada população e usar essa informação para fazer inferência sobre a
população toda. A amostragem é um exemplo prático do ditado que diz que “não é
preciso comer um bolo todo para saber se ele é bom”.
Conceito
A amostragem do trabalho é um método que permite estimar a porcentagem de tempo
que um trabalhador ou uma máquina utiliza em cada atividade. O método não
necessita de observação contínua, nem de cronometragem da atividade. A
amostragem do trabalho foi empregada pela primeira vez em 1934 na Indústria têxtil
inglesa. Foi empregada nos Estados Unidos em 1940, com o nome de Relação de
Esperas. O uso da técnica só se generalizou a partir de 1950. Hoje em dia é mais
utilizada que a cronoanálise, devido ao crescimento do número de organizações de
serviços, lojas franqueadas e hipermercados, entre outras, que necessitam de técnicas
mais específicas e rápidas.
O método de amostragem do trabalho pode ser utilizado para várias aplicações.
Dentre elas, se destacam:
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a) Determinação do fator de tolerância referente ao tempo de espera que pode
ser incorporado ao tempo padrão. Neste caso, a simples informação do tempo
que um trabalhador permanece sem produzir por razoes alheias à sua vontade
é muito valiosa.
b) Determinação do grau de utilização das máquinas, postos de trabalho,
aparelhos e equipamentos de transporte e seus respectivos índices de
ociosidade.
c) Determinação da atividade da mão-de-obra indireta para rateio de custos
(inclusive sistema ABC). Por exemplo: qual é a proporção de tempo gasto
pelos almoxarifes para o produto X? E qual é a proporção de tempo que o
supervisor de linha dispensa para o produto Y?
d) Estimativas de tempo gasto em várias atividades exercidas por engenheiros,
pessoal de manutenção, médicos, professores, inspetores da qualidade,
encarregados, analistas de produção, secretárias, pessoal administrativo, etc.
e) A amostragem do trabalho também se presta para determinar o tempo padrão
de uma operação sob certas circunstâncias.
A amostragem do trabalho é muito utilizada para a determinação do tempo gasto em
atividades não repetitivas, mas difíceis de controlar e que, geralmente, abrangem uma
faixa de atividades mais ampla. Algumas funções são mais importantes que outras e,
portanto, devem ser melhor remuneradas. Por exemplo, um inspetor da qualidade
pode dispensar parte de seu tempo em atividades importantes como contato e
determinação de especificações com fornecedores, e parte do seu tempo com
atividades de rotina como a execução de verificações dimensionais nas peças. Neste
caso, a amostragem do trabalho pode ser utilizada para verificar as proporções desses
tempos, podendo auxiliar na descrição de cargos e funções, remunerando melhor
quem dispensa mais tempo em atividades importantes. Além disso, esse tipo de
utilização da amostragem do trabalho pode ajudar na especificação das qualificações
profissionais exigidas nos anúncios de empregos que, não raro, exigem qualificações
que pouco ou nunca serão utilizadas. Por exemplo, certas organizações exigem
fluência em inglês para cargos cuja probabilidade desta necessidade no trabalho é
praticamente inexistente.
Metodologia da amostragem do trabalho
O propósito da amostragem do trabalho é obter, com um grau de confiabilidade
estatisticamente determinado, uma estimativa de duração da atividade com um erro
admissível, estatisticamente comprovado.
Vamos supor que se desejasse determinar a proporção de tempo que usa secretária
gasta em cada uma de suas atividades na rotina de trabalho de um escritório. Para
isso, um analista de processos marca com um risco a atividade que a secretária está
executando. É imprescindível que as seguintes regras sejam observadas:
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a) as observações devem ser instantâneas. O que importa é a atividade que foi
observada no instante em que o analista “bateu o olho”, independente da sua
duração.
b) as observações devem ser feitas em intervalos de tempo completamente
aleatórios. Nenhum padrão de intervalo deve ser seguido.
c) o número de observações deve ser suficiente para representar o universo, de
acordo com o grau de confiabilidade e erro demandados pelo estudo.
No exemplo, o resultado das observações foi:
O exemplo acima mostra que a secretária observada utiliza 21% de seu tempo na
atividade de digitação de documentos, 15% de seu tempo verificando e-mails e assim
por diante. A questão é: o número de observações é suficiente para representar a
verdade? Para isso determinar isso, é utilizada a fórmula:
Assim sendo, se são desejados um grau de confiabilidade de 95% e um erro relativo
de 10% na confirmação de que a secretária realmente dispensa 26% do seu tempo
atendendo aos diretores da empresa, o numero de observações necessário seria:
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Ou seja, seriam necessárias 1.092 observações para se ter certeza estatística ao
afirmar-se que a secretária realmente despende 26% de seu tempo com atendimentos
à diretoria. Observe que, quanto menor o percentual encontrado da atividade, maior
será o número de observações necessário. Por exemplo, para afirmar que a secretária
gasta 3,6% de seu tempo tomando cafezinhos, com 95% de chances de não estar
cometendo um erro superior a 10%, seriam necessárias 10.287 observações,
conforme o cálculo abaixo:
À medida que a proporção da tarefa diminui, o número de observações aumenta. É
por isso que geralmente se toma a menor proporção para o cálculo. Se o número de
observações for válido para a menor proporção, então ele será naturalmente válido
para todas as outras proporções obtidas.
Exemplo: um analista de processos de uma indústria de tecelagem realizou durante 12
dias um estudo de amostragem do trabalho que consistiu de 100 observações diárias.
O objetivo era determinar o fator de tolerância de espera para um determinado posto
de trabalho, verificando quantas vezes o operador era encontrado parado por falta de
material. Os dados obtidos foram os seguintes:
Os analistas de custos da empresa exigem um grau de confiabilidade de 95% e
aceitam uma variação de 8% em torno da proporção real. Determinar:
a) Qual deveria ser o número de medidas para a confiança e o erro solicitados?
b) Se for considerado o número de medidas realizado, ou seja, 1.200, qual seria o
erro incorrido?
c) Qual foi a proporção de tempo que se imaginava para o trabalhador parado
que deu origem às 1.200 observações iniciais?