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1 Aula 06 Estudo de Tempos e Métodos de Trabalho Balanceamento de linha Mesmo levando em consideração a monotonia da rotina de um trabalho simples e altamente repetitivo, o maior beneficio de uma linha de produção está, justamente, na divisão do trabalho em tarefas elementares e tempos de aprendizado insignificantes. Uma linha de produção varia em extensão dependendo da quantidade de operações. Geralmente, o comprimento da linha e a quantidade de postos de trabalho são expressivos. Linhas de produção que variam de 20 a 200 funcionários são comuns na indústria. A seqüência da realização das tarefas em uma linha de produção é definida pelo produto a ser fabricado. O balanceamento da linha de produção consiste na atribuição de tarefas às estações de trabalho, de forma que todas as estações demandem aproximadamente o mesmo tempo para a execução da tarefa. Isto minimiza o tempo ocioso da mão-de-obra e de equipamentos. Fluxo de operações em uma linha de produção. Conforme se pode observar na figura acima, o tempo de execução de cada tarefa destinada a cada um dos operadores em seus centros de trabalho deverá ser o mesmo, ou o mais próximo possível, para que não haja atraso nas demais atividades. As linhas com bom nível de balanceamento apresentam um fluxo suave e contínuo de trabalho, porque todos os operadores trabalham no mesmo ritmo, obtendo-se o maior grau de aproveitamento possível da mão-de-obra e dos equipamentos. A maior dificuldade em balancear uma linha de produção está na formação de tarefas, ou conjunto de tarefas, que tenham o mesmo tempo de duração. Muitas vezes algumas tarefas longas não podem ser divididas e algumas tarefas curtas não podem ser agrupadas. Quando uma tarefa tem seu tempo de execução significativamente maior ou menor que o tempo médio de execução das demais tarefas da linha de montagem, a linha fica desbalanceada. Neste caso poderá ocorrer uma das seguintes situações: - O operador mais carregado de trabalho tenta compensar. Quando existir uma ou mais tarefas com maior tempo de montagem, os operadores designados para estas tarefas, não raro, vão tentar compensar a desvantagem, trabalhando em ritmo acelerado. Isto pode gerar problemas 2 de fadiga e doenças do trabalho. É comum encontrar este problema em linhas de produção mais artesanais. - Muitas vezes se alocam os operadores mais ágeis e velozes para os postos de trabalho mais difíceis. Este procedimento pode trazer conseqüências futuras ao gestor da produção pelos problemas de saúde já citados, quando um funcionário trabalha muito tempo em ritmo acelerado. - A soma do tempo ocioso dos demais operadores com tarefa de menor duração será alta, elevando os custos por falta de aproveitamento da mão-de-obra. - A velocidade da linha de produção será a velocidade da operação mais lenta, com maior tempo de duração. Em outras palavras, a linha de produção estará subordinada à operação gargalo. Indicadores de linha de produção Tempo de ciclo: é o tempo que uma linha de produção demora a montar uma peça. Ou seja, é o tempo máximo permitido para cada estação de trabalho antes que a tarefa seja passada para a estação seguinte. O tempo de ciclo mínimo será igual ao tempo de ciclo necessário para a execução da tarefa individual mais demorada e o tempo de ciclo máximo será a soma dos tempos de todas as tarefas. Isto vai depender da forma de montagem e do balanceamento da linha de produção. Por exemplo, considerando-se a seguinte linha de produção: A tarefa mais longa tem duração de 50 segundos, isto significa que o máximo de peças que esta linha poderá produzir será uma peça a cada 50 segundos. Neste caso, haverá uma estação de trabalho exclusiva para produzir a terceira operação. O tempo máximo de duração para a montagem do produto será a soma de todas as tarefas individuais, ou seja: 10 + 22 + 50 + 30 + 15 = 127 segundos ou 2,12 minutos. Este seria o caso em que existisse apenas uma estação de trabalho encarregada de realizar, sequencialmente, todas as cinco tarefas. Neste exemplo é possível montar uma linha de produção composta de três estações de trabalho, da seguinte forma: 3 Neste caso, o tempo de ciclo é de 50 segundos. Capacidade de produção: é obtida em função do tempo de ciclo e da capacidade disponível da empresa. Em outras palavras, é o tempo de trabalho dividido pelo tempo necessário para produzir uma peça na linha de produção. Supondo que, no exemplo de linha de produção com três estações de trabalho, a empresa trabalhe oito horas por dia, ou seja, 480 minutos, então a capacidade de produção será: Nível de produção desejado: se a demanda for superior a 576 peças por dia, será necessário reconfigurar a linha de produção, aumentando o numero de estações de trabalho. Para isso, deve-se calcular qual o tempo de ciclo necessário para atender à demanda. Supondo que exista uma demanda de 900 pecas por dia, neste exemplo, o tempo de ciclo será calculado como: Número de estações de trabalho: o número necessário de estações para atender a demanda pode ser calculado usando-se a fórmula: No exemplo, tem-se que o numero de estações de trabalho necessárias para atender a demanda de 900 peças por dia será: Este é um número mínimo teórico que, na verdade, serve apenas para indicar que, com menos de quatro estações de trabalho não será possível atender a demanda de 900 pecas por dia. A quantidade real de postos de trabalho vai depender da configuração da linha de montagem e das possibilidades de balanceamento. No caso do exemplo da linha de produção apresentado anteriormente, este numero teórico não poderia ser obtido, se considerarmos as cinco operações como sendo operações elementares e, portanto, indivisíveis, uma vez que isso não 4 permitiria estabelecer o balanceamento teórico perfeito (sem ociosidade em nenhuma estação de trabalho). Grau de utilização: por melhor balanceada que a linha possa estar, sempre haverão estações de trabalho com atividades que demandam menor tempo de produção, que acarretará na diminuição do ritmo do operador. Em todo caso, trata-se de tempo ocioso, que pode e deve ser medido e controlado. O percentual de tempo ocioso na linha de produção é dado pela soma dos tempos ociosos de todas as estações que tiverem carga de trabalho inferior à maior carga destinada a uma estação, dividida pelo tempo total de trabalho sobre o produto, que é dado pelo numero de estações de trabalho multiplicado pelo tempo de ciclo, ou seja: O exemplo utilizado tem 23 segundos de ociosidade, que ocorrem nas estações de trabalho números 1 e 3. o tempo de ciclo corresponde a 50 segundos e são três estações de trabalho. Assim sendo, o índice de ociosidade seria de: Grau de utilização: o grau de utilização representa o quanto da mão-de-obra e dos equipamentos disponíveis na linha de produção estão sendo utilizados. É o complemento do índice de ociosidade para atingir 100%. Para o exemplo anterior, tem-se um grau de utilização de: Lotes mínimos de produção (Lote Econômico) Vamos supor que uma determinada empresa da área metalúrgica estampe quatro tipos de peças diferentes (peças A, B, C e D) em uma única prensa hidráulica. Suponha que a demanda do cliente seja de 1.000 peças de cada tipo por mês. A produção destas 1.000 peças demanda cinco dias de produção e a empresa trabalhe 20 dias por mês (5 dias por semana). Bem, a empresa pode produzir um único lote de mil peças “A” na primeira semana, seguido de um único lote de mil peças “B” na segunda semana, seguido de mil peças “C” na terceira semana e, finalmente, um único lote de mil peças “D” na quarta e última semana. Desta forma serão feitos apenas quatro setups (se cada setup demorar meia hora, serão consumidas duas horas de setup). Bem, o problema é que pode precisar das peças “D” na primeira semana do mês, ou, ainda, precisar dos quatro tipos de peças todos os dias. Desta forma, a empresa vai precisar reduzir o lote de fabricação de mil peças para um lote menor (cinco lotes de 200 peças cada, por exemplo). Porém, serão feitos mais setups, que vãoconsumir mais tempo. O número de ciclos representa a quantidade de vezes que uma “rodada” de peças é feita no período (mensal neste caso). Por exemplo, se forem produzidos lotes de 200 peças cada, teremos cinco ciclos, ou seja, cinco “rodadas” de fabricação: 200 peças “A”, seguidas de 200 5 peças “B”, seguidas de 200 peças “C”, seguidas de 200 peças “D”. Tudo isso cinco vezes no mês. Cálculo do lote mínimo de fabricação Os lotes mínimos de fabricação são calculados por meio da fórmula abaixo: Sendo: Onde: LMi = Lote mínimo de fabricação do produto i Di = Demanda do produto i no período Nº de ciclos = Quantidade de “rodadas” completas de fabricação Exemplo: A Injebrás é uma empresa produtora de peças plásticas injetadas. Uma programação de produção deve ser feita para quatro peças plásticas que são produzidas em uma única máquina injetora. A empresa pretende fazer seu plano de produção em função de sua capacidade, para um mês de 24 dias úteis. Se a empresa trabalha em turno de 8 horas por dia e considera um fator de tolerância de tempo de espera com perda de 3%, calcular o lote mínimo de fabricação de cada uma das peças. As demandas por peça para o período são: Peça Demanda mensal Tempo-Padrãopor peça Tempo de setup A 4.000 0,56 min 30 min B 6.000 0,38 min 35 min C 5.000 0,60 min 20 min D 4.500 0,58 min 45 min Resolução: Capacidade disponível = 24 x 8 x 0,97= 186,24 horas no mês Carga= (4.000 x 0,56) + (6.000 x 0,38) + (5.000 x 0,60) + (4.500 x 0,58) = 168,83 horas no mês Tempo para realização de setups = 186,24 – 168,83 = 17,41 horas livres não utilizadas pela produção que podem – e devem – ser utilizadas para setups. Nº de ciclos = = = 498 peças = = 744 peças 6 = = 620 peças = = 558 peças Isso significa que a Injebrás pode dividir a demanda mensal de cada peça e, ao invés de produzir todas as 4.000 peças “A”, por exemplo, de uma única vez, a empresa fará 8 lotes de 498 peças “A” em cada lote. Redução do lote mínimo por meio da redução do tempo de setup Quanto menor for o tempo necessário para a realização de cada setup individual, mais ciclos poderão ser feitos, o que significa a diminuição do lote mínimo de fabricação. Supondo que, no exemplo acima, um trabalho de melhoria tenha sido realizado para diminuir o tempo gasto nas operações de setup, com os novos tempos de setup para as peças A, B, C e D reduzidos para 15, 18, 10 e 25 minutos respectivamente, qual o impacto sobre o lote mínimo de produção de cada peça? O tempo total de setups passa a ser de 68 minutos, ou 1,133 horas. Assim, o numero de ciclos de setup possível sobe para: Nº de ciclos = E os lotes mínimos de fabricação ficam: = = 260 peças = = 390 peças = = 325 peças = = 292 peças
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