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O ciclo celular é uma sequência de eventos que levam à duplicação do DNA e posterior divisão da célula para a formação de duas células filhas. Para se dividir a célula se prepara, cresce, duplica o seu material genético e, posteriormente, se divide e forma duas células filhas. A função básica do ciclo celular é duplicar exatamente todo o conteúdo de DNA nos cromossomos e, com precisão, segregar as cópias dentro das duas células filhas geneticamente idênticas. Este processo define as duas principais fases do ciclo celular: Interfase: Ocorre um crescimento do volume celular, síntese de DNA e duplicação dos centrossomos; Fase M: Divisão do núcleo (mitose) e divisão citoplasmática (citocinese). A replicação do DNA ocorre na interfase. O DNA, de fita dupla, é replicado e forma-se um cromossomo com duas cromátides irmãs unidas por um centrômero. Na fase M, este cromossomo sofrerá uma mudança na sua estrutura e, posteriormente, suas cromátides serão separadas e destinadas às duas células filhas. A interfase é subdividida em três estágios: Fase G1: As células sintetizam RNAs e proteínas (a duração pode variar muito, dependendo das condições externas e sinas extracelulares). É quando a célula decide se irá se dividir ou não; Fase S: Replicação dos cromossomos (duplicação do DNA); Fase G2: Intervalo (tempo adicional para o crescimento celular); Fase M: Divisão celular. Nas células que darão origem aos gametas, a divisão será reducional, ou seja, acontecerá meiose ao invés de mitose. O tempo de duração do ciclo celular varia de acordo com o tipo celular. Uma célula típica, por exemplo, pode ter um ciclo entre 20 e 24 horas. Já uma célula embrionária poderá ter um ciclo de 12 horas. Existem células com ciclos de até 1 ano, dependendo das condições externas e sinais extracelulares. Essa duração irá variar, especialmente, na fase G1, pois é a fase que pode durar mais tempo. Caso as condições extracelulares não sejam favoráveis, por exemplo, as células podem retardar a progressão do ciclo na etapa G1 e sair dele, entrando em estado de repouso, conhecido como fase G0, e permanecer nesse estado por dias, anos ou, até mesmo, se manter nesse estado e nunca mais entrar em divisão como, por exemplo, células diferenciadas como os neurônios ou células musculares. 1. Características Gerais: A separação do material genético proporciona uma maior complexidade aos organismos, pois separa os eventos. A transcrição ocorre dentro do núcleo e a tradução no citosol, fora do núcleo. No início de tudo, esses eventos ocorriam todos no citoplasma, pois eram células procarióticas que não possuíam compartimentos. A compartimentalização fez com que os organismos ganhassem em complexidade, o que permitiu níveis de regulação da expressão gênica mais avançados. O núcleo é a maior organela celular e contém a maior parte da informação genética da célula (DNA), com exceção do DNA mitocondrial que se encontra dentro da Citologia e Histologia Núcleo Beatriz Fernandes mitocôndria, sendo responsável pelo controle das atividades celulares. Um núcleo eucariótico contém várias moléculas de DNA e a maquinaria molecular para duplicação do DNA, síntese e processamento de RNAs (R, M e T). Além disso, ele é dependente da síntese de proteínas no citoplasma. O núcleo interfásico está presente em todas as células eucarióticas, com exceção das hemácias. Geralmente ele é único, porém existem células binucleadas (hepatócitos) e multinucleadas (células musculares). A sua localização é central ou excêntrica e sua forma pode variar de acordo com as características da célula ou devido a uma disfunção nuclear. O núcleo é formado, externamente, pelo envoltório nuclear em continuidade com o retículo endoplasmático e, internamente, pela cromatina e pelo nucléolo. 2. Envoltório Nuclear: O envoltório nuclear é formado por duas membranas, concêntricas (não idênticas) e com orifícios dispersos (poros nucleares), contínuas a membrana do retículo endoplasmático. Entre as membranas nucleares existe um espaço perinuclear que terá continuidade com o lúmen (interior) do retículo endoplasmático. Internamente, o núcleo é sustentado pela lâmina nuclear que irá recobrir a área interna do núcleo que está em contato direto com as suas membranas. O envoltório nuclear é impermeável a íons e moléculas e é por isso que existem os poros, para que haja o transporte seletivo de moléculas. a) Complexo de Poros Nucleares: Os poros nucleares não são orifícios vazios nas membranas, eles são formados por várias proteínas da família nucleoporinas que se organizam e formam uma estrutura parecida com uma cesta de basquete. O canal central dos poros possui um diâmetro estreito e irá controlar a passagem das moléculas entre o núcleo e o citosol. Existem diversas nucleoporinas que irão formar diferentes partes dos complexos de poros nucleares. Algumas irão formar o anel citoplasmático, outras formarão o anel nuclear e outras irão formar a cesta de basquete. O complexo de poros irá controlar o transporte de moléculas importadas para dentro do núcleo e exportadas para fora dele. As proteínas nucleares que são sintetizadas no citosol, por exemplo, são estruturalmente formadas com uma sequência específica que indica que ela é uma proteína do núcleo para que ela possa ser transportada por outras enzimas para dentro do núcleo. Já os RNAs são sintetizados dentro do núcleo e exportados para o citosol para montar a sua maquinaria de tradução. Esse processo de transporte através dos poros é auxiliado, muitas vezes, por enzimas como, por exemplo, as importinas, que ajudam na importação de moléculas para dentro do núcleo, e as exportinas, que ajudam a transportar moléculas para fora do núcleo. b) Lâmina Nuclear: A lâmina nuclear é uma rede bidimensional de uma classe de proteínas chamadas laminas (filamentos intermediários), associada à face interna do envoltório nuclear, ao complexo de poros e à cromatina. Dá forma, suporte e estabilidade ao envoltório nuclear e apoia os cromossomos interfásicos. Os filamentos de lamina se ligam à membrana nuclear interna e à cromatina, ou seja, fazem o intermédio da ligação entre a cromatina e a membrana nuclear. Porém, existem proteínas integrais da membrana nuclear que também serão importantes para essa ligação. As proteínas emerinas, por exemplo, são integrais à membrana nuclear e quando ocorrem mutações no gene que codifica essas proteínas há uma má formação no envoltório nuclear, o que causa a distrofia muscular conhecida como distrofia de Emery- Dreifuss. A lâmina nuclear também interage com filamentos de actina existentes dentro do núcleo. Apesar da lâmina nuclear dar estabilidade ao envoltório, os filamentos intermediários que a formam são dinâmicos, o que é fundamental para a mudança que irá ocorrer com o núcleo durante o ciclo celular. Quando a fosforilação que ocorre entre a interfase e a fase M atinge as laminas, isso causa uma despolimerização da lâmina nuclear, desestabiliza o envoltório nuclear e o desmonta, expondo os cromossomos ao citosol. Ao fim da fase M, ocorre uma remontagem da lâmina nuclear, pois ocorre uma desfosforilação das laminas, que voltam a se polimerizar, reintegrando o envoltório nuclear ao redor do material genético das futuras células filhas. Portanto, a lâmina nuclear é um elemento crucial para a mudança que ocorre com o núcleo durante a divisão celular. As doenças que estão relacionadas com a má formação do envelope ou da lâmina nuclear são conhecidas como laminopatias ou envelopatias. Tais doenças acontecem porque ocorrem mutações em genes que codificam ou proteínas da lâmina nuclear ou proteínas do envelope nuclear. O envoltório nuclearnão só interage com a cromatina, internamente, mas também com o citoesqueleto, externamente, pois forças podem ser transmitidas desde a superfície celular até o núcleo, por meio do citoesqueleto, o que influencia, por exemplo, a expressão gênica. Essa interação é conhecida como mecanotransdução, ou seja, a célula responde às mudanças físicas na superfície celular e transforma esse estímulo mecânico em um sinal bioquímico que será refletido para o núcleo através do citoesqueleto. 3. Cromatina: Uma célula humana típica contém cerca de dois metros de DNA empacotadas por associação com proteínas especializadas. O DNA mais as proteínas de empacotamento formam a cromatina. A cromatina associada também às proteínas necessárias para a expressão gênica, replicação e reparo do DNA formam os cromossomos. O DNA também é formado por sequências nucleotídicas que compõem os genes. Durante a divisão celular a cromatina sofre mudanças no seu nível de organização: Cromossomos Interfásicos: Durante a interfáse, momento em que a célula não está em divisão, os cromossomos estão estendidos e os cromossomos individuais são podem ser distinguidos. Portanto, a cromatina interfásica é fluida, expondo a qualquer momento as sequências de DNA necessárias à célula; Cromossomos Mitóticos: O dobramento e a compactação adicional da cromatina durante a mitose, produz os cromossomos mitóticos, que são visíveis ao microscópio. A cromatina possui diferentes níveis de organização. Os nucleossomos são unidades básicas da estrutura dos cromossomos eucarióticos, o primeiro nível de organização. É formado por 8 histonas (octâmero) em pares de H2A, H2B, H3 e H4 e a dupla fita de DNA. Os nucleossomos possuem uma estrutura dinâmica, ou seja, não serão desfeitos, mas podem ficar mais frouxos, pois são sujeitos a alterações catalisadas por enzimas que remodelam a cromatina como, por exemplo, acetilação ou metilação dos aminoácidos das histonas, o que causará um efeito na expressão gênica. A cromatina consiste no DNA ligado a proteínas histonas e não histonas. No total, um cromossomo consiste, em termos de massa, em aproximadamente um terço de DNA e dois terços de proteína. Alguns tipos de estruturas de cromatinas podem ser herdados, ou seja, as formas como as proteínas se relacionam com o DNA podem ser transmitidas de uma célula para as suas descendentes e esse processo é conhecido como herança epigenética. Os nucleossomos são compactados um em cima do outro, produzindo arranjos regulares nos quais o DNA encontra-se altamente condensado e formando uma fibra de cromatina de nucleossomos empacotados. Essa fibra formará alças e na interfase nós teremos uma fibra de cromatina enovelada em alças. Na fase M, as fibras de cromatina enoveladas em alças irão se compactar de maneira extrema e formarão a estrutura que conhecemos como cromossomo mitótico. Na interfase, as alças, apesar de dispersas, não estão bagunçadas ou misturadas dentro do núcleo, pois os cromossomos possuem regiões e territórios dentro do núcleo. As alças de cromatina, da interfase, não se organizam da mesma forma ao longo do cromossomo, pois existem áreas em que as alças estão mais próximas e áreas em que essas alças estarão mais frouxas. Para uma enzima acessar o DNA, é mais fácil em áreas em que as alças estão mais frouxas. Portanto, os arranjos também influenciam para a expressão gênica. No núcleo interfásico a cromatina é encontrada sob duas formas: Eucromatina: DNA menos condensado e transcricionalmente ativo na forma de grânulos. Representa cerca de 90% do total da cromatina na interfase; Heterocromatina: Concentração densa de DNA mais compactado e transcricionalmente inativo que está aderido ao envoltório nuclear ou disperso no nucleoplasma. O DNA na heterocromatina contém poucos genes. Representa cerca de 10% do total da cromatina na interfase. Algumas regiões de eucromatinas podem ser convertidas para heterocromatinas, o que inativa alguns genes e regula a expressão gênica. As heterocromatinas se encontram salpicadas no nucleoplasma, mas também muito aderidas ao envoltório nuclear. 4. Nucléolo: O nucléolo é um agregado de macromoléculas, com afinidades, que não se encontra delimitado por membrana. Região nuclear densa onde são montadas as subunidades ribossomais – local de síntese do RNA ribossomal (RNAr). A maioria das células tem um único nucléolo e seu tamanho varia de acordo com o metabolismo e ciclo celular, nucléolos grandes significam uma grande síntese ribossomal, ou seja, a célula está muito ativa metabolicamente e sintetizando muitas proteínas. No núcleo também existem outros subcompartimentos além do nucléolo como, por exemplo, os corpos de Cajal. 5. Nucleoplasma: O nucleoplasma é a região do núcleo onde se encontram inúmeras moléculas dissolvidas como, por exemplo, íons, aminoácidos, metabólicos, proteínas, enzimas para síntese de DNA e RNA e receptores para hormônios. Dentro do núcleo também existem filamentos proteicos que formam uma matriz nuclear e a isso damos o nome de nucleoesqueleto. Ao passar da interfase para a fase M, haverá a mobilização de enzimas condensinas para promover a compactação máxima da cromatina e formar o cromossomo mitótico. A fase M consiste na divisão nuclear (mitose) e divisão citoplasmática (citocinese). A mitose é dividida em 5 estágios: Prófase: O núcleo ainda possui envoltório, mas a cromatina já está condensada em cromossomo mitótico. Os cromossomos replicados consistem em duas cromátides irmãs condensadas. No citoplasma o fuso mitótico se organiza entre os dois centrossomos; Prometáfase: Começa com a ruptura do envelope nuclear pela fosforilação das laminas e os cromossomos podem se ligar aos microtúbulos do fuso via cinetócoro e se movimentar ativamente; Metáfase: Os cromossomos estão alinhados no equador (faixa central) do fuso; Anáfase: As cromátides irmãs se separam sincronicamente para formar dois cromossomos iguais que são deslocados para os dois polos da célula; Telófase: Os cromossomos alcançam os polos e começam a descondensar, um novo envelope nuclear começa a se formar envolta de cada conjunto de cromossomos e se inicia a divisão do citoplasma (citocinese) com a formação do anel contrátil. O núcleo na interfase possui um envoltório estruturado e uma cromatina dispersa. Já o núcleo na fase M possui uma cromatina compactada formando o cromossomo mitótico e o núcleo irá se desmontar no início e, no fim, irá se remontar em dois núcleos que irão pertencer às duas células filhas. O fuso mitótico é formado por microtúbulos onde os cromossomos se alinham. O anel contrátil é formado por filamentos de actina com miosina e irá auxiliar a citocinese.
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