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Micoses profundas endêmicas epidemiologia As micoses profundas são abundantes na América Latina e Estados Unidos, porém, são pouco comuns na Europa. América Latina: Paracoccidioidomicose, Histoplasmose, Blastomicose e Coccidioidomicose · Subnotificado no Brasil. Micoses endêmicas no Brasil Esporotricose: presente em todo o país Cromoblastomicose: presente em todo país, principalmente na Amazônia. (F. pedrosoi) Histoplasmose: endêmica em todo país, maior ocorrência em AIDS, elevada prevalência em CE, MG, SP e RS Coccidioidomicose: descoberta recente, mais comum no Nordeste, associada à caça de tatus Criptococose: frequente no Norte do país, mas esporádica em todos os estados Paracoccidioidomicose: endêmica em todo país, mas mais importante no Brasil e América do Sul, alta prevalência em SP, RS, MG, GO, MS, PR e RO. Mortalidade anual de 1.45/milhão Fatores predisponentes A maioria dos fungos apresenta um comportamento oportunista, mesmo os termodimórficos. Tem uma importância significativa em situações de granulocitopenia (neutrófilos abaixo de 500) e queda da imunidade celular (AIDS e linfoma). Naturais: · Leucemia · Linfoma · AIDS · Diabetes (hiperglicemia inibe a fagocitose) · Imunodeficiências primárias · Doenças do TGI, sobretudo com imunossupressores · Grandes queimados (barreira cutânea) · Prematuros · Drogadição IV Iatrogênicos: · Quimioterapia · Imunossupressores · ATB amplo espectro · TMO · Transplantes · Quebra de barreiras · Cateteres · Diálise peritoneal · Internamento prolongado · Profilaxia antifúngica Situação clínica Aspergilose invasiva (%) Zigomicose (%) Candidíase invasiva (%) HCT 43 8 28 TOS 18.8 2.3 53 NH 33-69 - 13-44 UTI 11 7.9 10 Legenda: HCT – Transplante de células tronco hematopoiéticas TOS – Transplante de órgãos sólidos NH – Neoplasia hematológica UTI – Unidade de terapia intensiva Esporotricose Epidemiologia e clínica Ag. Etiológico: Sporothrix schenckii, S. brasiliensis, S. globosa (China) e S. luriei (África). · Fungo dimórfico isolado no solo, folhas, flores e animais, sobretudo cães e gatos. · Possui uma distribuição mundial, principalmente Américas, África e Austrália Presente em quase todos os países da América Latina, elevada nos Andes Peruanos e algumas áreas do Brasil (destaque para o RJ). No Uruguai está associado a caça de tatus. Pode causar doenças linfocutânea, cutânea fixa (verrucosa ou ulcerada), raramente osteoarticular, pulmonar e disseminada (AIDS) Transmissão Inoculação traumática de conídios na pele. Raramente pode ser por inalação. A transmissão mais comum em humano se dá por trauma (inoculação de leveduras) por felinos. Mas também pode acontecer com cães, solo ou plantas. · Sapronótica · Zoonótica Forma linfocutânea: Forma mais comum, ocorre em imunocompetentes também. Ulcerações que seguem o caminho linfático Diagnóstico diferencial: PLECT – Paracoccidioidomicose, Leishmaniose, Esporotricose, Cromoblastomicose e Tuberculose cutânea. Principal forma da doença: Linfangite Nodular Ascendente – disseminação por via linfática. Forma cutânea fixa: Diagnósticos diferenciais: PLECT Lesão única. Forma verrucosa Doença disseminada: Comum em imunodeprimidos (AIDS, etilismo crônico, neoplasias, DM, terapia com corticoides, transplantados, gestação e desnutrição proteico-calórica) 17 anos, masculino, portador de síndrome de Evans, em uso de Prednisona 60mg/dia com esporotricose disseminada. TC revela derrame pleural bilateral (parábola) com uma condensação em faixa (do coração à pleura) Diagnóstico A melhor forma de diagnóstico é pela cultura da biópsia de pele – coleta de material das lesões. A visualização direta tem baixa sensibilidade. Temperatura ambiente – filamentosos. Está negro pois produzem melanina (proteção contra raios UV) Forma filamentosa - marrom Fungo em forma leveduriforme (cultura a 36ºC) bolinhas vermelhas – paciente com AIDS Tratamento Itraconazol antifúngico de amplo espectro VO, necessário muito ácido no estômago para ser absorvido (após refeições) – 200mg 6 meses Índice de cura: 100% Anfotericina B + Itraconazol (90%) para forma disseminada Palavras chaves · Sporothrix brasiliensis · inoculação traumática zoonótica - arranhadura de gatos - ou sapronótica · linfocutânea: PLECT · diagnóstico por cultura: margaridas · tratamento com itraconazol Cromoblastomicose Epidemiologia e clínica Causada por fungos demáceos (produtores de melanina): · Cladosporium sp · Fonsecaea pedrosoi · 90% das infecções brasileiras · Phyalophora sp · Exophyalia sp Possui distribuição mundial, porém, mais frequente nos trópicos Saprófitas do solo e inoculados traumaticamente na pele, causando lesões típicas verrucosas ou em placas, frequentes em MMII, com pontos negros (acúmulos do fungo agente) Restrita à pele e subcutâneo. O processo inflamatório compromete os vasos linfáticos e causa um linfedema Diagnóstico Raspagem dos pontos negros para visualização histopatológica do fungo. Adiciona-se KOH para remover as células da pele e evidenciar o fungo Na histopatologia ou no exame micológico a fresco são visualizados os corpos muriformes. Tratamento Itraconazol 400mg/dia VO por 2 anos ou mais Ressecção cirúrgica em lesões pequenas (com bordas livres) – tratamento mais curto. Critério de cura: cicatrização das lesões. Mas continua por mais 6 meses ou 1 ao para evitar recidivas Palavras chaves · Fonsecaea pedrosoi · placas verrucosas com pontos negros · raspagem + KOH: corpos muriformes ou fumagóides · itraconazol História natural das micoses sistêmicas Inalação dos conídios presentes na natureza, que pode levar a uma resposta normal ou anormal do organismo. Resposta normal: O fungo chega ao pulmão, e forma um complexo primário (parecido com o da tuberculose). Surge um processo inflamatório que controla a infecção (resposta celular). Porém, alguns fungos ficam residentes na lesão (cura aparente) que pode fazer reativação. Normalmente é assintomática Paracoccidioidomicose infecção Resposta anormal: Indivíduo com fatores predisponentes, ou grande inóculo, ou maior virulência → forma aguda Existe uma forma crônica, causada pela reativação de uma infecção primária. Asa em borboleta no RX de tórax Etilistas crônicos, tabagistas crônicos, AIDS Histoplasmose Epidemiologia e clínica Ag. Etiológico: · Histoplasma capsulatum → termodimórfico · H. duboisii (África) Endêmico nas Américas – México, Venezuela, Brasil (RJ 93%) e Argentina – África e Ásia Multiplicam-se no interior dos macrófagos pulmonares. Transmissão Adquirida pela inalação de conídios presente em cavernas com fezes morcegos, em galinheiros e em áreas com dejetos de aves. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA: · Forma assintomática · Maioria · Controle imunológico → restos de fungos presentes em linfonodos, tecidos fibrosados · Forma primária pulmonar aguda · Autolimitada, caracterizada por febre, dispneia, cefaleia, adinamia, calafrios, mialgia, tosse · RX com nódulos disseminados · Mediastinite e pericardite/Pleurite · Fibrose mediastinal · Histoplasmoma · Lesão encapsulada, fibrótica, com fungos no interior (seta laranja) · Histoplasmose pulmonar crônica: · Cavitária - parece tuberculose miliar · Não cavitária · Histoplasmose disseminada: imunodeprimidos · Aguda · Subaguda · Crônica · Outras · Mucocutânea · Ocular · Língua HISTOPLASMOSE E AIDS Muito associada e causa quadros mais graves (disseminada - 90%). Normalmente ocorre por reativação de doença crônica em pacientes com CD4 abaixo de 100 células HC-UFU: 15% dos pacientes com AIDS no HC-UFU fazem histoplasmose disseminada 10 - 20% fazem doença grave e rapidamente progressiva: hipotensão, CIVD, IRA, Insuficiência respiratória Febre, astenia, perda de peso, hepatoesplenomegalia, tosse, lesões cutâneas (variadas - nodulares, papulosas, ulceradas - DD: sífilis secundária), adenopatia, icterícia. Manifestações pulmonares importantes. massa pancreática causada por histoplasmose em paciente HIV+ Achados laboratoriais comuns: · maioria tem CD4<100 · pancitopenia · aumento de transaminases· aumento de FA e GGT · DHL elevada · baixa albumina · alta ferritina - proteína de fase aguda (PCR) · RX alterado em 40% DIAGNÓSTICO Identificação do fungo: exame direto e cultura - escarro, sangue, medula óssea, linfonodo, lesões de pele O histoplasma são os pequenos corpúsculos com um halo claro. Parece cápsula, mas é um artefato caracterizado por um espaço entre citosol e membrana Para comparar com Leishmaniose: cinetoplasto O Leishmania sp. (amastigota) Possui um cinetoplasto Histopatologia: Giemsa, PAS e HE Sorologia não muito utilizada na prática clínica TRATAMENTO Supressora: · Anfotericina B - preferência pela lipossomal (menos nefrotóxica) · Itraconazol por 12-24 meses (paciente mais leve) Manutenção (AIDS): · Anfotericina B 2x por semana · Itraconazol 200mg/dia · Manter até que o CD4 esteja em um nível normal (>200) Palavras chaves · Histoplasma capsulatum · Inalação de conídios (fezes de morcegos e aves) · Formas pulmonares variadas · AIDS: disseminada · interior dos macrófagos: halo, sem cinetoplasto · Anfotericina B ou Itraconazol CRIPTOCOCOSE Epidemiologia e clínica Ag. etiológico: · Cryptococcus neoformans (A e D) · Dejetos de aves (pombos), ocos de árvores, madeira em decomposição · oportunista - imunocomprometidos · Cryptococcus gattii (B e C) · Floração do eucalipto e outras árvores, ninhos de vespas, guano de morcego · pode causar doença em imunocompetentes halo branco em torno da célula vermelha é a cápsula - virulência · Características: · levedura capsulada (polissacarídica) · reproduz por brotamento único ou multiplo · produz melanina (demáceo) - virulência · sexuada: basidiósporos - na natureza (Filobasidiella neoformans) - gera esporos · crescimento rápido: 3 dias TIPOS DE INFECÇÃO Pulmonar: infecção primária por inalação dos esporos (raro transmissão por inoculação, não acontece de pessoa para pessoa) A partir do pulmão, tem tropismo para o SNC - principal causa de meningite fúngica · Por produzir melanina, o substrato principal da melanina (dopamina) está no SNC Disseminada: SNC (meningoencefalite), pele, ossos e articulações, TGU, linfonodos, fígado e baço, adrenais, rins, olhos, coração, prostata CONDIÇÕES PREDISPONENTES · C. neoformans · AIDS (CD4<100) · Transplantados · Linfomas (Hodgkin) · Leucemia linfocítica crônica · DM · Doença de colágeno (LES, vasculite) · Tratamento imunossupressor · Linfocitopenia CD4 idiopática · > 50 anos · Tabagismo · DPOC · Cirrose hepática · IRA ASPECTOS CLÍNICOS SNC: Tumor, com muitos fungos, de consistência gelatinosa, causado pelo C. gatti devido à cápsula de polissacarídeos Cutânea: Inoculação traumática pelo C. gattii Pulmonar: Lesão tumoral Se fizer broncoscopia, identifica o fungo NO PACIENTE COM AIDS Doença é disseminada Neurocriptococose: Múltiplos cistos: as lesões brancas são cistos cheios de fungos DIAGNÓSTICO Pulmonar: · Cultura positiva no escarro + histopatologia Meningite: · Pesquisa direta positiva (tinta da China) - 30-50% corado com tinta da China · Cultura em meios adequados (Sabouraud) - 95-100% · Antígeno da cápsula no líquor e soro >90% Lesões cutâneas: · Histopatologia e biópsia TRATAMENTO Anfotericina B por 2-3 semanas até negativar o liquor, depois Fluconazol (porque penetra bem no SNC, coisa que o Itraconazol não faz). Itraconazol em formas não meníngeas Palavras chaves · Cryptococcus neoformans (imunossuprimido) e gattii (imunocompetente) · Inalação esporos fezes de pombo · pulmão e SNC · cápsula · Anfotericina B + fluconazol (SNC) ou itraconazol PARACOCCIDIOIDOMICOSE epidemiologia e clínica Ag. etiológico: Paracoccidioides brasiliensis - espécies do complexo: · PS1: Brasil, Argentina, Paraguai, Peru e Venezuela · PS2 - P. lutzii: Brasil, venezuela · PS3: Colômbia · Termodimórfico Micose predominante na América do Sul CLASSIFICAÇÃO · Infecção: inalou e fez o complexo primário, mas sem sintomas · Doença aguda ou subaguda (“tipo juvenil”): progressão do complexo primário · Atinge mais jovens e crianças · Grave ou moderada · Doença crônica ("tipo adulto”): reativação (imunossupressão, etilismo e tabagismo). · Acomete mais adultos > 30 anos · Unifocal ou multifocal: quantidade de órgãos acometidos · Leves, moderadas ou graves · Formas residuais ou sequelas LESÕES · Cutaneomucosas 63% · Adenomegalia 59,4% · Pneumopatia 47,1% · Hepatoesplenomegalia 21% · forma juvenil: órgãos ricos em macrófagos · Massa abdominal 6,5% · massa de linfonodos que podem fazer compressões · SNC 2,8% · Icterícia (lesão do colédoco) 1,4% · compressão do colédoco · Osteoarticulares 1,4% hc-ufu Uberlândia FATORES PREDISPONENTES 10-12 casos por ano, sendo: · 49% crônica unifocal · 31% crônica multifocal · 19% aguda Fatores de risco para reativação: · Zona Rural · Tabagismo · Etilismo crônico FORMA AGUDA E SUBAGUDA ganglionar (83%) + hepatoespleno (83%) + pele (27%) + pulmão (16%) Por mais que o pulmão seja pouco comprometido, foi porta de entrada FORMA CRÔNICA Pulmões (72%) + mucosa oral (55%) + linfonodos (22%) + pele (21%) Clássico: lesão da boca + pulmonar em asa de borboleta (simetria dos dois lados em bases - o que diferencia da histoplasmose é que não acomete os ápices) Asa de borboleta que poupa ápice e bases CONCOMITANTE AO HIV Normalmente grave e disseminada: mistura lesões comuns da forma aguda com a crônica Evolução rápida Recidiva frequente Alta mortalidade Lesões cutâneas linfonodomegalia Gânglios supurativos · Diagnósticos diferenciais: · Tuberculose cutânea · Paracoccidioidomicose · Adenite piogênica (Estafilo e Estrepto) · Hanseníase · Bartonella. Lesões hepatoesplênicas Massa branca: linfonodos no mesentério (compressão colédoco - icterícia) Baço cheio de nódulos - granulomas Preferência por órgão ricos em macrófagos Lesões SNC Pulmonar DIAGNÓSTICO Exame direto em exsudato de lesões, mucosas, aspirado ganglionar, liquor, escarro Biópsia das lesões Cultura em ágar Sabouraud Sorologia não muito utilizada TRATAMENTO Bactrim - Sulfametoxazol-trimetoprim: por 1 a 18 meses Anfotericina B só para forma grave - isolada causa muitas recidivas Itraconazol após melhora clínica Palavras chaves · Paracoccidioides brasiliensis · Inalação · Aguda: pele linfonodos · Crônica: pulmão e língua · HIV: disseminadas · Exame direto · Itraconazol RESUMO DE TRATAMENTO
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