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Micoses sistêmicas e oportunistas DIP • Fungos são divididas em: - Primariamente patogênicos - vai causar doença independente da situação imune. Mas não é bem assim, pois mesmo que não haja imunodepressão sempre há algum grau de facilitação imune para que haja entrada de um fungo patogênico. - Oportunistas - só ocorrem em situações de extrema imunodepressão. - Leveduras: estrutura arredondada - Hifa: estrutura alongada. É um formato de desenvolvimento do fungo, multicelular. - Propágulo: seria o filhote, a unidade de formação. Seria um conídio ou um esporo. Tem a ver com reprodução sediada ou assexuada. • Forma de transmissão do fungo: - Via inalatória - Transtegumentar - Contato direto • Dimorfismo - tem dois formatos na natureza - Pode ser hifa ou levedura - Fase saprofítica: quando o fungo vive na natureza, por exemplo, ele vive no solo numa temperatura ambiente, em torno de 25o. Vive na forma de hifa e muitas vezes se juntam e vivem em micélio. Micélio é o que vemos as vezes no canto da parede, é o “mofo”. As hifas tem estruturas que são produtoras de filhotes. Tem formação de esporos ou de conídios infectantes. - Forma parasitária: quando o fungo vive no corpo. São só lêvedos, muitas vezes. Mas não é raro que o indivíduo se contamine de hifa que estava no solo, e ao invés dela crescer em forma de hifa no organismo, cresce em forma de levedura, porque a temperatura no corpo humano é diferente, as condições químicas são diferentes. • As micoses podem ser: - Superficiais - Cutâneas - Subcutâneas - Sistêmicas - Oportunistas Micoses sistêmicas - Blastomicose - B. dermatidis - Coccidioidomicose - C. immitis - poucos no Brasil. • Adquiridas por inalação • Lesão pulmonar primária - Parecido com tuberculose. Entra via respiratória, causa processo inflamatório. - Pode progredir e essa progressão pode atingir outros tecidos (lesão extra pulmonar) - Pode regredir - Reativação endógena • Lesão extra pulmonar • Tecido - levedura Paracoccidioidomicose - P. brasiliensis - É um fungo dimórfico. Na natureza vive na forma de hifa e no organismo levedura. - Difícil de ser encontrado na natureza. Mas é encontrado em atividade agrícola. Plantações de cana de açúcar, de café. Na nossa região teve uma endemicidade grande por isso, mas hoje é mais raro porque essa atividade diminuiu bastante. É um fungo multibrotante. Quando é cortado sagitalmente dá para ver aspecto em roda de leme, pois tem essa característica de multibrotamento. -P. brasiliensis e P. lutzii - casos clínicos semelhantes. O segundo tem mais casos de contaminação de animais, principalmente o tatu, mas não costumam ter doenças. Epidemiologia - Sexo masculino está mais predisposto devido ao fator hormonal. O estrogênio parece impedir a transformação de hifa para levedura. Mulher antes da menstruação e menopausa aumenta chance de ter. - Comum na América Latina. Patogênese O homem aspira os conídios a partir das hifas da natureza, que chegam até o pulmão e tem dois caminhos: - Involução, onde o processo inflamatório pode formar lesões quiescentes (complexo primário) e fica ali quieto durante um tempo ou para sempre. Pode haver reativação endógena e fazer doença crônica. - Progressão. Passa pelo pulmão, não costuma inflamar ou ocorre inflamação tão leve que a pessoa nem percebe e então evolui para forma de doença, que é a forma aguda/subaguda. Passa pelos pulmões e atinge outros sistemas. Formas clínicas - classificação antiga 1) Regressiva - é contido pelo sistema imune. - Infecção assintomática ou - Pulmonar primária - desenvolve quadro pulmonar muito leve que nem é percebido. 2) Progressiva - atinge outros tecidos. - Tipo infanto-juvenil: - Disseminada aguda - pode ter comprometimento de vários tecidos (ósseo, linfoide, cutâneo, cérebro), como se fosse uma metástase. São meses de evolução, é um processo insidioso. O curioso é que o pulmão fica preservado nessa situação. - Pulmonar grave - muito raro! - Tipo adulto (forma de reativação) - Pulmonar crônica - se for só no pulmão. - Disseminada crônica - se tiver reativação em outros lugares além do pulmão. Formas clínicas - classificação nova 1) Infecção paracoccidioidica - assintomático 2) Paracoccidioidomicose - doença - Forma aguda/ subaguda (juvenil) - pulmão preservado - Moderada - Grave - Forma crônica (do adulto) - pulmão comprometido - Leve - apenas lesões fibróticas - Moderada - Grave 3) Forma residual ou sequelas *Toda vez que tem gânglios (adenite) inflamados, que fistuliza, penso em paracoco e tuberculose. São as principais causas. *Lesões múltiplas na fase aguda em pele, mucosa, osso. *Ascite quilosa - líquido com linfa. Devido a comprometimento do ducto torácico. *Lesão em asa de borboleta no pulmão é comum. Pode levar até a cavitações. Diagnóstico - Exame direto - Cultura - demora em torno de 4 semanas para crescer - temperaturas menores crescem hifas e mais quente fica com aspecto amanteigado, com leveduras. - Sorologia - Intradermorrelação - para estudo epidemiológico - Histopatológico - mostra reação inflamatória característica com células gigantes, tipo um granuloma. Tratamento - Anfotericina B - usado em quadros sistêmicos, com muita lesão cerebral e óssea. - Cetoconazol - Itraconazol - tratamento ouro de ambulatório - uso em torno de 6 meses, 1 ano. - Sulfametoxazol + trimetoprim - uso em torno de 2 anos Criptococose - C. neoformans - Também considerado oportunista. - Monomórfico. Causa doença no homem, mas na natureza se encontra sempre na forma de levedura. - Uni ou bibrotante, diferente do paracoco. - Cresce bem em fezes de pombo e também em alguns vegetais ou solo contaminado com dejetos de aves, não só de pombo. O pombo não adoece! - Conídios são aspirados pelo homem, chegam a nível de pulmão e faz processo inflamatório. Mas tem tropismo pelo SNC. Chega no pulmão e depois pro cérebro. Pode gerar doença ou não no pulmão. - Var neoformans (sorotipo D) ou Var grubbi (sorotipo A) Formas clínicas • Pulmonar - restrita ao pulmão • Disseminada - SNC (meningoencefalite criptocócica). Não é meningite aguda, é lente. Dor de cabeça, hipertensão intracraniana, diplopia, vômito... de evolução de meses. - Pele - Osso - Outros órgãos Fatores predisponentes - SIDA - Sarcoidose - Linfoma (Hodgkins) - Leucemia linfocítica crônica - Diabetes mellitus - Colagenoses - Corticoterapia - Imunossupressores Diagnóstico - Microscopia LCR com tinta da China - vê “céu a noite estrelado” ou com látex, em que se houver aglutinação é porque o fungo está ali. - Cultura: LCR, escarro, SAN, URI, sec próstata - Antígeno: LCR, soro, urina, ou BAL (Elisa) Tratamento - Anfotericina B + Fluocitosina ou só Anfotericina B ou Anfotericina B + Fluconazol - Fluconazol - Cetoconazol - se tiver só comprometimento pulmonar, o que não é tão comum. Histoplasmose Características do fungo - Dimórfico. Na natureza é hifa e no corpo é levedura. - É intracelular, portanto é uma infecção difícil de ser achado. Além de ser pequeno. Muitas vezes fica na medula óssea. - Duas variedades: var capsulatum e var duboisii Epidemiologia - Relação direta com ecoturismo. Cresce em fezes de morcegos. Comum em grutas, pirâmides. - Endêmica na América. Climas úmidos. Formas clínicas - Assintomática (50 - 90%) - Inóculo de aspiração não foi suficiente - Sintomática (10-50%) - Quando o inóculo é maior - Pulmão - 60% - Pericardite - 10% - Reumatológica - 10% - Pulmonar crônica - 10% - Disseminado - em paciente imunodeprimido - 10% - Fibrose de mediastino - em quem tem predisposição genética - <1% * Lesão pulmonar típica, característica: micronodular difusa. Leva a insuficiência respiratória às vezes. * Pode deixar sequelas - calcificações Diagnóstico - Exame direto - Cultura (2 semanas) - Sorologia - Intradermoreação - estudo epidemiológico - Histopatológico Tratamento - Anfotericina B - em casos graves - Itraconaozol- ambulatório Micoses oportunistas - Criptococose - C. neoformans - Pneumocistose- P. jiroveci • Ocorre quando há quebra de defesa, em situações como: - Corticoides - Citostáticos - Neoplasias - Colagenoses - Obesidade - Diabetes mellitus - Sarcoidose - SIDA - Acidose metabólica - Hipotermia - Nas micoses oportunistas tem hifas invadindo o tecido!! Candidíase - C. albicans Características do fungo - Faz parte da nossa microbiota e em geral não causa dano, só quando há quebra de barreira. - Vários tipos de candida. Cada vez mais as não albicans são causadores de infecção hospitalar. Fatores predisponentes - Neutropenia - SIDA - Cirurgia abdominal - Transplante de órgãos - Neoplasias - Diabetes mellitus - Corticoides - Antibióticos de largo espectro ETC Formas clínicas - Mucocutânea - oral (placas esbranquiçadas), esofágica (sintomas de disfagia), vaginal (comum na mulher imunodeprimida ou não). - Onicomicose - unha - Sistêmica - Candidemia - Candidose hepatoesplênica - Disseminada / sepse - Sítio profundo localizado - Candidúria - comum em pacientes com catéter Cândida por dermatite de fralda, que foi a quebra de barreira. Diagnóstico - Exame direto - Cultura - Sorologia - Intradermorreação - Histopatológico Tratamento - Anfotericina B - em casos graves - Equinocandinas (acetato de caspofungina, micafungina e anidulafungina) - Triazóis (itraconazol, Fluconazol, posiconazol) Aspergilose - A. fumigatus Características do fungo - Muito comum na natureza - Causa de infecções importantes - Vários tipos. Fumigatus, flavus... - Presentes em: solo, água, matéria orgânica, vegetação do chão, materiais a prova de fogo, sistema de ventilação e ar condicionado, maconha. Formas clínicas - Aspergilose alérgica - ABPA (aspergilose bronco pulmonar alérgica) - AAE (alveolite alérgica extrínseca) - Aspergiloma- Fungus balls - Crescimento dentro de uma cavidade. Colonização de espaço pré formado devido a tuberculose prévia, por exemplo. - Tratamento: lobectomia. Poderia morrer de hemoptise fulminante. - Sinal de Monod na imagem - sinal da meia lua. - Aspergilose invasiva - Pulmonar - 95% - Extrapulmonar - 25% - Aspergilose pulmonar necrotizante crônica - Aspergilose superficial - pele, olhos, ouvidos. Fatores predisponentes - Neutropenia - Transplante de órgãos e MO - Neoplasias - Corticoterapia - SIDA - Doneça granulomatose crônica Diagnóstico - Exame direto - Cultura - Sorologia - Pesquisa de Galactomanana - ajuda muito! - PCR - Histopatológico Tratamento - Anfotericina B - Triazóis - Equinocandinas Mucormicose - R. arrhizus (oryzae) - Só causa infecção em imunodepressão grave, importante. Características do fungo - Tipos principais: Rhizopus, Mucor e Absidia. - Muito trombogênico - É o fungo que fica no pão, por exemplo. Às vezes coloniza fossas nasais e não causa nada. Fatores predisponentes - Hiperglicemia - Hipotermia - Acidose metabólica - Politrauma - Imunodeficiência severa Clínica - Região rino-órbito-cerebral - lesão na asa do nariz, em septo nasal, em seios da face... pode levar a trombloflebite de seio cavernoso. Rapidamente evolui e acomete cérebro. - Cutânea - Pulmonar - Miocárdio - Rins - Disseminada Evolução: alta mortalidade Tratamento: excisão cirúrgica + anfotericina B - mas às vezes a resposta não é tão boa./ rifampicina