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Inflamação É a resposta dos tecidos vascularizados a infecções e tecidos lesados. Consiste no recrutamento de células e moléculas de defesa do hospedeiro da circulação para os locais onde são necessárias, com a finalidade de eliminar os agentes agressores. É uma resposta protetora, que dilui, destrói ou neutraliza os agentes agressores. Embora a inflamação auxilie na remoção das infecções e outros estímulos nocivos e inicie o reparo, a reação inflamatória e o processo subsequente de reparo podem, contudo, causar danos consideráveis. Os estímulos nocivos que acarretam inflamação pode ser: exógenos, como um processo infeccioso; e endógeno: células lesadas. No processo inflamatório primeiro ocorre o reconhecimento e posteriormente a eliminação. Na primeira etapa há o reconhecimento de PAMPs, presentes no patógeno, pelos PRR, presente nas células de defesa. • PAMPs: padrões moleculares associados ao patógeno. Ex.: manose, LPs, ácido nucleico (RNA de fida dupla). • PRR: receptor de reconhecimento de padrão. Ex.: toll-like, scavenger, lectinas, NOD. Macrófagos e mastócitos presentes no tecido irão atacar o agente agressor. Macrófago: fagocita alguns patógenos e libera citocinas (TNF, IL-1) e quimiocinas, que atingirão o vaso sanguíneo mais próximo e causará ativação endotelial. O endotélio começa a expor selectinas (selecionam) e integrinas (integram as células no tecido), para selecionar e recrutar células de defesa necessárias para o local da agressão. A IL-1 é um importante mediador no recrutamento de leucócitos na resposta inflamatória aguda. **Neutrófilos > linfócito > monócito (concentração no sangue). Na inflamação aguda, há recrutamento de neutrófilos por estarem em maior quantidade no sangue (sendo mais fáceis de “achar” em respostas rápidas). Mas por terem pequeno tempo de meia vida (1-2 dias), na inflamação crônica há recrutamento de monócitos. A inflamação aguda é de início rápido e curta duração, normalmente de alguns minutos a poucos dias. O endotélio fica como se fosse um “velcro”. O neutrófilo, quando selecionado, fica rolando na parede do vaso até encontrar com um ligante de integrina, que o estimulará a sofrer diapedese. No endotélio: selectinas (P e E), CH + Glicoproteínas e ligantes de integrinas (ICAM-1). No leucócito: CH + glicoproteínas, ligantes de selectina e integrinas. Mastócito: ele reconhece o patógeno e libera seus mediadores químicos presentes nos grânulos. ➢ Mediadores primários: são os que estão presentes nas vesículas. Ex.: PAF (fator ativador de plaquetas), histamina, serotonina, proteases, fatores químicos. Eles causam vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, o endotélio fica mais longe um do outro, facilitando a saída de liquido e proteínas (exsudato). A vasodilatação faz com que o sangue passe com menor pressão e mais devagar, facilitando recrutamento de células. As proteínas presentes no exsudato são do sistema complemento, do sistema de coagulação e anticorpos. As proteínas de coagulação fazem deposição de fibrina próximo ao vaso, que serve para auxiliar o neutrófilo a chegar no tecido lesionado (“mostrando o caminho”). As proteínas do sistema complemento auxiliam na eliminação do patógeno pela formação do MAC (complexo de ataque a membrana) e formação de C3b (opsonina), C3a e C5a (são anafilotoxinas que aumentam o processo inflamatório. ➢ Mediadores secundário: são neoformados. Quando o mastócito está ativado, ele faz com que alguns fosfolipídios de membrana sejam digeridos, pela fosfolipase A2, para formação de ácido araquidônico, que por meio de COX e LOX formam prostaglandinas, leucotrienos...que são outros mediadores. A inflamação ocorre em duas fases: (1) reação vascular, que representa a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular; (2) reação celular, que é o recrutamento de leucócitos. Sinais cardinais da inflamação: 1. Dor 2. Calor: devido a vasodilatação 3. Rubor: aumento da vascularização 4. Perda de função 5. Tumor (edema): extravasamento de liquido- exsudato A inflamação aguda pode ter 3 fins: evoluir para uma inflamação crônica, regeneração ou cicatrização. A proteína C reativa (PCR) está presente em todos os processos inflamatórios. Macrófagos ativados e outras células secretam uma citocina, IL-10, cuja principal função é decrescer as respostas dos macrófagos ativados, promovendo assim uma alça negativa do feedback. Outras citocinas anti-inflamatórias incluem o TGF-b, que também é um mediador da fibrose no tecido de reparação após inflamação. Principais mediadores da inflamação aguda: histamina, serotonina, derivados do ácido araquidônico e PAF. Inflamação crônica: é a inflamação de duração prolongada (semanas a meses ou anos) na qual inflamação ativa, destruição tecidual e reparação por fibrose ocorrem simultaneamente. Normalmente é uma evolução da inflamação aguda e ocorre ativação da imunidade inata. Caracteriza-se por: infiltração de células mononucleares, incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos; destruição tecidual, francamente induzida pelos produtos das células inflamatórias; reparo, envolvendo proliferação de novos vasos (angiogênese) e fibrose. Ocorre principalmente recrutamento de monócitos (ao invés de neutrófilos como ocorre na aguda), pois é uma célula apresentadora de antígenos, possui tempo de meia vida maior e possui uma capacidade de remodelagem tecidual. Nas inflamações crônicas, predominam os fenômenos tardios da resposta inflamatória, por exemplo os fenômenos reparativos. Os sinais iniciais típicos de inflamação podem não ser aparentes. Exemplos de inflamação crônica: câncer, diabetes, artrites, doenças autoimunes, doenças cardiovasculares, pancreatite, TB, psoríase. Causas de inflamação crônica: ➢ Infecções persistentes; ➢ Doenças de hipersensibilidade: resposta inflamatória exagerada, 4 tipos; ➢ Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos (endógenos- acumulo de lipídios nos vasos e exógenos- carbono, silica). Os monócitos quando nos tecidos se transformam em macrófagos, e podem se expressar de duas formas: macrófagos tipo 1 e tipo 2. Macrófago tipo 1: ativação clássica. Característica pró-inflamatória. Os microrganismos e liberação de IFN-gama induz a diferenciação em padrão M1. Macrófago tipo 2: ativação alternativa. Característica anti-inflamatória, não causa inflamação, mas é responsável por reparo tecidual. Liberação de IL-13, IL-4, IL-5 induz a diferenciação em padrão M2. Esse padrão libera TGF-beta que possui uma característica imunossupressora. Eles atuam no processo de reparo, por regeneração ou cicatrização. Os macrófagos liberam citocinas (IL-2) e fatores de crescimento (promovem a angiogênese, ativam fibroblastos e estimulam a síntese de colágeno) que atuam em várias células, em especial no recrutamento de linfócitos. Os linfócitos liberam IFN- gama que aumenta a ação microbicida do macrófago, que por sua vez aumenta a liberação de ERO e ERN (peroxinitrito). Os linfócitos T também liberam interleucinas que ativará linfócitos B, que produzirão anticorpos (ativação da via clássica do sistema complemento, levando a morte da célula por ADCC). Os principais mediadores da inflamação crônica são as citocinas. Uma das consequências da inflamação pode ser formação de coágulos e trombos, devido a liberação de PAF (fatores ativadores de plaquetas). Inflamação granulomatosa: é um dos tipos de inflamação crônica caracterizada por coleções de macrófagos ativos, frequentemente com linfócitos T e, algumas vezes, associada à necrose central. Possui 2 tipos: granuloma não imune (corpos estranhos) e granuloma imune (infecciosos). Ocorre formação de granulomas – isolamento do agressor. Acumulação de macrófagos e linfócitosao redor do patógeno, para isolá-lo e eliminá-lo. Ocorre necrose do tecido central devido ao aumento da atividade microbicida do macrófago que libera radicais livres, na tentativa de matar o corpo estranho. A necrose ocorre mais quando é do tipo imune. **Os granulomas possuem microvascularização, que não é visível histologicamente. No granuloma ocorre formação de células gigantes (multinucleadas) em virtude da fusão de vários macrófagos. Alguns macrófagos adquirem característica epitelial, sendo chamadas de células epitelioides. Os granulomas imunes são formados para agentes de baixa virulência e alta patogenicidade. Ex.: TB (necrose caseosa), hanseníase, sífilis, esquistossomose, criptococose, sarcoidose. Reparo tecidual O reparo é feito por macrófagos com padrão anti- inflamatório (M2). Temos 2 tipos de reparação: regeneração e cicatrização. Tecidos lábeis: se dividem constantemente. Ex.: pele, hematopoese. Tecidos estáveis: possui atividade mitótica, mas ficam parados em G0; só se dividem em resposta a um estimulo. São células quiescentes. Ex.: fígado, rim, pâncreas; com exceção do fígado, esses tecidos possuem capacidade limitada de regeneração. Tecidos permanentes: estão no máximo grau de diferenciação, não possuem atividade mitótica. Ex.: neurônios e células musculares cardíacas. REGENERAÇÃO: quando as lesões são pequenas e/ou não há destruição do arcabouço celular. Apenas células do parênquima são destruídas. Os tecidos estáveis possuem uma capacidade de regeneração apenas quando as células do estroma não são destruídas; ocorre proliferação de células residuais. Regeneração hepática: tecido estável. Os hepatócitos que morrem são fagocitados pelas células de Kuppfer (macrófagos no fígado) que começam a produzir IL-6 que atua nas células próximas, para que elas expressem receptores para fatores de crescimento. Eles também começam a produzir os fatores de crescimento (TGF-beta) que induz os hepatócitos a sair de G0 e se multiplicarem. CICATRIZAÇÃO: ocorre substituição do tecido normal por tecido conjuntivo. Lesões mais extensas e tecidos permanentes. Ocorre destruição do arcabouço celular. Ela pode ser de 2 formas: que se diferenciam apenas na quantidade de células recrutadas, pois o processo é o mesmo. 1. De 1° intensão: lesões pequenas com destruição do arcabouço. Ex.: incisões cirúrgicas. 2. De 2° intensão: lesões mais extensas. Normalmente há perda de função. Ex.: queimação. Em alguns casos os fibroblastos podem adquirir contratilidade, contração do tecido (miofibroblasto). O processo envolve: lesão, inflamação, migração, proliferação, angiogênese e maturação (do tec. Conjuntivo). Na inflamação há chegada de macrófagos e depois monócitos que se diferenciam em macrófagos M2 e produzem fatores de crescimento (TGF-beta, PDGF, FGF) que estimulam a migração e proliferação de fibroblastos e estimulam também a angiogênese. Os fibroblastos são responsáveis pela síntese e deposição de MEC, formação de tecido conjuntivo frouxo (colágeno tipo III). Depois que ocorre a lesão e inflamação, começa a deposição de tecido de granulação (3-5 dias) composto por: vasos sanguíneos novos, células de inflamação, fibroblastos e MEC. Com o tempo o fibroblasto para de liberar colágeno tipo III e passa a depositar colágeno tipo I, formando tecido conjuntivo denso (fica mais resistente a outras lesões); é o processo de maturação do tecido. Primeiro ocorre deposição de tecido conjuntivo frouxo para que as células consigam migrar até o local da lesão. **Depois da maturação. A cicatriz tende a ficar mais esbranquiçada pela diminuição da vascularização. A angiogênese atinge seu máximo no 5° dia.
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