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M.A.D 2 Helmintos Conceitos • Patogênese = resposta inflamatória contra as morfologias dos patógenos • Granuloma = agregado de células do sistema imune em volta do patógeno Schistosoma mansoni Esquistossomose - Ou barriga d’água - Agentes etiologicos = platelmintos (Schistosoma Mansoni, S. Haematobim e S. Japonicum) - Sua epidemiologia esta vinculada ao recurso hídrico e saneamento básico Ciclo biológico 1- O ovo do schistossoma eclode na água doce e emerge o miracídio 2- A larva (miracídio) eclodida nada até o caramujo e o infecta 3- O caramujo eclode os esporófito primários e secundários e libera as cercarias 4/5- As cercarias penetram na pele do hospedeiro humano 6/7/8- As cercarias se desenvolvem no esquistossômulo, este cai na corrente sanguínea, se dissemina pelo sangue, se aloja na veia porta e se torna adulto (liberando ovos) Transmissão - Penetração ativa das cercarias na pele e mucosa humana (mais frequentemente nas pernas e pés) Morfologia do ovo e miracídio - São formas de resistência - Apresentam uma espicula na região lateral - São encontrados nas fezes após 6 semanas da infecção - O miracídio (larva) apresenta epitélio ciliado e enzimas liticas Morfologia da cercaria - É a forma infectante (esquistossômulo) - Consiste em um corpo cercariano contendo ventosa e enzimas líticas (hialuronidase, protease etc.) - Possui uma cauda bifurcada (locomocação) - Quimiotropismo por moléculas da pele - Viabilidade = 24-36 horas - Tempo de penetração = 8 horas M.A.D 2 Morfologia dos vermes adultos - São as formas ativas - Fazem reprodução sexuada - Possuem dimorfismo sexual - Viabilidade = 3-10 anos, podendo chegar a 30 anos - Se alimentam de hemácias no fígado MACHO . É robusto e possui coloração clara . Possui um tegumento recoberto de minúsculas projeções (renovação contínua da camada externa do tegumento) . Possui ventosa oral e ventral (apoio para locomoção e fixação) FÊMEA . É delgada e possui coloração mais escura . Possui tegumento liso (renovação contínua da camada externa do tegumento) . Possui ventosa oral e ventral (idem ao macho) Patogênese Fase aguda - É a fase inicial (pode durar até 6 meses) - Pode ser assintomática ou sintomática (com manifestações clínicas cutâneas e clínicas gerais) . Manifestações cutâneas = exantema, prurido, processo inflamatório . Manifestações gerais = febre de Katayama (caracterizada por linfodenopatia, febre, cefaleia, anorexia, dor abdominal e, com menor frequência, o paciente pode referir diarreia, náuseas, vômitos e tosse seca), eosinofilia, obstrução vascular por morte de esquistossômulos, necrose tecidual por desintegração do parasito, processo inflamatório, abdome distendido e doloroso à palpação * Na forma toxêmica/grave (ocorre devido a alta carga parasitária e sensibilidade do paciente, normalmente pacientes imunodebilitados) = surgem sintomas como urticária, hepatoesplenomegalia, enterocolite aguda (abdome doloroso), eosinofilia elevada Fase crônica - É a fase tardia (dura de 6 meses a 5 anos) - Pode ser: . Forma clínica intestinal . Forma clínica hepática (com fibrose periportal e sem esplenomegalia) . Forma clínica hepatoesplênica (com fibrose periportal, com esplenomegalia) . Outras formas clínicas = vasculopulmonar, glomerulopatia, neurológica M.A.D 2 * Consequências da fibrose periportal = hipertensão portal, hepatomegalia, esplenomegalia, varizes esofágicas (circulação colateral), ascite * Formação de granuloma = decorre da tentativa do sistema imune de conter o ovo do schistossoma. É a causa da fibrose periportal, hipertensão arterial (granuloma evolui na veia porta) Resposta imune - Os patógenos são recobertos por anticorpos ou C3b (mais eficaz) - A cercária se transforma em esquistossômulo (estimula produção de IgE) -> IgE sensibiliza mastócito -> mastócito adere ao parasito revestido de proteínas do complemento e libera mediadores químicos (inclusive fatores quimiotáticos para eosinófilos) -> ocorre recrutamento de eosinófilos que aderem ao parasito e libera grânulos citotóxicos -> a ação citotóxica destrói tegumento do parasito -> morte do parasito * Esquistossome crônica = resposta Th2 dominante * Granuloma = linfócitos Th2 e macrófagos M2 alternativamente ativados Fatores de virulência - Formas de resistência ao meio ambiente (ovo) - Estruturas de locomoção, fixação e penetração (enzimas líticas) das cercárias - Escape imune: . Modificação do tegumento das larvas (troca de ecdises) . Descamação contínua da superfície do tegumento dos vermes adultos . Mimetismo (adesão de antígenos do hospedeiro ao tegumento do parasito) Diagnóstico - Parasitológico de fezes - Sorologia (Elisa) - Exames de sangue M.A.D 2 Tratamento - Medicamentos antiparasitários (ex: pranziquantel) Profilaxia - Saneamento básico Taenia Solium/Saginata Morfologia do ovo - É a forma infectante na cisticercose e de resistência na teníase - Possui casca protetora (embrióforo) - É esférico e microscópico Morfologia do cisticerco (larva) - É a forma infectante na teníase - É macroscópico (1cm) Morfologia do verme adulto/tênia adulta - T. solium (até 3 metros) e T. saginata ( até 8 metros) - Se dividem em : escólex (cabeça), colo (pescoço), zona de formação das proglotes e estróbilo (corpo), conjunto de proglotes (anéis) - Longevidade do verme adulto = 20 anos - As proglotes apresentam individualidade alimentar, auto-fecundação (cada proglote contém órgãos femininos e masculinos, portanto) ou fecundação com proglotes diferentes - Os estágio evolutivos das proglotes são: jovens (início do desenvolvimento dos órgãos sexuais), maduras (órgãos femininos e masculinos aptos para fecundação) e grávidas (repleta de ovos) M.A.D 2 Fatores de virulência Presença de: - Ventosas e acúleos na T. solium = servem para fixação na mucosa do intestino delgado, causando hemorragia - Microvilosidades (microtríquias) no tegumento do verme adulto = aumenta o contato do parasito com o meio externo e aumenta a absorção de nutrientes - Movimentação do verme adulto = remexe fluido duodenal e evita perda de nutrientes - Paramiosina (cisticerco) = inibe sistema complemento - Taenistatina = inibe sistema complemento e interfere na resposta imune celular - Tegumento espesso = inibe ação do sistema complemento - Excreção de substâncias tóxicas Resposta imune - Resposta imune inata = macrófagos e neutrófilos secretam substâncias microbicidas e sistema complemento é ativado - Resposta imune adaptativa = resposta TH2 (para produção de IgE e ativação de eosinofilos) e produção de anticorpos IgM E IgG (na cisticercose) Teníase Características - Pode ser desencadeada pela ingestão de carne crua/mal passada bovina (contaminada pela taenia saginata) ou suína (contaminada pela taenia solium) - As morfologias envolvidas na doença são: ovo -> larva (cisticerco) -> verme adulto (tênia adulta) - Habitat do verme adulto = intestino delgado - Morfologia responsável pelas manifestações clínicas = verme adulto Ciclo biológico 1- O humano com teníase elimina as proglotes grávidas, pelas fezes no meio ambiente. 2- As proglotes grávidas se rompem e liberam os ovos (podem se romper ainda no ser humano e os ovos serem eliminados diretamente nas fezes) 3- No meio ambiente, os ovos são ingeridos por suínos ou bovinos. No intestino dos animais, as oncosferas são liberadas pela ação dos sais biliares M.A.D 2 4- As oncosferas liberadas penetram no órgão, através de acúleos e atingem a corrente sanguínea 5- Na corrente sanguínea, as oncosferas podem penetrar em qualquer tecido e desenvolvem-se em cisticercos (LARVAS), que permanecem viáveis por alguns meses 6- O animal suíno ou bovino contaminado é levado ao abate e o ser humano ingere carne deste animal (contaminada com cisticercos) crua ou mal passada 7- Ao ingerir os cisticercos, no intestino delgado do ser humanoo escólex liberado pelo cisticerco se fixa na mucosa e se desenvolve em um verme adulto (tênia adulta) 8- Três meses após a ingestão do cisticerco, as proglotes grávidas são liberadas para o meio ambiente através das fezes Manifestações clínicas - A maioria do pacientes são assintomáticos (o aparecimento dos sintomas geralmente estão associados com o crescimento rápido do parasito e sua necessidade por nutrientes) - Os indivíduos sintomáticos apresentam = dor abdominal, náuseas, vômitos, fraqueza, perda ou aumento do apetite - A persistência do parasito resulta em: . Ação tóxica = reações alérgicas (causadas pelas toxinas excretadas pelo parasito) . Ação mecânica = obstrução de apêndice, colédoco e ducto pancreático são complicações que podem acontecer . Ação espoliativa = hemorragia (o acelerado crescimento do verme adulto requer muito suplemento nutricional que ela a uma competição com o hospedeiro. A fixação do verme na mucosa por um longo período resulta em hemorragia) Diagnóstico - Clínico = inconclusivo - Complementar = pesquisa de proglotes ou ovos nas fezes Tratamento - Uso de medicamentos como praziquantel, albendazol, niclosamida e mebendazol (visando a morte de tênias inteiras para evitar auto-infecção interna por T. solium e Cisticercose) Profilaxia - Não ingerir carne suína/bovina crua ou mal passada, qualidade nos criadouros dos animais de consumo, tratamento do indivíduo infectado, educação em saúde Cisticercose/canjiquinha Características - Parasito = taenia solium - Morfologias envolvidas = ovo -> larva (cisticerco) - Forma ativa do homem = cisticerco - Forma infectante no homem = ovos - Classificação do parasito = heteroxeno - Classificação do hospedeiro = homem (definitivo) e suíno (intermediário) M.A.D 2 - Morfologia responsável pelas manifestações clinicas = cisticerco (larva) - Local do cisticerco no homem = tecidos (muscular, cardíaco, nervoso, ocular) Transmissão - Heteroinfecção/oral = através da ingestão de alimentos e água contaminados com ovos de T. solium de outro indivíduo ou contato direto com fezes contaminadas - Auto-infecção externa = o homem elimina proglotes grávidas e os ovos da sua própria tênia são levados à boca, através das mãos contaminadas - Auto-infecção interna (menos comum) = durante vômitos ou movimentos retroperistálticos do intestino, as proglotes de T. solium poderiam ir até o estômago e depois voltariam ao intestino delgado, liberando as oncosferas Ciclo biológico 1- O homem ingere ovos viáveis de T. solium (3 formas de transmissão) 2- No estômago o embrióforo (casca do ovo) sofre ação da pepsina 3- No intestino a oncosfera sofre ação dos sais biliares, se liberta do embrióforo e penetra no intestino através de acúleos. A penetração continua faz com que ela atinja a corrente sanguínea, podendo assim atingir qualquer tecido 4- Em tecidos como olhos, cérebro, coração e fígado, a oncosfera se transforma em larva (cisticerco) e se aloja Manifestações clinicas Neurocisticercose . Formação de substância cinzenta . Ocorre processo inflamatório (eosinófilo e neutrofilo) e calcificação . Sintomas como dores de cabeça, vômitos, ataques epileptiformes, delírio, prostração, alucinações, hipertensão intracraniana (visão pode ser afetada), demência Cisticercose cardíaca . Sintomas como palpitações, ruídos anormais ou dispneia Cisticercose ocular . O crescimento da larva resulta no deslocamento da retina ou perfuração da mesma . Ocorrem reações inflamatórias, perda parcial ou total da visão . Parasito não atinge o cristalino, mas pode causar catarata (opacificação) M.A.D 2 Cisticercose muscular . Ocorre reação inflamatória local e calcificação (após morte) . Sintomas como dor (calcificados ou não) em pernas, região lombar, nuca, fadiga e cãibras Diagnóstico - Clínico = inconclusivo - Complementar = exame de imagem (cisticerco calcificado) e sorológico (pesquisa de anticorpos) Tratamento - Uso de medicamentos como praziquantel e albendazol (para induzir a morte do cisticerco, com liberação de líquido antigênico/reação inflamatória) - Uso de corticoide - Cirurgias e tratamento específico (anticonvulsivantes, antiarrítmicos) Profilaxia - Lavagem e higienização dos alimentos ingeridos crus, lavagem e higienização das mãos, saneamento básico, tratamento de indivíduos com Teníase, educação em saúde Ancylostoma duodenale Morfologia do ovo - Cor castanha (casa fina e transparente) - Desenvolvimento no solo, eclodindo em 24-48h, no meio externo favorável - Viabilidade 1-1,5 ano Morfologia da larva - Larva rabdtóide (L1 e L2) = larva originada da eclosão do ovo no ambiente. Se alimenta de bactérias e matéria orgânica e tem desenvolvimento no solo - Larva filarióide (L3) = é a forma infectante, vive cerca de 2 semanas. Se alimenta de reserva nutricional e tem desenvolvimento no solo Morfologia dos vermes adultos - Dimorfismo sexual - Fêmea tem aproximadamente 1 cm - Macho é um pouco menor e possui bolsa copuladora na extremidade Ancilostomíase/amarelão Características - Doença do jeca-tatu - Patógeno = ancylostoma duodenale ou necator americanus - Morfologias envolvidas = ovos, larvas, vermes adultos (macho e fêmea) - Forma ativa no homem = verme adulto - Forma infectando no homem = larva filarióide (L3) - Forma diagnóstica = ovos - Forma de resistência = ovos e larvas - Classificação do parasito = monoxeno - Classificação do hospedeiro = homem (definitivo) - Habitat do verme = intestino delgado * Larva rabditóide = L1 e L2 * Larva filarióide = L3 M.A.D 2 Ciclo biológico 1- Ovos são liberados para o meio externo juntamente com as fezes 2- Ocorre a eclosão do ovo e liberação larva rabditóide 3- Ocorre a diferenciação da larva rabditóide em larva filarióide (infectante ao homem) 4- A larva filarióide penetra na pele do indivíduo, atinge a circulação e migra do coração para os alvéolos pulmonares 2- Dos alvéolos, seguem para os brônquios, traqueia, laringe, faringe, esôfago, estômago e intestino delgado (local em que se transformam em adultos) 3- Após acasalamento no intestino delgado as fêmeas iniciam a posturas dos ovos, que misturados as fezes, são eliminados para o solo Transmissão - Pode ocorrer por penetração ativa da larva na pele (L1 ou L2) ou via oral (L3 é deglutida e vai direto para o intestino, no intestino se desenvolve L3 -> L4 -> L5 -> verme adulto) Manifestações clínicas Fase aguda - Na pele = ocorre a penetração da larva que resulta em prurido, lesão papulo-eritematosa e/ou dermatite aguda - Nos pulmões = a larva migra para os pulmões e causa tosse seca (com ou sem expectoração), febre, sinais radiológicos de síndrome de loeffler, eosinofilia sanguínea e pulmonar - No intestino = ocorre o hematofagismo dos vermes adultos resultando em lesão da mucosa intestinal (dilaceração de fragmentos da mucosa, infecção intensa, infiltrado leucitario, diarreia, cólica, vômitos, anorexia) e espoliação sanguínea (secreção de substancia anticoagulante facilita a perda de sangue) Fase crônica - Decorre do parasitismo ao longo dos anos por reinfecções e/ou intenso hematofagismo - A gravidade da doença está relacionada ao estado nutricional do hospedeiro (carência de ferro na dieta é decisivo para que se esgotem a reserva desse metal no organismo, desencadeando a anemia) - Sintomas como palidez, conjuntivas e mucosas descoradas, cansaço fácil, desânimo, fraqueza, tonturas, dor muscular, apatia, mudança na personalidade (características do personagem jeca-tatu) Diagnóstico - Exame parasitológico de fezes (pesquisa de ovos) * O exame de fezes não permite identificar o gênero e a espécie do agente etiológico, pois os ovos são morfologicamente semelhantes Tratamento - Específico = uso de anti-helmínticos (ex: albendazol, mebendazol, levamizol) - De suporte = reversão da anemia e melhora da dieta M.A.D 2 * Anti-helmíntico não matamlarvas nos pulmões, podendo ocorrer a reinfecção. É necessário um segundo tratamento após 20 dias do primeiro Profilaxia - Saneamento Básico - Educação sanitária - Destino seguro das fezes humanas - Higienizar as mãos e alimentos crus, beber água filtrada ou previamente fervida (transmissão oral) - Usar calçados e luvas quando manusear o solo (transmissão pela pele) Larva migrans - Infecção de larvas de helmintos provenientes de animais silvestres ou domésticos no homem - As larvas raramente conseguem evoluir no homem, realizam migrações através do tecido subcutâneo ou visceral Ciclo biológico Larva migrans cutânea - Ocorre em decorrência do L3 penetrar na pele - Causa dermatite serpiginosa ou pruriginosa - Conhecido como bicho geográfico - Patógenos = A. braziliensis (gato), A. caninum (cachorro), Strongyloides stercoralis (cães e gatos), S. myopotami (roedores) Larva migrans visceral - Decorre da ingestão de L3 - Patógenos = Toxocara cati (ascarídeo) e A. Caninum (cães e gatos) - Ocorrem migrações prolongadas da larva no homem
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